quinta-feira, 27 de agosto de 2009

::CAPTURA DO AGORA::

Eu nunca tive propriedade alguma...
Sempre quis me apossar das coisas, para tentar alargar minha essência,
E não Vivi, não vivenciei o mundo, não compreendi o sensível no seu “uno”.
Estou me desapegando das coisas, pessoas, sentimentos.
Eu quero ser possuída pelo instante originário primitivo.
Preciso ser tomada por um absurdo cósmico, surpreender-me como que está agora.
O agora, quero ser laçada por ele, sentir o cheiro do perfume da manhã cinza,
Sentir o vazio que brota das almas nas ruas, ouvir os balbucios dos cômicos repertórios de diálogos alheios.
Não quero ficar embalsamada em um período só.
Quero todos os tempos contra meu intelecto, quero um mundo de oportunidades únicas.
Eu ando ouvindo a mim mesma, e esquecendo de ouvir os meus passos nesta terra.
Fértil, eu preciso ser fértil, procriar a liberdade de meu espírito de uma forma singela.
Poder sentir que, cada dia mais, estou me desprendendo da matéria,
Mas para isso, preciso senti-la em seu todo, como eu sendo parte do uno.
Estou em um processo de formação assombrosa.
Aflita, mas com uma força muito grande, vontade de ver as pequenas coisas da vida brotarem.
Fui capturada pelo agora, e ainda não voltei...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

::A VISÃO::


Não é um cisco em meus olhos, é um tornado formando-se em minha face.
Náusea, eu sinto náusea da minha própria condição no mundo.
Eu preciso sair deste estágio, sinto falta de alguma coisa que me complete como ser-aí.
Avisto um fio dourado, um labirinto cheio de vontades, uma tempestade que está pedindo para ser movida para longe, bem longe de mim...
Não tenho medo mais do perigo da insanidade, eu tenho sido verdadeira comigo mesma.
Eu erro demais, e vivo dormindo em cima da esperança.
Agora eu peco menos, e existo de uma forma mais voraz, eu sou eu mesma em vários lugares com expectativas diferentes.
Quem viu o passado, não consegue me ver diante das possibilidades que aprendi a compreender.
As vezes eu desejo ficar um tempo no universo, viver diante dos buracos negros, no choque exato das consciências, pensar lentamente sobre o tempo daqui com os moldes cósmicos.
Mas não dá, a vida não para, e ser somente cosmo não me serve mais, tenho que unificar as coisas, intensificar minhas mudanças, eu tenho que existir cada vez mais diferentemente.
Apreciar as pequenas coisas, prestar atenção nos sinais e não perder oportunidades únicas.
Estou presenciando a herança do amor, da bondade, fidelidade na sensibilidade.
Estou indo além de um monte de livros, de obras fantásticas literárias.
Eu tenho que ter minha própria obra, ter algo palpável neste mundo.
Existir como eu sempre fui criada para viver, liberta do medo de viver.
E se alguma coisa acabar, eu posso contar com minha fé, ela não me faz desandar.
Eis o firmamento!
O desenvolvimento da minha esta em andamento...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

::A MALDIÇÃO DO INDIO::

Um enorme Índio montado em um cavalo negro...

Um moço belo estirado na cama, com o lençol azul manchado de vermelho, sangue puro.

Destruição, maldição, exibição de um ciclo maléfico.

Olhos flamejantes, corpo de Índio forte, com os dez dedos insinuando violência.

Vejo um tridente pendurado na parede, marcando um território conjurado pelo medo.

Eu vejo o suor escorrer do rosto dele, ele parece satisfeito, mas um pouco nervoso.

Este quarto cheia a podridão, a vícios, uma moral corrompida.

Linhas compridas desenham um tetragramaton no teto anunciando uma purificação.

Um jovem deitado em cima de um passado doentio, um bode ofegante em sua cabeceira.

O índio transforma-se em um jovem atraente e despeja melancolia pela ponta do dedo indicador, caindo diretamente na boca do jovem adormecido.

O moço belo, tem uma espada deitada no peito, cheia de remorso, que cheira o perfume de sua mãe.

Seu pai chora no andar debaixo, esperando que o “bode” saia para que ele possa entrar para matar o jovem atormentador de alma ingênua e de um amor doloroso.

O moço chora, em seguida cospe toda melancolia do índio para os vãos da cama, e vomita todo seu sangue amaldiçoado para fora do corpo.

Ele está libertando-se do outro, ele está purificando seus sentimentos, ele está ouvindo a sim mesmo...

Eu vejo o indio ir embora jogando seu coração na fogueira que está montada na sacada do moço belo!!!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

:: PAN ::

Fé, gestos e comoção...
Uma roda da fortuna de ponta-cabeça,
Um balde de lágrimas,
Uma sensação única de sorte futura.
A janela aberta, o paraíso revelado,
O cavalheiro das sombras em seu cavalo alado.
A visão do céu,
A abertura do inferno sendo desvelado.
É coisa divina,
Coisa única, essência de prometeu em sua cura sagrada.
O corpo escultural, a propagação do natural no imanente revigorado.
A estratégia das Moiras, o Pan nu enjaulado.
É coisa de Deus de mãos dadas com o Diabo.
Vai e volta,
Prende e solta!
A alma pendura na terra,
A terra vira, jorrando todo o cosmo,

Começarei minha nova jornada...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

:: O LUAR ::

Eu vi uma lua brilhante e cheia no céu, e junto dela um banho de mistérios eu tomei.

O instante coagulou o presente, e eu de tão ausente me vi correspondente com um astro onipotente.
Um circulo, inaugura um ritual bruto do mundo maligno.
O banco dos inocentes, que lutavam contra aquela força agressiva que tentava nos atirar no lago negro.
Eu vi três demônios em forma de gente.
De gente inconseqüente, demente e doente.
De preto, acompanhados por uma mala cheia de pestes violentas.
A grama verde não escondia o cenário de puro terror, aonde cada passo era calculado pelo divino imaculado estar.
Não se ouviu risadas, só duvida e dor.
Rancor, freneticamente pude observar uma dança, o balançar de um anjo, e presenciei um curador marcando seu território, e uma guerreira abrindo-se para um mundo de pavor.
Vi uma estrela do lado daquele astro luminoso, representando que eles não estavam a sós com o terreno.
Vivificando, anunciando, o prenuncio de uma nova era, absorvendo as penumbras do passado, os excessos de intuições, marchas lentas de ingenuidade sempre rompidas por sussurros inconscientes.
Um segredo ali foi revelado, uma ruptura do instante, um tempo revirado!
Duas sombras que nasciam e corriam para baixo dos braços das árvores, presos no solo assombrado.
Uma sombra que escondia-se entre os arbustos lentamente, observava aquelas três figuras santas em solo marcado pelo deus da escuridão.
Eu vi um anjo de asas grandes e volumosas carregando um curador e uma guerreira para um solo sagrado e depois disso, eu vivo o ontem como o agora....

terça-feira, 4 de agosto de 2009

:: ORIGEM PRIMITIVA ::

Um dia a luz desce as escadas e encontra a escuridão sentada no horizonte...

É difícil falar, mas falar de verdade, com sinceridade sem se preocupar com o outro, os outros.

Ontem diante de uma roda de pessoas, amigas e desconhecidas, descobri que posso falar sem medo de julgamentos e arrogância de meu diálogo.

O segredo é deixar fluir?

Nossa mas em mim tantas coisas fluem ao mesmo tempo, e para que eu possa me concentrar é necessário que eu respire profundamente e acesse uma parte mim cheia de experiências.

Algumas experiências eu ainda tenho que separar da realidade que ali aparece, uma situação delicadíssima, minha velha preocupação de não magoar o outro com as minhas tendências.

Tendências?

Um turbilhão de construções, imaginárias passando para o substancial...

Nesta passagem, eu me entrego, sei que não sou boa quanto a finalizar processos, as ramificações são enormes, eu não sei fechar esta teia enorme que se abre diante de minha psique.

É engraçado quando falamos da vida em seus aspectos mais concretos, quando posso perceber o além do nada, por fim, resulta sempre em um monte de símbolos gigantes que cercam minha mente de significações individuais.

A expressão muda da minha surdez, atrapalha as vezes a minha leveza, recorro sempre a margem da minha realidade.

Funciona.

Eu tenho acesso ao bruto e o lapidado, e hoje em dia não escolho mais nada, eu só me deixo ser possuída pelo instante em que sou tocada pelo agora.

A vida é rara, tratá-la de forma banal ainda não aprendi, cometi erros, enganos, acasos, incidentes, acidentes, sou filha da vitima do passado que não teve desfecho.

Cuspo a introdução da base felicitaria que beneficia a minha jornada para o infinito...

Trago com força a organização do meu mundo substancial.

Estou terrificando, alinhando-me a meus antigos cultos ancestrais primitivos, estou sendo a fera que doma o impalpável.

Estou sendo o foco fosco da natureza em sua origem que por mim estava esquecida...