quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

...SUMIR...

Será possível ajeitarmo-nos as mãos que puxam o passado anacrônico para dentro do bolso do mal – estar?

Será que podemos ponderarmos nossos pensamentos ao nível elevado do sossego que nasce nos olhos aflitos do não – revelado?

Se a vida canta, ela vive com sua voz rouca a tentar nos comunicar através do silêncio que nos conturba, instruindo as nossas loucuras água abaixo do entendimento que nos falta.

Se falar Tornou-se tão difícil, agora guardar um silêncio do antigo, é quase como questionarmo-nos a ponto de que, desligamos a nossa fé, por falta de lealdade.

Somos seres humanos protegidos pelo acaso, e a rebeldia que nos jorra vida pelas entranhas do desconhecido existencial, elabora planos, indignados e inquestionáveis projetos obscuros, oportunidades que entram e saem dos nossos olhos, sem nem mesmo condicionar as nossas intenções.

Um dia me perco, um dia desses, eu me lanço da ponta deste navio, e descubro o mar em fúria, este mar que, vejo as ondas arrastarem a minha vivência para a margem do mundo.

Quem é digno de saber de toda a verdade?

Quem vê a verdade a olhos nus?

Acredito que, nenhum ser humano tenha completo acesso a verdade, não falo desta verdade que pensamos conhecer, a verdade minha, tua e dos outros, falo do que existe de maior, a verdade nos atos da ancestralidade.

O que move, o que destrói, o que rima com vaidade, e não se desloca para o racional, o que vive nos esconderijos do presente, e se manifesta poucas vezes no cotidiano, acorda!

Acordar em um dia escuro, aonde a vítima foi morta, e os suspeitos andam de braços abertos para o vento que,  os arrastam pelo descontentamento do contente ser ausente.

Para que dizer tanto, se vive-se tão pouco o que se tem para ser vivido?

Nem mesmo o famoso silêncio coopera...

As vezes é preciso que eu passe dias andando por lugares estreitos em mim, para ver uma nova paisagem abrir-se diante de meus olhos.

Fantasias, criações, contos, vida, alheios motivos que me movem também, a ser este ser pulsante, que não se ausenta de tantas coisas, que com tanto tempo, aprendeu apenas ter duas pernas.

A quem consiga questionar os mistérios, mas poucos, muito poucos, sabem as respostas, por isso, contemplam o próprio fracasso de dizer que entendem tudo o que se revela.

Eu já não sei mais do que falo, sinceramente, eu me perco!

Eu gosto, confesso, sinto um sabor maravilhoso quando começo a escrever e me enrosco em minhas próprias palavras.

Dali por diante, eu desapareço...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

...sonhos...

E hoje eu descobri que, tenho de descer até a minha escuridão e levar um pouco de luz para o meu lado inferior.

Estou tão cansada da mesmice da visão contemporânea que me foi dada, hoje eu quero a cegueira do estar.

Deixo – me, esta decida será majestosa, e sem onipotência alguma devo eu descansar.

Se alguém perguntar por mim, eu vou dizer, estou aqui, bem no fundinho, remoendo, procurando um modo de me encontrar novamente.

Se me faltar letras, eu sublinho os antigos dizeres que tanto eu desapreciei um dia, não devo revogar as minhas mágoas.

Se este sol se põem, reluz vida sob meus olhos, esta nitidez cheia de fobias, cheia de múltiplas desgraças, a minha alma reluta por um pedaço no espaço que está por terminar.

Se isso tudo for loucura, me banharei com um perfume doce das manhãs, e deixarei que as abelhas chupem o meu sangue até a última gota, até que elas, enjoem da meu gosto.

Se eu pudesse colocar um sonho dentro de outro sonho, e viver uma realidade fora destes sonhos.

Já que não posso, sonho, mas vejo o real manifestar-se através das fendas da minha vida, por mais que, muitas vezes exista um grande ardor em tentar reviver o sonho que fora gasto.

 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

...Descaso...

Eu vi, senti e menti!

Arremessei as lágrimas para o outro lado da avenida.

Ali estava eu, mais uma vez, abrindo e fechando minha boca maldita tentando silenciar a minha dor.

Quantas vezes eu não pude fingir que estava ali?

E talvez eu estive, mas não resisti tantas sensações.

Fui egoísta, quem deixou de ser um dia, eu fui,  mas omiti.

Foram milhares de adeus, não fui convincente a ponto de não contrariar o que eu fingi existir.

Mas ali eu existi, habitei, criei, sonhei, morri e me levantei, por milhares de segundos.

Da mesma forma em que eu destrocei um coração, eu parti o meu em picados, um monte deles.

Que força psíquica foi aquela que não arrebatou um anjo tão lindo que rodeava o meu inferno?

Foi a minha força, uma estranha e nebulosa força, que não se iguala a dos dias de hoje.

Quantas tempestades eu vivi, sem poder viver a claridade?

Quantos tormentos eu guardei e não chorei por vaidade?

Eu me humilhei e desabotoei alma por alma, acabei convivendo com os vãos de luz que eu não apaguei.

Não fui poeta, não aprendi a escrever, eu apenas sentia, via correr o meu pânico, minha cegueira, meu papel de farsante primária, e me arrependi.

Talvez tarde, ou esperava eu que a noite me abrigasse, não vi o retorno, não fiquei, fui para o final.

Eram acordes desordenados, vulcões acesos queimando belos jardins virgens.

Não fui mulher, nem menina, nem sonhadora, eu fui e construí a própria tragédia encarnada.

E por mais que eu possa deixar em linhas o meu descaso, eu ainda me caso com a solidão.

Não a quem vem dos outros, mas a que vem de mim mesma, que rompeu com o mundo.

Agora sinto como se, alguma coisa me ofuscasse depois de tanto tempo,

Algo ainda resta, e os restos me fazem rastejar atrás das paredes verdes.

 

 

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

...VIDA...

Com o tempo aprendi a enxergar de olhos atentos diferenças. A reconhecer a sociedade pelo que ela escolher ser vista.

Eu ainda procuro vestígios de pureza, as vezes encontro, as vezes é rápido demais, eu desapareço e minha esperança, persegue as minhas crises.

Os meus conflitos não são mais como antigamente, eles tem outra forma, cheiro, não mais juvenis, apesar de que, vivem brincando com minha idade, formando pré-conceitos do que por mim fora vivido no antigo quadro existencial.

Eu já sonhei bastante de olhos abertos, já fechei portas com medo das saídas, mas as janelas do inconsciente fazem de meu espírito, um moinho aberto.

Hoje não comparo situações, aprendi a ver nos meus traços vividos, a origem do fenômeno do agora nunca jamais se repetir.

No mundo antigo, não fui quem eu era, criei personagens, não atuei no papel principal com medo da rejeição mundana. Tudo que é real é desigual!

Não tem como eu viver mais negando a vida, os que me vêem hoje, nunca me enxergaram no passado, e não tenho orgulho de ter sido tão pouco, eu mesma!

Não adianta tentar alinhar uma vida social, quando, as pessoas não podem criar laços com quem não quer a si próprio.

Estar no mundo, é mais do que reagir aos impactos, é vivenciar o que a vida entrega de mãos beijadas, e nem sempre é fácil, e é mais prático desistir, reinventar algo que nunca se pode sentir.

Não procuro uma estadia qualquer no mundo, até as coisas mais simples tem um grande valor agora, eu não rompo mais com o desconhecido, eu faço minha aliança singela com o mesmo.

Um dia sonhei em ser escritora, no outro, não entendia quem escrevia tantas coisas, eu me perdia, e caminhava para tão longe, agora quero saber para onde eu fugia.

Posso nunca vir-a- ser uma escritora, mas de vida um pouco eu entendo, da minha, ainda tenho muito para aprender.

Estou a caminho do rompimento com as coisas que eu não suportava...

Estou a caminho de aprender a ter uma vida leve, suave e verdadeira, não universal.

Não quero só as diferenças, eu quero o igual, para aprender a romper sempre que ele me instigar a vive-lo por muito tempo.

Quero me entregar ao amor, o verdadeiro amor de estar viva, eu quero ser vivida pelo tempo, para sentir que eu vivo nele, sem estar fora de minha liberdade.

 

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

...a guerra..

Abrindo o peito!

A sensação é como ter um buraco negro no meio da alma.

É um entra e sai de cosmos, uma intensidade mágica,

Vozes, sussurros, absurdos, condolências universais abrem a nova morada.

Não, não falo com onipotência, o ato do agir pratica teus rituais em silêncio.

A morada do sol rasga a escuridão e liberta tuas antigas existências.

Quem fica, não anuncia tua estadia na horizontal,

Junta-se ao silêncio milenar, desalinha a temporalidade,

Os dois lados, multiplicam-se, consomem –se, existem!

Na perseverança da fé, alinha-se o caminho da verdade.

Vá de ré quem se confunda dizer que sabe o que aqui acontece!

Estamos atrás, na beira de um cometa louco, que cospe fogo na alma pura.

E não é loucura, ser louco é saber tão pouco, quanto sabemos de nossa audaciosa lucidez.

Quem fica lúcido demais, aprofunda – se no tédio e rasura sua temente fé em si,

Para construir uma jornada coletiva, devaneios!

Anjos, demônios, coitados, dementes, santos, perdidos e nunca achados,

Vasculham a esfera flutuante a procura da simplicidade.

Renova-se a construção do novo elo, o selo da vida é descolado da parede do mistério.

Ele voa, faz saltos gigantescos, abre e fecha abrigos melancólicos,

Definha mentes que, viciam – se apenas no passado.

Caminhos, famintos, desejos, frutos da imaginação penitente, agora batem suas asas com força.

A forca está armada, no canto do horizonte cinzento que transporta nossa gente para o desconhecido.

Desta vez, rezar, orar, conjurar, não adianta, é preciso crer mais do que em nós mesmos para isso tudo viver.

É preciso viver, sem querer sempre compreender tudo, o nada abre tua boca bendita e nos lança a beira da estrada.

Nossa carne pelo sofrimento é cortada por uma navalha ancestral, que não teme nosso destino,

Que alcança metas, sem esquecer da metamorfose que ocorre em nosso útero ferido...