segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

...Descaso...

Eu vi, senti e menti!

Arremessei as lágrimas para o outro lado da avenida.

Ali estava eu, mais uma vez, abrindo e fechando minha boca maldita tentando silenciar a minha dor.

Quantas vezes eu não pude fingir que estava ali?

E talvez eu estive, mas não resisti tantas sensações.

Fui egoísta, quem deixou de ser um dia, eu fui,  mas omiti.

Foram milhares de adeus, não fui convincente a ponto de não contrariar o que eu fingi existir.

Mas ali eu existi, habitei, criei, sonhei, morri e me levantei, por milhares de segundos.

Da mesma forma em que eu destrocei um coração, eu parti o meu em picados, um monte deles.

Que força psíquica foi aquela que não arrebatou um anjo tão lindo que rodeava o meu inferno?

Foi a minha força, uma estranha e nebulosa força, que não se iguala a dos dias de hoje.

Quantas tempestades eu vivi, sem poder viver a claridade?

Quantos tormentos eu guardei e não chorei por vaidade?

Eu me humilhei e desabotoei alma por alma, acabei convivendo com os vãos de luz que eu não apaguei.

Não fui poeta, não aprendi a escrever, eu apenas sentia, via correr o meu pânico, minha cegueira, meu papel de farsante primária, e me arrependi.

Talvez tarde, ou esperava eu que a noite me abrigasse, não vi o retorno, não fiquei, fui para o final.

Eram acordes desordenados, vulcões acesos queimando belos jardins virgens.

Não fui mulher, nem menina, nem sonhadora, eu fui e construí a própria tragédia encarnada.

E por mais que eu possa deixar em linhas o meu descaso, eu ainda me caso com a solidão.

Não a quem vem dos outros, mas a que vem de mim mesma, que rompeu com o mundo.

Agora sinto como se, alguma coisa me ofuscasse depois de tanto tempo,

Algo ainda resta, e os restos me fazem rastejar atrás das paredes verdes.

 

 

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