sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

::TIC TOC::

Eu me envolvo com a dor...

E esta ferida está na minha face.

Eu estou quebrando os ossos, e minhas feriadas estão abertas.

E eu nao estou surpresa.

Os antigos anos estão sendo esquecidos e tudo que consigo trazer de volta e a falta.

A cura não está aqui fora, e tudo dentro de mim está explodindo.

Estou tentando quebrar uma vontade que já nasceu comigo e que só precisa ser moldada.

Se eu choro é porque não consigo mais lidar com o que está acontecendo comigo.

Estou dando adeus a um velha amante, a minha dor e ela quer arrancar de mim tudo que ela plantou e isso vai perfurando minha existência.

Por mais que eu tente não ganhar pontos, eu tenho sempre que me envolver com minhas rachaduras.

Esquecer o que foi esquecido é sempre como abrir um buraco aonde tudo parecia restaurado.

E não posso mentir, eu vou estar sozinha, como sempre fui, pois, somente eu sei a minha intensidade quando digo que estou sendo aberta pelo incidente do sensível.

Agora, lá fora a chuva, em meu rosto o que sobrou da minha humanidade, o meu descontentamento, as circunstancias estão a mostra e eu não posso mais ignora-las.

Não tenho abrigo, a minha sobreidade foi rompida, e eu estou rastejando de joelhos, querendo que tudo volte ao normal.

Porque eu canto, escrevo, componho uma sinfonia, mas nada ainda pode estar em plena ordem.

Eu insisto, construindo e descontruindo tudo em mim.

Minhas incertezas fazem com que eu me esqueça de que, ainda não posso voltar a vida.

Estou respirando através de um pulmão que não quer receber o ar verdadeira da minha felicidade.

E tudo isso é ácido, triste, amargo e ardido...

::TRES LANCES::

Possibilidades, virtudes esquecidas,

É um jogo frio, uma bastarda covardia.

Eu vou desenhando a vida nas entre-linhas.

São costumes, trajes, caminhos em meus devaneios,

A conspiração da capacidade de destruição em nivél supremo.

Derrota, acordando as ilusões, o fracasso do amado coração,

A falha da realidade, um fato abraçado com a falsa emoção.

É um caos, e eu estou de cabeça para baixo,

Vendo minhas veias tentarem explodir meu cérebro.

Eu sou vento, arrastando para longe as coisas que me fazem bem.

Cheia de incertezas, com um grande amor peito,

E uma duvida no instante vivo que sou escolhida como passagem para a criação.

É um traço, um risco torto, uma inconsequente ideia de construção,

Um arquetipo de sofrimento, vivendo em um paraíso de concreto que lança a bondade no chão.

É a janela que fecha, porta que abre, o piso que se racha, a sombra que nunca dorme.

Dor, intensa, insana, que me torna vulgar, que me engana.

É uma torre que tomba, a Imperatriz que chora no sub-mundo.

O desprezo, anseio da sensibilidade rompida pela saudade do que um dia foi viva.

Sou fato no ato, atalho do desejo encostado nas costas da covardia....

::DOIS LANCES::

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

:PRE::

Com o tempo ...

Viver a espreita do desconhecido, aceitar a minha estranheza sem receio de não ser bem – vinda, são coisas nas quais eu tenho pensado e muito.

Talvez pensar, intelectualizar tudo, tem feito com que eu ficasse distante dos meus verdadeiros propósitos.

É chegado um instante novo, de aproximação das minhas visões e ilusões com a minha vida real e concreta.

Foi sempre tão dificil conviver com as circunstâncias que apareciam para mim, tudo que eu sinto é sempre fora, alto , distante das coisas que toco.

Tocar é outra coisa pela qual eu tenho sofrido, parece que por algum motivo, já perdi o tato das coisas substânciais existentes.

O problema é que, idealizo demais.

Não que isso fosse um grande conflito, mas é preciso que eu também saiba sentir as coisas como elas são, só por um meio segundo, e sim, ali eu saberia que estou feliz.

Felicidade, dificil descrever caixas sobre caixas, em cima de mesas sem chão. Os pés no delirio da sombra da minha timida vaidade.

Bela, bela mesmo é a simplicidade com que a vida se revela para mim.

Nem a todo momento estou preparada, e de repente, sinto me puxada para o lado do Nada.

Tudo que implico em dizer e constatar fatos, fenômenos ainda é muito radical e redundante.

Tenho que aprender a silenciar também as coisas que em mim brotam e que se para mim não fazem sentido algum, que dirá para o mundo.

O outro, o que vive na minha consciência com intensidade, habita meu inconsciente, ainda dói pensar no outro, e mesmo assim, o faço sem pensar.

Consequencias, são várias, um balde de tradições intelectuais, não adianta, aquilo que vem de baixo é exatamente o que mora em cima e vice-versa.

É complicado falar de ódio, amor, sentido, vida e morte, tudo se resume ao testemunho calado da unidade.

Unidade maior, não falo só em Deus ou seja lá o que signifique, falo do simbólico, o não traduzível, aonde os sentimentos puros nascem, crescem e morrem sem que vejamos.

Ver, estou aprendendo ainda, engatinhar é uma tarefa difícil para quem imagina ter asas.

Voar, para bem longe, é tentador demais, sofrido, e as vezes faz com que eu queira me calar por horas.

Tempo, devasso, inalcansável, uma sala aberta sem paredes e nem janelas, apenas um chão forrado por histórias e dimensões dos cruzamentos da vida.

É um colapso, e enlouquecer a estas alturas, seria para mim, mais uma vez, sentir-me conectada as coisas divinas.

Não sei se posso, se fui e se sou escolhida para isso, se é que algo escolhe e é escolhido.

Sou passagem para a imagem do que não é visto e nem previsto.

Acidente de percurso, uma rota sem volta, um destino que me lança ao mistério.

Um útero confortável me assombra, uma vontade de ser gestada pelo inútil que é natural.

Sou mulher, bicho de asas, rastejo, voo, pulo, penso, morro, vivo, sofro, comemoro, e mesmo assim, ainda não sou nada....

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

:: 0 A ESQUERDA ::

CAIU...

Cada sentimento meu, vai misturado com as minhas experiências neste mundo.

Na maioria das vezes é tão difícil conviver comigo, pois, eu sempre estou com a cabeça nas nuvens e os pés no paraíso.

Não temo as coisas que acontecem, confio plenamente na vida, no cosmo, nas linhas que são tecidas pela minha existência.

Se for para denunciar aonde eu erro, digo que erro quando não faço o que sinto!

O que sinto é o que estou sendo, sou do momento agora, o que vem depois destas minhas fragmentações, são consequencias que já não temo mais enfrentar face a face.

Queimar todos os dias, assim como todas as coisas que conheço, pretendo sempre acrescentar em mim, um pouco mais de fé, porque, sou alguém movida pela obscuridade do acaso.

O Mistério me cerca, me domina, e eu aceito ser passagem para todas as coisas que são regidas pelo desconhecido.

Não cobro ação alheia, por entender a situação do ente no mundo, e porque também, tento ver em versos, o que as pessoas estão passando em seus processos vividos.

O fato é que, um dia vivendo esta coisa toda vinda de cima para baixo, e de baixo para cima, nada mais é normal.

E o normal torna-se pouco formal, tudo parece loucura visto de fora, mas aqui dentro a ordem é natural.

Eu não sei mover uma pedra, sem achar que ela é sentida pelo presente, tudo tem forma, sensação e vibração nesta minha concepção.

Demorei muitos anos para perceber que não podia ser percebida pelas coisas que eu havia aprendido. Então, resolvi a algum tempo entrar em um processo de desconstrução da minha Identidade. Percebi que tudo que eu sabia, era algo que eu não havia sentido, era algo apreendido e nada mais.

Apreender o momento significa, entregar-se ao mesmo, sem medo, vergonha ou receio. O Momento é único e divino.

Muitas pessoas tem maneiras diferentes de viver, foi muito difícil eu compreender e contemplar este mecanismo de diferença, encontrei uma manifestação nestas pessoas, uma natureza forte, que eu temia muito, porque, eu tentava me encaixar nelas, e não era saudável.

Todas as vezes que eu tentei entrar ou encaixar em algo, estava negando a minha origem, pois, eu faço parte de uma grande unidade, e nesta unidade, cada um sente e presencia o fenômeno da vida de um jeito e este efeito, complementa a existência humana dentro da esfera do Mistério...

Somos ancestrais, amantes do prazer, renascidos da contemplação do universal com o Nada.

Somos espelhos refletindo o antigo no presente....

Um rosto no infinito, uma definição de caos com calmaria.

É verso, inverso da alegria.

Uma tristeza que resolve uma contradição,

Partícula de saber sem querer, um querer ingênuo que pratica o viver.

Que envolve-se com aquilo que é divino com instintos primitivos....

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

::Escrito::

A vida é mar... aberto.

Estas aberturas largas causam em mim rachaduras.

É tão difícil me curar destas dores, imprevistos que dilaceram meus pensamentos.

Pensamentos que surgem nos momentos em que não me re-invento.

Inverso do pressentimento, tudo é sempre dúvida.

Uma essência ingênua, pura, sofrida e árdua.

Mas vive, sobrevive entre os escombros do presente.

Resistente, neste sentido eu realmente ando tão ausente.

Infelizmente, existe um lado da minha alma que não me sente.

Cada olhar que lanço para o infinito são dois acidentes que me recolhem do acaso.

Descarto o destino, ensino o tempo prodígio a ser um bom menino.

Carrego comigo a incerteza, vejo o tecido sendo preparado pelas linhas da persistência.

Não é tão fácil viver nesta imanência sem pensar na resistência que esqueci na minha essência.

Demência, talvez um pitado de ignorância ainda me sobre.

Sobe os degraus da minha sala de estar,

Ali se encontra, ali vou ficar.

A espreita do que está por ser sentido, o dito do universo, a fala de um ser sagrado.

Aqui, tenho visões, ruídos me cercam, acenam para o fundo da minha imaturidade.

Que saudade daquela idade aonde eu podia viver de uma falsa liberdade.

Intensidade, na verdade eu queria viver um pouco mais esta suavidade que sobrevoa a sociedade.

Não vivo em vão, eu encontro todas as gravuras que escondi,

Em algum lugar em mim.

Este lugar que não é oco, que também deixa de gemer quando penso sempre em desistir.

Existir, eu sempre soube que não era fácil,

Ser ágil e pratica não me serve.

E aprendi que tudo que vive aqui agora é o que me despede de quem eu estava sendo no outro instante em que me perdi...