quinta-feira, 30 de julho de 2009

:: RABISCAR A SAUDADE ::

Procuro uma nova cor que eu não tenha tocado sem manchar...

E sempre encontro, aquela cor cinza nos quadros que visualizo quando penso em amor.

Penso em paredes, estradas congestionadas, corações aflitos, poesia, chuva e sol.

E tudo sempre me leva a você.

Quantas noites eu tentei procurar uma maneira de rabiscar a saudade,

Todas estas foram em vão.

Cada palavra que eu tentava rasgar da minha mente, me levava de volta para você.

Este vazio todo, estes arrepios, esta ingenuidade que vacila, é medo das memórias.

Justamente quando o vento tenta me levar, aflita percebo a tempestade que se aproxima.

Mais um dia sem querer, eu penso em lhe ver.

Para ganhar um sorriso, tomar um café, falar sobre as coisas pelas quais eu tenho ironia, para ainda não lidar com as mesmas na minha profana intensidade.

Eu sei, ainda me falta responsabilidade, coragem, para caminhar por aquele caminho que deixei com medo do final da estrada.

Faltam tantas coisas, palavras, sussurros, desculpas, falta minha alta fala!

A fala que não consegue adormecer, que enlouquece e que eu não posso deixar de em mim escurecer.

Tento sempre renovar tudo, e o que anda em minhas veias é a necessidade da sua sinceridade.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

:: A TEIA ::

Aquela infância era uma luz em meio a escuridão....
O que foi feito diante de tantos episódios de minha vida?
Aqueles episódios em que eu juntava areia nos dedos, e via a umidade das emoções, escorrerem diante de meus olhos.
Sempre fui apta em procurar agulha em palheiros, como uma função inerente a minha natureza.
Na veracidade de minhas palavras, me perdi muitas vezes.
Outras, eu apenas buscava um sentido vazio naquela estrada encoberta de vestidos longos e loucos, com suas pernas amarelas que me levavam ao nada.
Um dia, consegui ver as escadas que ficavam escondidas do lado escuro de minha casa.
Aonde os barcos faziam fila para parar, e ali deixar as bagagens do rio do esquecimento.
Quantas jornadas comecei sem ter vontade de terminar?
Muitas.
E como foi doloroso perceber que um processo havia se separado de mim.
Me separei de homens, mulheres, destinos, casos, acasos e sentimentos desesperados.
Porém, jamais fui capaz de separar as partes de mim mesmo.
Não sei como anda aquela ampulheta que marca o tempo de minha existência.
Medo de morrer, nunca tive, nunca terei.
Medo de viver é o que me move, o que me situa como ser –no-mundo.
Ser, é ser, inconstante ou no ato do firmamento divino.
Escorre o jorrar do prazer infinito das longínquas trevas que me assolam.
Mas, que também servem de instrumento para minha vontade de ter a leveza.
Um amor, mil vidas.
Uma vida inteira de amores e promessas.
O corpo templo de uma era sagrada, um plano finito de vaidade e semelhança aos olhos dos deuses.
Nada deixa de mover-se para o desconhecido.
O que sabemos, iremos entender para compreendemos em um daqueles dias, em que a vida não parece ser parte nossa.
E olha, entender tudo o que se passa, é constrangedor.
É como tentar decifrar um baú aberto cheio de poeiras, com aquelas teias de aranhas ferozes e famintas, beliscando as nossas mãos com fugacidade.
Eu quero sentir sempre o amor na poesia.
E quero também, ser sempre capaz de poder não compreende-lo!
Quero apenas sentir-me viva quando os tempos ruins caírem sobre minha alma.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

::O SER-ALI::

Uma armadilha...
Um gato, um rato, um bicho de pernas longas.
Um arco-íris suspenso no ar.
Um vento noturno do norte, uma folha que vai para bem longe.
Uma critica suave da ponta da laje da criação.
O iceberg da humanidade, a cripta dos sentidos violados.
A colisão do espectro sentido pelo acaso abordado.
A abordagem do espírito livre, o fenômeno cristalizado destruído.
A conspiração do gene violento da modernidade.
A iluminação artificial da mente.
O burlador do sistema, o firmamento do alicerce democrata.
O vício das virtudes cartesianas.
A falsa liberdade do barco perdido na imensidão do ser.
O frio trepido do silêncio vivido.
O extração do amor, o utilitarismo da juventude imatura.
O verbo conjugado pelo individuo-objeto do caos moderno.
A sensação da morte pós-existência.
Nódulos pendurados de ponta-cabeça no horizonte.
Tudo é vida!
E morte também!
É raio que corta a 360 graus.
O ser-alí... abrindo-se para a incerteza!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

::O TERCEIRO MUNDO::

É preciso estar só...

Mesmo quando eu procuro estar em meio a uma multidão ofegante,
É preciso que eu esteja só.
Enquanto eu tento fingir que posso agrupar as coincidências, as incidências ocorrem, eu fico presa na teia do tecido das Moiras... a roda não para...
Um termo e apaixonado estar, uma construção de vida, um pouco menos de tempo, um pouco mais de experiência, o nada se revela.
A revelação dos instantes, eu ando tentando trocar passos com as coisas do antigo testamento, é preciso que eu re-aprenda a não divulgar o meu estado de sonambulismo.
Este artigo contínuo que em mim anda brotando, precisa de uma nova esfera, uma nova visão de humanidade, um pouco menos de razão, mais explosão em meu espírito.
Esta minha resistência não tem sido autêntica, eu preciso aceitar uma solidão, mas não imortal, um estar só em si sem medo...
Não é eterno, é inconstante, os excessos dos outros corpos me trazem coisas com as quais eu por agora não tenho que lidar.
Tenho medo de mim, medo das minhas figuras simbólicas, medo das vozes que se concentram em minha mente.
O passo tem que ser dado, a névoa está sob meus pés e minha cabeça está tomada pelas trevas.
Não há como escapar, eu vou aceitar esta condição agora, este por hoje, o já estou!
Preciso sentir, receber este sentimento do presente, o sentir-me na essência do divino, para trocar vivências no terreno.
Este térreo que vive me assombrando, este banho de dúvidas indolentes, eu preciso captar os laços do infinito, deitar com minhas mágoas, acordar tomada pelo cósmico, digerir as situações que vem me puxando para a morte-existencial.
Poucos caminharam comigo, estes, serão os amores da minha vida, todos em pedaços, espalhados, cultivados, adorados e bem guardados em minha existência.
Quanto aos outros, tenho de respeitar o processo, como venho fazendo por estes tempos, e não me deixar iludir pelo universo alheio, apenas entrar no mesmo, quando me sentir contagiada pela poesia do ser-ali.
Eu vivo, vivendo o risco do interno, o terceiro mundo faz sua abertura em mim....

segunda-feira, 13 de julho de 2009

::PENSANDO::

Uma nuvem de pensamento...
Um sopro desconhecido em meu ventre.
Uma saudade da vaidade que me cercava de chamas.
Um suspiro que nascia do infinito.
Uma teia nova de possibilidade.
A poesia que fala,transpira que chora.
Tenho lágrimas, muitas, um lago delas.
Elas me sustentam, amamentam minha alma.
Com calma, eu preciso atravessar a ponte do desejo,
Para chegar ao meu novo lar.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

:: O HIEROFANTE::

Uma corrida louca contra o tempo...

Se é que posso dizer que eu tenho corrido!
Minhas asas andam pesadas de mais, e os fardos são bagagens desnecessárias,
Rabisco uma virtude, penduro um quadro meu no mundo.
O mundo anda obscuro, e o tom da escuridão é poético, singelo e cúmplice da minha existência.
Punir, agir, reagir, coagir, resistir!
Simplesmente o que resta é o que me falta, a falta de comunicação.
Ao invés de trocar o sonho pela realidade, troco a irritabilidade pela sensualidade da vida que transmite suas ondas loucas que passam para dentro do meu ventre.
Eu estou enlouquecendo, pulando da torre, abraçando a fera, iludindo os sentidos, vivo caminhando aonde os atritos tem sido desnecessários.
Existe um facho de luz, uma iluminaria linda, grudada na parede do abismo.
Luzes vermelhas, roxas, verdes, fazendo o caminho da descida até o “fundo” ficar mais intrigante.
O mistério do outro que, anda calado a meu lado, aquele feroz cão que guarda a ponte que leva ao paraíso das luzes está dormindo...
Eu vejo dragões brigando no céu, vejo fogo por todos os lados, eu vejo cavalos alados cansados de vigiar minha alma por toda a noite.
Jogo a tocha para longe, bem distante...
Não preciso mais deste fogo, o Hierofante conversou comigo, falou da minha caminhada, eu só tenho de seguir em frente.
Sei que irei lutar com monstros e comigo mesma, e já não me importo, APENAS tenho de estar preparada!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

::RETARDO INFIEL::

Meu corpo não compreende mais a minha alma.
A vida tem sido incomunicável estes tempos, eu não sei por onde estou andando agora.
Não sei como acalmar minha voracidade, minha viagem parece maligna.
Porque eu adormeci, e estou correndo dentro de um túnel.
De vem em quando eu ouço um ruído, vozes murmurando a minha ausência.
Estou deitada aonde o tempo passa muito rápido e as pedras voam para dentro do universo.
Venho tentando traduzir um palhaço assanhado que vive tentando comer minhas úlceras.
Eu ouço relinchos dos deuses, as piadas internas do passado, eu ando comendo grama do jardim do inimigo.
Tenho que levantar e bater palmas para o minha nova aprendiz, a minha Vivi que quer nascer.
Eu quero parto normal, quero parir o novo, mesmo que eu tenha de suportar uma dor terrível, eu preciso expelir este hóspede maldito.
Entro no meio de tanta gente e tanta gente anda por onde eu não consigo caminhar.
Eles tem passos longos e eu ando me arrastando diante dos antigas vizinhas assombradas.
Sou dona de que? Dona de quem?
A vida é minha dona.
Não quero viciar em nada que não seja nela.
Até hoje foi natural eu atravessar noites em claro pensando na vontade de renascer pela manhã,
Só que desta vez, não estou conseguindo acordar.
Vou tentar destruir a torre, e não as pressas, vou usar minhas presas para derrotar aquela fera antiga e voltar a vida pulsante...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

::CONSUMO::

O sentido da vida, a re-construção do Self...

O significado da vida, propriamente vivida, eu ainda estou procurando o indivisível.
A aparência dos indivíduos, as portas que abrem e fecham as minhas dores.
Este corpo meu que, suporta por agora todo o peso da minha fúria.
Sinto minhas entranhas serem operadas, meus órgãos fazem um balé magnífico.
Os espíritos rodeiam a minha ausência, quando estou partindo para o mundo imaginário.
Não consigo esquecer do quanto eu caminhei para estar aqui neste momento,
E não lamento, tento surpreender a minha existência com a espera de fenômenos, pelos quais,
Atrevo-me a dizer que ousadia é o que não me falta.
Ousadia em vivenciar as coisas com intensidade, com sinceridade, especial como um sol que espera seu descanso na tarde.
Já não consigo dominar as trevas, elas entram e saem de mim quando querem.
Vejo um novo mecanismo de escape, e não me desatento as coisas que não posso guardar em mim.
Despejo tudo no meu mundo terreno e não consigo me controlar diante deste acontecimento.
Eu choro, tento apreciar o que ainda me resta, eu sempre renasço pela manhã.
Em minha morte mais singela, um sorriso me desperta em meio a uma tempestade pesada.
O mundo está lá fora e aqui dentro o universo faz a sua parte, constrói teias de significados,
Uma mais complexa do que a outra, e eu consumo tudo isso lentamente.
Quando é chegado o final deste processo, sei que sentirei uma suavidade diferente,
Os ventos chegaram por de trás de minha cabeça, levando assim as folhas secas do meu inconsciente para o cosmo.
Estou estudando a minha forma mais humilde de comunicação, o silêncio!