segunda-feira, 30 de setembro de 2013

:: VIVENCIANDO ::

O problema não é a falta de amor.
O problema é não ter amantes para receber o amor.
Não ter alguém com desejo para receber as rosas a serem retiradas dos campos virgens.
O amor escolhe os anfitriões que não temem nunca descobrir a verdade.
Por onde andarão os loucos, os bêbados caídos nas ruas frias com seus rascunhos poéticos?
Agora vivem em suas sociedades secretas a fim de tentarem desmitificar a sua compaixão.
Mundo sem amantes, sem ilusões e sem delirantes.
Existe um pouco de tudo isso, em algum lugar, eu sei que tem.
Quem beberá da última gota do veneno que extinguirá toda uma vida baseada em caos e egoísmo?
Quem abriria mão do hábito de pensar só em si e compartilhar com outrem a própria existência?
Hoje se reclama de tudo, do emprego, da falta de companheirismo, da ausência de respostas, das casas que desabam, dos carros que entopem uma cidade completamente melancólica.
Só se reclama!
Quem aprende a viver no tédio, não exclui a verdadeira experiência do Nada.
É fácil construir uma vida cheia de certezas, declarações de meia-verdade, construções projetadas para um fim que não nos cabe racionalizar.
A ideologia do início é baseada em um fim sem progresso, em um fio que antecede uma roda inteira de arrogância e desumanidade, tudo enroscado nas gargantas eufóricas de austeros.
Quem tem coragem de viver e dizer que não cabe saber de tudo, que não irá ter acesso ao suprassumo, mas que estará feliz em saber que se realizou em um processo enigmático e temperamental a respeito da engrenagem da vida.
Cada vez que comtemplo uma imagem sólida de uma noticia na televisão, mas chego a uma só ideia de mundo moderno.
Rachadura!
Porque as vozes que gritam e quebram barreiras são as mesmas que em um dia ensolarado estão trancafiadas em suas vontades tão mesquinhas, que se esquecem do outro lado de si, o outro.
O outro que calado, fica isolado da questão do agora.
Não resta muita coisa a ser feita, mas o pouco que temos, eu diria que se cultivarmos tudo sem ansiedade e egocentrismo, mudaria toda uma geração.
Para onde foi parar o amante nestas últimas linhas?
Aonde está o amor?
Está em tudo, porque não se pode vivenciar um copo cair sem se lembrar que ele irá fazer falta.
É preciso andar sobre os cacos, deitar levemente e perceber que também podemos ser quebrados a todo instante, mas que restará de nós uma lembrança, a ausência.



sexta-feira, 27 de setembro de 2013

::NUNCA-JAMAIS::

Sempre esperando o sol se deitar no horizonte...

Porque viver é uma arte e eu me sinto um pouco frustrada por não saber dominá-la tão bem.
Vivo a espreita das pessoas que andam pelas ruas pensando que estão atuando, brincando de ser gente grande enquanto no peito delas arde um coração tão infantil.
E porque viver é tão inconstante que eu tenho que me reinventar sempre,
Confesso que me perder é algo que é constante, já que escolhi não ser fixa, não ser dura, não ficar presa a qualquer experiência.
É quando de repente percebo que não consigo mais olhar gentilmente uma folha cair do alto de uma árvore e me dar conta da imensidão que me cerca.
Não sou capaz de ouvir o estalar dos galhos se desprendendo quando um pássaro a toca tão bruscamente.
Fiquei tão ocupada em tentar perceber que o tronco daquela árvore era rígido e mesmo assim, nas suas ondulações eu poderia deixar as marcas das minhas unhas.
Eu perdi uma parte, as raízes, eu sei que elas estão ali em algum lugar, mas estão tão profundas, enterradas aonde meus olhos não podem enxergar, mas sei que estão ali.
Então me deito no chão úmido, com o frescor da tarde de uma primavera silenciosa, fecho meus olhos e me entrego a esta tentativa angustiante de sentir que as raízes podem fazer parte de mim, são parte de mim, eu sei.
No fundo, bem lá no fundo, aprendi que estar triste também é estar de alguma forma vivendo algo bonito.
Porque quando a melancolia se vai, o sorriso, brota, singelo, sincero e puro.
Júbilo!
Como aquele sorriso que perdi quando descobri que o mundo não poderia mais caber dentro da minha realidade.
Porque eu sempre sonhei, ainda me sinto uma criança, um pouco mais hipnotizada do que o comum pelas coisas que passam e entrecruzam com a minha realidade.
Na verdade, eu nunca tive medo de nada, ser destemida sempre foi o meu lema, isso fez com que tudo que eu tenho até agora, se desfaça em um piscar de olhos na minha ilusão.
Sempre transformei meus medos em uma brincadeira de ser Deus.
Quando sou Deus, eu posso sentir que tudo que existe também é meu de alguma forma e que as pessoas também são como eu queria que elas fossem, no entanto,
Quando a brincadeira acaba eu percebo que não posso fazer isso sem sentir a mais profunda decepção, porque quando as pessoas somem da minha imaginação elas se revelam tão antipáticas e se dissolvem transformando-se em minhas angústias mais obscuras.
A vida vai caminhando sabe, para um lugar do desconhecido, aonde o mistério se mistura com o que eu percebo como pura sanidade.
Não temo mais a loucura, uma vez que aprendi a compreender que perceber o que está acontecendo na história de cada um, depende de como você se relaciona com o mundo que um dia quis apreender para si mesmo.
O meu mundo é repleto de amor, dor, satisfação, dissabor, prazer e fantasia.
Sinto falta de sentir que não posso me sentir.
De sumir e aparecer quando eu desejar, um dormir com a mente acordada.
Mas não posso escolher quando acessar as coisas que fazem parte de mim sem que eu queira.
Elas surgem no Nada, ou quando sinto um frio intenso, ali sou tocada, transformada e inundada.
Deste lugar, Nunca volto a mesma, eu entendi que não posso me manter como eu queria, eu sempre estarei sendo algo e no outro instante me transformarei para uma vida toda, aceitei!
Aceitei também que tudo que passa pelo meu caminho, ouço, respeito, observo e depois de perceber que posso consumir algo, cuspo em um movimento antropofágico.
Eu quero que permaneça em mim apenas as coisas que brotam do acaso.
 Transbordar dói, tira a veracidade dos instantes aonde rompo com as minhas certezas.
Não gosto das coisas completas, gosto do inacabado, do esgotado, do vazio e do que está sendo transmutado.
Eu gosto do  nunca-jamais.


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

::APELO AO AMOR::

Toda vez que penso em você, imagino um lago.
Não tenho medo da profundidade, da temperatura ou se poderei por fim, enxergar a margem mais adiante.
Não existe em meu coração a ousadia de duvidar que tudo que vem de você, me envolve imensamente.
Não me perco neste amor, me encontro nas horas mais gloriosas, que só se dão em sua presença.
Como posso eu falar de saudade se ela me cala quando não me aguento de vontade sua e corro feito louca para tentar quebrar um dia qualquer, a monotonia não me satisfaz.
No meu amor não existe tempo regular, existe o nosso tempo.
O mesmo é pedante, persistente e apaixonado pelos segundos nos quais estamos a sós.
Diz-me agora como se faz para desfazer este mundo todo que nos separa por longos quilômetros?
Eu te amo como se pudesse amar tudo e a todos em um só instante, você me preenche de multidões e de lugares os quais eu nunca vi ou estive, mas posso sentir através da sua presença que o amor revela todas as coisas que passei minha vida toda insistindo que não eram possíveis,  felicidade, sonho, amor e cumplicidade.
E é com você, exatamente contigo, que fui e sou capaz de viver intensamente todos os dias como se eles jamais pudessem me levar a um destino certo, chegar ao seu abraço, ao seu beijo, a sua alma e finalmente tocar o seu bondoso coração.
Por isso, não me canso de lhe bajular.
Todos os dias são os meus dias de lhe retribuir tudo de bom que você tem me dado e tudo aquilo que ainda irá me entregar.
Eu te amo com a loucura do devaneio mais frenético e incabível que possa ser possível para um humano suportar.
Não me sobra sigilo, desesperadamente procuro demonstrar fielmente o que sinto.
Porque sentir ainda não é suficiente.
O amor verdadeiro não se desgasta, não se isola, ele se contrai por virtuosas noites de solidão que quero que sejam estranguladas.
Como posso eu estar só se você inteira vive dentro de mim o tempo todo?
Eu não me retraio e escrevo a você.
Porque está é a minha maneira de tentar lhe explicitar o quanto você é única e por isso meu amor não se romperá como corda de relógio ao sol do meio-dia.
O meu amor é eterno porque é legitimado pelo que acredito e pelo que sou, fiel com as palavras, gestos e respeitosa com o que vem de meu coração.
Para sempre, amor.
Amor, meu para você, sempre.
Para o amor eterno.

O seu amor.