segunda-feira, 29 de setembro de 2008

...AGORA...

O que eu não suporto, é o sustento do sustentar o que está suspenso em minha idéia.
E como se minha idéia já não fizesse sentido algum, em algum sentido eu perdi a minha maior idéia do sentir.
Para as nuvens que deslocavam o céu, eu assoprava o ritmo da vida, com um suspiro frio do meu corpo.
Um corpo desalmado, que não calava ao ritmo da chuva.
E se a chuva não mais quisesse minhas delongas, manhosa abria um sorriso, chamando o deus sol.
E ele vinha, todo irradiante, como se naquele instante, eu pudesse ser mais tolerante.
E eu fui, agora para onde, eu já não sabia.
Ou sabia que sabia, e acabei por esquecer o que havia aprendido.
Eu não praguejava, eu existia e persistia com aquela raiva que, Deus me deu desde menina.
Sapeca, atrevida, corrompida pelas horas do dia em que me sentia vazia.
Se é que vazia, eu poderia me sentir, já que me sentava na beira do mundo para assistir a minha vida fingir ser vivida.
Servida de concreto e de sonhos! E bem servida!
Existiam tardes sonâmbulas, quando eu não suportava o caótico bem – estar, então eu invadia a minha própria moradia.
Minha alma!
E ali ficava eu, a fitar os romances das atrapalhadas circunstancias internas, que eu só tinha contato íntimo, quando não dormia.
E se dormia, eu me perdia.
Me enroscava nos trechos dos sonhos que só eu, eu digo, eu mesma, fora de mim, e longe de todos, dentro do mundo, podia descrever sem fugir dos detalhes.
Mas só lembrava o que me interessava.
O que me fazia regressar em um corpo, monumento do passado!
Ancestral da mágica prática do viver, aprender, re- viver e esquecer que, vivi o que um dia não esqueci de viver.
O agora!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

...TUMULO...

Sem concentração alguma, o contexto desconexo da realidade, a densidade quase leviana que, tanto tempo paira entre os dedos da gentil temporalidade paralela, escorrega pelas ladeiras do esquecimento dos criadores íntimos das superfícies remotas da existência coagulada.
A renúncia do que é criado pelo criador enraizado na atmosfera mítica, faz a doação para a minha forma humana misturada com labaredas, chamas vermelhas, interlocutoras da minha vivência raivosa emocional contida em minha alma.
Se já não me fosse mais possível sustentar os tentáculos negros que carrego em minhas costas, procurando abrigo em minhas asas, arrebento o fio que, faz a ligação mundana cordial inexistente fisicamente, para o excesso de massas loucas que, circulam o terreno monstruoso da minha existência sem foco.
Este meu distanciamento descontente do latente sobrevivente espírito existente, persiste em fazer seus círculos enfurecidos, indomáveis devaneios que, abrem e fecham as portas do inconsciente.
Sobrepor a virtude da matéria, a essência primária lançada no abrigo do instigante momento do estar- fora – de- si e perto de um outro mundo. Tempo, um velho amigo, um descendente da solidão partida em pedaços, repartindo assim as esferas sincronizadas que, dançam nas linhas sonâmbulas do universo mágico, máquina de sonhos, refletor de símbolos, marco zero para o inverno pulsante da memória do pós – mortal!
E se existe uma coincidência, é um trágico acidente no cosmo, interferência da esperteza contraditória do que ainda está por vir, e que não se vê, não se compreende, se estende a imperfeição dos atos no acaso do passado.
É uma leitura de si para com o mundo, o mundo na leitura dos lábios incandescentes das cômicas parábolas dos Deuses que abrem o coração do homem, para plantar uma esperança, herança dos tumultos energéticos que brotam do fundo do universo. Nesta hora de agora, tudo é negro, o quebrante do arquétipo da maldade, a fidelidade das palavras que, perdem suas tonalidades quando, a luz de fora apaga o brilho da alma que reina no desatento paladar da sonífera vida transcendente.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

...AUTONOMA...

Eu viajei por muitos lugares. Lugares por onde eu caminhei e voei durante anos, a procura de uma satisfação particular do que me era conhecido como mundo. Ali, naqueles lugares e em mim ao mesmo tempo, pude perceber uma coisa em comum, nada fazia sentido. O sentido me provocava o sentido do vazio, o pendulo feminino que balançava de um lado para o outro, a procura de algo sensível.
Voltei, regressei de um lugar desconhecido! Por aquelas curvas coloridas aonde a morbidez é apreensiva, e que o tédio me faz refletir sobre as planícies pelas quais , eu nunca deveria ter me ausentado.
A relação com o a dor e a prospera sensação de leveza, sempre me acompanharam, mesmo quando eu não podia entender nada, o nada me entendia de uma forma simples.
Acredito ter plantado muitas coisas neste mundo, algumas floresceram, outras, deixei morrer pelas mãos do descaso íntimo. Mas não julgo isso como se, partes do que eu tenha vivido, fossem apenas resíduos do que eu poderia ter abduzido para meu planeta natal passado, presente, o planeta alma.
Eu não faço considerações rasteiras, e tão pouco costumo dizer o que não pode ser consolidado pela imaginação do meu mundo. Eu apenas digo e não digo, calo sem poder muitas vezes deixar de falar como uma louca desvairada. O silêncio surge do nada, como se alguma coisa tapasse minha boca lentamente. É a vida que quer falar mais do que eu, e eu nessa mania de vida, falho e muito, vivo sem saber se estou a mercê de um tempo que desconheço os segundos que me arrastam para o esquecimento.
Melancolia nessas épocas é quase fatal, não digo que de morte morrida, mas de morte praticada pela desumanização provisória sem autoria de culpados. Eu me culpo! Mesmo assim!
Terrificante, ah uma essência toda, jogada nas escadarias da existência. Persistir em ficar parado nestes degraus ambulantes, é como esquecer da jornada da alma perante a vida sofrida. Não tem contagem de pontos, tudo vale e não vale ao mesmo tempo, e ao mesmo tempo que tenho preço em ter desprezo por tanto conceito, me vejo cansada, parecida com uma estátua manchada pelo prazer de me enfiar-se na terra e esperar que a chuva me refresque nos dias quentes.
Acho que me perdi novamente! Ou nunca me achei, ou achei que achava alguma coisa, quando o que e quem está perdida era eu. Mas nem para poesia eu ando com asas! O barulho do relógio parece querer destruir minha paciência. Paciência, está ai uma grande virtude minha. Mentira! Tenho paciência para as coisas do mundo, agora as coisas minhas, aquelas que ardem em chamas, não mesmo, não tenho um pingo sequer de paciência, vivo a correr para o constrangimento.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

...TEMPO...

Algo está para acontecer, e os fatos começam a fazer sentido.
As ramificações montam seus desenhos loucos, destruições eu vejo acontecer na superfície natural, as câmeras estão apontadas para a disposição do caos.
O céu cinza, abre suas janelas, e eu sinto que iremos ficar “histéricos” , com nossos ângulos atômicos voltados para o conhecimento do desconhecer a nós mesmos.
A desordem tem ajudado a colocar as vozes nos ouvidos que navegam na sintonia orgulhosa do que ainda não pode ser exposto via satélite.
A alma que antes dançava, agora está no canto escuro, esperando a nova canção começar, e falando com suas trevas, escolhendo a retórica de um mundo cheio de cartesianos planos de sofrimento mútuo e falido.
Então temos mesmo que levantar, ver as nuvens brigarem com o sol, para tornar tudo novamente escuro, a matéria agora arranca pedaços dos corpos lamentosos.
Nossas punições mais sérias, agora não mais trazem prazer. A infecção está introduzida na escória séria do abduzido zero a esquerda, que poucos podem ver manifestar o estúpido amanhecer nostálgico.
Chegando mais perto, as torneiras inconscientes estão derramando suas ultimas informações, e eu me sinto sozinha, quando penso em deus, eu consigo apagar uma parte de tudo que, entendi até agora como assolação doentia, que eram pensamentos vestidos de rainhas noturnas.
Algo está para acontecer, e eu vejo os balbucios trazerem a lucidez ao contrário para os versos indignados dos inertes corações aflitos por paz e alegria, aquela velha roupagem que não cabe, agora está queimada no interior do nosso traço passado.
Não é preciso conforto, já que, procuramos por tantos anos sonhar sobre coisas pelas quais, queríamos reflexões passageiras, novamente estamos perdidos na liberdade trágica.
A ajuda não vem dos céus, e o chão é acido e transtornado por nossas realizações pessoais. Hoje, não podemos suicidar as nossas escolhas, pois, estamos comendo a falsa verdade, em apelos cheios de resgates provisórios, falando com as luzes espantosas que, afogam nossas cordas vocais no cimento fresco da tarde sombria...