Eu vi, senti e menti!
Arremessei as lágrimas para o outro lado da avenida.
Ali estava eu, mais uma vez, abrindo e fechando minha boca maldita tentando silenciar a minha dor.
Quantas vezes eu não pude fingir que estava ali?
E talvez eu estive, mas não resisti tantas sensações.
Fui egoísta, quem deixou de ser um dia, eu fui, mas omiti.
Foram milhares de adeus, não fui convincente a ponto de não contrariar o que eu fingi existir.
Mas ali eu existi, habitei, criei, sonhei, morri e me levantei, por milhares de segundos.
Da mesma forma em que eu destrocei um coração, eu parti o meu em picados, um monte deles.
Que força psíquica foi aquela que não arrebatou um anjo tão lindo que rodeava o meu inferno?
Foi a minha força, uma estranha e nebulosa força, que não se iguala a dos dias de hoje.
Quantas tempestades eu vivi, sem poder viver a claridade?
Quantos tormentos eu guardei e não chorei por vaidade?
Eu me humilhei e desabotoei alma por alma, acabei convivendo com os vãos de luz que eu não apaguei.
Não fui poeta, não aprendi a escrever, eu apenas sentia, via correr o meu pânico, minha cegueira, meu papel de farsante primária, e me arrependi.
Talvez tarde, ou esperava eu que a noite me abrigasse, não vi o retorno, não fiquei, fui para o final.
Eram acordes desordenados, vulcões acesos queimando belos jardins virgens.
Não fui mulher, nem menina, nem sonhadora, eu fui e construí a própria tragédia encarnada.
E por mais que eu possa deixar em linhas o meu descaso, eu ainda me caso com a solidão.
Não a quem vem dos outros, mas a que vem de mim mesma, que rompeu com o mundo.
Agora sinto como se, alguma coisa me ofuscasse depois de tanto tempo,
Algo ainda resta, e os restos me fazem rastejar atrás das paredes verdes.
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