terça-feira, 29 de julho de 2008

...EM OUTRO LUGAR...

Ali estava ela, com seu peito incinerado por suas paixões antigas, que refletiam dor nos lábios calados do desastroso instante que por meus olhos passavam.
Era como se a luz, aquele antigo facho de luz, pudesse existir somente debaixo dos véus do noturno luar que escondia o temor de cada segundo que atravessava o quarto em um silêncio redundante e cheio de mistérios.
A como se não bastasse, havia mancha de personalidades pelas paredes, borrões verdes, azuis, vermelhos, sem vida, colados até mesmo no teto sujo pelo acaso.
Não tinha fendas, as flores morriam a seus pés, e todas as coisas que por ali cresciam, não passavam de ervas daninhas, bravas, sem escrúpulos, amigas dementes que rangiam os dentes de tanto dizerem que estavam desnudas.
Por ali, não bastava passar e olhar, nem refletir, quase tudo era imóvel, somente se podia ouvir as batidas do coração da jovem sonhadora, acelerada pelo descaso do mundo que acredita na onipotência da falsa subjetividade.
A solidão, erguia seus braços na tentativa frustrante de alcançar o céu que não tinha estrelas, não era possível nem mesmo, ver o passado caminhar docemente suspenso pelo ar da nostalgia.
A felicidade era rompida, corrompida pelos caminhos tortuosos que insistiam em ficar, mesmo quando era expulsa pela falta de fé que estimulava aquela desgraçada alma, a condenação da impiedosa senhora do fracasso pela falta do sensível mundo particular.
As garras do inconsciente, brotavam do chão, agarrando o corpo todo daquela moça, e bem devagar, tomava sua mente por inteiro, deixando a mesma insana, ela acreditava que por alguns minutos era capaz de sorrir, sendo que seu rosto era manipulado por sentidos desgostos, sem prazer algum do que era vida.
Contemplar a discórdia, aquela falsa harmonia do mundo, imundo, que gira, sobressalta em pegajosos rios de lamas, aonde os condenados sem suplicio, reinam durante toda uma vida, era pouco para aquele tipo de sensação.
Os vidros embaçados, o relógio quebrado, pendurado na parede cheia de buracos, e mesmo assim, não era possível ver o outro lado.
Perspectivas negras, animais ferozes, com seus berros histéricos, avisando que um novo dia estava para começar por ali também se era possível encontrar.
As madeiras do assoalho soavam mais como, ripas malvadas, que suportavam aquele corpo quando ele caia depois de uma mutilação mental, causada pelo desabrochar de uma aurora que trazia os ares venenosos para aqueles pulmões quase infantis...
Era tudo escuro, milhares de armadilhas, aquela preguiçosa janela, que não trazia o ar fresco da primavera, era apenas mais um detalhes, entre os mil e uns que não chamavam mais atenção.
Tudo era monótono, sem ação, o amor por ali não passava, nem os carteiros, aqueles antigos bêbados que enchem a cara todas as noites para abrir a imaginação, para assim suportar uma noite de sexo com nojo, com aquela esposa marcada pelo machismo moderno.
Nem se quer uma boa água esta bebera. Ela não se embriagava das próprias lamentações...
Corria de um lado para o outro, como se tivesse medo da sua própria sombra.
Como se pudesse por um instante voar para algum lugar e atravessar as cortinas da sua consciência cheia de contos amargos das vivencias de seus antepassados que vinham perturbar até mesmo o seus sonhos, com seus cajados rancorosos e manchados com sangue das virgens sortudas.
Mas existia ali uma paz, talvez uma paz desconhecida por mim.
Aquele tipo de paz que é capaz de atravessar milhares de corpos sem ser percebida.
Aquele tipo de paz que é capaz de mover olhos, sem que o cérebro saiba o que está glorificando.
Este tipo de paz, que as vezes é tão difícil de captar, porque estamos sempre ocupados em perceber as asneiras e as nossas falsas construções individuais, alojando milhares de fábulas maléficas sobre o que conhecemos sobre esta vida.
Vida? E quando é que se morre?
Quando é que se tem sorte de viver intensamente para morrer?
E nadar em um rio de escolhas, e no dia seguinte levantar renovado por inteiro, nem sortudos conseguem tal façanha sem arranhar-se com seus próprios dedos encardidos pela moral que lhe és pregada com tanto fervor.
Por ali meus caros, a desordem reina, mas a ordem constrói seus impérios particulares, e destes impérios, arvores enormes, frutíferas, derramam lentamente a vida pelas suas raízes cravadas no solo imanente.
O amor por aqui é puro, saudável, não entristece, ele apenas manifesta-se em atos de lealdade, por isso é difícil a presença do mesmo neste recinto chamado mundo.


Não adianta subir nas trepadeiras, e nem mesmo, nadar naquele belo riacho que é transparente.
É preciso não saber que se sabe a fórmula do que é sentir que é sentido pelos sentidos da vida que nos toma como existentes, permanentes e sobreviventes de uma legião de deuses que andaram do céu sem asas do bateram suas pernas longas contra esta nossa terra, fazendo um turbilhão de cores para enfeitar a vida de loucas travessuras substanciais.
Não se cresce por inteiro, o nosso salto é maior, o menor dos riscos é não ter vontade suprema de não ser certo o suficiente para admitir que se começa do errado.
Transgressão, ou coisa do tipo, o espírito renova-se, nasce todos os dias, porém morre quando pensamos estarmos completos pela finitude.


quinta-feira, 24 de julho de 2008

...REVELAR...

Eu posso tentar manipular a dor que entra dentro de mim,
Mas a dor que consome minha alma, me atrai para a escuridão, tirando a minha força.
Eu tenho um santuário cheio de trevas, e isso não faz de mim somente sombra.
Não pude partir ao meio aquela memória antiga, porque eu matei o que queria me matar,
Quando eu entreguei o meu destino nas mãos de uma vida cheia de certezas.
Sei que ando desconfortável com tantas coisas, e tentar assoprar estas pequenas coisas,
Tem feito com que, eu seja pateticamente cheia de tormentos e de fúria contida.
O choque entre todas as coisas que eu acreditei um dia, agora começam a explodir.
Ninguém pode chegar perto da minha dor, e eu começo a destruir os muros que escondem minha gentil presença no mundo.
Por muitos anos eu tento dar significados para coisas que já estão mortas, por isso não consigo enterra –lãs de vez, eu começo a tragar minhas próprias indecisões, e isso é doloroso demais.
Eu ouvi uma voz louca, gritando que precisava sair, e eu abri todas as portas da minha imaginação.
Tudo isso está voltando, e eu começo a sentir aquele antigo inverno aproximar-se de meu corpo, os cala – frios estão cada vez mais freqüentes, e eu vou matar minha vida novamente para tentar um re- começo sem final trágico, pois estou presa na minha própria comédia.
Agora eu não tenho medo, porque os antigos abrigos estão cheios de malas, e quando eu abro cada uma delas, eu revelo por onde eu andei passando com minha esperança sem bondade.
Porque eu vou sangrar e isso não será suficiente para me manter desperta dos sonhos que eu nunca pude esquecer que existiram...

terça-feira, 22 de julho de 2008

...FALAS OFEGANTES...

Neste meu abrigo, eu me sinto em casa, vendo os velhos dias passarem feito passagens mórbidas.
Aqui não me sinto escrava, estou andando de um cômodo a outro para ver o brilho nos cantos escuros, esperando que minha vela revele os lugares que um dia puderam me incomodar.
Os móveis não estão mais solitários e eu posso ver o jardim cheio de gotas do passado, suas loucas flores e suas gramas contaminadas pelo ar noturno que não parece passageiro agora.
Sinto que posso vigiar o mundo e ele não é capaz de transportar s suas falas ofegantes para dentro de meus ouvidos, deixando minha cabeça apontada para o caminho da insanidade.
Olhem vejam as chaves espalhadas por todos os lados, e eu posso chutá-las para bem longe, aonde meus olhos não possam acompanhar o brilho falso delas, quando o sol rasga a cortina de meu quarto para anunciar uma nova manhã.
Os tigres estão soltos, e muitas vezes eles gostam de dormir na porta da cozinha, como guardiões, e por muitos anos eles me protegeram, hoje em dia eles só querem que eu não saia daqui, e para que isso aconteça eu tenho alimentado eles com o meu próprio sangue.
Vejo que as poeiras de outro tempo cobrem a mobília, e a chuva tem sido uma péssima idéia para um renascer que não foca mais o meu entendimento do que um dia eu fui.
Quando eu entro em um baile de máscaras, posso ver quem quer ser visto, os que escondem –se de si mesmos, não tem o brilho de criança nos traços frios em seus olhos cheios de doentias risadas.
Fico entregue a comemoração do ridículo, da satisfação pelo vazio ,e passear por este salão todo, é quase que uma tortura, quando sinto minhas mãos pegarem fogo, preparando –se para um encontro maior, que nunca acontece.
E eu não danço, eu apenas me aquieto perto das cortinas antigas, e elas dançam feito maníacas, porque as janelas falantes sopram suas melancolias para fazer com que essas brancas velhas e seus vestidos bordados, envolvam meu corpo na tentativa de me esconder desta geração cheia de promessas falidas sobre o que é a felicidade.
Eu vejo o anuncio da aurora, e esta, descansa no meio do salão, com suas pernas marcadas pelo passado, porque tem sido tão cômodo ficar em cima de tudo, vendo as coisas com inteligência, quando estamos no fundo de tudo, fixando a alma em algo que não pode ser compreendido, acabamos nos perdendo e isso é alegre.
Eu tenho olhos nas costas, e consigo ver o medo se aproximar quando alguém pode ver o quanto eu posso ser sensivelmente perturbadora.
Acredito que a dor renove, mas não consigo aceitar que isso seja suficiente para deixar uma vida suspensa por tanto tempo, existe uma falha.
Não gosto de desculpas, o perdão parece pedir uma facilidade que me deixa demente, e eu não gosto de pensar mais sobre as coisas que eu não possa levar com bagagem nesta viagem por mim mesma.
Viver tem sido um trabalho árduo, porém , eu consumo todas as experiências que machucam e falam com a voz da angústia que faz com que eu receba as mensagens existenciais que habitam dentro e fora de minha estadia neste tempo, com rebeldes notificações do que é escuro e claro.
As surdas comunicações externas, eu já não tenho me preocupado com os amantes da vida ‘de passagem”, porque eu demorei tanto, sofri tanto, e senti o gosto da felicidade, e isso para mim ainda não é o suficiente para que eu possa ver o sol nascer negro.
Quanta pretensão, sei que ainda não possuo tanta humildade, e minhas fotos estão penduradas em paredes sujas e lotadas de buracos, e eu posso ver pelos mesmos, as tardes tortuosas aproximando uma solidão que eles tanto negam.
E eu prossigo, sem propagações, em um silêncio puro, e uma fala calma, porque eu estou a procura dos instantes que possam romper as minhas antigas certezas...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

... EU DIGO, NÃO...

Eu vou carregando minhas magoas
Você compra as minhas saudades, sacode os meus sentimentos
Nasce um fenômeno, e as folhas estão todas jogadas no escuro.
Eu vejo alguém falir do outro lado da rua, e a dança da maldade trocar de passos,
O amargo misturando –se com o doce e cativante destino.
Eu vou despir os seus verbos, vou falar quantas verdades deixaram de influenciar nas minhas vivências.
O meu corpo está suspenso, e eu começo a refletir sobre aquelas nuvens negras no horizonte,
As folhas apodreceram, estou começando a sentir o cheiro da loucura balançando do outro lado da esquina, um jogo de sensualidade, uma quebra naquela velha promessa de ficar no tempo da perdição agora se rompe.
Agora começa o confronto!
Do que estávamos falando, eu vi as paisagens fúteis desmancharem a borda do vestido da menina tristeza.
Sem lugar para correr, agora eu vou abraçar a melancolia, sem conformismo, eu recuo, destruo, crio a partir da dor sentida na alma,
O mundo está comprando suas ultimas lagrimas e eu vejo o superficial desabrochar o sensível sem competência de quem está ao redor.
Como é divino não adivinhar o que querem que eu faça quando eu estou resolvendo as impurezas da imaginação, eu vou queimar um por um sendo sutil, porque eu posso congelar, se eu não suportar o peso da consciência que tanto negaram.
Eu não preciso de ajuda, agora a palavra complacência anda esquecida, estou esquivando das idéias infantis que um dia quiseram resumir a minha existência ao fracasso.
Um belo dia amanheceu, e por hoje o que eu tenho a fazer é atravessar aquele antigo rio e não pretendo andar sobre as águas eu quero mergulhar nesta imensidão sem limites.
As vezes eu vivo chorando pelos cantos, vendo uma onda querer invadir o meu instante.
Eu corro para debaixo da cama, ali a negatividade fica com medo de me tocar, um espaço entre uma arvore e outra, valores que eu não posso mais julgar, já que o falso sol um dia me cegou.
Quem vai ficar agora, já que, lamina do ceifador está afiada, e o corte vai ser na vertical.
Os postes levam energia para minha mente, e por mais que eu tente não andar dormindo, uma vida simples conversa com minha complexidade e quantos choques mais vou ter que levar para entender de vez que não posso mais regredir?
É isso, sem menores desprezos eu vou caminhar por lugares escuros, com o pensamento de voltar sempre para minha casa, ali aonde ninguém precisa me entender, eu apenas sento e tomo meu café com serenidade.
Eu sei, o mundo já foi um pouco mais cruel, mas a inovação tem sido tão dolorosa que nada parece estar no lugar, e existe sempre uma possibilidade de cairmos naquele buraco que mais parece um asilo particular.
Quando eu tento remover as falas do meu consciente, eu vejo as pessoas esperando o meu coração no meio da mesa, para ser servido gelado, eles tem dentes afiados e uma fome incontrolável de ver minhas imagens serem queimadas pelo desejo da falsa subjetividade.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

...EM ALGUM LUGAR DENTRO DE MIM...

Então hoje você vai sentar e falar comigo!
Porque a sua escuridão vem abusando dos meus limites, o tempo tem corrido contra a velocidade da minha consciência e eu tenho estado tão perdida em seus devaneios insanos.
Eu entro em contato novamente com sua limitação, suas promessas sem mundo, suas viagens apelativas que rasgam o meu corpo em milhares de parte, eu não consegui estar ai dentro quando o vento ensurdecedor adormeceu sua alma.
Vejo que tem algo errado, e as despedidas não são mais tão freqüentes... você manipula minha realidade, trás o ódio para o meu céu estrelado, desconstrói minha passividade, ergue meu corpo, assombra minha paciência, resgata minha fúria, me transforma em uma locomotiva descontrolada.
Você quer que eu sangre!Quer tirar até a ultima gota de felicidade de mim. Vem sempre rompendo minha imaginação, carregando minhas magoas para o centro do meu peito, recuando o meu respeito, com seus anseios da decadência que, se instala nos momentos mais belos e conspira para que o dia seja interminável quando as nuvens negras dormem em cima do meu corpo.
Então sombra minha, diga que sente minha falta quando você não pode ver as coisas atravessarem o seu destino congelado!
Temos uma coleção de bobos da corte, “loucos dançarinos”, pisando sobre nossos ossos, puxando nossos sentidos para baixo, contando nossas perversões em voz alta, para nos darmos conta do quanto erramos e quase fomos mortos por nossas mesquinharias.
Ficamos presas quando todos estavam esperando que, caíssemos no abismo...
E eu não aprendi a lição, por isso eu te soterrei com todas as minhas mágoas, todos os invernos que nunca acabavam, a verdade que você me fez engolir a seco, não foi capaz de me salvar do que sentia.
Venha assistir a transformação, a cela está prestes a explodir, você tem cultivado suas garras como nunca, e tem transtornado o meu silêncio com seu mar de saudade furioso e suas enchentes de lágrimas amargadas.
Hoje estou tão cansada, pela primeira vez eu estou esperando o dia chegar, e represento minha ausência com os olhos cheios de ansiedade, construindo paisagens mortas por onde eu passo, tudo tenta morrer, e eu continuo a jogar sementes, para que você possa ver o quanto eu tenho me esforçado para manter você algemada dentro de mim para não causar dor novamente para meu espírito tão infantil e demente, que de repente, adoece nos braços do substancial e acorda ferida carregada pelo anjo do mundo imaginário transcendental.
Você sempre parece familiar, mas quando me tortura com suas vozes roucas, acordando minha paciência no meio da noite, eu penso que posso fazer seu cérebro virar ao contrário, suas passagens tão inconstantes, suas maldades contraditórias, seu estilo sombrio, circunstancias que chutam minha linha estreita de equilíbrio para o fim da vida, que parece sempre ser por hoje um único dia de sofrimento.
Tudo está lendo, os meus dramas estão cochichando, agora eu posso voar para bem longe. Então me surre, vou mover suas comédias, retirar o que pinta de cinza os sentimentos aqui dentro, a virtude anda estreita e novamente eu não vou conseguir domar suas ações que desmontam o meu presente, e trazem a tona o meu passado tão negro e indolente.
Eu vou te beijar, e vou fazer você falir de vez, como da primeira vez que te levei ao extremo.
Você fez eu receber minha doença mais imatura, me levou ao inferno com os olhos do seu deus, me lembro daqueles tempos, agora estou te visitando a fundo, para ver o que de mim sobrou por ai.
Sim, eu posso estar bem, então agora não tente dizer que meus problemas não podem adormecer com este “feeling” que tem respirado em minha inconsciência, confissões que não substituem a minha falta de egocentrismo.
Os mistérios serão guardados, e eu não preciso usar uma alavanca para despejar todo meu ódio sobre o mundo, quando tenho um fogo interno tão poderoso. Eu te renunciei uma vez, e agora estou queimando a sola dos seus pés, você não poderá mais caminhar em mim, enquanto eu estiver apagando lentamente essa dor que você me trouxe por tantos anos.
Eu chorei tanto, e morri tantas vezes, esqueci do esquecimento de nunca ouvir o que eu queria ouvir dos momentos em que eu buscava estar bem, brincando de ser finita. Minhas mãos estão soltas e eu posso abraçar o agora sem medo das suas marcas. Eu nunca consegui entender porque você queria manter o meu coração no formol, agora eu compreendo, e eu derramei cada instante com tanta intensidade, eu nunca parei para pensar o quanto eu fui rude comigo mesma, porque você me tomou.
Finalmente, agora eu estou caminhando, tomando cuidado com os espinhos, e as vezes eu escuto que eu posso ser Joana D´Arc, e ninguém consegue respirar o veneno que eu sou capaz de jogar quando dizem que eu posso estar enlouquecendo novamente.
Não agora, eu não sou mais sua prisioneira, e agora você só irá atuar quando eu estiver em contato com minha angústia mais profunda...

terça-feira, 8 de julho de 2008

...DESAFIO...

Temos um quadro de escolhas, e então você arma suas delicadas situações de drama, procurando as coisas que foram perdidas com o vento forte da solidão.
Vamos, eu preciso ir para algum lugar que eu não consiga sentir falta de um pedaço de mim que ficou preso no passado.
Talvez eu diga, as coisas precisam sair da estabilidade, e todos os dias eu tento ouvir a minha voz da dor, para carregar o presente em uma carruagem infantil e cheia de estranguladas lembranças.
Algumas vezes eu tento não pensar em tudo que eu já perdi, proporcionando assim um ato fatal, exterminando a minha liberdade e então aparece a carta da minha tragédia particular. Olhe, os lados estão misturando –se a realidade gritante. Estou ficando louca, porque ando trocando os nomes das minhas faces que dançam sobre os tetos insanos do meu canto escuro que, retrata o quanto eu tenho convivido com minha angústia.
Eu ando revoltada, justificando os meus atos, para trazer a tranqüilidade para os ângulos coletivos, e não posso ser extrema, os horizontes estão soltos no buraco do infinito, e eu não consigo abrir a maldita caixa da esperança.
Trancafiada em um mundo de justiças invertidas, a lamentação da criança chorona, procurando o seio iluminado, sempre carregando sua melancolia que busca alojar os seus retratos perdidos dentro do espelho do casual hoje não vivido.
Cuidando de minhas visões, as vezes eu adoeço, e vou comendo a minha felicidade pelas bordas, e isso dói demais, quando eu vejo que tudo está cheio de rosas negras que abraçam o meu corpo para me tragar para o berço do desconhecido. Ei, estou falando contigo, e você não consegue ver a minha intensidade, está longe, indo embora, como sempre fez, como nunca deixou de caminhar para um lugar pelo qual eu nunca posso passar.
Tomei minhas “purple pills” e eu tento trabalhado tantas coisas e fazendo curvas quando chego na ponta do abismo. As flechas estão apontadas para o meu peito, e eu não consigo cantar a minha fidelidade para esta gravidade que puxa-me para imensidão , e isso me deixa pequena perto das poucas coisas que eu acredito, eu enlouqueci novamente.
É uma chance, uma entre milhares que desfilam punindo a minha saudade de quem eu não consegui ser perto do mundo e suas cômicas crônicas e sujas tramas subjetivas.
Fui capturada, e o ódio vem subindo pelas minhas veias, estou devorando o que me rodeia, abrindo os olhos cheios de sangue, chocando – me com a realidade que foi mutilada com suas faces supliciadas, agitando assim o meu interior de forma vulgar e irracional.
Então, estou vivendo longe do reino encantado, e quer saber, a vida normal é um saco, e eu não posso atropelar aquelas passagens que se manifestam como turbilhões de certezas cruas e suas proveitosas oportunidades de ser uma desgraçada colocando em risco a minha fragilidade.
Agora eu consigo escapar, expandindo as ramificações, estou longe de estar estável, um tipo de sanidade que não corrompe a sensibilidade que, começa na minha alma e termina na ponta da minha vida, porque eu preferi uma versão “plus” de mim, que não precisa carregar os dedos do futuro que se revela tão assediado .
Estou sangrando e tudo parece familiar quando isso acontece, eu acabo sempre de saco cheio, brigando comigo mesma na medida em que, não consigo chegar perto nem mesmo da minha fala.
O que temos por aqui, uma forma nova de aparecer, e não mais uma trágica visão do imaginário, alguém está gritando, e eu tenho um protesto estranho, o fogo queima aqui dentro e eu tenho as emoções mergulhadas no substancial. Acredito no sopro divino que consome meu beijo eterno com as idéias que adoecem dia –após – dia.
Eu te falo, estou aberta, e não adianta nada você questionar o meu modo de expor aquilo que eu venho sentido, você tem se mantido aquecida de tudo que eu digo, porque não pode ter contado com esta droga toda, está tudo aqui dentro, e toda vez que eu sinto que volto a ser humana, sinto como se uma tentativa estúpida de aparecer em um show que se passa no seu palco.
Agora é difícil conciliar o que é um segundo do que me foi vivido na posição vertical. Então vem, mas vem com tudo, e invade meu inconsciente, estuprando minhas justas saias que abrem suas pernas do acaso para a fonte da sobriedade que, fere quem consegue dizer que prefere manter o silêncio quando está sendo passada para trás pelos sentimentos noturnos.
Estou com asas novamente, e tudo parece tão delicado, as planícies estão desertas e os cavalos estão todos ocupados em comer minha dignidade. Algo flui naquele rio ali na frente, estou de volta a minha coleção de imagens paradisíacas que, denunciam o quanto eu estou desapontada com o modo que tenho escolhido viver.
Outras coisas estão lá em baixo, e eu sinto vontade de pular novamente, para ver os anjos abraçarem os demônios, já que, eu não posso mais respeitar o que tem me sufocado, e eu vejo, vejo tanto que não consigo adormecer de tanta saudade dos meus instantes que pareciam intermináveis.
E eu pergunto:
Para onde eu posso correr quando eu não quiser mais salvar minha alma deste devaneio?

sexta-feira, 4 de julho de 2008

...ÉPOCA NEGRAS...

Hoje perco-me em meu desconhecido desfile de movimentos individuais,
Não recarrego os extremos, deixo a natureza carregar-me pelos desfiladeiros da saudade.
Abre-se o céu, agora o tempo está rompido e as pessoas ficam inertes e sem foco de existência...
Ando, caminho, gesticulo com o silêncio e suas micagens exotéricas, eróticas e mistificadas pelas épocas negras, carregadas por suas claridades informais, conjugais ... falidas!
Minha duplicidade apareceu, na hora em que, contestei a verdade sendo única,
Derramei os meus significados usando verbos inacabáveis, intensificando o longo caminho que por mim deverá ser percorrido.
Aqui dentro, não preciso de pernas, de asas ou de algo semelhante, sou alma!
Um suspiro demente nas freqüências temporais fantasmagóricas e transcendentes como vapor do espírito.
Em um estalo, me perco, me acho, me instalo em um mundo cheio de simbolismo, ramificações intermináveis, não incansáveis.
Se chego por aqui, tão pouco quero ter justificativa por aqui estar.
Os vidros das janelas do presente, embaçados com minha respiração do ausente – permanente, pressente o que vem do fundo realmente no mundo impertinente.
São fábulas, milhares delas, uma dentro da outra, em um cruzamento sexual delicioso.
As entradas e saídas estão do lado de fora, aqui dentro é tudo um nada, em construção!
E quer saber, nada tem fim, e o fim não considera a minha neutralidade finita, casual e tão cheia de fé.
Sabe quem vos fala?
Não sei! Eu, você, eles, quem dera, se o grande Abdera pudesse escorregar nos meus pensamentos, frutos nasceriam apodrecidos para uma nova colheita cósmica – terrena e em um tempo astral...