sexta-feira, 30 de novembro de 2012

::PROFUNDO E SENSATO::



Eu sempre quis ser amelhor,e cai!
E agora eu tento dizer as coisas e as estrelas podem cair.
Então me faça sentir que posso ser honesta, porque estou morrendo de medo.
Antes eu não tinha abrigo, hoje eu não preciso do seu abraço, eu tenho em que confiar.
Você está aqui em minha mente, em algum lugar.
Eu sempre quis ser a melhor!
Mas tudo que eu pude dizer não pode ser contemplado, eu estava em pedaços.
Porque de alguma forma eu estava tentando me manter viva.
Mas por mais que as coisas permaneçam perfeitas falta algo, você.
Quando as sombras aparecem eu vejo você aparecer no meio da neblina.
E no outro segundo, você está longe e eu sinto que deixei de dizer algo.
Então saiba que eu sempre te quis mesmo que não pareça leal querer algo que não se diz.
Abra seus olhos eu sempre estive aqui, morrendo um dia após o outro para te ver renascer.
Porque querida, eu nunca quis te ver mal.
Esta noite eu sinto o seu cheiro e as trevas parecem querer me dispersar do que eu quero.
Entendo sua insegurança, eu lhe causei tanta insegurança , agora minhas mãos parecem escorregadias.
Mas não tenha medo, pode pular eu te darei as asas.
Não tenha medo, meus espinhos não vão te machucar, eu vou sorrir quando você perceber que eu posso te acolher.
Sorria para mim não tenha medo, eu vou te solidificar com as minhas lágrimas.
Porque se eu choro é porque sinto você perto, dentro!!!
Em um lugar que talvez eu não tenha te apresentado, mas que é a melhor parte de mim.
Um lado que me traduz e me dissolve porque me sinto satisfeita.
Porque o amor quando é verdadeiro, permanece e não se esvai com tempo.
Deixe as ilhas nos isolar daquilo que é injusto para esta hora.
Não é preciso que você voe para me ver por cima, eu estou aberta.
Tudo aquilo que não pode ser narrado é algo que deve ser aprofundado...



terça-feira, 30 de outubro de 2012

::AONDE AS FLORES FALECEM::


Todos os dias tentando lutar contra os erros, enganos, dores e angústias.
Eu tenho feito o melhor?
Estou tentando desabrochar, mas sempre estou regredindo.
Não existe precisão no que digo, e minha fala parece murmurar por um silêncio.
Em mim as coisas não param de fluir e eu sinto que minha conexão está fraca.
Os caminhos parecem tão largos, quando estou dentro, eles se estreitam e me esmagam.
Estou corrompida, minha natureza faz com que eu sinta cada vez menos vontade de escutar o mundo.
O mundo me rompe, ilude minhas percepções.
Sigo caminhando aonde as flores jovens faleçam, aonde eu não erre, aonde eu não me contorça de dúvidas.
Abro a porta dos fundos, os gritos estão altos, eu posso sentir, vou enlouquecer de novo.
Qual minha posição nesta sala organizada de fatos e acasos?
Minha mente me fabrica, estou com outro defeito, renasço sempre de uma forma torta.
Tento consumir a força que tenho de uma maneira estranhamente perpendicular.
Balanço de um lado para o outro, até ficar tonta e alta a velocidade não me esconde do irreal.
Recuada, percebo que as orquídeas sorriem para mim, querem me ver com o rosto na grama.
Algumas coisas que sonho se tornam reais demais e eu fico confusa de quem eu estou sendo.
É só esbarrar no limite para ver o quanto estou ligada a algo superior ao meu ego...



sexta-feira, 26 de outubro de 2012

::FALSA AMERICA::


Vamos lá eu tenho apenas uma chance de demonstra o que eu sinto.
Uma oportunidade quando nasce eu não perco.
O que você vê?
Não, não pode ser só isso, existe algo maior e isso vai voar.
Estamos brigando de madrugada e eu sinto que vou vomitar tudo isso.
É uma bomba atômica em um mundo não habitado.
Todo mundo diz que eu vou ensurdecer com minhas lamentações.
Estou faminta, então me dê algo para que eu possa me apoiar.
O que é melhor está dentro deste labirinto de dor.
Podemos falar de gloria, e então eu estou tentando escapar de toda esta ganância.
O mundo não é só meu, já aprendi a dominar as leis.
É só eu me fingir de morta e tudo estará certo amanhã.
Mamãe pede para que eu durma, meu pai ronca e do outro lado minha irmã dorme feito uma rainha.
O que eu tenho ao meu redor é apenas uma chance, um tempo que se esvai quando a música ainda toca nos meus ouvidos.
Sem games, eu tive que agüentar uma vida toda diante de um olhar critico e blasfemador.
Não vim aqui para julgar atitudes, porque sempre fui sem partido algum.
Minha família anda distante e nem por isso eu os culpo de eu ter sido tão insignificante.
Porque a moeda já está no ar e eu estou querendo ter sorte para quando ela tocar o chão para reformular minha opção.
Digo que amo algo aqui outra coisa ali, mas na verdade talvez eu nem seja quem escolha isso ou não.
A vontade é de ir embora, mas eu explodo toda vez que tento contemplar o que já não existe mais.
Eu tentei domar uma fúria dentro de mim, e toda vez que alguém me afronta eu fico nervosa.
Me esqueço e pulo para próxima etapa, e dou o perdão.
Não é fácil, confesso eu gostaria de enfiar qualquer coisa na boca de quem diz que eu fico descontrolada, porque meu controle está no fundo do meu abismo.
Quando tudo isso passar eu não serei a mesma, meu ódio está contido e ele é enraivecedor.
O labirinto tem duas saídas, uma a ordem não aconselha o outro só se escapa por um fio de vida.
Eu nunca tive medo de estar viva, o problema é que a vida vale demais para mim e isso faz com que eu a aprecie de uma forma completamente irônica.
Cada trago que dou neste cigarro eu apago um verme que está querendo me devorar por dentro.
Podemos fazer qualquer trocadilho a situação é grava, eu estou tentando decifrar o que quer falar comigo.
Estou quase inconsciente e o sono não vem.
Minhas mãos não param e minha cabeça paira por um lugar podre e doentio, cheio de pus e aonde uma pessoa normal não duraria um só dia.
Não tem receita para sobreviver neste mundo, mas eu vou tentando buscar uma fórmula para que isso não me sufoque.
Chegue bem perto, você não precisa correr, minha força é grande mas eu não vou te achatar.
Você não pode entrar no meu sentido, mas pode sentir o grande problema que eu te causo.
Escute, as vezes fico longe demais, não ouço sequer uma palavra.
Mas o jogo continua, e eu tenho que arrumar uma porta de escape e então escrevo.
Esta é minha maldição?
É meu crime não ter nada genial para compartilhar?
Bem vinda ao clube, eu estou apenas quebrando as algemas sociais com um vocabulário diferenciado.
Porque quando tentando cortar as coisas com suavidade, dói demais.
Meditar esta droga de sistema que vivenciamos só faz de nós monges isolados em um deserto acido e cheio de ódio e rancor.
Jogue os dados, o grande mestre do destino vai nos abençoar com uma nova jornada.
Sou dissimulada mas não posso ser abandonada por minha imaginação.
Então puxe a cadeira, sente, então temos um grande cúmplice de tudo isso.
Uma sociedade que vive se escondendo nestes escombros e eu sou suicida todas as manhas.
Estou histérica porque alguém apertou o botão de destruir tudo ao meu redor com este vocabulário.
Não adianta me pedir para que eu vá devagar, o ritmo é frenético e me consome.
America, quantos já morreram tentando te sustentar e agora estão cansados em algum lugar de uma casa cheia de gente que só quer ter o que comer.
Eu tive um sonho, aonde as pessoas viviam bem sem ter que se vender para sobreviver.
Isso não tem a ver com a noticia do rádio ou da televisão, as pessoas vivem como rochas.
Formulando, o que é preferido hoje em dia é acordar na bagunça da manhã e perceber que estamos vivendo uma mentira.
Então América, desperte porque eu estou enlouquecendo e sei que o seu obsoleto problema está para ressuscitar.
Olhe, agora existem pessoas acordadas, pensando em como vão pagar suas contas, e as crianças dormem feitos anjos usando um uniforme para andar em um destino underground.
Agora não seja tão modesto, quando eu visto preto é porque eu sinto que estou de luto quando eu começo a protestar através de um fio de sentido pelo que me estagna.
Letras que falam de amores perdidos, outros que falam que fazer sexo resolve tudo.
Qual boca você quer beijar?
Talvez estejamos prontos para abrir aquelas velhas covas.
Aonde estão adormecidos nosso sentidos mais pervertidos de brincar de papai e mamãe em uma letra qualquer que vem do gueto e que não pode ser compreendida por alguém tão culto que perdeu sua realidade.
O coelho corre para a gruta, e então eu me sinto exposta.
America aonde foi que você escondeu seus filhos?
Talvez em um útero infértil e cheio de doenças antigas.
Seus problemas são mais do que ancestrais, seus pertences serão sabotados.
Estamos sendo engolidos por seus discursos a casa branca só existe nos filmes.
Quanta hipocrisia meus caros, eu sempre quero imaginar que a estátua da liberdade está escondida nos morros do meu país.
Todo mundo gritando pelas ruas, existem milhões de pessoas sentido que algo não está certo, mas dói ficar em pé durante horas esperando um prato de comida se materializar.
Prenda-me, America seu plano falhou.
Abra seu caixa dois, os problemas estão multiplicados e a população está faminta esperando sua decadência.
Em um canto da cidade posso ouvir maquinas de jogos distribuindo dinheiro.
Do outro lado, um barulho de caminhão contrabandiando suas mercadorias para alguém que precisa acordar sem ter perdido a própria imaturidade.
Então do que gostamos está em falta?
Que grande intenção, tudo deu errado, qual o plano B?
Agora que estão todos quase alienados, é hora de jogar os corpos na fogueira?
Vai feder, e quando isso acontecer vocês serão intoxicados pelo seu próprio veneno.
Um anda rodeado de segurança, e o outro do lado da rua sente a turbulência.
Ele tem ritmo e eu não o culpo por muitas vezes tentar se comunicar com algo que vocês consideram ilegal.
A bala saiu pela culatra.
Então abstenha-se mais uma vez porque eu estou desprendida de tudo que vocês ensinaram um dia.
As crianças já estão nascendo grávidas, e agora vocês serão os pais.
Somos todos irmãos diante de Deus e aqui em baixo vocês tentam nos controlar como se estivéssemos em um parque de diversão, uma noite do terror.
Dane-se suas promessas, vocês não são homens para cumprir algo deste porte.
Estamos bonitos vestindo a imitação que vocês querem que vestimos?
Ah, os sonhos agora estão fora dos outdoors, porque alguém disse que eles são incorretos.
Os escravos estão soltos, cozinhando em algum lugar escuro, tramando sua revolta.
Não existe superman aqui, nós aqui sobrevivemos com o que temos.
E a consciência não pode ser domesticada quando estamos passando por necessidade.
Vocês jogam milhões em uma jaula qualquer, eles vão evoluir e construir uma maneira para escapar.
America, aonde estão suas calças?
Vocês dizem que tudo está evoluindo e eu só vejo cinza e desgoverno por todos os lados.
Não tem mais ditadura?
Então vamos roubar o que vocês tem de melhor,nossa confiança.
Estamos cansados,irritados e vamos parir um filho da discórdia.
Veja, uma fortaleza não é indestrutível quando seus soldados estão dormindo.
Então se preparem porque o inimigo vem de dentro e ele não tem coração.
Já virou um zumbi e se aliou aos dormentes.
No ano que vem vamos ver isso, aquilo, e tudo vai sumir...
Porque sabemos aonde vocês dormem mas poucos tem coragem de cutucar o leão com vara curta.
Nós somos seu troféu ?
Então tome cuidado porque a estagnação pode ser algo que parece inquebrável, mas existe a demência e a rebeldia e essas duas não descansam enquanto um colapso não se alojar no seu ventre...



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

::RECORTADA PELO INCONSCIENTE::


Se cure porque seu rosto está se desfazendo.
Você está tentando quebrar uma parte da sua alma que já está morta.
Seu coração parece estar querendo estourar, sinto as batidas dele no meu pulso.
Você ainda permanece acordada, vendo a noite sumir, mas quem irá desaparecer será seu contentamento.
Não tente permanecer nesta posição por muito tempo, seus braços estão sendo esmagados por sua vontade de querer quebrar seus ossos com seu passado.
Se você não puder reagir, se concentre, sinta o que está querendo lhe drenar, fique consciente, eu preciso ouvir a sua risada.
Você sabe alguma vez a culpa foi sua aliada, mas agora tudo que temos você destrói com sua insanidade.
As luzes precisam ser apagadas, posso ascender uma vela para tentar entender a sua escuridão pelo lado de fora deste globo negro que se tornou seus olhos.
Tenho que ficar longe, porque suas feridas estão se transformando em mim, virando minha segunda pele.
Estanque este sangue que escorre do seu útero, deixe fluir, diga adeus ao seu amado cinismo, ele agora é tão real quanto a sua instabilidade.
Vou lhe servir aquela sopa quente que você tanto gostava, eu te vi chorar em cima daqueles fios de cabelo que no seu paladar sempre pareciam carregar o gosto de macarrões frustrados.
Qual a direção agora?
Então você, está completamente debruçada sobre esta mesa suja e velha, se infectando de ódio e angústia, estamos fazendo algo errado, eu posso sentir, por mais não que não tenha sentido.
Pare de chorar em cima da comida, você sempre fingiu ser uma rainha, agora está sendo dominada por uma colecionadora de fúria.
Você nunca...
Eu nunca fui tão próxima da sua melancolia, agora sinto como se ela tivesse passando por dentro das minhas veias.
Eu nunca fui tão segura em minhas decisões, agora parece que tenho que julgar o que você sente.
Eu nunca senti vergonha de enlouquecer na sua frente, agora eu a dor me desmonta e eu estou exposta no seu mundo.
Não ria, eu sei que eu não pude dizer que poderia ficar quando as nuvens cobrissem o seu céu.
Não se abstenha do que eu te digo, minha boca está cortada pelas suas unhas afiadas.
Você me deu, eu te dei, eu me lembro, algo de ruim chegou perto de nós, não consigo narrar.
Porque agora eu preciso que você não seja você, que eu não seja você em mim.
Apunhale-me com sua insatisfação, faça de mim sua escrava, me deixe alta.
Sirva-me seu veneno mais amargo, quero expelir esta sua decadência pelo suor.
Eu e meu dragão estamos esperando um lugar para descansar, e você não está acordada.
Os seus caminhos eu não posso guardar e meus pés doem tanto por ter te seguido por um longo tempo.
Arde, você não é a única, e eu não posso ser só sem encarar que isso sempre foi irreal.
Ser uma só dói!
Então porque você não levanta sua voz e me derruba para dentro do seu útero.
Crie-me, depois me solte e faça com que eu envelheça tão rápido para que eu tenha medo do agora.
Minha doce clandestina, sua personalidade me aterroriza desde criança.
Eu podia perceber seus olhos mergulhando lentamente na escuridão.
Enquanto todos brincavam sorridentes, você estava procurando um motivo para se manter acesa diante da multidão falante.
Você desmontava todas as bonecas na tentativa de criar a si mesma, mas nunca se lembrava como você realmente era.
Lembro-me de quando você caminhava em direção ao mar e dizia bem baixinho para que aquela imensidão te tragasse para dentro e não te devolvesse mais.
Você criou meu dragão com seu sentido mais doentio, eu vi a morte assoprar os fios do seu cabelo enquanto você dormia, e você sorria alegremente como se a mesma lhe fosse tão próxima.
Eu não tenho medo de você, eu te rodeio como se pudesse contemplar a sua virtude mais escondida dentro desta lama na qual você se enterrou.
Cobiço sua suavidade quando você transita de um lado para o outro, as vezes tenho a sensação de que quando eu piscar, você suma para sempre.
Sinto-me estranha, estrangulada e intragável, é como se você pudesse me manter desligada com suas palavras tão profundas, reclamando da palidez desta cidade.
Gosto de quando fecho os olhos e sinto o cheiro de flores na sua pele, eu alimento uma doçura e uma suavidade que você acha tão desnecessária.
Resta algo, algo maior do que tudo que eu possa descrever.
Mas eu continuo tentando repetir e desgastar os meus dedos na incansável busca pelo nosso elo que ilustra o meu amor por você que é um lado meu que não morre, apenas tenta se sabotar, eu estou de luto toda vez que eu imagino a nossa partida.
Fico excitada com tudo isso, porque somos uma pessoa só, porque eu fiquei doente, eu chorei em cima daquele prato, aquele gosto do macarrão que só eu sei como é.
Eu sou a mesma, dor, fúria, melancolia, doçura, rainha, morte, vida, o que é, o que sou, o que está por vir, porque eu me divido em partes para tentar provar a mim mesma que eu não posso conviver com estes pensamentos deitados na minha mente sem se enroscarem na minha realidade...


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

::VENTRE OBSCURO::



Para que ter uma honra tão grande?
Não podemos possuir tantos troféus dentro desta sala mental.
O vento sopra para longe nossas angústias.
Faça a volta, sua tempestade negra se aproxima, a graça será perdida.
Algo tenta ficar sólido dentro de nós, então vamos devagar.
Não precisamos acordar, os vermes vão nos devorar, então reze.
Uma vez eu queria ser grande, do tamanho da minha melancolia.
Mas, por algum motivo eu virei uma pedra e cai de um precipício,
E aquele sentimento me quebrou em mil pedaços, agora eu rasjeto entre as folhagens virgens.
As ruas estão ficando cinza e sinto como se o chão irá começar a se partir.
Sempre voltamos para o caminho das sombras, ali nossos medos nos abraçam lentamente.
Estamos vivendo em um sótão por muito tempo, o sol irá nos carregar para o desconhecido.
Não tenho tempo para colocar minhas lágrimas na bagagem, o tempo está se acabando.
Você soube que carreguei tantas coisas desnecessárias por muito tempo...
Mantenha-me lúcida, porque quando as paredes caírem vou precisar que você me encontre novamente, em um dia de primavera.
Precisarei florescer de novo, para andar na escuridão procurando minha integridade.
Sonhe os meus sonhos, pois sinto que estou me perdendo nesta cidade de pedras frias.
Preciso que os meus olhos fiquem fechados, vou desfilar pelo desfiladeiro dos sonhos sem retorno.
Esta realidade me condena no fundo você sabe que eu vou desejar algo que não poderei mudar.
A comunicação está ficando confusa, agüente firme eu vou mergulhar para te buscar.
Levante a cabeça, respire novamente, estamos em alto mar.
O mar estará vermelho quando percebermos que não podemos perder tudo de uma vez só.
Sangraremos até que nosso corpo não tenha mais vida, porque esta vida que construímos é tão vazia de humanidade.
Recarregue seus sentidos, não se limite, agora estamos longe demais para pensar em voltar.
Qual a sua posição diante dos seus sentimentos mais obscuros?
Não posso te ouvir, nem ler seus lábios, a mensagem que você tenta me transmitir está transfigurada.
Percebi que não temo enlouquecer como na adolescência, a maturidade me fez renascer.
Mesmo que tudo que eu diga não se conecte com as coisas que você acredite, tente ficar por perto, eu não conseguirei te encontrar novamente.
Minha mente pedinte de sentidos me abrace me acolha, me dê um útero duradouro.
Já me dissolvi tantas vezes, fui ao seu encontro e você já havia partido.
Você é minha sombra, meu calor ascende a sua caverna, lá ouço nossos gritos se interligando.
Aquelas vozes são suas não são?
Elas me rondam, me iludem, transtornam minha consciência, não ando me sentindo tão social.
Puxe o cordão umbilical, preciso entrar novamente, aqui fora é frio e obsoleto.
Tudo parece falso, me sinto real quando não estou aqui fora.
O que sinto é desconsiderável diante desta moral massacradora.
Você não pode deixar de me ouvir, agora que estou tão perto de te ter.
Tentei encostar no infinito, eu senti a vida parar de pulsar, no outro instante eu estava acordada.
O que me sustenta ainda está encoberto.
Não posso me revelar sem ser desvelada pelo que eu não compreendo no meu mistério.


terça-feira, 11 de setembro de 2012

::A PORTA PARA A PONTE::



Será possível retardar a própria solidão?
Retratar a si mesmo sem um dia ter tido um chão?
Ilusão, um punhado de terra para cair, era só isso que eu precisava.
Frustração!
Açoitada por um desespero marcante, um terror asfixiante.
Caminhei profundamente nas veias da miséria,
De lá retornei, aprendi a ter compaixão.
Separei-me de uma parte que acumulava dor e tensão.
Este pequeno recorte da minha mente me fez meditar sobre a intenção.
Afinal, não posso forjar compreensão aonde existe desilusão.
A porta por onde passei era larga e hostil.
Profunda e fazia  parte de mim feminina ser uterina e minha outra parte masculina viril.
Sou mulher de um instinto primitivo, com minhas unhas afiadas, arranquei a vesícula do medo.
Senti um vazio, minhas fantasias roubaram de mim uma ingenuidade juvenil.
Eu vi o tempo brincar com minha astúcia, percebendo nos meus vícios mais profanos, um passado que sempre me magoou.
Aonde Kaíros nasceu, e Aíon brotou!
E se chronos me ouvisse resmungar sobre suas juras mais secretas?
Ptolomeu viria às estrelas no meu estomago, contemplando minhas vísceras onde morava o meu pensamento mais infantil.
Tempestuoso é este sentido de sentir o que não se pode pressentir.
Desiludir o desprezo que o desapego me sucumbiu.
Eram folhas, milhares delas espalhadas por um asfalto quente e doentio.
O vento que chacoalhava as árvores partiu.
Pariu um gosto amargo e doce nos meus lábios e me puniu.
Isolando-me das feras auspiciosas que em bandos tentaram me criar.
Será que algum pensamento fixado pode me salvar desta vez?
Pensamentos não salvam, resgatam!
O desfecho me fere, mas consome minhas angústias.
Eu despenco desta janela circular e desastrosa, minha confidente para as piores horas.
Vou flutuando para as mãos do destino.
Lá as Moiras me aguardam, serei conduzida por Ariadne.
Seu fio é de ouro, brilho igual nunca se viu.
Prometeu fazei fogo com as minhas cinzas, te peço encarecidamente que não tenhas pena.
Que não se arrependa, eu quero visitar os cantos que a segunda guerra não destruiu.
Não temo o que está distante, o que tento vislumbrar ainda não existiu.
Se todas as palavras que já disse revelassem o que me persuadiu,
Fui totalmente desonesta e não tive coragem de quieta aguentar este externo frio.
Estar em silêncio sufoca, mas trás a reflexão.
Faz-me habitar um lugar aonde o fracasso se transforma em evolução!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

::CAVALO SELVAGEM::



Você pode fechar as portas, agora os sonhos estão dentro de mim.
Vejo a fumaça se dissipar diante de meus olhos, o jogo está no final.
Ninguém vencerá desta vez, eu posso pressentir.
Vamos nos perder, aonde as estradas não tem fim, adoeceremos no desfiladeiro.
Somos máquinas, tortas, enferrujadas, com suas bagagens pesadas.
Os dias vão passar, e agora um pesadelo pode conversar com nossa angústia.
Eu lhe dei minha última dose e você estourou meus pulmões com seus gritos.
Não se apavore eu vou refazer nossos caminhos, eu vou precisar da sua boca para riscar meu corpo inteiro com suas fugas.
Vivendo na esperança de uma perda maior, nada pode ser esquecido sem toda esta dor,
Não vamos lamentar, usamos de todo nosso sangue neste pacto, então faça valer a pena.
Sacrificaremos novamente nossos instantes, vamos viver entre as rupturas e as lacunas.
Você me viu adoecer e eu enlouqueci...
Você foi minha fiel expectadora.
A música de fundo acabou e eu sinto que não posso sentir minha pele presa no meu corpo.
Porque insistimos neste vício que quer nos alojar aonde o medo nos enforca cada dia mais?
Posso ouvir seus passos pela escada, apreensiva, eu vou comer e cuspir a sua doença.
Preciso que você fique nítida e lúcida para me ver dentro das trevas.
Claro, eu tenho visto demônios nos rostos de anjos e sentido o gosto da perdição nos seus silêncios.
A razão não vive ali, aqui em mim, tudo é provisório, estou sempre desmoronando...
Dê-me então seu fôlego, preciso sair daqui, porque o ar aqui é denso e me deixa distante de uma realidade que sempre temi que sustentasse a minha imanência inautêntica.
Meu único amigo fiel sempre foi o fim, ele demora a chegar e meu sentimento é de demência.
Nas minhas páginas os românticos morrem, os Deuses choram e os loucos perdoam.
Vou ressuscitar uma dor que vive aprisionada no meu ser, agora todas as crianças poderão dançar insanas em volta desta fogueira.
Eu vejo através dos olhos delas os reflexos da minha existência mais perigosa, eu vi o abismo e lá no fundo existe algo que deixei cair.
O Rei está excitado então tenho que destruir esta parede que quer me inibir.
A serpente rasteja em direção aos meus pés e o caminho será longo demais, sete palmos.
Fique quieta, minha pele está queimando, estou renascendo.
Eu posso te mostrar toda a perdição, a minha salvação estará na sua indagação.
Está com medo desta ilusão?
Pule para fora do ônibus, não precisa temer, o motorista é competente e o tombo te fará acordar.
A Rainha matou o bobo da corte e agora ouço gritos na sala de jantar.
Enfurecida com a beleza da sua irmã mais jovem, ela tem a eternidade no seu coração,
E um desejo de matar que abraça cada milímetro do seu corpo.
Estamos todos mortos, e eu estou sorrindo porque isso não me fará eterna esta noite.
Suba neste velho cavalo que ajudou a levar nossa carruagem até aqui.
Ele parece arisco, rebelde e faminto, mas ele não quer sua dignidade.
Ele não precisa de tudo isso, esta fumaça vai desaparecer e logo poderei ouvir o barulho dos trilhos do ultimo trem, então...
Acordarei!