quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

...alguma coisa...

Abrindo os olhos.

As luzes se revelam, a noite fala, atravesso o asfalto cheio de lágrimas.

Algumas vezes eu tento dizer o que sinto, e peco duas vezes.

O que foi dito, não resume um futuro, e então eu pulo a sensibilidade que não tem prática.

Tenho mil nomes, mil fontes, mil maneiras de procurar uma nova visão,

E isso ainda não é o suficiente.

Eu converso comigo mesmo, e ela me diz que eu posso progredir,

E então eu rasuro as coisas, eu fundo um novo conceito, eu perco o juízo,

Falo de tudo que eu pensei que estava perdido.

O sol vai descer no horizonte, e comer um pedaço do dia, já não é lamentável.

Eu tomo o último trem, a espera de que, em uma estação eu esteja não mais segura e sim,

Consiga eu, uma maneira de não perder as esperanças, quando sinto minhas veias congelarem.

Se me falta emoção, eu não recorro a nada, eu deixo acontecer.

Os meus entendimentos andam velhos demais, eu tenho me portado como criança

Estou aprendendo a brincar na ponta dos pés.

Eu andei pensando em todos, e pensando que eu não posso criar um desapego,

Eu sinto que não sou a única, eu tento registrar as memórias antigas desoladas,

Naquele momento eu penso que, não posso revirar sempre as mesmas gavetas.

Bebendo uma dose, forte, de adrenalina momentânea,

Com a cabeça entre o céu e a terra, eu tenho apertado os olhos, chorado demais,

Mas, assim eu sinto que estou ajudando a amanhecer mais rápido.

A válvula está aberta, e as condições para que eu não me aborreça são ótimas,

Mas eu prefiro acreditar no dia seguinte, vendo os meus dedos criarem presságios loucos.

Estou de volta, abrindo as portas, e tantas maneiras eu busquei para ir ao antigo bosque,

Andar sobre aquelas árvores que um dia fizeram sombra para o meu passado,

Mas o inverno chegou, e eu agora ardo em um sol de 40 graus sem saber o que está por vir.

Vivendo sobre o sol que queima, entre as nuvens negras, eu vou prosseguindo a viagem,

Não mais preocupo – me em, solucionar as tragédias, algo vive sempre fora do lugar,

E eu não posso ficar me deslocando tanto tempo do mundo que vivo, eu posso magoar tudo,

Explodindo minha cabeça com escolhas inadequadas, quando nem mesmo posso voar como pensei.

Alguma coisa se move em mim.

Alguma coisa se move em mim.

Eu sei, eu falo da dor como se fosse vitima, mas eu não acredito em foco alojado, eu rebusco minha pele todos os dias quando me deito.

Não posso cair, eu sei, não sei, procurei, insisti e encontrei o que nunca pensei,

E ali eu abri uma grande cratera, os sons que vêem a minha penumbra, eu não minto quando digo que não tenho medo, eu apenas não compreendo o que sinto, e não persisto.

Alguma coisa se move fora de mim.

Alguma coisa se move fora de mim.

 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

...LINHA DA VIDA...

O pulsar da vida,

O instante em que sentimos que a morte quer nos abater, é um alívio provisório, nada mais.

Como dizer em particular que, articulando as coisas que eu penso, eu posso fazer de mim, um ser vivente?

Não posso.

Posso deduzir, substituir as perdas, justificar os atos, atrasar o que por mim foi pensado, na tentativa de resgatar um pedaço meu, que anda fora da matéria.

Para mim colher sonhos, realidades, é como se eu pudesse distrair uma linha da vida, para um outro lugar, um lugar, do qual não sei falar, mas sei que existe, e não explico o porque.

Tem uma hora que de tanto eu perguntar, eu aprendi a me calar diante das minhas absurdas resposta prepotentes. Foi ali, naquele momento em que eu percebi que falava demais, e vivia tão pouco o que eu não era capaz de decifrar.

Não que eu perdesse tempo em falar, mas falar, requeria de mim, um entendimento do silêncio subjetivo, aquele silêncio que dói, mas que constrói o diálogo para o molde a forma que, moldado este, torna-se um lindo quadro de existência.

Ninguém é sábio, e ser sábio, e também admitir certas ignorâncias, não ser intolerante, e nem buscar abrigo na dissimulação alheia, é um trabalho que exige mais do que pensamos pensar, é necessário abrir as portas para o eu sozinho.

Este eu sozinho que, por tanto tempo criei mitos, que por tanto tempo, construí atritos insanos, contos de vitima, de quem corria da realidade que, eu mesmo, havia construído para reinar sozinha.

Isso não resolve nada, também não posso dizer que não vive tudo aquilo sem emoção, vivi de uma maneira que não sei explicar, talvez explicando o que eu vivi, eu me perdesse cada vez mais no que eu criei.

Não importa, a vida bateu em minha porta e me exorcizou! Não tive nem mesmo um instante para pensar, refletir, nada disso, eu fui tomada pelas mãos da vida, e que mãos ! Desde aquele momento eu senti que agora sim, eu estava a viver intensamente, ou não, talvez daqui a alguns instantes eu receba outra vez, um puxão do presente.

O pulsar da morte, o enigma da vida, o exercício do bem – estar, a utopia, a grande chave dos mistérios, o próprio mistério, não se abriga em um casulo, não se abre, não se fecha, se vive.

E viver, hoje em dia, é o dia que nos escolhe para sermos vividos...