quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

...alguma coisa...

Abrindo os olhos.

As luzes se revelam, a noite fala, atravesso o asfalto cheio de lágrimas.

Algumas vezes eu tento dizer o que sinto, e peco duas vezes.

O que foi dito, não resume um futuro, e então eu pulo a sensibilidade que não tem prática.

Tenho mil nomes, mil fontes, mil maneiras de procurar uma nova visão,

E isso ainda não é o suficiente.

Eu converso comigo mesmo, e ela me diz que eu posso progredir,

E então eu rasuro as coisas, eu fundo um novo conceito, eu perco o juízo,

Falo de tudo que eu pensei que estava perdido.

O sol vai descer no horizonte, e comer um pedaço do dia, já não é lamentável.

Eu tomo o último trem, a espera de que, em uma estação eu esteja não mais segura e sim,

Consiga eu, uma maneira de não perder as esperanças, quando sinto minhas veias congelarem.

Se me falta emoção, eu não recorro a nada, eu deixo acontecer.

Os meus entendimentos andam velhos demais, eu tenho me portado como criança

Estou aprendendo a brincar na ponta dos pés.

Eu andei pensando em todos, e pensando que eu não posso criar um desapego,

Eu sinto que não sou a única, eu tento registrar as memórias antigas desoladas,

Naquele momento eu penso que, não posso revirar sempre as mesmas gavetas.

Bebendo uma dose, forte, de adrenalina momentânea,

Com a cabeça entre o céu e a terra, eu tenho apertado os olhos, chorado demais,

Mas, assim eu sinto que estou ajudando a amanhecer mais rápido.

A válvula está aberta, e as condições para que eu não me aborreça são ótimas,

Mas eu prefiro acreditar no dia seguinte, vendo os meus dedos criarem presságios loucos.

Estou de volta, abrindo as portas, e tantas maneiras eu busquei para ir ao antigo bosque,

Andar sobre aquelas árvores que um dia fizeram sombra para o meu passado,

Mas o inverno chegou, e eu agora ardo em um sol de 40 graus sem saber o que está por vir.

Vivendo sobre o sol que queima, entre as nuvens negras, eu vou prosseguindo a viagem,

Não mais preocupo – me em, solucionar as tragédias, algo vive sempre fora do lugar,

E eu não posso ficar me deslocando tanto tempo do mundo que vivo, eu posso magoar tudo,

Explodindo minha cabeça com escolhas inadequadas, quando nem mesmo posso voar como pensei.

Alguma coisa se move em mim.

Alguma coisa se move em mim.

Eu sei, eu falo da dor como se fosse vitima, mas eu não acredito em foco alojado, eu rebusco minha pele todos os dias quando me deito.

Não posso cair, eu sei, não sei, procurei, insisti e encontrei o que nunca pensei,

E ali eu abri uma grande cratera, os sons que vêem a minha penumbra, eu não minto quando digo que não tenho medo, eu apenas não compreendo o que sinto, e não persisto.

Alguma coisa se move fora de mim.

Alguma coisa se move fora de mim.

 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

...LINHA DA VIDA...

O pulsar da vida,

O instante em que sentimos que a morte quer nos abater, é um alívio provisório, nada mais.

Como dizer em particular que, articulando as coisas que eu penso, eu posso fazer de mim, um ser vivente?

Não posso.

Posso deduzir, substituir as perdas, justificar os atos, atrasar o que por mim foi pensado, na tentativa de resgatar um pedaço meu, que anda fora da matéria.

Para mim colher sonhos, realidades, é como se eu pudesse distrair uma linha da vida, para um outro lugar, um lugar, do qual não sei falar, mas sei que existe, e não explico o porque.

Tem uma hora que de tanto eu perguntar, eu aprendi a me calar diante das minhas absurdas resposta prepotentes. Foi ali, naquele momento em que eu percebi que falava demais, e vivia tão pouco o que eu não era capaz de decifrar.

Não que eu perdesse tempo em falar, mas falar, requeria de mim, um entendimento do silêncio subjetivo, aquele silêncio que dói, mas que constrói o diálogo para o molde a forma que, moldado este, torna-se um lindo quadro de existência.

Ninguém é sábio, e ser sábio, e também admitir certas ignorâncias, não ser intolerante, e nem buscar abrigo na dissimulação alheia, é um trabalho que exige mais do que pensamos pensar, é necessário abrir as portas para o eu sozinho.

Este eu sozinho que, por tanto tempo criei mitos, que por tanto tempo, construí atritos insanos, contos de vitima, de quem corria da realidade que, eu mesmo, havia construído para reinar sozinha.

Isso não resolve nada, também não posso dizer que não vive tudo aquilo sem emoção, vivi de uma maneira que não sei explicar, talvez explicando o que eu vivi, eu me perdesse cada vez mais no que eu criei.

Não importa, a vida bateu em minha porta e me exorcizou! Não tive nem mesmo um instante para pensar, refletir, nada disso, eu fui tomada pelas mãos da vida, e que mãos ! Desde aquele momento eu senti que agora sim, eu estava a viver intensamente, ou não, talvez daqui a alguns instantes eu receba outra vez, um puxão do presente.

O pulsar da morte, o enigma da vida, o exercício do bem – estar, a utopia, a grande chave dos mistérios, o próprio mistério, não se abriga em um casulo, não se abre, não se fecha, se vive.

E viver, hoje em dia, é o dia que nos escolhe para sermos vividos...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

...O TOQUE DA VIDA...

Do lado de fora...

Um canto novo, a bossa nova desliza entre as mãos do universo,

Remoendo as matrizes suspensas pelos sentimentos cansados.

Não é preciso gritar, o silêncio gera a ordem pelos ruídos do inconsciente.

É nítido, e o vazio, já não incomoda mais,

Gota por gota, do orvalho mais limpo e da matéria existencial, vão tomando aquele espaço antigo que, gerava somente saudade do que nunca tinha sido vivido.

Não faço poesia, minha alegria é não ser acorrentada pela covardia de uma falsa sabedoria.

Respirar, agora é mais fácil, não dói, e tudo que assustava minha alma,

Agora desprende-se com leveza, e vai para os céus, lentamente...

Ergue –se no horizonte a preguiçosa esperança que andava sumida em mim!

A mesma, abre teus braços e entrelaça tuas delicadas mãos, em meus sonhos.

A realidade não mais pesa, ela é incerta, singela e não julga-me onipotente.

Cresce o respeito no peito da amante da vida pulsante.

Por agora, festas, abrigos, conversas noturnas, um amor desvairado rompe a cena:

- Entra narciso, toma este meu corpo, como se eu nunca o tivesse sentido!

O amor próprio não cospe na existência, não exala tua dor, não é crente no que não sente,

O amor próprio, é de aberturas, devaneios, construções mágicas, impérios com tuas torres de vigia encravadas no mar violento, e nem por isso, desabam!

Os redemoinhos puxam para fora todo mal que um dia fora sentido...

Esvazia-me o destino, deixe que meu lugar no mundo, se revele!

Eu apareço, e desapareço nesta roupagem de humana.

Não me aquieto, não uso esperteza, nem sou bruscamente certa de nada.

O nada me consome.

Nasci outra vez para ver o dia brotar dentro de mim.

Fui tragada e cuspida pelo ventre da vida!

Cá estou, não estou, fui, vim, vou, morri, ressuscitei, a vida me tocou!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

...corte.!

Eu tenho muitas criticas, sem expressões anteriores, eu estou de bom humor tentando descrever o meu sentimento que nasce com dor em meu peito, mas que serve como uma grande inspiração de uma realidade escapatória.
Já falei de loucuras, tomei grandes nomes, apelidos insanos, vozes interlocutoras e eu sinto, como sinto, como se alguma coisa ficasse fora do lugar, e é difícil sorrir para algumas coisas que parecem sempre estarem morrendo.
Eu puxo o gatilho, agora não adianta chorar, porque, ninguém pode estar dentro de mim, e algumas apologias trancafiam pensamentos que não correspondem aos sentidos que por mim são dados, com palavras que soam como espelhos escandalosos, espalhando uma tarde chuvosa cheia de lembranças.
Eu uso a escrita para gritar, já que algumas coisas não voltam, eu as liberto de vez, uns sorrisos aqui, outras dores por lá, mas pular desta ponte é algo que eu não quero, eu tenho me alimentado de sementes limpas, e eu não sangro mais se não for apenas para redenção da minha alma.
Escutar é fácil, julgar ainda mais prático, eu abro as aspas, fecho os juízos, e algumas veredas ainda continuam as mesmas, o tempo pede ajuda, e tudo parece de ponta – cabeça, o relógio pula de um lado a outro, e os ponteiros estão desapontados com tantas vinganças pessoais.
Vou contar até três e as sombras vão sumir!
Boom!
As conseqüências estão se misturando, sinto com se eu pudesse atravessar um turbilhão de sentimentos em um segundo sem perder o ar. O mecanismo é fatal, a decência é verbal, a lealdade escorre por ai, algumas passagens abrem as estrelas, as chaves sacudidas na frente do megalomaníaco, a mentira extraordinária, rebelião celestial, loucura, quebra uma mente, uma dosagem de realidade vermelha, os olhos estão calando as versões alteradas da minha verdade.
Então se não podemos ficar quietas, então é melhor correr, seja como for eu ainda estou aqui, não mais lamentado sobre tantas coisas, porque eu tenho observado tantas coisas, e as conexões são todas furadas, umas falhas aqui, outras do outro lado que não pode ser contestado, contexto estragado, o usado, para o ousado agora é castigado.
Tirar os nervos dos outros do lugar nunca foi meu passatempo preferido, não que eu não pudesse, mas não tinha como não ousar experimentar irritar aquilo que fingia brotar do outro que não conseguia calar.
Dou nove passos, os laços estão apertados, os cadarços mal amarrados, o melhor da estima, da rima, praticidade, carnificina, uma explosão, contestação da porta de escape fechada, a rainha normal, leva uma vida de tragédias, e estar sozinha, não tem limite, porque estamos de cabeça para baixo, observando os faróis fecharem um por um.
Floresce, então cresce, estupidamente um canteiro apodrece e ninguém se esquece de que não pode padecer na frente de quem enlouquece.
Um telhado, uma montanha, uma chance, uma luz, expressão de roupagem usada, promessas quebradas, decifrar o acaso alheio, tempo rasgado, trocadilho arcaico, deus, lá fala, a vida troca de visão, a escuridão avisa, o ódio atravessa os olhos com suas formulas ensurdecedoras, e eu vou a um lugar para ver o abismo de perto e ele gargalha de mim, então fazemos nosso sexo preferido sem sermos constrangidos.
Para que dá valor, quando as bagagens já pesam tanto que não podemos mais suportar tudo de uma vez?
E no fundo você sabe, sempre soube, ousou entristecer tudo ao redor para tentar se absolver de algo que nunca havia sentido e eu te denuncio com as mãos limpas.
Agora ninguém precisa correr, já que a agressão maior foi cometida, eu já sei como agir como cúmplice, é só dizer xiu!
Estamos fora de controle, esperando algo vir dos céus, ora, isso tudo parece uma linguagem de outro mundo, um quebra - cabeça que não diz nada, que não busca a partida de onde começamos os nossos erros, uns adoecem e eu continuo no mesmo núcleo de mistério, e não quero mudar o que acontece quando eu vejo o coração frio me entorpecer.!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

...perseguida...

Se tenho uma reclamação,
Não perco a expressão.
Algumas vezes eu me sinto como se pudesse morrer no frio,
Me atiro em um coma profundo, insano, cheio de dor,
E me recordo de tudo que me faz levantar todas as manhãs.
Eu tenho um grande amor, eu sinto como se a vida rodasse muito rápido.
Acordar as vezes me provoca a sensação de falta de abrigo,
E eu ouço minha voz interior resgatando minhas mágoas,
Eu continuo no caminho do silêncio, sorrindo para o horizonte mortal.
Posso puxar a realidade para qualquer lugar,
Se eu não consigo me mover para a luz, eu aproveito o ultimo instante,
Poluindo as entradas com constantes surtos emotivos,
Eu não me tranco, eu salvo as ultimas memórias.
Os espelhos estão quebrados, e minha heroína anda distraída com o tempo,
Retorno para o que um dia quis me atrapalhar,
Cheia de vozes, eu vou carregando o ultimo gole da ansiedade,
E não me embriago por tão pouco, eu me retiro antes que me vejam padecer.
Alguns dizem que não compreendem minha visão,
Eu sei, eu não posso acreditar em tantas coisas,
Não peço ajuda no escuro, não faço apologias a escuridão,
Caminho dizendo que alguma coisa está sempre fora do lugar,
Vou arranhando os muros da existência, e não quero ser ouvida
Quando eu precisar gritar por socorro, é algo que para mim não é real.
As curvas são perigosas, e eu volto para mim mesma,
Vendo a minha mente refletir a vida que eu nunca neguei,
Tenho milhares de chances, mas elas não costumam escorrer entre meus dedos.
Uma vez que eu tenho a imaginação afiada, não me sinto desonrada eu sido calada,
Mapeada pela jornada que por mim é tão sagrada.
Se tu quiseres falar de ódio, eu lhe dou uma chance
De dizer o que lhe tira do ar, mas não esqueça, as pedras vão rolar.
Alguns bloqueios vêem as coisas embaçadas e nossos olhos ardem,
O que temos não nos pertence, somente quando enxergamos o que está nos provocando.
Eu ando fitando as possibilidades, então eu vejo o que existe por vários ângulos,
Não tem como escapar, a rainha de copas sussurra os múrmuros de dentro do passado,
Eu não mastigo os fantasmas que aparecem para me perturbar,
Não costumo ser possuída pelas sensações de derrota,
Então eu penduro minhas asas, e sigo em frente pelo asfalto dramático.
Sem jogos, eu já disse que muitas vezes eu não posso explicar,
E as pessoas abrem um estágio indecifrável para que eu caminhe,
Assim eu não tenho nome, não tenho idade, não me movo pelas veredas erradas,
Eu tenho meu próprio caminho, e eu tenho uma boa palavra para quando me questionam,
Eu formulo a melhor escapatória quando eu quero falar de mim mesma,
Eu uso a verdadeira invisibilidade que um dia me deram, para fugir dos perigos sociais,
Me torno deus e o próprio demônio quando me sinto perseguida.
Eu sou sombras e luz ao mesmo tempo, sou o tempo dentro do espaço percorrido.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

...PAREDES...

Você pode inventar uma dor maior do que a vida lhe entregou,
E no fundo eu sei, eu vi o seu filme rodar por um bom tempo.
Seu maldito hábito de pensar que pode entender as sombras,
Mesmo que você não pudesse nem por um instante, sentir-se presa a mesma.
Tudo que um dia foi mortal para sua mente, agora oferece uma trégua,
As noites estão abrindo passagem para a nova morada da justiça que um dia você criticou.
Quantos anos você pensou que poderia estar sobrevivendo ao seu próprio caos,
Enquanto seu sangue escorria, cheio de lamentações, pelo asfalto do sub – mundo egoísta?
Agora você não vê sua maldade, você usa as armas, as piedades que um dia te sufocaram,
Precisam do seu peito para abrir as curvas para um novo caminho sombrio.
A vida deu uma volta e acredite, por mais que nos escondêssemos, seriamos lançadas,
Para um ambiente familiar, que esconde a escória e o sofrimento que um dia aplicamos no mundo.
Eu vi suas cicatrizes jorrarem dor pelos seus olhos,
Fiquei sentada esperando o dia seguinte, a festa que nunca acabou, a ultima dança,
O acaso que nunca houve, a passagem para o desconhecido, a sua sangria maldita, que nos condenou,
A viver de um modo doentio e sádico.
Agora já não é hora de olharmos em nossos olhos,
E as bocas estão trancadas, engolindo a saliva do pecado do dia seguinte.
Eu sinto, e pressinto que estamos afundando para o fundo de nossas memórias.
Contam uma história que é capaz de arrebatar os nossos sentimentos mais íntimos,
Enquanto isso, fugimos correndo de uma vida que quer nos entorpecer de magoas...
Sua realização maior era respirar, e eu cortei os seus pulsos com a minha esperança afiada.
Fumei o cigarro que continha as substancias das suas falsas levezas,
Te condenei e fui condenada pela sutil estadia no mundo concreto,
Eu viajei no áspero mundo imaginário e o que eu trouxe de lá, foram somente recordações sujas
Mesmo que eu pudesse escolher, eu teria morrido e vivido todos os dias, matando os segundos,
Com minhas fantasias que um dia você tentou arrancar de mim com tanta presunção!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

...AGORA...

O que eu não suporto, é o sustento do sustentar o que está suspenso em minha idéia.
E como se minha idéia já não fizesse sentido algum, em algum sentido eu perdi a minha maior idéia do sentir.
Para as nuvens que deslocavam o céu, eu assoprava o ritmo da vida, com um suspiro frio do meu corpo.
Um corpo desalmado, que não calava ao ritmo da chuva.
E se a chuva não mais quisesse minhas delongas, manhosa abria um sorriso, chamando o deus sol.
E ele vinha, todo irradiante, como se naquele instante, eu pudesse ser mais tolerante.
E eu fui, agora para onde, eu já não sabia.
Ou sabia que sabia, e acabei por esquecer o que havia aprendido.
Eu não praguejava, eu existia e persistia com aquela raiva que, Deus me deu desde menina.
Sapeca, atrevida, corrompida pelas horas do dia em que me sentia vazia.
Se é que vazia, eu poderia me sentir, já que me sentava na beira do mundo para assistir a minha vida fingir ser vivida.
Servida de concreto e de sonhos! E bem servida!
Existiam tardes sonâmbulas, quando eu não suportava o caótico bem – estar, então eu invadia a minha própria moradia.
Minha alma!
E ali ficava eu, a fitar os romances das atrapalhadas circunstancias internas, que eu só tinha contato íntimo, quando não dormia.
E se dormia, eu me perdia.
Me enroscava nos trechos dos sonhos que só eu, eu digo, eu mesma, fora de mim, e longe de todos, dentro do mundo, podia descrever sem fugir dos detalhes.
Mas só lembrava o que me interessava.
O que me fazia regressar em um corpo, monumento do passado!
Ancestral da mágica prática do viver, aprender, re- viver e esquecer que, vivi o que um dia não esqueci de viver.
O agora!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

...TUMULO...

Sem concentração alguma, o contexto desconexo da realidade, a densidade quase leviana que, tanto tempo paira entre os dedos da gentil temporalidade paralela, escorrega pelas ladeiras do esquecimento dos criadores íntimos das superfícies remotas da existência coagulada.
A renúncia do que é criado pelo criador enraizado na atmosfera mítica, faz a doação para a minha forma humana misturada com labaredas, chamas vermelhas, interlocutoras da minha vivência raivosa emocional contida em minha alma.
Se já não me fosse mais possível sustentar os tentáculos negros que carrego em minhas costas, procurando abrigo em minhas asas, arrebento o fio que, faz a ligação mundana cordial inexistente fisicamente, para o excesso de massas loucas que, circulam o terreno monstruoso da minha existência sem foco.
Este meu distanciamento descontente do latente sobrevivente espírito existente, persiste em fazer seus círculos enfurecidos, indomáveis devaneios que, abrem e fecham as portas do inconsciente.
Sobrepor a virtude da matéria, a essência primária lançada no abrigo do instigante momento do estar- fora – de- si e perto de um outro mundo. Tempo, um velho amigo, um descendente da solidão partida em pedaços, repartindo assim as esferas sincronizadas que, dançam nas linhas sonâmbulas do universo mágico, máquina de sonhos, refletor de símbolos, marco zero para o inverno pulsante da memória do pós – mortal!
E se existe uma coincidência, é um trágico acidente no cosmo, interferência da esperteza contraditória do que ainda está por vir, e que não se vê, não se compreende, se estende a imperfeição dos atos no acaso do passado.
É uma leitura de si para com o mundo, o mundo na leitura dos lábios incandescentes das cômicas parábolas dos Deuses que abrem o coração do homem, para plantar uma esperança, herança dos tumultos energéticos que brotam do fundo do universo. Nesta hora de agora, tudo é negro, o quebrante do arquétipo da maldade, a fidelidade das palavras que, perdem suas tonalidades quando, a luz de fora apaga o brilho da alma que reina no desatento paladar da sonífera vida transcendente.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

...AUTONOMA...

Eu viajei por muitos lugares. Lugares por onde eu caminhei e voei durante anos, a procura de uma satisfação particular do que me era conhecido como mundo. Ali, naqueles lugares e em mim ao mesmo tempo, pude perceber uma coisa em comum, nada fazia sentido. O sentido me provocava o sentido do vazio, o pendulo feminino que balançava de um lado para o outro, a procura de algo sensível.
Voltei, regressei de um lugar desconhecido! Por aquelas curvas coloridas aonde a morbidez é apreensiva, e que o tédio me faz refletir sobre as planícies pelas quais , eu nunca deveria ter me ausentado.
A relação com o a dor e a prospera sensação de leveza, sempre me acompanharam, mesmo quando eu não podia entender nada, o nada me entendia de uma forma simples.
Acredito ter plantado muitas coisas neste mundo, algumas floresceram, outras, deixei morrer pelas mãos do descaso íntimo. Mas não julgo isso como se, partes do que eu tenha vivido, fossem apenas resíduos do que eu poderia ter abduzido para meu planeta natal passado, presente, o planeta alma.
Eu não faço considerações rasteiras, e tão pouco costumo dizer o que não pode ser consolidado pela imaginação do meu mundo. Eu apenas digo e não digo, calo sem poder muitas vezes deixar de falar como uma louca desvairada. O silêncio surge do nada, como se alguma coisa tapasse minha boca lentamente. É a vida que quer falar mais do que eu, e eu nessa mania de vida, falho e muito, vivo sem saber se estou a mercê de um tempo que desconheço os segundos que me arrastam para o esquecimento.
Melancolia nessas épocas é quase fatal, não digo que de morte morrida, mas de morte praticada pela desumanização provisória sem autoria de culpados. Eu me culpo! Mesmo assim!
Terrificante, ah uma essência toda, jogada nas escadarias da existência. Persistir em ficar parado nestes degraus ambulantes, é como esquecer da jornada da alma perante a vida sofrida. Não tem contagem de pontos, tudo vale e não vale ao mesmo tempo, e ao mesmo tempo que tenho preço em ter desprezo por tanto conceito, me vejo cansada, parecida com uma estátua manchada pelo prazer de me enfiar-se na terra e esperar que a chuva me refresque nos dias quentes.
Acho que me perdi novamente! Ou nunca me achei, ou achei que achava alguma coisa, quando o que e quem está perdida era eu. Mas nem para poesia eu ando com asas! O barulho do relógio parece querer destruir minha paciência. Paciência, está ai uma grande virtude minha. Mentira! Tenho paciência para as coisas do mundo, agora as coisas minhas, aquelas que ardem em chamas, não mesmo, não tenho um pingo sequer de paciência, vivo a correr para o constrangimento.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

...TEMPO...

Algo está para acontecer, e os fatos começam a fazer sentido.
As ramificações montam seus desenhos loucos, destruições eu vejo acontecer na superfície natural, as câmeras estão apontadas para a disposição do caos.
O céu cinza, abre suas janelas, e eu sinto que iremos ficar “histéricos” , com nossos ângulos atômicos voltados para o conhecimento do desconhecer a nós mesmos.
A desordem tem ajudado a colocar as vozes nos ouvidos que navegam na sintonia orgulhosa do que ainda não pode ser exposto via satélite.
A alma que antes dançava, agora está no canto escuro, esperando a nova canção começar, e falando com suas trevas, escolhendo a retórica de um mundo cheio de cartesianos planos de sofrimento mútuo e falido.
Então temos mesmo que levantar, ver as nuvens brigarem com o sol, para tornar tudo novamente escuro, a matéria agora arranca pedaços dos corpos lamentosos.
Nossas punições mais sérias, agora não mais trazem prazer. A infecção está introduzida na escória séria do abduzido zero a esquerda, que poucos podem ver manifestar o estúpido amanhecer nostálgico.
Chegando mais perto, as torneiras inconscientes estão derramando suas ultimas informações, e eu me sinto sozinha, quando penso em deus, eu consigo apagar uma parte de tudo que, entendi até agora como assolação doentia, que eram pensamentos vestidos de rainhas noturnas.
Algo está para acontecer, e eu vejo os balbucios trazerem a lucidez ao contrário para os versos indignados dos inertes corações aflitos por paz e alegria, aquela velha roupagem que não cabe, agora está queimada no interior do nosso traço passado.
Não é preciso conforto, já que, procuramos por tantos anos sonhar sobre coisas pelas quais, queríamos reflexões passageiras, novamente estamos perdidos na liberdade trágica.
A ajuda não vem dos céus, e o chão é acido e transtornado por nossas realizações pessoais. Hoje, não podemos suicidar as nossas escolhas, pois, estamos comendo a falsa verdade, em apelos cheios de resgates provisórios, falando com as luzes espantosas que, afogam nossas cordas vocais no cimento fresco da tarde sombria...

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

...FONTE INTERNA...

Vamos acrescentando algumas expressões, não que isso faça com que, algumas coisas tomem rumos diferentes, quando se olha o que acontece aqui por dentro, consigo ver a minha porta escancarada para o mundo e isso entorpece minhas veias com o veneno da utopia.
Não que eu não queira sorrir, mas os meus tímpanos estão pedindo uma voz calma, aquela que venha do espírito puro que não rime com a dor falsa. Por algum tempo eu construiu milhares de bolsos flutuantes, Alpes, círculos, tendências suicidadas que abrigavam minha imagem presa a um espelho cheio de interpretações imundas, eu estava voltando de onde eu nunca pude caminhar comigo mesma.
Olhando melhor cada sentido, eu volto atrás com todas as minhas escolhas, as torres caindo sobre meus olhos, aquela sensação do pulo para o desconhecido, o mergulho no coma mais profundo, o choro sufocado, a respiração sem os pulmões do mundo imaginário, sufocados, pela intoxicação pouco subjetivas.
Colocando as chaves em baixo do tapete, algumas almas voltando para casa, aquele velho índio está espreita da minha solidão, as profecias em flashes paradisíacos, acordando com um grito de realidade, a introdução do vazio, que nasce da mãe esperança que por muitos anos foi uma criança mimada e torturada por um sorriso vago e largo, comprometido com sua evasão substancial.
Bocas enfurecidas, labirintos aprisionados na realidade, o código da violenta saúde que condenava o liquido do divino espírito amargurado, agora embriaga-se com sua falta de certeza. Se eu pudesse expor tudo que me expõem, eu estava querendo queimar uma grande parte da minha historia...
Tirando os panos, agora tudo parece promessas ao vento, e vendo de outro ponto, eu começo a não querer mais pedir desculpas a mim mesma, quando eu peço para que tranquem a minha fantasia íntima dentro de uma realidade dupla.
Não eu não me sinto aprovada para andar 3 segundos adiantados, porque, a falta que sinto de não poder explicar anda corroendo meus ossos, e a vida tem sido tão insana que eu vejo cicatrizes nos corpos que andam feito maníacos matando a sugestão de um novo imanente não domesticado.
O fato de eu não conseguir poetizar com o mundo, as lagrimas que derretem minha expectativas, agora vão se unindo fazendo um quadro, um novo plano em projeções triplas de cosmo – energias do meu próprio eu, lançadas em uma fração do tempo que vivo de costas para o que corre com as pernas do meu destino arrogante.
Olhando bem, sentindo o que tem, o que vem, o que se propõem a ser o vício de ontem, agora é ardente, sorridente, presente, dentro da caixa, encaixa, suaviza a cavidade, realidade, preciosidade divina, que instiga os deuses, apelos apaixonantes, de amantes enfurecidos, com seus arcos, marcos, atos, cheios de serenidade, saudade daquela velha idade.
Um ponto para cima, costurando, imitando, dramatizando aquele fenômeno, anônimo, que escurece o passado, cansado, que balança suas tendas, mesmo que preencha um fim desarmado, arrastado pela turbulência do vôo mais intenso, neste momento eu sou um grão, sem irmão, com ilusão olhando o mundo com os olhos da pureza, cativando a riqueza que tenho em não sentir certeza do que é viver a vida como uma correnteza feroz, voraz, que mesmo que eu não seja capaz de copiar as coisas, as vivencias que eu tenho tido, mantido, apreendido, se revelam, em cascatas luminosas, argilosas perfeições em pedras com seus tumores labiais.
E no desatino, presente menino, constrangido pelos tiros colombinos, agora são feras, deuses adormecidos reviram-se em seus túmulos, causando tumultos na grande terra. Com seus passos tortos, resgatando dos mortos, os limpos e saudáveis homens que abrigam as almas em seu espírito jovem, que amanhecem atolados pela vida da nostalgia.
Que alegria! Um brinde sem o descaso, o acaso ilumina o passado, sofisticado ser amado, que transluz a grandeza divina através do silêncio que capta as emoções e faz jorrar a fonte interna da solidão na paz da sobriedade.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

...OUTROS..

Não adianta, por mais que o mundo conheça tanto de algumas coisas, pouco sabem de si mesmos. Algumas expressões ficam vazias, e as interpretações subjetivas destroem uma mágica, deixando assim o “ente” querido fora de ação. A causa do plano individual destrói uma realidade tão bonita, alguns ainda aglutinam idéias coletivas e jogam dentro de um “pacotão”, classificando assim suas amarguras particulares, seus estudos intelectuais que, hoje em dia contaminados pela metodologia cientifica destrutível começam a revelar uma modernidade totalmente fascista e doente por interpretações que nascem de replicas históricas cartesianas.
Fechar as portas na cara do mundo, é exatamente isso, construir um diálogo olhando o próprio corpo celestial estampado em um espelho negro, que carrega suas ruínas particulares pouco articuladas pelo tempo vivido sem a essência da escuta poética.
Eu vejo algumas coisas das quais, que não me bastariam mil anos, para compreender que, enquanto eu tento aprender a ignorância perante as coisas que um dia alguém recitou em um palanque ( não me refiro a burrice) , outros querem cada vez mais um conhecimento velho, cheio de palavras e sentidos não explorados, e sim condicionados por um sistema pouco mútuo, a cópia de uma realidade não sentida.
Não temos que oferecer nada, temos que compartilhar...
Que loucura! O mundo está carregando suas escolhas, suas bagagens sensíveis com o árduo trabalho de “suportar” e não de sentir paixão por tudo aquilo que foi gritado nos Alpes da imaginação interior subjetiva. Talvez eu entenda hoje o que realmente significa ser vista como Outsider...

terça-feira, 19 de agosto de 2008

...LUZES...

Tudo sem harmonia.
Versos bagunçados, palavras coladas em cartazes negros,
A esfera com suas milhares de cores ardentes,
Picadinhos de essências, fragmentadas no des – contentamento da vida visual ofuscada pelo domínio racional.
E se isso fosse um modo casual de enxergar as paralelas condições humanas, seria muito mais prático não ver, e a simplicidade em sentir, estaria balançando as cordas do lamento do ser errante, praticamente, envolvido com o mundo místico intrigante.
Eu ando tentando mudar o plano de Juíza para espectadora deste mundo cheio de ramificações mágicas, magnéticas, e por ventura de fatos tão grandiosos pelos quais eu aprendi a compreender que, não posso converter o que sinto para tudo aquilo que existe como de fato está sendo revelado.
Sou fruto de um ventre com seus ventos noturnos, sem direção, sem teto, sem chão, com espírito que carrega a paixão da vivencia da ilusão temporal e que arranca da contemporaneidade a incerteza da insustentável condição do não saber o que é sábio.
Estou no caminho, ou fora dele, nas entranhas da busca sem almejar o término, sem fim, enfim, na doce criação da vivência fortificada pelos pensamentos sub – mundanos, procurando a desintoxicação da matéria absorvida pela desordem do plano natural.
É sem nexo, sem anexo do futuro, o desfrute do fruto pecaminoso que desconcerta a essência, que inibi a imanência da minha permanente existência no mundo do sub – imundo des – foque condicional, de amante do mundo louco, que para muitos, o sagrado é banal.
Quem se apresenta, agora não lamenta, o latente estar providenciando as novas glórias, sem lutas forçadas, o caso no casco do acaso, miticamente honrada pela desordem invocada
.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

...RECLAMANDO...

Veja bem, eu estou montando novamente uma maneira de não ser atingida sem poder ter a oportunidade de me defender. Eu busco um momento para capturar a minha fúria . vou vomitar o que não está terminado, estou preparada para usar todo meu silêncio. Estou de volta a realidade, já que eu mantive um monte de segundos inertes, montando minhas melhores fantasias, agora sinto que estou pesada por demais, e eu quero uma chance de despejar minha mágoa neste papel.
A vida tem escapado com facilidade de minhas mãos, e eu não estou preparada para ter algo normal, fora dos parâmetros que um dia eu quis para mim, então eu suspendo toda queda que tem me puxado para baixo, com uma velocidade incrível, fazendo assim, com que eu adoeça nos braços do presente.
Sou de amizade de poucos, e os excessos me querem debaixo de 7 palmos, eu dou o ultimo suspiro e eles alegram – se. Estou explorando uma consciência pela qual, eu não vivo de promessas baixas, e a dor tem sido uma fuga em tanto, quando eu pulo os muros da inconsciência.
Eu sei, eu ainda conservo minha vida em um vidro com uma proteção potente, e eu não quero um nome diferente por isso. Eu odeio ter que formular mais de uma vez, o meu sucesso, já que os aplausos vem de meus piores contingentes. Aqui dentro eu posso contar até 3 e tudo fica bem, eu mudo a paisagem e escolho quantos tempos eu posso passar sem ser percebida. Eu durmo de olhos abertos, e com os ouvidos atentos, acordo na hora da morte alheia, mas isso nunca tem acontecido.
Julgar um espírito como o meu, requer muito trabalho, nada rasteiro, já que estamos falando em algo que realmente se faz quando se é bem sujo, uma megalomaníaca tendência que se obtêm através de tanta mesquinhez demoníaca.
As armas estão apontadas para minha fronte, e eu não tenho medo do impacto das palavras que vão brotando diante de meus olhos, e eu experimento correr com uma navalha, eu apunha-lo minhas vitimas uma por uma, com a própria Mao que elas esticam para me servir com seus ápices de ignorância pura.
Não quero uma fixação em cadeias enterradas em solos tão pouco férteis, eu venho de um lugar aonde a liberdade se conquista, e eu tenho visto muitas correntes me cercando, e eu não nego que isso as vezes me faz sentir vontade de espancar este maldito presente, com uma boa dose da minha maldade, e não o faço.
O que acontece, eu saio de mim, e assumo algo que não consigo controlar, ali tenho força em dobro, e minhas palavras não tem freios, e tudo o que eu não quero me aconteça , vira fato, fenômeno escancarado, e eu volto sempre mais machucada do que eu pressinto.
Um puxão para a direita, eu estou de volta, agora com um gosto amargo em minha alma, e os pés sujos com as lamas de falta de veracidade nas palavras que me foram lançadas para meus ouvidos histéricos e tão cheios de devaneios.
Alguém vem querer me ferir, e eu peço para que não seja tão intenso, porque eu mostro minha intensidade quando fecho meus olhos e deixo que o meu outro lado, quebre tudo ao redor sem a maior piedade.
Graça, uma risada que pode destruir quadras e quadras, e eu me penduro nos braços dos que vivem arrojando suas vidas por ruas cheias de movimentos bruscos que terminam em um beco insano de um quarto em um infarto desprezível e angustiante.
Segundos, e eu vejo o relógio criar os meus piores versos, mesmo assim não reparto a minha tempestade com ninguém, eu não tenho mais as cápsulas para me aliviar, então eu não peço para que ninguém possuía paciência para aturar minhas desavenças.
Todos sabem que eu faço o que eu quero e isso faz muito tempo, se ainda tentam testar a minha fé, conseguem arrancar de mim uma fera carregada de desprezo e rancor pelos que rodeiam a minha sobrevivência.
Uma gota de suor perdida, eu sinto que estou abafando alguma coisa, e eu engulo a seco toda minha reclamação, desatinando as conseqüências, criando amor, aonde eu vejo que existe uma maldita lacuna.
Então eu posso rir com tudo isso aqui, porque eu não entrei para um grande espetáculo de imagens perdidas, e os sons que dominam minha mente, fazem uma tortura com minhas lembranças. Não pense por um instante que eu não posso ser indolente, ou que sofri demais, talvez eu tenha explodido tantas vezes, que o que restou já não me satisfaça mais.
As situações vão aparecendo, recriando algo que já estava morte, e eu ressuscito o que está tentando falar comigo através das minhas conexões com o que é revelado com tanta fragilidade.
Depois de um tempo eu descobri que até mesmo o amor foi banalizado e as ordens subjetivas são tão comuns, e tão horripilantes. Eu sinto que tudo está prestes a desmoronar. Eu sinto vontade de ficar dias trancafiada em um lugar sem portas, para tentar entender porque tantas coisas ainda podem me ferir com tanta voracidade.
Não sei para onde ir, ou em que tempo entrar, para ver as coisas acalmarem dentro de mim...
As vezes eu ouço mil berros de esperança, depois os mesmos fazem com que eu engula as minhas lastimas transformando – me em um monstro terrível, é como se fosse sempre o ultimo dia, mas outro dia chega, e o tormento não acabe.
As figuras estão dispersas, e as vezes é tão difícil sentir que existe uma heroína dentro de mim, quando eu percebo que por tantas vezes eu corri de coisas tão pequenas.
Eu fico assustada comigo mesma, converso por horas com meus sentimentos, e eles trazem algumas receitas de como eu posso controlar esta locomotiva presa ao sensível mundo imaginário.
Posso ser perversa comigo mesma, e eu prefiro não querer acreditar em algumas coisas, por enquanto é o que resta, e o eu não me contento com o resto, a minha voz fala enquanto alguém tenta invadir a minha historia, e eu vejo, sou eu mesma novamente, travando um conflito e isso não me deixa gritar para poder acordar...
Eu faço as curvas no pensamento e em outro instante, estou calma e envolvida com minha felicidade, mas eu sinto falta de sentir que eu posso cuidar de mim mesma com os meus dois lados unificados em mim....

terça-feira, 29 de julho de 2008

...EM OUTRO LUGAR...

Ali estava ela, com seu peito incinerado por suas paixões antigas, que refletiam dor nos lábios calados do desastroso instante que por meus olhos passavam.
Era como se a luz, aquele antigo facho de luz, pudesse existir somente debaixo dos véus do noturno luar que escondia o temor de cada segundo que atravessava o quarto em um silêncio redundante e cheio de mistérios.
A como se não bastasse, havia mancha de personalidades pelas paredes, borrões verdes, azuis, vermelhos, sem vida, colados até mesmo no teto sujo pelo acaso.
Não tinha fendas, as flores morriam a seus pés, e todas as coisas que por ali cresciam, não passavam de ervas daninhas, bravas, sem escrúpulos, amigas dementes que rangiam os dentes de tanto dizerem que estavam desnudas.
Por ali, não bastava passar e olhar, nem refletir, quase tudo era imóvel, somente se podia ouvir as batidas do coração da jovem sonhadora, acelerada pelo descaso do mundo que acredita na onipotência da falsa subjetividade.
A solidão, erguia seus braços na tentativa frustrante de alcançar o céu que não tinha estrelas, não era possível nem mesmo, ver o passado caminhar docemente suspenso pelo ar da nostalgia.
A felicidade era rompida, corrompida pelos caminhos tortuosos que insistiam em ficar, mesmo quando era expulsa pela falta de fé que estimulava aquela desgraçada alma, a condenação da impiedosa senhora do fracasso pela falta do sensível mundo particular.
As garras do inconsciente, brotavam do chão, agarrando o corpo todo daquela moça, e bem devagar, tomava sua mente por inteiro, deixando a mesma insana, ela acreditava que por alguns minutos era capaz de sorrir, sendo que seu rosto era manipulado por sentidos desgostos, sem prazer algum do que era vida.
Contemplar a discórdia, aquela falsa harmonia do mundo, imundo, que gira, sobressalta em pegajosos rios de lamas, aonde os condenados sem suplicio, reinam durante toda uma vida, era pouco para aquele tipo de sensação.
Os vidros embaçados, o relógio quebrado, pendurado na parede cheia de buracos, e mesmo assim, não era possível ver o outro lado.
Perspectivas negras, animais ferozes, com seus berros histéricos, avisando que um novo dia estava para começar por ali também se era possível encontrar.
As madeiras do assoalho soavam mais como, ripas malvadas, que suportavam aquele corpo quando ele caia depois de uma mutilação mental, causada pelo desabrochar de uma aurora que trazia os ares venenosos para aqueles pulmões quase infantis...
Era tudo escuro, milhares de armadilhas, aquela preguiçosa janela, que não trazia o ar fresco da primavera, era apenas mais um detalhes, entre os mil e uns que não chamavam mais atenção.
Tudo era monótono, sem ação, o amor por ali não passava, nem os carteiros, aqueles antigos bêbados que enchem a cara todas as noites para abrir a imaginação, para assim suportar uma noite de sexo com nojo, com aquela esposa marcada pelo machismo moderno.
Nem se quer uma boa água esta bebera. Ela não se embriagava das próprias lamentações...
Corria de um lado para o outro, como se tivesse medo da sua própria sombra.
Como se pudesse por um instante voar para algum lugar e atravessar as cortinas da sua consciência cheia de contos amargos das vivencias de seus antepassados que vinham perturbar até mesmo o seus sonhos, com seus cajados rancorosos e manchados com sangue das virgens sortudas.
Mas existia ali uma paz, talvez uma paz desconhecida por mim.
Aquele tipo de paz que é capaz de atravessar milhares de corpos sem ser percebida.
Aquele tipo de paz que é capaz de mover olhos, sem que o cérebro saiba o que está glorificando.
Este tipo de paz, que as vezes é tão difícil de captar, porque estamos sempre ocupados em perceber as asneiras e as nossas falsas construções individuais, alojando milhares de fábulas maléficas sobre o que conhecemos sobre esta vida.
Vida? E quando é que se morre?
Quando é que se tem sorte de viver intensamente para morrer?
E nadar em um rio de escolhas, e no dia seguinte levantar renovado por inteiro, nem sortudos conseguem tal façanha sem arranhar-se com seus próprios dedos encardidos pela moral que lhe és pregada com tanto fervor.
Por ali meus caros, a desordem reina, mas a ordem constrói seus impérios particulares, e destes impérios, arvores enormes, frutíferas, derramam lentamente a vida pelas suas raízes cravadas no solo imanente.
O amor por aqui é puro, saudável, não entristece, ele apenas manifesta-se em atos de lealdade, por isso é difícil a presença do mesmo neste recinto chamado mundo.


Não adianta subir nas trepadeiras, e nem mesmo, nadar naquele belo riacho que é transparente.
É preciso não saber que se sabe a fórmula do que é sentir que é sentido pelos sentidos da vida que nos toma como existentes, permanentes e sobreviventes de uma legião de deuses que andaram do céu sem asas do bateram suas pernas longas contra esta nossa terra, fazendo um turbilhão de cores para enfeitar a vida de loucas travessuras substanciais.
Não se cresce por inteiro, o nosso salto é maior, o menor dos riscos é não ter vontade suprema de não ser certo o suficiente para admitir que se começa do errado.
Transgressão, ou coisa do tipo, o espírito renova-se, nasce todos os dias, porém morre quando pensamos estarmos completos pela finitude.


quinta-feira, 24 de julho de 2008

...REVELAR...

Eu posso tentar manipular a dor que entra dentro de mim,
Mas a dor que consome minha alma, me atrai para a escuridão, tirando a minha força.
Eu tenho um santuário cheio de trevas, e isso não faz de mim somente sombra.
Não pude partir ao meio aquela memória antiga, porque eu matei o que queria me matar,
Quando eu entreguei o meu destino nas mãos de uma vida cheia de certezas.
Sei que ando desconfortável com tantas coisas, e tentar assoprar estas pequenas coisas,
Tem feito com que, eu seja pateticamente cheia de tormentos e de fúria contida.
O choque entre todas as coisas que eu acreditei um dia, agora começam a explodir.
Ninguém pode chegar perto da minha dor, e eu começo a destruir os muros que escondem minha gentil presença no mundo.
Por muitos anos eu tento dar significados para coisas que já estão mortas, por isso não consigo enterra –lãs de vez, eu começo a tragar minhas próprias indecisões, e isso é doloroso demais.
Eu ouvi uma voz louca, gritando que precisava sair, e eu abri todas as portas da minha imaginação.
Tudo isso está voltando, e eu começo a sentir aquele antigo inverno aproximar-se de meu corpo, os cala – frios estão cada vez mais freqüentes, e eu vou matar minha vida novamente para tentar um re- começo sem final trágico, pois estou presa na minha própria comédia.
Agora eu não tenho medo, porque os antigos abrigos estão cheios de malas, e quando eu abro cada uma delas, eu revelo por onde eu andei passando com minha esperança sem bondade.
Porque eu vou sangrar e isso não será suficiente para me manter desperta dos sonhos que eu nunca pude esquecer que existiram...

terça-feira, 22 de julho de 2008

...FALAS OFEGANTES...

Neste meu abrigo, eu me sinto em casa, vendo os velhos dias passarem feito passagens mórbidas.
Aqui não me sinto escrava, estou andando de um cômodo a outro para ver o brilho nos cantos escuros, esperando que minha vela revele os lugares que um dia puderam me incomodar.
Os móveis não estão mais solitários e eu posso ver o jardim cheio de gotas do passado, suas loucas flores e suas gramas contaminadas pelo ar noturno que não parece passageiro agora.
Sinto que posso vigiar o mundo e ele não é capaz de transportar s suas falas ofegantes para dentro de meus ouvidos, deixando minha cabeça apontada para o caminho da insanidade.
Olhem vejam as chaves espalhadas por todos os lados, e eu posso chutá-las para bem longe, aonde meus olhos não possam acompanhar o brilho falso delas, quando o sol rasga a cortina de meu quarto para anunciar uma nova manhã.
Os tigres estão soltos, e muitas vezes eles gostam de dormir na porta da cozinha, como guardiões, e por muitos anos eles me protegeram, hoje em dia eles só querem que eu não saia daqui, e para que isso aconteça eu tenho alimentado eles com o meu próprio sangue.
Vejo que as poeiras de outro tempo cobrem a mobília, e a chuva tem sido uma péssima idéia para um renascer que não foca mais o meu entendimento do que um dia eu fui.
Quando eu entro em um baile de máscaras, posso ver quem quer ser visto, os que escondem –se de si mesmos, não tem o brilho de criança nos traços frios em seus olhos cheios de doentias risadas.
Fico entregue a comemoração do ridículo, da satisfação pelo vazio ,e passear por este salão todo, é quase que uma tortura, quando sinto minhas mãos pegarem fogo, preparando –se para um encontro maior, que nunca acontece.
E eu não danço, eu apenas me aquieto perto das cortinas antigas, e elas dançam feito maníacas, porque as janelas falantes sopram suas melancolias para fazer com que essas brancas velhas e seus vestidos bordados, envolvam meu corpo na tentativa de me esconder desta geração cheia de promessas falidas sobre o que é a felicidade.
Eu vejo o anuncio da aurora, e esta, descansa no meio do salão, com suas pernas marcadas pelo passado, porque tem sido tão cômodo ficar em cima de tudo, vendo as coisas com inteligência, quando estamos no fundo de tudo, fixando a alma em algo que não pode ser compreendido, acabamos nos perdendo e isso é alegre.
Eu tenho olhos nas costas, e consigo ver o medo se aproximar quando alguém pode ver o quanto eu posso ser sensivelmente perturbadora.
Acredito que a dor renove, mas não consigo aceitar que isso seja suficiente para deixar uma vida suspensa por tanto tempo, existe uma falha.
Não gosto de desculpas, o perdão parece pedir uma facilidade que me deixa demente, e eu não gosto de pensar mais sobre as coisas que eu não possa levar com bagagem nesta viagem por mim mesma.
Viver tem sido um trabalho árduo, porém , eu consumo todas as experiências que machucam e falam com a voz da angústia que faz com que eu receba as mensagens existenciais que habitam dentro e fora de minha estadia neste tempo, com rebeldes notificações do que é escuro e claro.
As surdas comunicações externas, eu já não tenho me preocupado com os amantes da vida ‘de passagem”, porque eu demorei tanto, sofri tanto, e senti o gosto da felicidade, e isso para mim ainda não é o suficiente para que eu possa ver o sol nascer negro.
Quanta pretensão, sei que ainda não possuo tanta humildade, e minhas fotos estão penduradas em paredes sujas e lotadas de buracos, e eu posso ver pelos mesmos, as tardes tortuosas aproximando uma solidão que eles tanto negam.
E eu prossigo, sem propagações, em um silêncio puro, e uma fala calma, porque eu estou a procura dos instantes que possam romper as minhas antigas certezas...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

... EU DIGO, NÃO...

Eu vou carregando minhas magoas
Você compra as minhas saudades, sacode os meus sentimentos
Nasce um fenômeno, e as folhas estão todas jogadas no escuro.
Eu vejo alguém falir do outro lado da rua, e a dança da maldade trocar de passos,
O amargo misturando –se com o doce e cativante destino.
Eu vou despir os seus verbos, vou falar quantas verdades deixaram de influenciar nas minhas vivências.
O meu corpo está suspenso, e eu começo a refletir sobre aquelas nuvens negras no horizonte,
As folhas apodreceram, estou começando a sentir o cheiro da loucura balançando do outro lado da esquina, um jogo de sensualidade, uma quebra naquela velha promessa de ficar no tempo da perdição agora se rompe.
Agora começa o confronto!
Do que estávamos falando, eu vi as paisagens fúteis desmancharem a borda do vestido da menina tristeza.
Sem lugar para correr, agora eu vou abraçar a melancolia, sem conformismo, eu recuo, destruo, crio a partir da dor sentida na alma,
O mundo está comprando suas ultimas lagrimas e eu vejo o superficial desabrochar o sensível sem competência de quem está ao redor.
Como é divino não adivinhar o que querem que eu faça quando eu estou resolvendo as impurezas da imaginação, eu vou queimar um por um sendo sutil, porque eu posso congelar, se eu não suportar o peso da consciência que tanto negaram.
Eu não preciso de ajuda, agora a palavra complacência anda esquecida, estou esquivando das idéias infantis que um dia quiseram resumir a minha existência ao fracasso.
Um belo dia amanheceu, e por hoje o que eu tenho a fazer é atravessar aquele antigo rio e não pretendo andar sobre as águas eu quero mergulhar nesta imensidão sem limites.
As vezes eu vivo chorando pelos cantos, vendo uma onda querer invadir o meu instante.
Eu corro para debaixo da cama, ali a negatividade fica com medo de me tocar, um espaço entre uma arvore e outra, valores que eu não posso mais julgar, já que o falso sol um dia me cegou.
Quem vai ficar agora, já que, lamina do ceifador está afiada, e o corte vai ser na vertical.
Os postes levam energia para minha mente, e por mais que eu tente não andar dormindo, uma vida simples conversa com minha complexidade e quantos choques mais vou ter que levar para entender de vez que não posso mais regredir?
É isso, sem menores desprezos eu vou caminhar por lugares escuros, com o pensamento de voltar sempre para minha casa, ali aonde ninguém precisa me entender, eu apenas sento e tomo meu café com serenidade.
Eu sei, o mundo já foi um pouco mais cruel, mas a inovação tem sido tão dolorosa que nada parece estar no lugar, e existe sempre uma possibilidade de cairmos naquele buraco que mais parece um asilo particular.
Quando eu tento remover as falas do meu consciente, eu vejo as pessoas esperando o meu coração no meio da mesa, para ser servido gelado, eles tem dentes afiados e uma fome incontrolável de ver minhas imagens serem queimadas pelo desejo da falsa subjetividade.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

...EM ALGUM LUGAR DENTRO DE MIM...

Então hoje você vai sentar e falar comigo!
Porque a sua escuridão vem abusando dos meus limites, o tempo tem corrido contra a velocidade da minha consciência e eu tenho estado tão perdida em seus devaneios insanos.
Eu entro em contato novamente com sua limitação, suas promessas sem mundo, suas viagens apelativas que rasgam o meu corpo em milhares de parte, eu não consegui estar ai dentro quando o vento ensurdecedor adormeceu sua alma.
Vejo que tem algo errado, e as despedidas não são mais tão freqüentes... você manipula minha realidade, trás o ódio para o meu céu estrelado, desconstrói minha passividade, ergue meu corpo, assombra minha paciência, resgata minha fúria, me transforma em uma locomotiva descontrolada.
Você quer que eu sangre!Quer tirar até a ultima gota de felicidade de mim. Vem sempre rompendo minha imaginação, carregando minhas magoas para o centro do meu peito, recuando o meu respeito, com seus anseios da decadência que, se instala nos momentos mais belos e conspira para que o dia seja interminável quando as nuvens negras dormem em cima do meu corpo.
Então sombra minha, diga que sente minha falta quando você não pode ver as coisas atravessarem o seu destino congelado!
Temos uma coleção de bobos da corte, “loucos dançarinos”, pisando sobre nossos ossos, puxando nossos sentidos para baixo, contando nossas perversões em voz alta, para nos darmos conta do quanto erramos e quase fomos mortos por nossas mesquinharias.
Ficamos presas quando todos estavam esperando que, caíssemos no abismo...
E eu não aprendi a lição, por isso eu te soterrei com todas as minhas mágoas, todos os invernos que nunca acabavam, a verdade que você me fez engolir a seco, não foi capaz de me salvar do que sentia.
Venha assistir a transformação, a cela está prestes a explodir, você tem cultivado suas garras como nunca, e tem transtornado o meu silêncio com seu mar de saudade furioso e suas enchentes de lágrimas amargadas.
Hoje estou tão cansada, pela primeira vez eu estou esperando o dia chegar, e represento minha ausência com os olhos cheios de ansiedade, construindo paisagens mortas por onde eu passo, tudo tenta morrer, e eu continuo a jogar sementes, para que você possa ver o quanto eu tenho me esforçado para manter você algemada dentro de mim para não causar dor novamente para meu espírito tão infantil e demente, que de repente, adoece nos braços do substancial e acorda ferida carregada pelo anjo do mundo imaginário transcendental.
Você sempre parece familiar, mas quando me tortura com suas vozes roucas, acordando minha paciência no meio da noite, eu penso que posso fazer seu cérebro virar ao contrário, suas passagens tão inconstantes, suas maldades contraditórias, seu estilo sombrio, circunstancias que chutam minha linha estreita de equilíbrio para o fim da vida, que parece sempre ser por hoje um único dia de sofrimento.
Tudo está lendo, os meus dramas estão cochichando, agora eu posso voar para bem longe. Então me surre, vou mover suas comédias, retirar o que pinta de cinza os sentimentos aqui dentro, a virtude anda estreita e novamente eu não vou conseguir domar suas ações que desmontam o meu presente, e trazem a tona o meu passado tão negro e indolente.
Eu vou te beijar, e vou fazer você falir de vez, como da primeira vez que te levei ao extremo.
Você fez eu receber minha doença mais imatura, me levou ao inferno com os olhos do seu deus, me lembro daqueles tempos, agora estou te visitando a fundo, para ver o que de mim sobrou por ai.
Sim, eu posso estar bem, então agora não tente dizer que meus problemas não podem adormecer com este “feeling” que tem respirado em minha inconsciência, confissões que não substituem a minha falta de egocentrismo.
Os mistérios serão guardados, e eu não preciso usar uma alavanca para despejar todo meu ódio sobre o mundo, quando tenho um fogo interno tão poderoso. Eu te renunciei uma vez, e agora estou queimando a sola dos seus pés, você não poderá mais caminhar em mim, enquanto eu estiver apagando lentamente essa dor que você me trouxe por tantos anos.
Eu chorei tanto, e morri tantas vezes, esqueci do esquecimento de nunca ouvir o que eu queria ouvir dos momentos em que eu buscava estar bem, brincando de ser finita. Minhas mãos estão soltas e eu posso abraçar o agora sem medo das suas marcas. Eu nunca consegui entender porque você queria manter o meu coração no formol, agora eu compreendo, e eu derramei cada instante com tanta intensidade, eu nunca parei para pensar o quanto eu fui rude comigo mesma, porque você me tomou.
Finalmente, agora eu estou caminhando, tomando cuidado com os espinhos, e as vezes eu escuto que eu posso ser Joana D´Arc, e ninguém consegue respirar o veneno que eu sou capaz de jogar quando dizem que eu posso estar enlouquecendo novamente.
Não agora, eu não sou mais sua prisioneira, e agora você só irá atuar quando eu estiver em contato com minha angústia mais profunda...

terça-feira, 8 de julho de 2008

...DESAFIO...

Temos um quadro de escolhas, e então você arma suas delicadas situações de drama, procurando as coisas que foram perdidas com o vento forte da solidão.
Vamos, eu preciso ir para algum lugar que eu não consiga sentir falta de um pedaço de mim que ficou preso no passado.
Talvez eu diga, as coisas precisam sair da estabilidade, e todos os dias eu tento ouvir a minha voz da dor, para carregar o presente em uma carruagem infantil e cheia de estranguladas lembranças.
Algumas vezes eu tento não pensar em tudo que eu já perdi, proporcionando assim um ato fatal, exterminando a minha liberdade e então aparece a carta da minha tragédia particular. Olhe, os lados estão misturando –se a realidade gritante. Estou ficando louca, porque ando trocando os nomes das minhas faces que dançam sobre os tetos insanos do meu canto escuro que, retrata o quanto eu tenho convivido com minha angústia.
Eu ando revoltada, justificando os meus atos, para trazer a tranqüilidade para os ângulos coletivos, e não posso ser extrema, os horizontes estão soltos no buraco do infinito, e eu não consigo abrir a maldita caixa da esperança.
Trancafiada em um mundo de justiças invertidas, a lamentação da criança chorona, procurando o seio iluminado, sempre carregando sua melancolia que busca alojar os seus retratos perdidos dentro do espelho do casual hoje não vivido.
Cuidando de minhas visões, as vezes eu adoeço, e vou comendo a minha felicidade pelas bordas, e isso dói demais, quando eu vejo que tudo está cheio de rosas negras que abraçam o meu corpo para me tragar para o berço do desconhecido. Ei, estou falando contigo, e você não consegue ver a minha intensidade, está longe, indo embora, como sempre fez, como nunca deixou de caminhar para um lugar pelo qual eu nunca posso passar.
Tomei minhas “purple pills” e eu tento trabalhado tantas coisas e fazendo curvas quando chego na ponta do abismo. As flechas estão apontadas para o meu peito, e eu não consigo cantar a minha fidelidade para esta gravidade que puxa-me para imensidão , e isso me deixa pequena perto das poucas coisas que eu acredito, eu enlouqueci novamente.
É uma chance, uma entre milhares que desfilam punindo a minha saudade de quem eu não consegui ser perto do mundo e suas cômicas crônicas e sujas tramas subjetivas.
Fui capturada, e o ódio vem subindo pelas minhas veias, estou devorando o que me rodeia, abrindo os olhos cheios de sangue, chocando – me com a realidade que foi mutilada com suas faces supliciadas, agitando assim o meu interior de forma vulgar e irracional.
Então, estou vivendo longe do reino encantado, e quer saber, a vida normal é um saco, e eu não posso atropelar aquelas passagens que se manifestam como turbilhões de certezas cruas e suas proveitosas oportunidades de ser uma desgraçada colocando em risco a minha fragilidade.
Agora eu consigo escapar, expandindo as ramificações, estou longe de estar estável, um tipo de sanidade que não corrompe a sensibilidade que, começa na minha alma e termina na ponta da minha vida, porque eu preferi uma versão “plus” de mim, que não precisa carregar os dedos do futuro que se revela tão assediado .
Estou sangrando e tudo parece familiar quando isso acontece, eu acabo sempre de saco cheio, brigando comigo mesma na medida em que, não consigo chegar perto nem mesmo da minha fala.
O que temos por aqui, uma forma nova de aparecer, e não mais uma trágica visão do imaginário, alguém está gritando, e eu tenho um protesto estranho, o fogo queima aqui dentro e eu tenho as emoções mergulhadas no substancial. Acredito no sopro divino que consome meu beijo eterno com as idéias que adoecem dia –após – dia.
Eu te falo, estou aberta, e não adianta nada você questionar o meu modo de expor aquilo que eu venho sentido, você tem se mantido aquecida de tudo que eu digo, porque não pode ter contado com esta droga toda, está tudo aqui dentro, e toda vez que eu sinto que volto a ser humana, sinto como se uma tentativa estúpida de aparecer em um show que se passa no seu palco.
Agora é difícil conciliar o que é um segundo do que me foi vivido na posição vertical. Então vem, mas vem com tudo, e invade meu inconsciente, estuprando minhas justas saias que abrem suas pernas do acaso para a fonte da sobriedade que, fere quem consegue dizer que prefere manter o silêncio quando está sendo passada para trás pelos sentimentos noturnos.
Estou com asas novamente, e tudo parece tão delicado, as planícies estão desertas e os cavalos estão todos ocupados em comer minha dignidade. Algo flui naquele rio ali na frente, estou de volta a minha coleção de imagens paradisíacas que, denunciam o quanto eu estou desapontada com o modo que tenho escolhido viver.
Outras coisas estão lá em baixo, e eu sinto vontade de pular novamente, para ver os anjos abraçarem os demônios, já que, eu não posso mais respeitar o que tem me sufocado, e eu vejo, vejo tanto que não consigo adormecer de tanta saudade dos meus instantes que pareciam intermináveis.
E eu pergunto:
Para onde eu posso correr quando eu não quiser mais salvar minha alma deste devaneio?

sexta-feira, 4 de julho de 2008

...ÉPOCA NEGRAS...

Hoje perco-me em meu desconhecido desfile de movimentos individuais,
Não recarrego os extremos, deixo a natureza carregar-me pelos desfiladeiros da saudade.
Abre-se o céu, agora o tempo está rompido e as pessoas ficam inertes e sem foco de existência...
Ando, caminho, gesticulo com o silêncio e suas micagens exotéricas, eróticas e mistificadas pelas épocas negras, carregadas por suas claridades informais, conjugais ... falidas!
Minha duplicidade apareceu, na hora em que, contestei a verdade sendo única,
Derramei os meus significados usando verbos inacabáveis, intensificando o longo caminho que por mim deverá ser percorrido.
Aqui dentro, não preciso de pernas, de asas ou de algo semelhante, sou alma!
Um suspiro demente nas freqüências temporais fantasmagóricas e transcendentes como vapor do espírito.
Em um estalo, me perco, me acho, me instalo em um mundo cheio de simbolismo, ramificações intermináveis, não incansáveis.
Se chego por aqui, tão pouco quero ter justificativa por aqui estar.
Os vidros das janelas do presente, embaçados com minha respiração do ausente – permanente, pressente o que vem do fundo realmente no mundo impertinente.
São fábulas, milhares delas, uma dentro da outra, em um cruzamento sexual delicioso.
As entradas e saídas estão do lado de fora, aqui dentro é tudo um nada, em construção!
E quer saber, nada tem fim, e o fim não considera a minha neutralidade finita, casual e tão cheia de fé.
Sabe quem vos fala?
Não sei! Eu, você, eles, quem dera, se o grande Abdera pudesse escorregar nos meus pensamentos, frutos nasceriam apodrecidos para uma nova colheita cósmica – terrena e em um tempo astral...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

...CRIANÇA...

Eu vivo entre o sol e a lua
Algumas vezes eu me entristeço, logo a angustia se esvai...
Se quiser pode beber do meu sangue,
Caminhar dentro da minha pele, você pode voar com minhas asas.
Eu sinto que algumas coisas não querem passar..
Abri meus olhos, vi por dentro de tudo, em um instante eu acreditei,
Nas coisas voando para o meu peito com tranqüilidade.
Sim, eu ando tão quieta e tão sonolenta, em off, para não aborrecer ninguém.

Algumas pessoas me perguntam se eu vivo bem, e eu respondo que sim, vivo do meu modo, muitas vezes eu sinto um vento gelado passear no meu rosto, e então vejo que posso correr por ai procurando um motivo em tudo que eu sinto, e sou tão pouco compreendida. Quem quiser pode vir para dentro, e contar as minhas fábulas, mas não tire o meu ar quando eu puder buscar respirar na superfície.
Muitas vezes tenho a sensação de estar anestesiada por algo em algum lugar confortável, e os segundos são contados de novo, aos avessos, estou afundada em permanentes escolhas e isso me deixa contra tudo aquilo que eu quero viver, e então eu afogo as minhas lamentações...
Sou sensível, carente, apática e mando tudo para dentro esperando que o fogo consuma, e isso não tem acontecido tão facilmente. Não mais, estou de ponta – cabeça, brincando com as crianças choronas que moram dentro de mim, e elas me deixam doente quando contam sobre a sua ingenuidade...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

...FOLHAS MORTAS...

Amanha será um novo dia,
Com suas alegrias e tristezas.
Falo com uma linguagem secreta sobre minha vivência
Fixo o momento da minha chegada ao mundo dos sonhos
Impecavelmente uso a roupa da alma para falar de dor e do amor.
Quebro a melancolia, observando a minha gentil presença a notar que,
Os instantes são marcantes, por isso por mim passam de forma sensível.
Vou varrendo lentamente todas as folhas mortas no quintal, na tentativa de ver um novo limpo surgir diante de meus olhos.
Tempestade, velha amiga, com seus truques perversos,
Vem bater com força na minha janela, usando de seu vento gelado para me deixar desconfortável no berço do mistério.
É quarta – feira, cheia de saudades,
Hoje estou exagerada, envolvida pelo tempo que, atrai as minhas lembranças de quem eu fui.
Vejo os pássaros ensaiarem antigas canções para embalar corações aflitos, cheios de remorsos.
Deixo as minhas tragédias debaixo do travesseiro, aquecidas, enfurecidas, amanhecidas...
Faço a travessia pelo rio, o rio do esquecimento matinal.
Não ouso desiludir a minha existência com cartas antigas, que agridem todo um baralho cheio de reis e rainhas com seus arcanos deslumbrantes e cheios de segredos sobre o universo substancial.
Sim, o dia chega, claro, bem tranqüilo, se faz então o astro gigantesco a ofuscar a minha manhã.
Desloco minha ira, para os cantos do meu quarto, já não estou mais sozinha, a casa não encontra-se mais vazia.
Acompanho a sonolência das horas, uma por uma.
Contudo, não deixo de vestir a poesia em meus pensamentos, por mais loucos que sejam.
Sou longa, não infinita, sou breve e atrevida quando sinto que, estou sendo sentida.
Não revelo, apago as luzes para as intrigas, ora que de vez enquanto me ajudam a encostar na beira da reflexão do impulso que, nasce dentro e é puxado para fora em alta velocidade.
Estou em atos, atalhos, que misturam –se para juntos abrirem meus novos caminhos.
Um sinal, uma prega na saia do destino!
Ah se um dia eu puder descrever tudo que me é sentido, ficaria tão feliz e tão intima com minhas fantasias, que morreria...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

...NOTURNA...

É mais um começo, a tempestade aproxima-se de horizonte
E sinto minha respiração ofegante, eu estou caindo em nuvens negras,
Vendo o céu transformar-se nos meus olhos atrevidos, sem destino.
A dor minha amante intima, que adormece nos braços da minha solidão,
Corre louca com as pernas do presente, e invade a minha alma!
Meu coração está pintado de preto, e eu sinto meu sangue coagular.
O meu instinto furioso, toma minha bondade, agora eu sou metade minha,
A outra desmancha-se na brisa suave da noite que invade o meu quarto.
Vida, com seus romances cheios de insanidade e torturas,
Um sexo sem doçura, apenas age de modo que, o prazer faça adoecer!
O toque do sensível com as garras de uma fera selvagem sem freios,
Correndo em direção ao meu peito, o perigo fascina o meu espírito.
Estou rastejando, e estar a 7 palmos sempre, faz de mim uma dominadora de sentidos.
Estou definhando, envolvida pelas camadas de nevoeiros sagrados.
O resto, aglutina-se com o que ainda não foi consumido.
Todos dias parece que estou indo embora, mas voltando sempre para longe de tudo.
Esta quentura insuportável, faz com que eu sinta meu corpo levitar.
Olho no espelho em uma galeria cheia de imagens gritando pela minha liberdade.
Vou ter que voltar para a floresta, aonde as folhas deixam meus rastros vazios.
O secreto se revela, e eu tenho vontade de devorar tudo que está ao meu redor.
Sinto o gosto da certeza revirada, e isso trás o mistério para perto de mim,
Isso faz com que eu tenha força para esmagar os meus ossos com a pressão do meu pensar.
São as trevas se manifestando, e hoje eu me sinto tão bem!
As casas estão destruídas e as ruas encharcadas com minhas lamentações,
A beira do abismo fica cada vez mais distante,
O fim não chega, a tarde não adormece, e eu apenas continuo sendo fluida,
Desmanchando o romance terreno, presa pela atração astral...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

...RITO...

Ora, ora, que este mundo tão cheio de significados para nós, apresenta o seu lado mais sangrento e desordeiro para nossos olhos, que tanto querem apreciar a beleza intima que dorme ao lado do interno mistério divino aleatório nunca permanente. E que luta meu caro, para manter os corações aquecidos destes milhares de fragmentos frios e mortos do externo sem brilho. Existe um chamado, que vem na contra-mão do terreno, que invade os olhos sensíveis e habita o escuro sentido de quem vive a procura de mistérios, do mesmo, pouco sabemos, mas entendemos que, a nossa esfera cósmica não pode ser movida e tão pouco notada por aqueles que não concedem a passagem do espírito para o canal do nada.
De alguma forma, estamos sempre a lançar nossos maiores segredos, a beira do mundo, e essa beira da margem suja e tão rasa, de alguma forma busca sentidos pelos quais, já quebramos espadas a muitos anos (luz) atrás...
Cansativo, quase que torna nossa alma imortal, porque, toda vez que entramos em contato com a escoria alheia, enfrentamos os mesmos duelos irônicos causados por nós mesmos. Essa dança da escuridão com a luz, que tanto nos traga para o berço do mistério, admito ser tão majestosa que, perco os sentidos deitando – me de ponta – cabeça no colo dos meus entes queridos, para buscar no útero da vivência um fenômeno para cultivar a esperança que tanto prezo e busco sabedoria para lidar com a mesma.
Realizar a vida de uma forma saudável, faz com que muitas vezes, entreguemos os nossos sonhos para o baixo estado sonolento natural.Ali, acontecem milhares de projeções, nossas almas transcendem até o ponto mais ardente e voltam congeladas para o imanente mundo das escolhas. O possível ato de existir convivendo com seus mistérios verticais e horizontais, faz de nós, grandes pacientes da dor do inexplicável universo das realizações cabalísticas!
Existir, persistir, persuadir com as entranhas do arco que enverga a vida, causando assim a sensação da perturbante causa do efeito sentido pelo ventre do existencial, ser – vivido, que vive a prática do “rito” antigo da conseqüência sincronizada do passado presente sem futuro na sensível atmosfera do desconhecido útero não revelado. Anjos ou demônios, não importa, a fantasia do enxergar a diante, nos mobiliza a reconhecer que não temos verdades alheias, e que, tudo que nos rodeia, nos consome, por isso somos trevas a todo tempo, disso surge o efeito de nunca sermos notados pelo que estamos sendo, e sim pelo que querem que sejamos naquele ato – marcado. A estrada é longa, e não temos um limite que estabeleça um elo entre nossa alma velada pelo universo e o tempo que rasga a nossa finitude em duas fases: o nascimento e a morte do falso nascer.
Não andamos mais cobertos, uma vez que, já temos a consciência de tantas máscaras que temos de usar e tirar toda hora, e que nunca mais esqueçamos de deixá-las atrás da porta, porque ali trancafiamos o que o instante quer nos conceber, uma ruptura.

terça-feira, 17 de junho de 2008

...ANUNCIO...

Quando você coloca suas ultimas cartas na mesa,
E não sabe como retirar as diferenças do seu coração,
O mundo atravessa os olhos como raios loucos,
Que tragam suas lágrimas do intimo e as lança para seu rosto.
Eu esta noite não posso insistir para que o tempo passe,
Ele entra e sai de dentro da minha mente.
Estou sendo consumida pelo nada, o real conversa com o meu itinerário astral.
E sim, eu posso enlouquecer e ver deus nos olhos do demônio furioso,
Mas isso não faz com que, eu deixe as torres afundarem em meus pensamentos.
Tem sido tão difícil estar nítida para o mundo, e o mundo tropeça nas minhas beiradas.
Vejo lanças por todos os lado, sinto o sangue sujo jorrar de meu peito,
Abrindo assim passagem para a limpeza transcendente.
Sim, eu escrevi muitas coisas, e gastei todas as minhas palavras,
E isso não tem sido mais o suficiente, pois eu estou sem verbos para construir,
O que eu ando conhecendo dentro de mim.
Estou no sub – solo, destilando as minhas tristeza,
Destruindo as montanhas de pedras, e eu sinto que isso pode me enfraquecer.
Mas eu lhe digo, isso é tão pouco real, que não sei se existo aqui.
Isso tudo não justifica a minha performance, e eu não sei como sair do imaginário.
Não, eu realmente não preciso pensar que posso vir –a –ser inconstante,
Minhas mudanças não são perceptíveis para quem não busca o mistério.
Estou voltando para casa, com os olhos cheios de lágrimas,
E um pulmão cheio de suspiros aprisionados, o meu sangue já transbordou.
Preciso de um abraço que triture os meus ossos, e que me traga a dor real de volta...
A miragem está próxima, e os meus sonhos deslizam como meninos fanáticos por pesadelos.
Estou sendo familiar quando quero estar no final das coisas que não tem um começo certo.
As mesas estão viradas, e o meu universo está bagunçado, todo aos avessos,
E o mal anda tão faminto, e o meu bem, tem feito de mim uma sombra catastrófica.
Os telhados não suportam mais minhas lágrimas, e o fogo está sendo aceso esta noite.
As arvores perseguem os meus passos, e as ruas são como amantes do peso da minha alma.
Os caminhos enrolam-se, criando assim os meus devaneios eróticos, com suas formas majestosas.
Estou em mim, fora de tudo, dentro de todos, e fora do meu próprio alcance,
Apaixonada pelo instante, sentido o que é meu, passar por dentro dos meus órgãos.
Caminhando sobre nuvens negras com seus trovoes anunciadores de tragédias individuais.
Mesmo com tantas perseguições, sinto como se eu estivesse anestesiada,
Esperando a ultima flecha sinaleira indicar o fenômeno da vida!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

...CALDEIRÃO DOS DEUSES...

Vendo a lua cair em minha direção,
Com os sentidos marcados pela ação do tempo.
O dia do hoje, a vontade da morte anuncia mais um salto ao desconhecido.
A presença do dia que não consegue mais levantar no horizonte.
As portas que fecham –se por dentro, as fechaduras do inconsciente enferrujadas.
Converso com a linha dos acontecimentos e ela vibra, me hipnotiza, me fere!
A abordagem perfeita do que não é compreensível, o elo do nada com o agora,
A sensação de que as sombras escondem os olhos insanos do projeto clássico,
Do ausente exterior que, busca em cada dia uma nova visão do que vê dentro de si.
Milhares de ramificações, o simples com a falsa claridade, as trevas, com suas enormes garras,
Arrancando máscara por máscara, dolorido processo que não pode ser deixado de lado.
Algumas vezes os braços não alcançam o infinito, por isso tentamos voar para longe,
Migrar nosso entendimento, seguindo os rastros de existência misteriosa de outrem…
O compromisso com o nunca, a corrida para o absurdo, a loucura de viver na sanidade buscando a conciliação com falsas verdades.
Tempero mágico, VIDA dentro do caldeirão dos deuses enfurecidos com suas naturezas terrificantes,
O choque de chegar a terra, a leveza do cosmo que, domina o terreno com sua força cautelosa.
O brilho da foice que ceifa a podridão, lentamente , tão devagar, que corta o termo em milhares de pedaços, o universo unifica a vivência e o tempo articula a separação dos sentidos...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

...THE VOID..

O nevoeiro se aproxima do meu corpo,
Agora eu posso contar com o amor e com o ódio.
As vezes eu brinco de ser paciente, quando estou pedindo paz para minha imaginação.
Vejo as travessuras sem sentido contaminando a minha mente,
Pedindo para que eu acorde, porque eu estou sempre pedindo para ficar dentro de minha alma.
Se eu penso na tempestade, logo ela chega, com seus raios de piedade,
Não temo a sanidade que não tenha valor, para uma flor que, não pode nascer mais,
Peço então desculpas, pois, as coisas vão tomando forma em minhas idéias,
E então eu acabo procurando perspectivas aonde os processos estão em decomposição.
Sim, eu me atrevo a ter esperanças, quando o mundo está sendo sacudido por dentro.
Tudo isso machuca e muito, mas eu não tenho medo da força da minha sensibilidade,
Sei receber tão pouco, e aprendi com tantos erros a dar tudo, sem medo do vazio.
Os olhos estão entre – abertos, e agora sinto que não posso ser uma virgem por isso.
Vejo as coisas formarem-se bem devagarzinho, e tem sido um caminho esplendido.
Se eu não posso viver por ninguém, então eu construo um pedaço de carne saudável,
Aqui no meio do meu peito, para aconchegar os meus queridos, que são tão poucos.
Nas minhas sombras, existe compaixão, o amor não deixa de imperar,
Porém, nunca peço complacência quando eu estiver errando feio.
Aqui por dentro, existe uma alma louca, que corre de um lado para o outro,
Que pensa que tudo tem um sentido mágico, que quer o instante brilhando sempre,
Mas ele sempre vai embora, e eu em silêncio, presencio a despedida do fenômeno.
Abra as janelas, eu não me importo se suas visões ainda fazem da sua vida,
Um pedestal cheio de deuses mortos e condenados por sua satisfação.
Não tenho a ocupação rasteira, de abrir a boca para ser a sua fraqueza,
Não quero ser substituída por um pensamento que não pode agir em função de um bem estar.
Tenho minhas pretensões, e isso as vezes faz com que, eu adoeça por semanas,
Com a sensação de estar dentro de um buraco negro, esperando amanhecer para sair...


terça-feira, 3 de junho de 2008

...REPETIR...

Algumas coisas nesta vida, não passam, marcam!
As ruas cada vez mais loucas e cheias de sentidos obscuros.
Alguém pede para ser salvo na outra esquina,
E eu procurando alguma maneira de não ser tão vulnerável.
Se eu pudesse escolher um instante, eu brigaria com o tempo,
Pois, tudo o que eu vivi, foi importante, por mais que tenha me magoado.
E quando as coisas pedem uma segunda chance,
Eu grito, quase perco a voz, porque eu fiz a escolha de não ficar em silêncio.
Talvez o sol não possa iluminar promessas,
E a escuridão não seja capaz de esconder nossos martírios,
Surge o renascimento, mas parece que ninguém pode justificar a decepção,
De querer sempre entender as virtudes da vida, através das frustrações repentinas.
Não tem como dizer que não foi nada demais,
Quando nos envolvemos com as nossas próprias esperanças,
Massacrando assim muitas das vezes as nossas emoções.
Dar um pouco de si, virou insanidade, quase sem futuro.
Procurar um motivo ruim dentro de si, quando parece que estamos trocando de nome toda hora e vestindo sempre uma roupagem antiga em um momento inadequado.
E falar de você, de mim, não tem um fundo,
Os olhos estão apontados para o peito, e o coração parece uma bomba prestes a explodir,
E mesmo assim nos arriscamos tanto...
Porque “Eros” é uma criança brincalhona, mas quando assumimos a identidade dentro do que amamos, despejamos a vida em todos os cantos, por todas as bordas, e então, esperamos ver o coração manifestar o intimo gozo de estar nos mantendo sensíveis a nós mesmos.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

...VERTICAL...

Atacada pelo tempo, a doce melancolia tem agora os meus braços como repouso...
Não suspender as duvidas até o céu, o encanto do desencontro, lança suas chamas para dentro do meus olhos.
Os telhados imóveis, agora estão pegando fogo, a demolição da entidade apavorada pelo tempo minucioso que, posso sentir passar entre meus dedos, acabando assim com a minha sede de dormir para não mais acordar.
A quem diga: enlouqueceu mulher?
Para esses eu respondo com astucia: Enlouqueci não, eu sempre fui louca, mergulhando em meus devaneios, arrancando as colchas de retalho do imaginário, contrapondo dimensões entre mundos noturnos tão pouco perceptíveis para quem escolheu estar dormindo.
E de repente, um lapso, o mundo em milhares de pedaços, a virgindade do caos atrofiado pelos monótonos desejos resgatados através da linguagem imperfeita de quem, vive tentando engolir a verdade nua e crua, coitados, se esqueceram novamente da lição do universo: são muitas máscaras, muitíssimas vertentes de consumo de verdades, meias- verdades nas pernas do fenômeno.
Não existe o laço desta liberdade com libertinagem fluida, que escorre pelos arredores do substancial violentado pelo urbano masoquista.
O acaso é o sexo dos deuses clássicos com os contemporâneos! Orgasmo existencial.
Medo, escória cada vez mais tentadora, com seus tentáculos superficiais que puxam as almas dos corpos pútridos que, amanhecem e adormecem, nas mesmas condições em que nasceram, apenas se contentam em ver a luz, renegando assim a experiência da escuridão.
Evoluir, sentir, desenvolver o papel do “estar”,
Sentar-se a margem e conseguir ser tragada para o berço do indizível senhor tempo de si, nestas temporadas é quase que um suicídio aleatório.
O coletivo de buracos transversais que passeiam a olho nu para serem vistos como saídas de emergência.

Amnéris já dizia:
A maior tentação de quem viveu o “instante-ruptura-nunca-mais” é revelar o que encontrou. O que se quer é contar, narrar, descrever o que se deu a conhecer. E sempre há frustração porque não é possível narrar ou descrever o que foi vivido. Sabe-se que instante é indizível e, ainda assim, continuar-se-á pateticamente tentando contar o que foi vivido. Às vezes, ao se valer de imagens, de metáforas, de alegorias, figuras de linguagem, quase se é bem-sucedido. Assim, está-se obrigado a desenvolver a imaginação.

Então eu fico em silêncio....esperando o momento certo para soltar o verbo!