terça-feira, 17 de dezembro de 2013

:: QUANDO FECHA::

Não consigo me desconectar completamente das referências que tenho já em mim dadas. Falo das coisas aprendidas não apreendidas. Se o soar do sino fosse algo legítimo em meus ouvidos, já não mais seriam o soar dos sinos, mas um barulho tempestuoso.
O bater das asas da imaginação encontra tudo aquilo que concebo como textura do que é mágico. Escuta o barulho das asas?
Não, não é possível. A não ser que possamos transfigurar tudo aquilo que voa.
E se não voar, deixa de ser imaginação?
A pergunta que não cessa de ser:
O que se está sendo?
Talvez cavalos alados ou trens desgovernados indo em direção ao infinito.
E ele não chegará tão cedo.
Pode vir com a morte, se com sorte não teremos medo.
Medo tem cheiro de que?
Talvez de uma torta que está queimada no forno de alguém, exala precaução.
Percebo que no mundo tudo é explicado.
De uma forma ou outra o mundo parece totalmente falsificado.
Podemos fechar os olhos e ver na serenidade do tempo, uma dificuldade.
A dificuldade de ser tempo que não o somos.
Não somos tempo!
O tempo não é o que somos.
E este viver que parece sempre tão desfalcado, faltando algo, nunca se preenche.
Entre os atos conservados entre a disciplina e o pecado, vamos rastejando para o desejado.
O fim.
Porque então não se deixar existir para não compreender?
Compreensão é algo humanimal.
Como sabemos que algo é exatamente como criamos?
Não criamos, está tudo aí.
De uma forma já dada, a sombra é sombra e não deixa de ser sombra só porque olhamos para o outro lado.
Porque não conseguimos nos desvencilhar do que temos já pronto?
Não dá, estamos no processo de andarmos até o calcanhar arriar.
Quando sentimos que a vida já passou, na velhice e que não temos mais o que temer.
Temeremos sempre, este é o paradoxo.
Tememos o que em especifico ?
Tememos não acompanhar a trajetória de quem vem atrás?
Ou quem sabe de quem corre a nossa frente?
Quem está do lado?
Acabamos de descobrir a temível solidão.
Solidão pode ser escolhida, se bem resolvida.
Somos capazes de ficar em silêncio ouvindo os nossos murmúrios sem questionar a razão?
Talvez não.
Mas para que continuar então?
Temos que continuar, algo nos impulsiona fortemente a buscar, amor, prazer, dinheiro, dor e nos sentirmos quase sempre ausentes.
É o mistério que se abre e nos fecha.
Quando fecha, nos abre para uma imensidão de possibilidades.
De alguma forma estamos conectados a uma busca.
E esta busca nos conectar ao estar...




quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

:: CAIR E LEVANTAR::

A vida não escapa...
Se o carro quebra, a chuva molha e os dedos se dobram é porque estamos pulsando.
Não conseguimos viver em uma condição única, combinando as partes que nos faltam, sempre que não podemos, estamos ausentes.
Mas não ausentes para tão somente o mundo,
Ausentes de nossa própria consciência.
Porque tudo parece mover-se contra a corrente do rio, mas só parece.
O rio vai descendo, a enxurrada vai empurrando tudo lá para frente, aonde os olhos não podem observar a queda que está por vir.
E vem forte, como se de alguma forma participássemos de uma engrenagem sistematizada pelo Nada.
Um equivoco que emerge da urgência de que precisamos de alguma forma, despertar.
Mas as perguntas não cessam, destiladas de um pensamento articulado através da substância do agora, perdemos todo o excesso do existir em um segundo fracionado.
E as nuvens no céu não param.
Movimentando o azul que se perde diante de nossos olhos cansados, irritados pela fumaça que nos deixa tontos e instigados para dormir novamente...
De alguma forma, sinto que não dormimos.
Vamos viajando procurando soluções para problemas espirituais, relações, trabalho, família e neste instante, aonde estamos?
Talvez em algum fragmento deslocado no inconsciente.
Ali, aonde a tecnicidade não se instaurou de forma tão brusca.
Tentamos de toda forma nos apoiarmos nos livros, pessoas, opiniões, religiões , qualquer coisa parece que pode nos salvar e de uma hora para outra, nosso tripé arrebenta.
Caímos e só nos damos conta quando já sentimos o impacto do nosso  rosto no chão.
Chão gelado e, toda vez que tentamos entender porque estamos nesta posição, o peso da nossa consciência  temporal dói mais do que  a questão que tenta nos acometer emergencialmente.
O Despertar!
E mais uma vez nos levantamos, erguidos, falidos de sentimentos, somos provisórios, ficamos um tempo cautelosos, até que novamente o processo se dá.
Acabamos perdendo o medo da altura da queda e nos esquecendo de que essa resistência não nos torna sábios e sim estúpidos, mal acostumados com o que parece ocasional.
Não estamos mais montados em cavalos, andando de carro ou de algo que se movimenta para o progresso.
O presente nos açoita!
Quase que rastejamos todos os dias para algo que já sabemos que não tem finalidade.
Um pouco de dinheiro aqui, ali um convívio social e outro dia se foi.
A questão não é para onde ou somente para que estamos aqui.
Isso não mais questiona a autenticidade com que os fatos vão se desconstruindo século após século.
Tudo se trata de uma questão aberta,
Quem somos nós?
Quem se arrisca a perguntar baixinho, escuta um tremor dentro de si, fica de jejum.
Quem grita, perde a estrutura do que conhecia de si, devora a si mesmo.
Quem medita, questiona profundamente, sem voz, ouvido ou mentalidade condicionada.
Ilumina-se!
E quando falo em meditar, não estou dizendo que deve-se chegar no além, apenas falo do meditar como ferramenta da escuta, para que não falarmos em demasia aos ouvidos do EU. 
E desta pergunta em diante, nada mais adormece.
Não se confecciona mais o que um dia aprendeu sobre Eu, eles e o mundo.
Lançados dentro de um vulcão em erupção, a vida vai jorrando com força tudo para fora.
Neste descontrole, existimos!
Acordados.














segunda-feira, 4 de novembro de 2013

:: FUMAÇA::


Lançada na noite, tentando procurar uma palavra perdida, um som auscultado e sombrio que possa refletir em minha mentalidade mais ingênua a respeito da vida que se oculta.

Os móveis todos aqui, paralisados, como deve ser difícil, ter tanta história em cada milímetro de si e não poder narrar, esperar apenas que alguém, nós aqui de fora possamos olhar para eles e meditar profundamente sobre tudo o que eles nos remetem.

Como tornar-se autêntica em meio a este concreto rabiscado com suas teorias metafísicas e confusas, tão pouco lapidadas pela dor do existir?

Meditar sobre a fumaça que sai dos canos ácidos dos carros que correm para aonde o coração dos condutores não podem ir com a imaginação, tornou-se uma tarefa insólita e vulgar.

Sinto-me preguiçosa entre os vãos dos prédios que sobem, sobem e caem em segundos, como a pressão de uma senhora de 90 anos que vê o sol rasgar suas retinas quando pula de paraquedas pela primeira vez.

Percebo cada vez mais certa ignorância a respeito do pensar contemporâneo, eles pensam, pensam demais sobre tudo demasiadamente que os levam a morte de olhos abertos.

Sem que percebam, estão cavalgando em um intelectualismo petrificado e sem magia.

Não relaciono a magia algo racional e banalizado como “esotérico”, mas a magia do mistério a concepção do que nunca pode ser aberto por inteiro.

O mistério que não se fecha, que quando mergulhado, nos encharca até nos sentirmos estufados e no outro instante, vazios, ocos e mistificados...

 

 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

::GRÃO DO NADA::

O homem vive a medida daquilo que ele apenas conhece de si mesmo.
Sinto que cada vez mais o homem está preso a um sistema de reconhecimento banalizado sobre o mundo que vive.
Persistindo cada dia mais naquilo que ele tem medo de buscar, me refiro as coisas múltiplas que se fecham anos após anos. Dos mistérios do não compreendido que se exaltam apenas no silêncio das montanhas.
O homem moderno é exaltado pela arte do pensar, mas pensamento em que?
Para onde é direcionada a razão do homem moderno?
Talvez para tudo aquilo que ele e seu maquinário racionalizado o levam, para um abismo de ferro, lamaçal e estrangulado de certezas e condicionamentos tão distantes da realidade que o cerca.
Por algum motivo a lógica padronizou-se de uma forma que o homem ficou completamente chocado diante do espanto que ele proporciona a si mesmo, fetichismo cultural.
Vejo adoecer uma sociedade que não sabe o que é ser coletivo. Não participa daquilo que não o ocupa do tempo-espaço-paterno.
Aonde foi parar o homem que via de longe sua caça?
O homem atira com sua arma de fogo, sem mira, sem beira, sem eira, no mais confuso habitar irracional que ele compreende como padrão evolutivo.
Não se ocupa em pensar o não pensado, quer tudo mastigado, tudo concretizado, experienciado por uma ciência que ignora o Nada.
O vazio que o homem moderno procura preencher com seus métodos excêntricos e histéricos.
Qual a voz da modernidade?
Avanço?
Futuro?
Porque então buscar algo que só pode ser transmitido através da linha do positivo?
O confortável tornou-se uma prisão para os pensadores intelectualizados.
O homem sabe demais!
Sabe que tanto sabe que esquece do que soube.
Esquece-se de si mesmo.
Procurando uma cura para a morte, a solução para a boa sorte e luta contra a degeneração da impunidade.
Todos voltados para uma única questão.
O futuro.
Se pensamos no trabalho, nos filhos, nos amigos, nos bens, na moral, na ética, na lógica, no sentido, nas construções filosóficas, no que já está, pensamos no futuro.
Um futuro que parece estar sendo engendrado em uma panela de pressão.
Todos sabem, prestes a explodir!
Pessoas implodindo suas questões primárias, comendo suas próprias fezes, cuspindo o seu próprio veneno, borrando suas calças diante de um Armaggedon que parece libertador.
E quando se diz que não vamos nos importar diante do espanto da vida que escorre diante dos rios poluídos e das mentes pervertidas, somos acometidos pelo incidente do agora.
Não vamos fazer parar de chover.
Qual a nossa parte humana que ainda resiste a todos estes séculos?
Creio que apenas uma, a da dor.
Talvez também a da culpa nem se exaure diante dos sons magnéticos das notas que saem dos caixas eletrônicos, euforia!
A meta-linguagem, meta-física, nos fez meta-humanos.
Cada vez menos próximos de conquistarmos nossa humanização.
Voltar-se-á ao primitivo apenas aquele que procurar o refúgio na culpa por uma desumanização irracional.
Viver a espreita da natureza sem temer o Uno.
Os movimentos de sincronicidade estão cada vez mais refletidos das retinas quase cegas dos espertos.
Quem percebe, arde, vibra, chora, culpa-se por não ter notado um tempo que se dissolvia porque não era tempo vivido.
Não é possível ouvir o silêncio, nem mesmo quando estamos sem a nossa própria voz.
O pensamento replica, fica dizendo tudo aquilo que nos é obvio saber, o que aprendemos.
Tornaremos-nos grandes por sabermos de tudo?
Pela via mais condenada de todas,
A busca pelo absolutismo.
A busca por um conhecimento que não é cedido a quem quer saber demais.
Isso é tão gigantesco que ultimamente ouvir um índio andando na mata é mais intenso que escutar um estouro de uma granada em uma rua movimentada.
Estamos seguindo para uma nova era, ou velha, tardia, vadia!
A era do pensar que se pensa.
Do pensar o já pensado, buscado, dramatizado e incorporado.
As janelas da psique estão embaçadas pelo sopro dos que sonham pouco e agem demais.
Cansados de ler e reler milhares de feitos literários que só se destinam a nos acusar de só um fato,
Existência redundante!
Passamos por tudo, por todos, enxergamos cada vez melhor, pela ótica que fomos projetados a observar.
Ouvimos com os aparelhos moderados que nos ausentam do som profundo de uma gota diante de uma poça paralisada pela seca da maldade.
Estamos preparados para tudo mesmo.
Mas não para o Nada.








segunda-feira, 30 de setembro de 2013

:: VIVENCIANDO ::

O problema não é a falta de amor.
O problema é não ter amantes para receber o amor.
Não ter alguém com desejo para receber as rosas a serem retiradas dos campos virgens.
O amor escolhe os anfitriões que não temem nunca descobrir a verdade.
Por onde andarão os loucos, os bêbados caídos nas ruas frias com seus rascunhos poéticos?
Agora vivem em suas sociedades secretas a fim de tentarem desmitificar a sua compaixão.
Mundo sem amantes, sem ilusões e sem delirantes.
Existe um pouco de tudo isso, em algum lugar, eu sei que tem.
Quem beberá da última gota do veneno que extinguirá toda uma vida baseada em caos e egoísmo?
Quem abriria mão do hábito de pensar só em si e compartilhar com outrem a própria existência?
Hoje se reclama de tudo, do emprego, da falta de companheirismo, da ausência de respostas, das casas que desabam, dos carros que entopem uma cidade completamente melancólica.
Só se reclama!
Quem aprende a viver no tédio, não exclui a verdadeira experiência do Nada.
É fácil construir uma vida cheia de certezas, declarações de meia-verdade, construções projetadas para um fim que não nos cabe racionalizar.
A ideologia do início é baseada em um fim sem progresso, em um fio que antecede uma roda inteira de arrogância e desumanidade, tudo enroscado nas gargantas eufóricas de austeros.
Quem tem coragem de viver e dizer que não cabe saber de tudo, que não irá ter acesso ao suprassumo, mas que estará feliz em saber que se realizou em um processo enigmático e temperamental a respeito da engrenagem da vida.
Cada vez que comtemplo uma imagem sólida de uma noticia na televisão, mas chego a uma só ideia de mundo moderno.
Rachadura!
Porque as vozes que gritam e quebram barreiras são as mesmas que em um dia ensolarado estão trancafiadas em suas vontades tão mesquinhas, que se esquecem do outro lado de si, o outro.
O outro que calado, fica isolado da questão do agora.
Não resta muita coisa a ser feita, mas o pouco que temos, eu diria que se cultivarmos tudo sem ansiedade e egocentrismo, mudaria toda uma geração.
Para onde foi parar o amante nestas últimas linhas?
Aonde está o amor?
Está em tudo, porque não se pode vivenciar um copo cair sem se lembrar que ele irá fazer falta.
É preciso andar sobre os cacos, deitar levemente e perceber que também podemos ser quebrados a todo instante, mas que restará de nós uma lembrança, a ausência.



sexta-feira, 27 de setembro de 2013

::NUNCA-JAMAIS::

Sempre esperando o sol se deitar no horizonte...

Porque viver é uma arte e eu me sinto um pouco frustrada por não saber dominá-la tão bem.
Vivo a espreita das pessoas que andam pelas ruas pensando que estão atuando, brincando de ser gente grande enquanto no peito delas arde um coração tão infantil.
E porque viver é tão inconstante que eu tenho que me reinventar sempre,
Confesso que me perder é algo que é constante, já que escolhi não ser fixa, não ser dura, não ficar presa a qualquer experiência.
É quando de repente percebo que não consigo mais olhar gentilmente uma folha cair do alto de uma árvore e me dar conta da imensidão que me cerca.
Não sou capaz de ouvir o estalar dos galhos se desprendendo quando um pássaro a toca tão bruscamente.
Fiquei tão ocupada em tentar perceber que o tronco daquela árvore era rígido e mesmo assim, nas suas ondulações eu poderia deixar as marcas das minhas unhas.
Eu perdi uma parte, as raízes, eu sei que elas estão ali em algum lugar, mas estão tão profundas, enterradas aonde meus olhos não podem enxergar, mas sei que estão ali.
Então me deito no chão úmido, com o frescor da tarde de uma primavera silenciosa, fecho meus olhos e me entrego a esta tentativa angustiante de sentir que as raízes podem fazer parte de mim, são parte de mim, eu sei.
No fundo, bem lá no fundo, aprendi que estar triste também é estar de alguma forma vivendo algo bonito.
Porque quando a melancolia se vai, o sorriso, brota, singelo, sincero e puro.
Júbilo!
Como aquele sorriso que perdi quando descobri que o mundo não poderia mais caber dentro da minha realidade.
Porque eu sempre sonhei, ainda me sinto uma criança, um pouco mais hipnotizada do que o comum pelas coisas que passam e entrecruzam com a minha realidade.
Na verdade, eu nunca tive medo de nada, ser destemida sempre foi o meu lema, isso fez com que tudo que eu tenho até agora, se desfaça em um piscar de olhos na minha ilusão.
Sempre transformei meus medos em uma brincadeira de ser Deus.
Quando sou Deus, eu posso sentir que tudo que existe também é meu de alguma forma e que as pessoas também são como eu queria que elas fossem, no entanto,
Quando a brincadeira acaba eu percebo que não posso fazer isso sem sentir a mais profunda decepção, porque quando as pessoas somem da minha imaginação elas se revelam tão antipáticas e se dissolvem transformando-se em minhas angústias mais obscuras.
A vida vai caminhando sabe, para um lugar do desconhecido, aonde o mistério se mistura com o que eu percebo como pura sanidade.
Não temo mais a loucura, uma vez que aprendi a compreender que perceber o que está acontecendo na história de cada um, depende de como você se relaciona com o mundo que um dia quis apreender para si mesmo.
O meu mundo é repleto de amor, dor, satisfação, dissabor, prazer e fantasia.
Sinto falta de sentir que não posso me sentir.
De sumir e aparecer quando eu desejar, um dormir com a mente acordada.
Mas não posso escolher quando acessar as coisas que fazem parte de mim sem que eu queira.
Elas surgem no Nada, ou quando sinto um frio intenso, ali sou tocada, transformada e inundada.
Deste lugar, Nunca volto a mesma, eu entendi que não posso me manter como eu queria, eu sempre estarei sendo algo e no outro instante me transformarei para uma vida toda, aceitei!
Aceitei também que tudo que passa pelo meu caminho, ouço, respeito, observo e depois de perceber que posso consumir algo, cuspo em um movimento antropofágico.
Eu quero que permaneça em mim apenas as coisas que brotam do acaso.
 Transbordar dói, tira a veracidade dos instantes aonde rompo com as minhas certezas.
Não gosto das coisas completas, gosto do inacabado, do esgotado, do vazio e do que está sendo transmutado.
Eu gosto do  nunca-jamais.


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

::APELO AO AMOR::

Toda vez que penso em você, imagino um lago.
Não tenho medo da profundidade, da temperatura ou se poderei por fim, enxergar a margem mais adiante.
Não existe em meu coração a ousadia de duvidar que tudo que vem de você, me envolve imensamente.
Não me perco neste amor, me encontro nas horas mais gloriosas, que só se dão em sua presença.
Como posso eu falar de saudade se ela me cala quando não me aguento de vontade sua e corro feito louca para tentar quebrar um dia qualquer, a monotonia não me satisfaz.
No meu amor não existe tempo regular, existe o nosso tempo.
O mesmo é pedante, persistente e apaixonado pelos segundos nos quais estamos a sós.
Diz-me agora como se faz para desfazer este mundo todo que nos separa por longos quilômetros?
Eu te amo como se pudesse amar tudo e a todos em um só instante, você me preenche de multidões e de lugares os quais eu nunca vi ou estive, mas posso sentir através da sua presença que o amor revela todas as coisas que passei minha vida toda insistindo que não eram possíveis,  felicidade, sonho, amor e cumplicidade.
E é com você, exatamente contigo, que fui e sou capaz de viver intensamente todos os dias como se eles jamais pudessem me levar a um destino certo, chegar ao seu abraço, ao seu beijo, a sua alma e finalmente tocar o seu bondoso coração.
Por isso, não me canso de lhe bajular.
Todos os dias são os meus dias de lhe retribuir tudo de bom que você tem me dado e tudo aquilo que ainda irá me entregar.
Eu te amo com a loucura do devaneio mais frenético e incabível que possa ser possível para um humano suportar.
Não me sobra sigilo, desesperadamente procuro demonstrar fielmente o que sinto.
Porque sentir ainda não é suficiente.
O amor verdadeiro não se desgasta, não se isola, ele se contrai por virtuosas noites de solidão que quero que sejam estranguladas.
Como posso eu estar só se você inteira vive dentro de mim o tempo todo?
Eu não me retraio e escrevo a você.
Porque está é a minha maneira de tentar lhe explicitar o quanto você é única e por isso meu amor não se romperá como corda de relógio ao sol do meio-dia.
O meu amor é eterno porque é legitimado pelo que acredito e pelo que sou, fiel com as palavras, gestos e respeitosa com o que vem de meu coração.
Para sempre, amor.
Amor, meu para você, sempre.
Para o amor eterno.

O seu amor.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

:: A ESPADA DO AMOR::

O cavalheiro que antes era solitário, abaixa sua espada  lentamente, até a altura dos joelhos.
Com o coração em chama, sente arder, forte, intensamente.
Ele encontrou a redenção!!!
As batidas em seu peito parecem ensurdecedoras, mas não mortais.
Ele então percebe que o amor que carrega é tão puro que qualquer coisa que esbarre nas bordas do mesmo, dói.
De pensar na amada, tudo que mora dentro dele,  inflama, incha e nem que ele conseguisse respirar lentamente, pararia aquele pensamento todo.
Ele se ajoelha e pede para aquele sentimento ir embora, porque não suportaria perder sua amada, por qualquer motivo que fosse, ela agora havia se tornado um membro do corpo dele.
E ele chora, sua feição é de angústia, mas de repente sorri e seus lábios murmuram, pois o amor também está na saudade, no mal entendido, no erro e também  na compreensão.
Ele arranca lentamente cada parte da sua armadura pesada e fica nu.
Se recorda do abraço mais sincero, das mãos mais suaves e dos beijos mais paradisíacos que ele conheceu em toda sua vida, e se debruça bem devagar diante de tudo que o protegia e não teme mais nada.
O cheiro da pele de sua amada está por todo lugar, e ele sente que pode se levantar e voltar a caminhar sem temor algum, pois não está mais só.
Está com o amor e terá que apreender tudo que lhe for possível de mais belo e de mais terrível, pois todas as coisas que brotam no coração de um ser apaixonado quando é verdadeiro, não se apaga, não dissolve, não se corrói, às vezes dói, mas não trás melancolia, só renasce todos os dias sem que se queira, sem ser permitido, só vem e volta, fica e não se distrai. 
O amor abre as portas para um lugar desconhecido aonde as coisas acontecem e quem vive intensamente este sentimento do sentido, não pode pensar em desistir de si, pois mataria a si mesmo dentro daquilo que construiu através do outro.



domingo, 30 de junho de 2013

:: FORA DA JANELA::


Ela preferiu a morte ao perceber a sua própria pequenez.
Debruçou sobre as pernas e exalou o cheiro do pecado mais profundo.
Viu o louco dançar em frente a um espelho negro.
E a noite que tardava a cair, entrou dentro dela.
Se for possível desistir de si mesma, ela então entrava em um furacão quando pensava,
“Deus não me deu asas, me deu os pensamentos abismais.”
Tola, sossegou com o barulho dos arbustos balançando fora da janela.
Eles queriam entrar, participar daquilo tudo, mas estavam presos na terra.
De onde vinha este gosto de sangue que passeava da gengiva até a ponta da língua ?
Era um doce tormento, o gosto mais singelo do perdão.
Saia do coração...
A palidez mais cálida da madrugada.
E ela apenas sussurrou que não tinha medo de acordar.


terça-feira, 25 de junho de 2013

::SEGUNDO NÍVEL::

Não tem como escapar da vida, os passos são curtos para quem precisa correr de si mesmo.
E quando você consome toda agonia, brota no jardim, a semente da solidão.
Talvez a mais profunda de todas, por este tempo.
É possível beijar a morte, cravar os dentes no destino, mas não engolir a própria exaustão.
As ondas do mar estão altas, o farol coberto de melancolia, o alicerce está caindo.
Como descrever o acaso?
Posso deitar diante de uma muralha de tijolos pesados e morenos.
Ela se parece bem maior do que minha própria dor.
Quanto mais eu tento perceber em qual mundo vivo, menos aqui estou.
Minhas mãos não se cansam de descrever uma tempestade violenta que se aproxima.
Acabo por não desistir de me render a quem realmente eu sou.
As luzes do farol denunciam aonde estou escondida.
Um alarme alto me acorda para uma nova paisagem que o céu negro pintou.
Suas nuvens parecem que podem me degolar.
Elas são frias, parecem o oxigênio que em mim entrou.
Tento imitar os doentes, os valentes, mas a covardia nunca me abraçou.
Existe um porto seguro, uma mensagem vazia, um vazo aonde uma rosa vermelha brotou.
Tem alguém ai?
Talvez eu esteja repudiada, descasada e cansada do que a minha tolerância me ensinou.
O vinho velho minha mente consumou!
Uma vez me perguntaram por que eu vivia triste,
Respondi que não vivo apenas tão somente do amor.
Não importa o tamanho da minha felicidade, eu nasci para descrever o pavor.
Não é preciso estar dentro da escuridão para ser o quanto ela é perversa.
Basta fechar os olhos para se render a um grande mistério.
O Nada!
Então porque não descrever o amor?
Então porque não descrever a doçura?
Então porque não descrever a alegria?
Ambos são gigantes demais para mim, me inundam, preenchem uma parte de mim,
Enquanto a outra grita em meu ouvido pedindo clemencia precisando ser lançada para fora com calor.
E se eu pudesse escolher dentre tantas coisas que eu sinto, aonde estaria o meu fulgor?
Não sei e permanecer neste meio termo me faz visitar lugares aonde minha mente nunca imaginou.
No fundo não é possível escolher sobre o que se vai escrever, só se recebe.
Percebesse algo incomodo entrando vorazmente e a única coisa que salva é tentar descrever o que lá dentro de nós se instalou.
Acredito que sejam pedaços do mundo, do tudo, do Nada, daquele homem, mulher, animal, planta ou até mesmo de uma partícula que se multiplicou.
Só vem, instantaneamente, se não reagimos a este ataque, ele nos fulmina, causando uma sensação de embriaguez, tormenta, mal estar e péssimo humor.
Talvez seja uma maldição, ou não, ou claro porque não pensei nisso, seja no final das contas uma saída para algo que em nós se alojou.
Das experiências que vivemos inconsciente, no paralelo do estar-no-mundo, no choque com os ideias do consciente, algo que não perpetuou.
No final das contas, isso aqui, me relaxa  e espanta qualquer terror...


quarta-feira, 12 de junho de 2013

:: O PENSAMENTO DOS PÁSSAROS::

Eu posso não entender, mas vou dizer não posso servir somente ao dever. Falo do amor,  falo do amor de tudo, de todos, das esquinas e dos ponto isolados, das bancas, dos shoppings, das eufóricas, histéricas, das brigas, dos entendimentos não compreendidos que demoram a ser ouvidos porque, sentimentos verdadeiros sempre permanecem calados. O amor da amizade, da vaidade, da sinceridade, do visceral, do sexo e da saudade. Falo do que não entendo, porque quando estou falando, sou ouvinte e no eco destes falantes, faço do amor, um sentimento apequenado. Então porque não me calo? Porque não sussurro o amor? Não posso. Sinto muito, mas ele me enche rápido, de uma vez por todas, e depois se esvai. Mas volta e quando chega me leva a um lugar aonde existe hóspedes de conversando a respeito de inquietude e solidariedade. Não sei ser só, e ser só eu sei que sou, mas, não posso conversar somente com o escuro, com a sombra, com o sol que teima em tentar me cegar. Mas a noite vem e com ela uma multidão de pássaros quebrando janelas, tentando me ensurdecer, sentam-se no meu pensamento e escrevem aquilo que eu não posso me abster... O amor.

terça-feira, 4 de junho de 2013

::REPORTADA::

Cartas manchadas, baralho viciado.
Os melhores dias estão por vir, uma vez que eu aprendi a sentir algo novo.
Não posso dar as minhas coordenadas, eu sempre sei sucumbir quando preciso renascer.
A cabeça do louco está a prêmio eu vejo as rosas murcharem no jardim.
Nossa comunicação está surda.
Apague a luz, não tenha medo do meu escuro.
São estas figuras todas que podem te assustar?
Venha pode entrar no meu útero, eu não arriscaria tanto se não confiasse no que temo.
Quanto pode durar o tempo desta pílula?
O quanto você pode aguentar dentro de mim sem o seu ar de cada dia?
Eu sacrifico tudo, eu vou sangrar , me assista a apagar a luz interna.
Porque eu criei um mundo para escapar e não deu certo porque o caos me dominou.
Então me puna, arranque meus distúrbios e tudo que eu acredito com tanta força.
Devore-me até seus dentes rasgarem minha carne, eu quero sentir o sangue te purificar.
Em que você acredita agora?
As emoções estão de cabeça para baixo e estou entorpecida com a sua realidade.
Vire-me estou me afogando com as suas angústias.
Segure meu coração em suas mãos, você pode senti-lo agora com mais intensidade?
Acaricie-me lentamente, porque eu estou dependendo da sua tragédia para me libertar.
Sai fora de mim quando perceber que não pode sustentar por muito tempo o que eu lhe transmito.
Eu sou uma fera tentando sair da jaula lentamente.
Já não tenho tantas forças, eu sei, mas não desisti.
Você me deu outro mundo e eu apenas quero compartilhar do que podemos fazer em meio esta multidão de aflitos e estabilizados.


quinta-feira, 30 de maio de 2013

::O GOSTO DO VÍCIO::

Olhando para as estrelas, o que eu poderia não acreditar?
Se eu posso ter a possibilidade de crer que cada coisa possa me capturar.
O som está alto e eu não consigo pensar direito, e isso realmente é uma bomba atômica.
Enquanto um dorme o outro devora um mundo cheio de cicatrizes.
Então vamos abrir os olhos lentamente, as ruínas estão caindo.
É fácil tentar escapar, mas os trilhos estão cheios de sangue.
A solidão você não pode dominar, então não culpe se o frio te congelar.
Os jogos estão acabados e então alguma coisa me diz que pode arrebentar aquelas correntes antigas.
Conto até cinco, prendo a respiração e lá está a memória na sua voltagem máxima.
Me refiro a algo que não pode ser esculturado, ou criado com as próprias mãos.
O futuro é algo que não me assusta, porque no presente eu mato um demônio por dia.
Não adianta reclamar se as coisas não estão no lugar, por onde estivemos todo este tempo?
As lágrimas foram caído e não pudemos nos expressar como deveríamos.
Eu nunca tive sonhos que pudessem me engolir, as fantasias são exatamente voluntárias.
Até certo ponto eu ligo o rádio e ouço minha própria voz gritando que eu não posso desistir de tudo isso.
Apocalipse urbano ou não, os problemas estão me restaurando e eu tenho amado não ter controle sobre o que quero hoje em dia.
Então vamos tirar as mãos do freio.
Desgovernar por onde a estrada seja mais ampla e não cause tanto desconforto.
Você me disse que a realidade é cruel e eu pergunto você foi o bastante?
Doou-se até seus ossos doerem?
Não você tomou as pílulas erradas, caiu aonde o abismo era raso como sua capacidade.
E não pode confirmar a minha mensagem de que as virtudes estão se perdendo e você não pode pular para o degrau de cima?
Engula lentamente o gosto do vício de uma vida cheia de remorso!
Todo mundo dizia que eu iria enlouquecer, e eu o fiz.
Mas e agora?
Qual é a acusação?
Qual a letra de música que vão me dedicar agora?
Levante as bandeiras eu vou travar todo o sistema integrado de normalidades possíveis.
Porque eu não nasci para ficar no caso do acaso.
Eu nasci para escória dos padrões e isso não é rebeldia.
Desculpa se eu não tenho um mundo só para viver, eu vivo nos paralelos deste sistema anormal.
Não falo por um contexto social, não que isso seja tão banal, mas estamos em uma era aonde as pessoas estão se anulando tentando tapar seus traumas com alienações tão pouco subjetivas.
Quero ver a possessão e seu eu digo que os ossos não aguentam é porque eu quero ver as almas andarem por toda esta terra desolada.
Papai trai mamãe, mamãe cozinha com o vizinho e as crianças assistem a guerras civis.
E onde está o padrão?
Deixa os ralos serem abertos, o esgoto a flor da pele, o cheiro da maldade já não incomoda mais as vizinhas.
Então todos nós gostamos disso?
Eu prefiro o perdão em todos os casos, já que todos nós vamos ter que aprender a conviver com a culpa.


sexta-feira, 24 de maio de 2013

::NÃO SABIDO::


Pessoas vão e você permanece.
Então me guie, me deixe em uma direção segura.
Eu posso enlouquecer, porque eu estou com a alma aberta, e isso para você parece não confiável.
Você sabe aonde o lugar é seguro, percebe aonde existe meu apego.
Você finge não saber o que eu sempre quis.
As luzes estão apagadas e agora o show aparece e você pode transmitir o que eu quero ver.
E eu toco as coisas aonde eu queria que você estivesse neste momento.
Eu peço para que você fique, mas não sei se você permitiria que isso aconteça.
Então me acesse, perceba-me porque eu não posso sumir mais diante de seus olhos.
Podemos estar em lugares separados e isso nunca importou.
Porque tudo que eu falo, é para que você ouça, a minha voz é para ser ouvida ao seu ouvido.
Você trava tudo, porque eu sempre lhe trouxe insegurança, eu roubei seus demônios da estante.
E hoje você me traz o acolhimento e eu não vou fugir.
Traga-me o que você nunca conseguiu conceber, e eu consumo as suas independências.
Porque eu resisti a um tempo que você nunca poderá controlar.
Porque eu toquei um  lugar em mim que você não pode ignorar.
Eu peco em dizer que você nunca pode estar presente.
Mas eu sou inconstante, e agora tão imutável  por sua presença.
Não importa agora tudo parece tão distante e você tão perto.
E eu tenho medo que você não mergulhe nesta profundidade...
Eu sei que o mundo não parece justo e eu só peço humildade.
Aonde existem suas lagrimas eu suplico para que você abra seus olhos,
Para que seja capaz de enxergar uma redenção.
Fique calma, a lealdade demora, mas quando ela chega você pode temê-la.
Não precisamos mais de camuflagens, porque eu me sinto descoberta.
Eu posso dizer que é tempo de renascer e você ainda quer ser uma rainha.
E eu me exponho porque as nuvens querem apagar esta lua cheia.
Não tenha medo de sentir-me diante de seus olhos, desnuda.
Porque eu sofri a tudo, mas sei que quando você pode partir, poderei pelejar.
Mas para aonde o amor renasce, ali minha vida se dissipará aonde os deuses rejeitam a divindade.
E então eu tomo a palavra, me dê um tempo para que a confiança brote em seu coração.
Aonde eu pareça imortal pois eu resisti ao tempo para te esperar.
De todos os amores que eu vivenciei você foi o mais real, porque eu tive medo de morrer.

domingo, 19 de maio de 2013

:: INICIADO::


Eu não preciso me concentrar para que isso aconteça.

Refiro-me a esses pensamentos estranhos, insanos e tão amorais.

Eu avisto um homem montado em um cavalo negro, galopando em minha direção.
Ele trás um amuleto no pescoço, como quem trás uma história toda em seu coração na memória.
A paisagem está em decomposição, eu sinto o cheiro da morte entrando pelas narinas dele.
Jovem, com cara de quem já encarnou milhares de vezes um personagem pesado e fadado uma vida atrás de algo que não está destinado a encontrar.
Está frio, e as arvores sussurram através do balanço de seus galhos.
É como o grito de crianças recém-nascidas, desesperadas para chegarem e contemplarem a desgraça em um mundo derrocado e aonde as labaredas saem por todos os cantos dos vulcões, perseguindo os famintos por amor.
O perigo é um amigo dele, ele tem olhos fortes, penetrantes, aonde a loucura encontra seu acolhimento, aonde a solidão parece debruçar em seus braços longos e resistentes.
Seu tronco é forte como uma macieira antiga, suas veias retratam a força que ele carrega em si, o sofrimento corre pelas suas pernas, musculosas e ágeis, como de um garoto de 12 anos que procura um lugar para se esconder quando pratica algo que não é considerável pelo bem de todos.
O frio passa pelos seus pulmões, ele solta o ar congelado, transformando – os em fumaça, como se pudesse aquecer o que o cerca, em uma tentativa caótica de quem pode perfurar os sentidos do desconhecido.
Ele não tem mãe e nem pai, está desvelado.
Destituído de tudo aquilo que considero leal!
Ele olha de um lado para o outro, como se procurasse algo que precisa estar perdido, mais do que ele.
E encontra uma chance, desce de seu cavalo, curva-se diante de um rio, e suavemente bebe a água do inconsciente.
Quando ele fecha seus olhos para sentir a sede passar, os demônios entram através do seu esôfago e o fazem entrar em transe profunda....

segunda-feira, 6 de maio de 2013

::CÔMICO::


E aonde existia somente a luz, ergue-se o reino das trevas.
Não havia resguardo para o não revelado.
Só existia a penumbra, um errante torto que agora se encontrava enjaulado.
Não chorava mais, engolia o próprio pecado do medo.
Era ódio que brotava de suas lágrimas.
Em um profundo sono, à noite o recolheu.
Talvez porque a noite soubesse, que ele andava muito calado.
Que não era capaz de cuspir o mal para fora.
Aquele homem condenado que vivia desolado e  perturbado, só pensava na morte.
Ligeiramente perdeu-se em um labirinto de tristeza.
E dali, não se soube mais daquele desgraçado.
Como poderia ainda ter calma, se no lugar da sua alma, agora jazia um desespero pelo vício de mutilar-se com suas culpas.
Foi uma tortura imensa, ver suas asas podadas pelo rancor.
Jorrava sangue de suas costas, desenhando o terror como se a dor tivesse dedos afiados.
Debatia-se no chão, respirava como se cada suspiro dele fosse o último.
Da ousadia, desafiava o poder do oxigênio que havia em seus pulmões.
Seu coração se negava a aceitar o sofrimento, batia como se bate em uma porta querendo sair depressa.
Ele não morria!!!
Não podia simplesmente falecer ali.
Ali era perto demais de tudo, era longe demais para chegar ao prometido descanso.
Atordoado, virava-se para o chão, lambia o próprio sangue, procurando nisso a redenção.
E não obtinha sucesso algum, pois era rude demais para aceitar a negação.
Ele tinha que permanecer nisso, até que sua jornada terminasse e a vida lhe desse outro fôlego para gestar uma nova transformação...





quarta-feira, 24 de abril de 2013

::MENOS::


Eu estou sem cor novamente.
As flores começam a murchar, eu vejo o espiral na minha mente.
Fiz um monte de coisas, senti cada uma delas, toquei cada pedaço das minhas trevas.
Eu pude sentir, novamente...
Os passos estão mais curtos e as lágrimas estão congeladas.
Desejo que eu não consiga mais desejar estar tão longe.
Este tipo de dor não passa com uma pílula e nem com um banho gelado.
Sacrificar tudo que se tem para se arriscar a morrer na tragédia.
Era tudo isso que eu queria?
Escapei para algo terrível aonde eu não me importava em sentir este ressentimento.
Tudo está morrendo, eu estou construindo uma nova abertura.
Esta rachadura parece mais profunda e mais cruel.
Minhas mãos estão atadas e agora eu vejo a emoção densa me estrangular.
Não estou preparada, não deste jeito.
Aonde eu desenhei a minha virtude, se torna um grito de desespero em meio a uma multidão surda.
As paredes estão caindo em cima de mim, e eu não quero ficar para ver cada tijolo me soterrar.
Será este um novo abrigo que estou construindo?
Eu preciso acordar, ou realmente eu deva sentir tudo com esta intensidade para me manter viva.
E se esta penalidade for a única coisa que me torne real?
Eu preciso acordar antes da noite acabar.
Porque eu estou ficando sem ar, eu não consigo escolher o que me torna substancial.
Eu preciso sair, antes que meu ultimo suspiro me traga novamente a vida alada...


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

::CARREGANDO...::


Melancolia, nome feminino para dor.
Assustador, nome masculino para amor.
Ser temperamental não resolverá.
As peças continuam caindo e eu sinto como se algo quisesse me engolir.
Todas as escolhas, as mortes, as flores, as aberrações eu fui longe.
Estou alta demais e os navegantes estão pulando para fora do barco.
O mar aberto me lembra que estou sem destino.
Confiar em algo que eu não possa sentir, é o destino, marginalizando minhas veias.
Eu sabia que estas ruínas um dia desabariam sobre minha cabeça.
Minha mente dá piruetas e eu tonta percebo o quanto fui tola.
Quando eu pensei que estava acertando, eu tinha na verdade que errar para meditar sobre o que estava suspenso.
Posso substituir tudo, arrecadar doações deste mundo.
Vou selecionar as correspondências, as exibições estão canceladas.
Eu não posso responder a nada, minha noite não pode ter o dia inteiro para durar.
O caminho para o farol está bloqueado, as águas tomaram todo meu espírito.
O meu descanso está nas tardes, assombradas pela melancolia do estar.
Ausente!


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

:: O NÃO QUE É::


Não tem Sol, não tem Lua, porém ainda tem medo.
Não tem rosto, não tem ouro, porém tem Segredo.
O que arde fora e em mim não tem fogo?
O que jorra água dentro de mim e não tem seca?
O que sou eu em mim e não tem mistério?
O nada!!!
A glória renasce, mas não me salva.
O que emite o som, mas não tem ouvido?
O que tem ouvido e não tem voz?
É o cochilo!


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

::O MEDO DO NÃO SER::


Quanto de melancolia podemos suportar?
Se suportamos então de alguma forma vencemos algo que tenta nos consumir.
Morremos e vivemos todos os dias, todos os instantes, cada um em uma tonalidade diferente.
O contraste mais forte acontece quando acordamos e sentimos que ainda somos reais.
Temos que lidar com tantas coisas ao mesmo tempo, será possível nos separarmos de tudo que está conosco mesmo quando não aceitamos?
Não aceitar também é uma escolha, pode ser dolorida, mas também floresce.
Em todo sofrimento que experienciamos, bem ali no meio desta confusão negra, existe esperança, expectativa, dor e satisfação.
Mas, só há e isso basta para que possamos degustar até o final da garrafa da nossa frustração.
Por mais que possamos nos enjaular das tempestades sombrias e das feras que nos habitam, as coisas sempre serão somente nossas em cada partícula em cada átomo de vida.
Ser tão real também é tentar não existir, às vezes dói porque a ferida parece que não cessa enquanto não dormimos.
E quando dormimos, imagino que cada parte do nosso corpo se refaz das amarguras, dos desejos que ainda não estão prontos para vir.
Não se tolera a vida, não se escolhe a morte, não somos capazes de nos abster do que não somos.
Cansa ver os passos que ficam para trás, mas de certa forma eles também nos guiam.
Talvez para um lugar que não tenha conforto, mas é um lugar que também nos abraça.
Neste abraço, é possível sentir o cheiro da chuva cair e as pétalas das rosas trançarem nosso corpo.
É a morte assoprando bem lentamente, quando em um suspiro próximo, sentimos o fogo da vida enxugar nossas lágrimas de dentro para fora.
Não compreendemos muito bem o que temos, o  medo de ter pode ser maior do que o não ter.
E se já temos, conservamos em um lugar paradisíaco aonde dançam nossas fantasias.
Quem nunca teve medo de encarar as próprias fantasias?
Quem nunca teve medo de assumir que quando o barulho do cotidiano para, estamos finalmente a sós com nossas palavras que se instalam em um lugar da mente, que não podemos guiá-las para fora.
E se elas saem, é como se pela primeira vez pudéssemos sentir o palidez do tudo.
É tão bom que se esvai diante da nossa respiração ofegante e sem controle, ficamos mudos, presos, catárticos e assombrados pela raiz da nossa verdadeira fala.
Não temos ouvidos suficientemente bons para ouvirmos os nossos instintos, não percebemos o que somos na totalidade, ali já não somos.
E voltamos para nossa melancolia que talvez não possamos suportar...