terça-feira, 17 de dezembro de 2013

:: QUANDO FECHA::

Não consigo me desconectar completamente das referências que tenho já em mim dadas. Falo das coisas aprendidas não apreendidas. Se o soar do sino fosse algo legítimo em meus ouvidos, já não mais seriam o soar dos sinos, mas um barulho tempestuoso.
O bater das asas da imaginação encontra tudo aquilo que concebo como textura do que é mágico. Escuta o barulho das asas?
Não, não é possível. A não ser que possamos transfigurar tudo aquilo que voa.
E se não voar, deixa de ser imaginação?
A pergunta que não cessa de ser:
O que se está sendo?
Talvez cavalos alados ou trens desgovernados indo em direção ao infinito.
E ele não chegará tão cedo.
Pode vir com a morte, se com sorte não teremos medo.
Medo tem cheiro de que?
Talvez de uma torta que está queimada no forno de alguém, exala precaução.
Percebo que no mundo tudo é explicado.
De uma forma ou outra o mundo parece totalmente falsificado.
Podemos fechar os olhos e ver na serenidade do tempo, uma dificuldade.
A dificuldade de ser tempo que não o somos.
Não somos tempo!
O tempo não é o que somos.
E este viver que parece sempre tão desfalcado, faltando algo, nunca se preenche.
Entre os atos conservados entre a disciplina e o pecado, vamos rastejando para o desejado.
O fim.
Porque então não se deixar existir para não compreender?
Compreensão é algo humanimal.
Como sabemos que algo é exatamente como criamos?
Não criamos, está tudo aí.
De uma forma já dada, a sombra é sombra e não deixa de ser sombra só porque olhamos para o outro lado.
Porque não conseguimos nos desvencilhar do que temos já pronto?
Não dá, estamos no processo de andarmos até o calcanhar arriar.
Quando sentimos que a vida já passou, na velhice e que não temos mais o que temer.
Temeremos sempre, este é o paradoxo.
Tememos o que em especifico ?
Tememos não acompanhar a trajetória de quem vem atrás?
Ou quem sabe de quem corre a nossa frente?
Quem está do lado?
Acabamos de descobrir a temível solidão.
Solidão pode ser escolhida, se bem resolvida.
Somos capazes de ficar em silêncio ouvindo os nossos murmúrios sem questionar a razão?
Talvez não.
Mas para que continuar então?
Temos que continuar, algo nos impulsiona fortemente a buscar, amor, prazer, dinheiro, dor e nos sentirmos quase sempre ausentes.
É o mistério que se abre e nos fecha.
Quando fecha, nos abre para uma imensidão de possibilidades.
De alguma forma estamos conectados a uma busca.
E esta busca nos conectar ao estar...




quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

:: CAIR E LEVANTAR::

A vida não escapa...
Se o carro quebra, a chuva molha e os dedos se dobram é porque estamos pulsando.
Não conseguimos viver em uma condição única, combinando as partes que nos faltam, sempre que não podemos, estamos ausentes.
Mas não ausentes para tão somente o mundo,
Ausentes de nossa própria consciência.
Porque tudo parece mover-se contra a corrente do rio, mas só parece.
O rio vai descendo, a enxurrada vai empurrando tudo lá para frente, aonde os olhos não podem observar a queda que está por vir.
E vem forte, como se de alguma forma participássemos de uma engrenagem sistematizada pelo Nada.
Um equivoco que emerge da urgência de que precisamos de alguma forma, despertar.
Mas as perguntas não cessam, destiladas de um pensamento articulado através da substância do agora, perdemos todo o excesso do existir em um segundo fracionado.
E as nuvens no céu não param.
Movimentando o azul que se perde diante de nossos olhos cansados, irritados pela fumaça que nos deixa tontos e instigados para dormir novamente...
De alguma forma, sinto que não dormimos.
Vamos viajando procurando soluções para problemas espirituais, relações, trabalho, família e neste instante, aonde estamos?
Talvez em algum fragmento deslocado no inconsciente.
Ali, aonde a tecnicidade não se instaurou de forma tão brusca.
Tentamos de toda forma nos apoiarmos nos livros, pessoas, opiniões, religiões , qualquer coisa parece que pode nos salvar e de uma hora para outra, nosso tripé arrebenta.
Caímos e só nos damos conta quando já sentimos o impacto do nosso  rosto no chão.
Chão gelado e, toda vez que tentamos entender porque estamos nesta posição, o peso da nossa consciência  temporal dói mais do que  a questão que tenta nos acometer emergencialmente.
O Despertar!
E mais uma vez nos levantamos, erguidos, falidos de sentimentos, somos provisórios, ficamos um tempo cautelosos, até que novamente o processo se dá.
Acabamos perdendo o medo da altura da queda e nos esquecendo de que essa resistência não nos torna sábios e sim estúpidos, mal acostumados com o que parece ocasional.
Não estamos mais montados em cavalos, andando de carro ou de algo que se movimenta para o progresso.
O presente nos açoita!
Quase que rastejamos todos os dias para algo que já sabemos que não tem finalidade.
Um pouco de dinheiro aqui, ali um convívio social e outro dia se foi.
A questão não é para onde ou somente para que estamos aqui.
Isso não mais questiona a autenticidade com que os fatos vão se desconstruindo século após século.
Tudo se trata de uma questão aberta,
Quem somos nós?
Quem se arrisca a perguntar baixinho, escuta um tremor dentro de si, fica de jejum.
Quem grita, perde a estrutura do que conhecia de si, devora a si mesmo.
Quem medita, questiona profundamente, sem voz, ouvido ou mentalidade condicionada.
Ilumina-se!
E quando falo em meditar, não estou dizendo que deve-se chegar no além, apenas falo do meditar como ferramenta da escuta, para que não falarmos em demasia aos ouvidos do EU. 
E desta pergunta em diante, nada mais adormece.
Não se confecciona mais o que um dia aprendeu sobre Eu, eles e o mundo.
Lançados dentro de um vulcão em erupção, a vida vai jorrando com força tudo para fora.
Neste descontrole, existimos!
Acordados.