terça-feira, 10 de junho de 2014

:: O FRESCOR DA NOITE::


Olhos fechados...

Tudo está tão obscuro e eu sei exatamente para aonde eu estou indo.
Arrumando as malas para caminhar por estradas tortuosas e o frescor da noite nunca me assustou.
Mostre-me onde fica a perdição e eu queimo a ponta dos seus dedos no fogo de Prometeu.
Tudo está tão obscuro e eu sei exatamente para onde estamos indo.
Deslocando todos meus sentimentos desconexos para um lugar de adeus.
Não tente despistar minhas intenções.
Mostre-me onde fica a sua dor que eu vou te dar um banho de ilusão.
Tudo está tão obscuro e eu não sei para onde correr quando você se perder nesta jornada.
Esta luz toda que vem de você não pode me enganar por muito tempo.
Eu nunca deixei que as facilitações arranhassem meus joelhos em pensamentos tão ardilosos.
Mostre-me onde fica seu lado escuro e eu lhe darei um pouco da minha compreensão.
Não adianta tentar preencher todo vazio de uma vida em uma só lamentação.
Aqui dentro tudo pode ir embora em um piscar de olhos.
Mas as tendências que me cercam de esperança estão me enlouquecendo.
Tudo está tão obscuro e eu sei exatamente aonde encontrar o fogo para nos guiar.
Mostre-me amor e eu lhe entregarei um pouco de humanidade.
Você pode morrer ficando no mesmo lugar aonde acreditou que estava vivendo.
Tudo está tão obscuro e eu não tenho certeza de que tudo que eu digo é inevitável.
O subsolo pode ser um esconderijo seguro quando você precisa passar horas chorando.
Mas quando as lágrimas acabarem, você vai precisar de um pouco de sol para perceber o quanto a escuridão também pode ter te limitado.
Mostre-me compaixão e eu te mostro um pouco de dor.
Quantas pessoas você pode manter vivas dentro de seus sentimentos?
Talvez não todas, algumas delas padecem quando você está sendo tão egoísta com seus planos cotidianos metódicos.
Tudo está tão obscuro que estamos andando em círculo marcando nosso território desbravado por nossas melancolias.
Não precisamos ficar debaixo das escadas vendo as pessoas subirem e descerem a todo instante.
O rugir dos nossos pensamentos perturba quem precisa parar um pouco para respirar.
Mostre-me um pouco de felicidade e eu lhe entrego minha risada.
Quando éramos pequenos, nosso mundo parecia uma grande batalha sem inimigos, sem vigias e nem espectadores de carne e osso.
Nós crescemos e agora tudo que percebemos é que somos capazes de ferir um exército todo mesmo quando estamos estagnados.
Porque você pode me mostrar tudo aquilo que você acredita e mesmo assim, eu não poderei te dar um mundo para viver.
Tudo está tão obscuro porque você criou um mundo imaginário aonde eu e você coexistimos nos nossos medos.
Mostre-me o que somos agora.
Tire o véu, reprove todos os seus argumentos, desnudo você vai perceber que não é a toa que estamos sendo a mesma pessoa desde que você começou a se descrever.
Revele-se porque não faz mais sentido algum ficar bancando um herói imortal quando no seu interior está desabando.
Mostre-me!
Tire nosso ar, leve-nos para algum lugar aonde podemos nos desfazer de nossas malas e perceber que, tudo esteve tão obscuro que nem mesmo o fogo de Prometeu pode nos desvelar. 

segunda-feira, 2 de junho de 2014

::TRAMPOLIM::

O que realmente eu quero?
Um estresse em volume alto e um pouco de algum pensamento impróprio.
Não, eu acabo sempre esbarrando em algo que espirra meu sangue na parede.
Então está tudo certo e eu me sinto aliviada.
Um pouco de paciência e eu estou intoxicada de mim mesmo.
O som continua alto e eu sinto que estou acompanhada, pelo meu coração de amante e um pouco de poesia para conversar sobre quem eu estou sendo.
Se você ficar sem se mover por um pouco de tempo, vai respeitar a minha natureza.
Nunca é tarde demais para ver as rachaduras brotando por todos os lados.
Eu nunca quis saber sobre o que eu realmente preciso ser para ser aceita em uma vida complexa e brava que pretende me engolir.
Eu não posso ficar simplesmente petrificada com estas linhas que extraem a minha lamentação egoísta.
As pedras continuam rolando e matando tudo que está abaixo de nossos calcanhares.
Agora eu sou uma boa garota, com um tênis desamarrado tentando cumprir minhas responsabilidades.
Por mais que eu tente levar uma vida leve, nunca é tarde para que eu possa resplandecer esta voz que parece sufocar meus pulmões.
Eu nunca quis ser a primeira da fila, minha falta de timidez nunca foi um problema tão isolado.
Então eu  puxo uma gaveta e descubro que no fim do dia eu só queria não ter tanta razão sobre tudo que eu penso e sinto.
Eu vi corações despedaçados, vi árvores chorarem, vi sinos quebrarem toda uma estrutura que parecia inabalável, mas isso não fez com que eu pudesse levar no meu bolso toda uma vida só de melancolia.
Estamos procriando uma realidade que está construída sob uma cultura, fria, pré-fabricada, triste e pronta para se desculpar daqui a um segundo, mas isso tudo ainda não faz com que eu ignore o mundo e coloque o nariz para cima dizendo que posso exaltar uma auto piedade.
Quebramos todos os copos e pratos que estavam em cima da mesa, agora vamos recolher tudo e tentar deixar exatamente como estavam quando nos sentíamos famintos.
Estamos servidos de um monte de pensamentos que estão sempre querendo fazer com que nos sentimos tão exuberantes, mas no fundo de nossos corações, temos tanto medo de fazer algo errado que possa prejudicar o que acreditamos e isso é tão profundamente real que nos abandonamos no meio do caminho.
Por horas as informações vão circulando em nossa mente e os sentimentos transmutados vão tomando forma de fumaça.
Eu me rendi ao canto de um pássaro no fundo do meu quintal, ele se espantou quando eu cheguei tão perto, então nós dois sumimos.
Qual foi aquela vez que você ouviu uma piada e sua vida toda fez sentido?
Porque nunca podemos sorrir quando percebemos que estamos realmente angustiados?
Vamos continuar assistindo o show, alguém lá no fundo se levantou e perguntou porque só faz sentido ser algo quando temos alguém para nos assistir?
Então vamos assisti-lo no escuro, enquanto a luz está voltada apenas para ele.
Porque quando os refletores se voltarem para nós, estaremos bestificados.
Eu recomendo que você tenha um pouco de paz de espírito e realmente tenha medo de si mesmo quando procurar um equilíbrio enquanto está precisando estar desgovernado.
Caminhe devagar, porque quando andamos devagar, o vento parece soprar quem somos nos nossos ouvidos.
O que aconteceu com toda aquela sanidade?
Os tempos ficaram difíceis e eu me sinto perturbada porque não consigo acessar um pilar que está pronto para romper.
Estou no escuro e sei que a qualquer instante, os refletores vão me fazer ficar catatônica.
Eu tenho um amor e um monte de ilustrações sobre um futuro promissor e um agora que me faz ficar forte e posicionada para qualquer desafio.
É impossível ficar protegida quando se ama alguém e só se quer ter o papel de heroína.
O amor pode ser tudo e atravessar tudo aquilo que temos medo, pode tornar-se uma aventura sem volta, porque o combustível mais poderoso da vida é a paixão pelo que permanece mutável.
Eu digo que sou apaixonada pela dor, mas quando ela vem eu só posso fazer uma coisa, escrever e ouvi-la resmungar em minha mente e dançar nos meus dedos.
Não é incrível o quanto podemos ser vulneráveis as coisas que parecem tão insignificantes?
Eu sento, espero, observo, recebo tudo isso e no outro instante estou tão cansada e sem presença.
Vai ficar tudo bem, porque desde criança a minha solução para o que eu não conseguia decifrar, era escrever por horas palavras que ficavam me isolando do mundo.
Na maioria das vezes eu gosto tanto do que escrevo que não sei mais o que é meu e o que eu realmente absorvi do mundo.
Eu estou sempre captando coisas, lugares, sensações, atravessando ruas sem olhar para o lado, esperando um sinal verde para ultrapassar meus limites.
Quando me conecto a algum pressentimento eu fico submersa e desta experiência eu recordo apenas como fui parar ali.
Porque eu recebo as pessoas, suas emoções me atravessam e acabam nestas linhas.
Nem tudo que está aqui é meu, talvez só o amor e a paixão por uma vida que eu tento levar da melhor forma, sendo justa e apertada ao mesmo tempo, conversando com um espírito que parece compactuar com minha ancestralidade trágica e me irrito toda vez que choro por não entender porque não fui convidada a entender o que se passa comigo.
Toda vez que indago sobre minha escrita, acabo no mesmo lugar, no lugar dos outros que podem me ler e me julgar.
E isso também é plausível, porque, eu não fui comunicada sobre o que vou escrever, as letras só aparecem no monitor e eu vou tentando dar vida a elas.
Nada neste mundo faz mais sentido que estar diante de uma imensidão de possibilidades e não saber para onde estamos indo.
Então faça seu trabalho, deixe tudo no lugar, desfaça as malas e sente sob um sol que insiste em sumir toda vez que você quer estar bem.
Porque quando as coisas não fizerem sentido algum é que você chegou ao seu lugar assombrado, dentro de si mesmo.

Então acorde, coloque seus pés no chão frio e desperte!

domingo, 11 de maio de 2014

:: RE LANÇAR ::

De repente a noite chega e um suspiro interno me acomete!
E na ilusão das horas que não se cansam de passar em mim,
Reflete a saudade que você me ensinou a ter.
Um sentimento que revira a minha alma,
Que faz com que a cada segundo eu tema cada vez mais a sua distância
E que trás nesta distância um dissabor de não ter o seu afago.
Amago perfurado!
Gosto de dormir no seu silêncio,
Respirar nos seus cabelos, jogados, lançados em suas costas.
Branca!
Como um céu rasgado por um avião em uma tarde de inverno.
Vejo luzes nos seus olhos, um tráfego de emoções por todos os lados.
Percebo brotar de seus lábios palavras, cada sílaba por você pronunciada em meus ouvidos,
Tecem um poema em minha mente.
Translucida!
Nas curvas do seu ombro, percebo as veredas da vida, percorrendo lentamente cada milímetro do seu corpo, nu, estirado nos lençóis coloridos que me consolam nas noites vazias.
Não consigo ficar longe do seu cheiro que me remete ao aroma do amor originário.
O seu viver é o meu alvorecer, nada seu que passa diante dos meus olhos se perde.
É como se eu pudesse ver no seu andar, um caminho novo a cada instante.
Perco-me nos fios de seus cabelos, gosto de me enroscar nos seus desejos,
Como se eu pudesse desenhar cada pedido meu, nos seus cílios quando beijo seus olhos.
E você me responde com um sorriso de canto, amoroso que desvenda o meu querer.
Consigo ver um desfile mágico quando você vem em minha direção.
É como se um vendaval acontecesse ao nosso redor e de repente a calmaria se dá quando você me abraça.
Você me recebe, me acolhe, invoca meus desejos mais íntimos quando me olha e me vê te olhar.
Toco-te, aonde seus olhos me devoram e me revelam, você se faz insinuadora e me invade.
Nos seus suspiros a minha vaidade se enobrece.
Na sua língua a minha palavra se emudece.
Nas suas pernas a minha malícia se faz.
Nos seus braços a minha fraqueza se esvai.
Em meus punhos a sua força se esvai.
E em tudo que eu penso, imagino ou construo você se faz presente.
Em cada batida do meu coração, sinto o ritmo da sua paixão que me orquestra.
No meu futuro, só existe o nosso existir.
Tudo que percebo no mundo, tem um toque da sua leveza, a mesma que me trás paz e harmonia.
Que me serve de calmaria para os dias que são intermináveis sem ter a sua vigia.
No nosso amor eu não me canso, não me irrito, não me constranjo!
Eu me recrio para te poetar todas as vezes que eu quero você a meu lado.
E no apagar da luz, em minha memória vive e sempre viverá o nosso retrato.
Eu cá e você ai, nós distantes, mas sorrindo e nos amando.
E nesta noite de quinta – feira eu sem você, me despeço nesta prosa,
Rimando, sorrindo e neste desassossego, fico na nossa saudade, chorando...


::ENGRENAGENS OBSCURAS::

Introspecção...
O que é de comum acordo, levantar todos os dias para aprender a viver?
Qual o gosto verdadeiro do amargo se não da lágrima que não rola do nosso rosto quando a felicidade também fere?
Então temos um pouco de loucura aqui por outro lado, estamos conectados a uma experiência doentia de sentimentos obscuros.
Vamos lá um pé por vez esta lama está nos afundando não adianta tentar driblar a força do corpo que nos carrega para o abismo.
O que queremos de verdade ?
Uma pele que possa ser arrebentada pelo frio que vem de nossa ancestralidade.
Puxe tudo para cima a luz parece maior deste ângulo.
Não adianta tentar mentir quando tudo que você acredita começa a despencar em cima da sua cabeça.
Tem um gigante andando em meu quintal e ele parece querer esmagar minha sanidade.
Eu deixo as borboletas rodopiarem no meu quarto em um ritual de desejo e morte.
Renascimento!
A frequência está organizada e tudo está freneticamente acelerado em meus sonhos.
Ouvi falar que uma águia trouxe um flash de tristeza no seu bico dourado e eu estou tomando todas as medidas possíveis para não ver refletido neste sol tudo aquilo que eu deixei passar no passado.
Calma, não pode ser somente um sonho eu não estou satisfeita o suficiente para recordar tantas reflexões.
Está tudo descontinuo, desencontrado com as minhas abstrações.
Sinto-me penetrada, invadida e usada por um tempo que só quer me interrogar e me submeter a uma realidade alternativa.
Eu posso aprender a me concentrar quando o trem arrasta seus vagões em direção ao abismo
Mas isso eu não consigo com os pés fincados a um chão tão gelado.
O meu inconsciente desenha sua abordagem mais profanas no meu consciente.
E então o que eu posso fazer a não ser observar a mim mesmo quando estou me deleitando com toda esta paranoia?
E se isso tudo durar para sempre para onde eu vou para me consultar a respeito das minhas estradas bifurcadas?
Estou autorizada a chorar?
Encontro-me em chamas e as labaredas estão consumindo meu ódio.
Este fogo é revelador, porque eu sempre quis me concentrar em algo que eu pudesse sentir de forma originaria e fortificada.
Eu não posso intimidar esta dor, eu não posso limitar os meus desejos.
Então eu vou desejar que isso tudo seja ácido e tóxico como as palavras que lanço nestas páginas.
Porque eu peguei o ladrão e ainda sim me sinto roubada pelo acaso.
Uma névoa se aproxima do meu peito e eu sinto um furacão me suspender do chão.
E algumas horas eu estava tão ausente que não consegui presenciar que isso estava tão perto.
Sinto muito, mas eu não posso colocar tudo que eu aprendi sobre a decepção nesta frustação imaginária.
Tão insuportavelmente eu vou indo, caminhando sobre um nevoeiro aonde as pessoas usam uma espécie de rosto diabólico e assustador.
Eu não fico nesta realidade por muito tempo, então eu preciso me segurar para que o vento não me arraste para aquele lugar aonde as coisas fazem tão pouco sentido quanto a minha falta de noção do que é real.
Felicidade o que você fez comigo?
Tristeza o que resta de mim depois que você se abrigou na minha alma?
Longe demais, vendo as ruas sumirem da minha visão.
Escute, tem um gerador barulhento em meus ouvidos estão querendo me fazer alucinar.
Engrenagens obscuras, eu não consigo simplesmente dormir para me recuperar.
Penetre em mim, eu preciso que algo me invada, porque eu estou imitando algo que eu já conheço bem, minha falta de vida.
É tudo meu tudo amargamente me pertence e posso pegar quando eu quiser mas não sei aonde guardar...