segunda-feira, 18 de maio de 2020

::CAVALOS NUS::

Os pés conseguiriam andar quilômetros sem ser alcançados...

Os olhos serrados de dor e prazer, contidos em duas gotas de orvalho, frios.

Não existia uma direção certa, apenas corria, de um lado para outro, selvagem.

Animais soltos, dentro e fora de si mesmo.

Cavalos nus, galopando em uma imaginação primitiva e cheia de emoção.

Carregados de pedras, ilusões, um destino, sem devir, uma assombração de si mesmo.

Desfreado, corrigindo as ladeiras encharcadas de lamúrias e obsoletos desejos sobre a realidade.

Esmagada, real e substancial.

Escorria de sua boca, uma agua virgem, cheia de vontade de vida.

Uma vida que poderia matar, realocar qualquer sentimento para um lugar isolado da mente.

Dormente, consequentemente, estaria fora de tudo que imaginasse que fosse seu.

Nunca obteve êxito em tentar sair de si, quando o fazia, resgatava algo tão profundo, se afogava.

O mar estava bravo, cheio de melancolias e desespero.

Um sofrimento dócil, arrebatador, sua poesia era indelicada, incerta e catastrófica.

Era poético, patético e imoral.

Não existia genialidade para algo tão sorrateiro.

Devaneios, desatualizando dos capítulos antigos do qual vivia, existia, reinando sem trono, sem reinado, só comprometido com o devir.

Não devia nada, não comprava a si mesmo, com moedas inconscientes.

Frequentemente, dormia, cochilava, cochichava com os deslizes matinais.

Sexualmente violento, cruel e cheio de artimanhas para driblar sua própria essência.

Essencial que fosse, já não era sobrenatural.

Era uma natureza desperta, cheia de fogo e inflamando em febre.

Queimaduras em uma alma marcada por vermelho e negro.

Um sol que ardia a noite, a noite, o luar o envadia.

Esvaziou-se...