terça-feira, 16 de abril de 2024

:: RELATIVIDADE DO SENTIMENTO NO TEMPO::

O coração, vive a relatividade do tempo.

Ama em uma hora, em segundos e se desfaz em instantes.

A alma, vive a relatividade do tempo.

É alma latente em segundos, em uma hora corrói em instantes transcende.

O que é o homem e a questão do tempo da sua jornada?

A jornada do jorro da poesia nos olhos de um pacifista, que acabou de perder o amor da sua vida porque descobriu que era uma mera ilusão.

Ou um cientista que enlouqueceu a perceber que seu relógio estava 13 minutos atrasado e ele perdera completamente sua personalidade.

A cascata forma cores, os obscuros se escondem nas margens.

Temos um tom e meio de vida, um tic - tac na essencialidade do que é originário.

Minha questão não deixa de ser palpável porque não consigo consumi-la.

O consumo, meu desejo, arde e é latente, pulsa!

Já me perguntaram sobre o tempo, sobre outro tempo que não o meu.

Que é diferente do seu e do deles.

Mas de alguma forma, nos encontramos nesse emaranhado de acontecimentos esféricos. 

Não deixamos de ter nossas crendices e nossas repentinas paixões avassaladoras.

Mesmo que seja possível gozar do fruto da virtude do tempo, engravidaríamos no mesmo segundo da mesma vitalidade.

Tempo parado!

Lugares aonde o pensamento vai longe, naquela velha casa aonde passei minha infância.

Tempo rápido!

Acordei com o despertador tentando me chamar para uma vida de rotinas.

Tempo do agora!

Agora entendi que passei grande parte do meu tempo, adormecido.

Tempo do nunca mais!

Foi aquele amor de verão, que ardia tanto, que meus olhos soltavam faíscas ao anoitecer.

Constituir uma relação afetiva com o tempo é a mesma coisa que tentar pegar um peixe morto em um oceano bravo.

Bravo, tempestuoso e sinuoso!

Curvas em toda velocidade percorrem todo meu corpo, inaugurando uma nova tentativa de existir com mais seriedade.

O que seria de mim sem esse tempo?

Ao olhar para o céu, percebo o tempo, devagar, quase como uma fotografia em preto e branco.

Minha incapacidade ocular não me deixa ver o universo colorido, mesmo assim, aprecio com vaidade tudo que está erguido sobre mim.

O rodopiar dos anéis de saturno, marcam as horas que ainda me restam para estar diante do meu próprio espetáculo da vida chamado, temporalidade.

Lembra daquele amor, lá de cima?

Está neste instante a brincando com meus sentidos e a todo momento, na hora H, desmistificando minha construção romana das 24 horas de intensidade.


quarta-feira, 27 de março de 2024

:: QUANDO A NOITE DESTRÓI O DIA::


Quando a noite destrói o dia
E a coisa mais importante a fazer é esperar

Corra, para onde as letras se encontram
O outro lado de sua mente está cheio de prazer
Isso é um tesouro que você não sabe aonde guardar
No fundo você já entendeu boa parte do que acontece
Mas você insiste em navegar por águas profundas
Suas rimas não acordam mais os deuses
Suas mãos estão atadas e você está com o coração cheio de euforia
Você vai ter que quebrar outra vidraça , já estamos em pedaços
Me mostre aquele outro lado? Pode ser em uma outra hora?
Estamos vindo de um lugar desconhecido
Aonde os trens se colidem e não temos medo
As praças estão cheias de corações partidos
Eu estou tentando segurar suas mãos e você não tira as mãos dos bolsos cheios de sonhos
Podemos voltar a falar sobre aquela coisa misteriosa?
Porque minha cabeça está cheia de causalidades
Vou ter que voltar com a minha caravana para onde o sol não dorme
Aquela noite, assustamos os cavalos e nos tornamos selvagens
Me leve para aquele lugar que você me ensinou a ir de olhos fechados?
Me conte suas histórias mais loucas?
Porque a vida está sem cor.
Aonde consigo acessar seus poemas secretos?
Eu sinto um medo de não conseguir fazer chover para você.
Você está vendo aquele meteoro?
Acabamos de apagar uma estrela, agora o céu está nebuloso.
Vou abrir meu peito para você ver minha constelação particular, aonde a vida é só poesia e sonhos.

domingo, 17 de março de 2024

:: DIA ESQUECIDO::

 Está ali, não mais fora de mim.

Andando sozinho, pedindo favores.

Descontando a melancolia em choros abafados.

Andando sozinho, procurando uma paisagem.

Está ali, agora fora de mim.

Ninguém pode ouvir sua voz, ela está engasgada na alma.

Tentando rabiscar o infinito, as palavras estão voltando para o coração.

Pensamentos que não podem ser pensados.

Um futuro incerto, alguma fagulha de amor, foi acesa.

Agora é hora de deixar ir embora, o agora.

Nada mais vai importar quando as luzes forem apagadas.

Temos as estrelas, o sol está queimando a história toda.

Os pés não sabem para onde ir, sua correspondência não chegou ao destino certo.

A prisão de si mesmo, escolhendo um modo de escapar.

Porque dói, o céu está caindo.

Tudo que você tinha de bonito, está apenas na memória de um dia esquecido.

Quando imaginamos demais, acabamos apenas adormecendo e sonhando com nuvens escuras.

Não, não irá chover para você sentir o quanto isso pode ser real.

Porque, estou ali, fora de mim.

Esperando um lugar para morar, entre abrigos sentimentais e ruínas interpessoais. 

quinta-feira, 6 de julho de 2023

::ASAS DE UM PÁSSARO::

 Outro lugar em mim, está aberto....

Agora não são deslizes, não são atos, são atalhos, muitos atalhos.

A melancolia é minha convidada especial, ela entra em mim.

Em mim, as gavetas estão novamente abertas, aguardando serem puxadas, com força.

Aquela leveza, já derrubou árvores e de repente, as cicatrizes começam a surgir.

Cada pedaço do meu corpo, vai rachando, um desconto de cada conta que deixei de fazer quando pensei que pudesse fugir de mim  mesmo.

Não adianta a poesia, essa noite, a escuridão não fala, ela murmura.

Os passos estão largos, as estradas fechadas, os ouvidos ensanguentados de minhas tragédias pessoais.

Acredito que desta vez, eu não possa volta a ser como era antes, na verdade, como eu era, um sonho eu vivi.

Vivi diante de um sonho que a cada construção derrubava paredes dentro e fora de tudo que eu fui construindo.

Minhas construções frágeis, pareciam seguras por dentro, mas fora, as plantas morriam todas as noites.

As manhãs geladas, esfriavam as raízes que poderiam aquecer o alicerce de minha alma.

Já não sei mais se consigo dizer se tenho alma, algo anda aqui dentro, caminhando em círculos.

Trama, trauma, desassossego, sem cama para dormir, sem corpo para morar.

Algumas flores eu ainda consigo sentir que podem me vigiar.

Outras vezes, esqueço o cheiro de cada uma delas, sim, elas embalavam as canções que eu gostava de ouvir quando não podia me escutar sorrir.

Quando eu chorava, andava do lado de fora de mim, soluçando, procurando soluções que fizeram de mim, um mártir.

As cobertas estão aos pés da cama, enroladas, meus pés gelados, quase sem vida...

Então percebo que ainda consigo me mexer, lentamente, levanto da cama e vou até o lado de fora.

A porta continua aberta e as estações não mudam, só outono e inverno, as altas gramas, agora estão desfocadas de minha retina.

Aqueles velhos livros que eu gostava de bater nas páginas, estão cheios de pó, medo e ressentimento.

Não tenho mais lugar para vivenciar minhas próprias experiências de fuga.

Fugir agora virou um tormento, fico apenas com os pés gelados, esperando que de uma vez por todas, eu  não mais tenha força para levantar e ir para fora novamente.

Eu ouvi o bater de asas de um pássaro, talvez seja aquele velho amigo querendo que eu olhe por fora da janela.

A janela que vive escura, parece que não posso abrir os olhos quando preciso ver o sol nascer.

Ele fica tímido no horizonte, a margem está cada vez mais sombria e acelerando as ondas.

Tenho que comunicar, vou ter que partir, mas não sei se devo.

Dever é algo que sempre me tirou o sono, como se minha existência inteira fosse internamente contida.

A cortina balança com o vento que vem gélido do fundo da minha respiração.

Quando eu fecho a boca, engulo a minha esperança.

Já não sei mais traduzir o que eu conseguia sentir de mim mesmo.

Posso considerar que ainda vivo?

Posso considerar que ainda estou tentando o suficiente?

Ou essas linhas por hoje, já são capazes de me acordar deste sonho acordado?

Dormi....

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

:: A RACHADURA ::

 A rocha está se desfazendo...

Dentro, algumas coisas inacabadas começam a se destroçar.

Não existe uma linguagem que eu possa compartilhar a respeito desta destruição.

Mas meus olhos estão negros, estou cego, dentro de um corpo que está machucado.

Eu vim aqui de longe, caminhando por tanto tempo, que ando de lado, disfarçando em diálogos o que eu não consigo entender.

Estou quase sem mim mesmo, tentando despistar o oceano que quer me afogar.

As flores estão murchas, estou escutando os pássaros berrarem meu nome no horizonte.

Olhos negros, tentando encontrar um lugar em mim aonde exista luz para que eles não me apaguem.

A vida me escolheu, a morte me consagrou, agora permaneço em um caminho desconhecido.

Trocando sussurros por gemidos de euforia.

Eu gostaria de ser capaz de ir embora sem levar alguém comigo, mas isso não poderei escolher.

Acordei sentindo minha boca seca, conheci um outro eu, mecânico e engessado.

Cheio de traumas, encostado nas rochas, aonde a maré faz desenhos assombrados sobre a realidade.

Carrego um amor, uma busca, um diálogo com algo que eu não consigo me separar.

Estou em pedaços, procurando nos meus segredos obscuros, motivos para continuar a dar passos silenciosos pela praia de areia escura.

Todo mundo diz que eu costumo deixar as pessoas com os olhos úmidos e soletrando sobre a melancolia.

Eu aceito, estou sentado na frente da angustia e ela me quer de volta.

Aprecio as estrelas, desta vez, eu acredito que vou conseguir chorar.

Derramar algo que em mim, já deveria ter transbordado há anos.

Prazer em me conhecer, eu tenho uma infinidade de dores acumuladas, mas também, tenho esperança, tola que me transmite uma centena de agulhadas no coração.

Alguém poderia me amar, me ama e depois percebe que o amor é circunstancia de um cuidado que eu não consigo ter comigo mesmo.

Mesmo que alguém pudesse andar dentro de mim, se afogaria em minhas passagens secretas que não tem um fim.

É a última carta, os olhos estão quase fechados, esperando o último entardecer.

Começo a imaginar o que tem depois que meu corpo ficar gelado e eu conseguir não mais sentir meus músculos tentarem reagir.

No meu lugar secreto, eu imagino alguém vindo em minha direção, ela nunca chega.

De repente, as mãos dela estão sob meu peito, massageando um ego falido.

No meu lugar secreto, as luzes não se apagam, o sol não brilha só para mim, a lua é minha única saída para acalmar a escuridão.

Quanto tempo eu vou ter que acreditar que posso voltar a ser eu mesmo, definhando a cada amanhecer?

E eu preciso que minhas foras sejam suficientes para quebrar aquela rocha, estou com medo, porque estou muito alto e uma queda seria fatal.

Caso eu me deixe, eu vou acabar procurando alguém para tentar dizer o quanto a vida poderia ser mais calma e leve, vou invejar isso, mas irei me entregar, será a última vez.

Então eu grito, eu preciso reviver, renascer, reconhecer que já morri e que tudo isso é obra de um defeito de alma, aonde para o reparo só pode ser feito por dentro.

Me ajuda, estenda suas mãos, eu não vou estar tão pesado, estou tentando ir a algum lugar novo, para te levar as alturas.

Você me conhece, sabe porque eu sorrio com tanta vergonha, mesmo assim, os meus pedaços te chamam atenção.

Você me vê brilhar em um sol de 40 graus e minha pele gruda na sua alma, eu não quero te obscurecer.

Concentre-se, o silêncio será quebrado por meus passos alvoraçados ao anoitecer...

Estou fazendo sinal para um pedido de ajuda, estou chorando, esbarrando nas últimas paredes da realidade.

Olhando os cães ferozes correrem para devorarem o que sobrou da minha civilidade.

Estou dizendo, fique parada, eu vou voltar, mas estarei tão pequeno que você pode não me enxergar.

Sinto falta, a verdade é essa, sinto falta de uma verdade que não me condene.

Sinto falta, a verdade é essa, sinto falta de uma versão minha que não me iluda.

Estou fazendo sinal para um pedido de ajuda, estou chorando, esbarrando nas últimas paredes da realidade.

As verdades estão descolando meus ossos, minha virtude está indo embora.

Continuo dizendo que eu sinto falta de mim, estou tentando me segurar na ponta de seus dedos para não me perder para sempre.

A sua verdade me cura, sua sobriedade é tão surreal que eu estou pintado de escuridão, quando de repente, você ascende a luz e eu estou de volta outra vez.

Sinto falta, a verdade é essa, sinto falta de uma versão minha que fez com que eu me perdesse...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

:: LUGAR DE MORTE::

 Estou EM pedaços, agora eu vou tentar chorar, só preciso disso apenas uma vez.

Preciso me libertar, existe algo caminhando dentro de mim, a porta está fechada.

Eu acabo sempre voltando para um lugar, nu, dando volta e sofrendo por coisas que eu não sei entender com razão.

Não sei para onde ir, só sei que estou me preparando para morrer, mais uma vez.

Não tenho como segurar as mãos de ninguém daquele lado.

Fico de pé por horas, a clareira está me chamando.

Eu estou com medo, as vezes eu tenho receio de esperar a chuva cair.

Meu mundo está destruído e eu só queria um lugar para ficar abrigado por uma noite.

Me liberte, eu estou inebriado, constrangido e acuado.

Não consigo me perdoar, não tenho sangue para isso.

Covarde, tive que não ter planos para mudar, só acabei vendo as coisas desabarem.

Meu coração continua batendo fraco, não sei mais aonde estou.

Estou voltando para aquele lugar, me libera, talvez desta vez eu não suporte mais.

Meu lobo mal interno, me devorou, não tive pernas para correr desta vez.

Querida, vou precisar desistir por um tempo de mim mesmo, se eu não voltar, não me procure.

Não tenho notas novas para tocar, as melodias estão todas comprometidas.

A melancolia de novo, voltou a ser a minha amante e eu não a desejo mais.

Todas as manhãs eu me procuro e me encontro em um lugar diferente, mas eu simplesmente volto para o zero.

Eu não sei quem eu sou, o lençol está sobre meu corpo morto e minha alma vaga, na tentativa de não perder o que temos.

Se eu não voltar, esquente o café, sinta o cheiro da manhã chegar, vou estar em um lugar sombrio, mas estarei a tentar voltar para o nosso lugar.

Existe um lugar em mim, aonde a dor é uma desconstrução...

:: DE VOLTA A CLAREIRA::

Você consegue ver as nuvens suspensas?

Acredite em mim, eu estou abortando mais uma vez um sonho comum para viver uma nova realidade.

A clareira está pronta para me abrigar novamente...

As arvores estão distantes, não consigo ver nada além de uma grande área morta.

O que me rodeia, areia escura, um breu, eu estou em uma superfície destruída pelo tempo.

Eu quis dizer tantas vezes que eu poderia não voltar se você dissesse que ficaria bem com a minha partida.

Eu chorei por noites, imaginando como seria se ficássemos bêbadas com nossas memórias e você simplesmente adormeceu.

Estou arrebentada por dentro, agora só consigo pensar no que construímos com tanta força ser devastado em segundos.

Tentei te guardar em um lugar seguro, o melhor lugar de mim, a memória.

O coração está fechado, eu só consigo imaginar o quanto seria bom se eu pudesse chorar e você poder projetar seu rio de dor nas minhas lágrimas.

Vou sofrendo, como se alguma coisa me puxasse para dentro de você e me tirasse com muita voracidade.

Estou desprotegido de mim mesmo, estou culpado por não poder te ajudar a se proteger da dor que te deixei.

A solidão me venceu, um estar só que tem como vencedor uma glória que amansava os dias tenebrosos que eu atravessada.

Você me deu tudo de mais precioso que tinha, eu te dei a decepção.

Me encoraje, porque eu sinto um medo tremendo de que a vida não seja justa conosco.

Me beba, cada gota representa nossa cumplicidade e eu, estou sumindo, a clareira me chama.

O chão está molhado, estou desprotegido e você está se afogando.

Uma vez eu sonhei que seria a melhor pessoa para alguém, então eu virei uma rocha, sem entender, fui explicando tanto sobre meus sentimentos que acabei me dissolvendo e caindo pelas suas escadas.

Essa será nossa última parada...

Uma vez eu cantei para você sobre minhas vitorias e derrotas, então você sabe mais do que queria saber sobre o quanto eu sou falha, você não desistiu até eu puxar as cortinas e te mostrar o porquê da minha fúria.

Estou estrangulada, engessada em uma personalidade totalmente errônea e impotente, exaurida de rancor.

Frágil, eu não aprendi a dizer o quanto eu sinto muito, não sei demonstrar o tamanho desta dor de ter que soltar suas mãos para tentarmos ser felizes.

Mas a felicidade parece não existir mais, não daquela forma que desenhamos.

Porque dói, eu sei, todas aquelas manhãs cheias de histórias e as noites aonde pensamos que não teria fim, se foram.

Preciso que você se fortaleça, porque a única razão que eu tenho para ficar, seria a mais cruel de aceitar.

Nossa história é delicada, cheia de flores e de espinhos, mas nossos aspectos continuam os mesmos, em nenhum momento tentamos mudar.

Fomos mudados, não por sermos ruins, aquelas coisas todas que eu lhe dizia, eram verdade.

Sei que no fundo eu nunca fui alguém tão bom, mas eu nem mesmo se pudesse escrever sobre o que penso sobre mim, seria capaz de engajar um adeus mais verdadeiro do que o que eu te dei.

Eu não escolhi mudar desta forma, então agora eu vou ter que definhar para você me ver desaparecer.

Me perdoe pelas palavras horríveis, pelos silêncios doentios, por ter que te ignorar para não dizer adeus de uma só vez, essa é minha covardia.

Preciso que você foque em algo que não seja mais eu mesmo, porque eu me separei de quem eu era, estou em pedaços e você não pode me juntar.

Juntar o que sobrou de mim para você, seria como escolher viver em um desastre toda uma vida.

As luzes estão apagadas, estou tentando lhe dizer as coisas que eu gostaria de ter coragem olhando em seus olhos, mas eu estou te procurando, nas minhas razões mais obsoletas, estou no final.

Aquela estrada aonde percorremos juntos, está sumindo e sei que não posso voltar atrás de costas, eu cairia para não mais levantar e te levaria junto.

Me mostre como eu posso te arrumar para que não te ferir profundamente?

Você significa algo que eu jamais vou encontrar no mundo, mas você insiste em dizer que eu apenas fui um monstro egoísta e desumano por te deixar.

As luzes estão se apagando, o tempo está virando novamente.

Algumas coisas quando voltam, acabam trazendo uma chuva ácida, cheia de constrangimento e dor.

Então, me conta, de uma vez, como eu posso pegar sua mão sem te magoar com as minhas verdades.

Então, narre seu melhor sono, porque eu quero que você adormeça sem me odiar por ter te libertado de mim.

Ei, eu estou fisicamente esgotado, rezando para não acordar antes de seu mundo estar reconstruído.

Sou um amante doentio, a minha lágrima queima e eu estou em brasa.

Escute, houve uma explosão dentro de mim, estou no meio do nada, esperando um novo caminho para unir o que eu penso sobre o que construímos juntos...


domingo, 12 de dezembro de 2021

:: A MARÉ SUBIU::

 

Você precisou de anos, muitos anos a réplica está feita.

As vezes, só precisamos nos lembrar da cor do céu quando estamos tristes.

Coloque sua melhor roupa, vá desbravar o mundo.

Seu designe está melancólico e dissolvendo.

Não é só o que te faz acreditar que é certo que irá mover o mundo ao seu redor.

As pessoas se movem como peças antigas, indo para aonde os desejos acontecem.

Se concentre, seus olhos estão úmidos, o mar está transbordando na sua retina.

Prenda a sua respiração!

Você na verdade sempre soube, que os anos estão debruçados no que você sonhou.

Agora que acordou, está vivendo uma história que já entendia sendo sua.

O coração está cheio de ressentimentos, não se desestimule, o céu está escurecendo.

Seus métodos conceptivos para uma nova aceitação, lhe direcionaram para onde o sol nasce.

Sua mente está completamente se desintegrando.

Não desmanche sua colcha antiga antes de poder ter certeza de que irá dormir em um lugar que você aceite que será mais confortável que sua dor.

Alguém já te disse que seus olhos estão ficando negros e a noite vai cair quando isso acontecer?

Existem muros para serem escalados e seus pés estão cansados.

Você vai ter que repousar enquanto seu coração ainda tiver uma mancha de vinho para curar.

Mas essa dor, essa dor é sua e eu estou tentando fazer sumir, embriaguez.

Algo me diz que esse vento que bate na sua janela pode rachar sua pele em mil pedaços.

Tem alguém sangrando do outro lado da rua, você pode assistir, mas não pode mudar o curso dessa passagem.

A culpa que você carrega, não precisa ser sua, sua solidão tem sido sua companheira por anos.

Eu ainda penso que você está cheia demais de sentimentos, você tem que deixar sua bagagem em algum lugar seguro.

Quando você sorrir, seja capaz de se manter de pé, porque seu corpo está balançando e você ficar tonta a ponto de pensar que será seu último suspiro.

As luzes estão apagadas, seus pés gelados, suas mãos estão manchando sua lealdade.

Mostre seu melhor lado, sem se magoar com o que está dentro de você.

Mostre sua melhor maneira de fazer alguém sorrir, sem que você chore em seguida.

Os relâmpagos anunciam que a chuva vai cair a qualquer momento.

Algumas coisas não podem voltar ao normal, mas você está mentindo para o tempo que tenta te salvar de sua perdição.

Suba no altar, perceba tudo que você construiu, ascenda a fogueira, deixe o fogo me queimar.

Então, me mostre o seu lado, eu quero ver o que você tem para mim.

Se não puder responder as coisas, fique em silêncio.

A melhor maneira de você se desprender desta mágoa é sair de si mesmo.

Meus pés estão úmidos, agora meu caminho se uniu ao seu.

Aqui a dor está forte, estou inebriado com tudo isso.

Tentando achar uma porta de escape sem querer fugir.

Não se assuste, do mesmo jeito que cheguei, eu sei o caminho da volta.

Uma paisagem nova irá se abrir e eu realmente estou tão triste e conformado.

Alguns sentimentos servem apenas para abrir um lugar desconhecido dentro de nós.

Estranhos, vamos nos engajando com algo que já era nosso.

Não fique perturbada, as decisões vão se amarrando nas suas pernas.

Eu percebo o contorno de suas feridas no seu pescoço, seu penteado, me desnuda.

E aquele olhar, foi para um lugar que eu me parti em dois.

Apenas respire, faça com que seu coração tenha batidas fracas.

Você não pode simplesmente parar no ponto e esperar que alguém te encontre.

O seu movimento é o que irá despertar o que está morto em algum lugar de alguém.

Dentro ou fora, eu vou continuar me banhando na sua tempestade...

segunda-feira, 18 de maio de 2020

::CAVALOS NUS::

Os pés conseguiriam andar quilômetros sem ser alcançados...

Os olhos serrados de dor e prazer, contidos em duas gotas de orvalho, frios.

Não existia uma direção certa, apenas corria, de um lado para outro, selvagem.

Animais soltos, dentro e fora de si mesmo.

Cavalos nus, galopando em uma imaginação primitiva e cheia de emoção.

Carregados de pedras, ilusões, um destino, sem devir, uma assombração de si mesmo.

Desfreado, corrigindo as ladeiras encharcadas de lamúrias e obsoletos desejos sobre a realidade.

Esmagada, real e substancial.

Escorria de sua boca, uma agua virgem, cheia de vontade de vida.

Uma vida que poderia matar, realocar qualquer sentimento para um lugar isolado da mente.

Dormente, consequentemente, estaria fora de tudo que imaginasse que fosse seu.

Nunca obteve êxito em tentar sair de si, quando o fazia, resgatava algo tão profundo, se afogava.

O mar estava bravo, cheio de melancolias e desespero.

Um sofrimento dócil, arrebatador, sua poesia era indelicada, incerta e catastrófica.

Era poético, patético e imoral.

Não existia genialidade para algo tão sorrateiro.

Devaneios, desatualizando dos capítulos antigos do qual vivia, existia, reinando sem trono, sem reinado, só comprometido com o devir.

Não devia nada, não comprava a si mesmo, com moedas inconscientes.

Frequentemente, dormia, cochilava, cochichava com os deslizes matinais.

Sexualmente violento, cruel e cheio de artimanhas para driblar sua própria essência.

Essencial que fosse, já não era sobrenatural.

Era uma natureza desperta, cheia de fogo e inflamando em febre.

Queimaduras em uma alma marcada por vermelho e negro.

Um sol que ardia a noite, a noite, o luar o envadia.

Esvaziou-se...


segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

::A FLECHA ::

A flecha rasga o céu, a paisagem da clareira se desfaz!
O rosto do atirador é negro, sua roupa é a escuridão.
O pensamento sobre tudo que se tem, ainda é pequeno, não cabe, não preenche.
As coisas que aprendeu sobre si, são devastadoras e confundem as tempestades que brotam no horizonte.
No horizonte, só tem rastros de pequenas e severas conquistas que abriram porta para uma solidão existencial, que só dói quando não quer ser lembrada.
Tudo, nada, tem claro o que é obvio e obscuro, não tem morada em si.
O lobo que uiva nas montanhas quer rasgar sua pele, ele quer devorar seus sentidos.
Não  possui mais pontes para atravessar, não existem mais ladeiras e nem descidas para transitar.
É tudo opaco!
Existe uma falta de segurança, que não tem cordas fortes para sustentar o peso do pensar.
Uma faísca, uma falha, uma chama, uma explosão de si mesmo começa a ouvir em algum lugar.
Não é a morte, não é a vida, não é o que é claro ou escuro, é ela.
Uma trovoa em uma tarde fria de outono se transformando em uma manhã quente de verão.
O choque transmuta, a desordem, reflete.
O caos desmonta tudo aquilo que precisava ser preenchido, as bordas.
Voam os pássaros para o Norte.
O Sul, ainda está desocupado.
Nordeste, cheio de ocultamentos, cadáveres, passagens bloqueadas.
O Sudeste ainda é mistério, transfigurado.
A poesia está no lugar da mente, vaga, caminha, devagar sem exitar que pode ser noite quando se vive no dia.
E tudo está em movimento, lento, ardiloso e movediço.
Os passos cansados ainda procuram descanso na deitada noturnal.
É a vida, o laço, descaso, o poder de não conseguir se ter.
De ter o que apenas consegue por dor, manter de si.

domingo, 8 de janeiro de 2017

:: TURBILHÃO DE BOLHAS::

Um turbilhão de imagens se formam em minha mente.
Uma grande bagunça, imagens picotadas, jogadas como velhos móveis sem utilidade em uma casa que está prestes a ser devorada por uma mudança.
Não entendo mais sobre as grandes virtudes, tento me manter em movimento, para trás e para frente.
Um grande amor é minha inspiração principal, família que se quebra e se renova, mas deixando sempre um gosto de amargo na minha consciência.
Tenho um sério problema, não consigo processar uma coisa por vez, parece que as coisas vão simplesmente se entrelaçando e formando um nó na minha realidade.
Poderia tentar reduzir tudo em um monte de bolhas de sabão, elas sobem até o alto, coloridas e redondas, cheias de ar, de repente, estouram e deixam seus rastros sobre um pátio mental úmido.
A verdade é que meu silêncio tem sido constante, paradigmas vão se cruzando no meu dia a dia, pedaços de construções internas que vão cortando meu presente.
Minha felicidade consistiu até agora em poder estender as mãos e ajudar as pessoas que amo, hoje, com dificuldade consigo me levantar para poder ajudar a mim mesmo.
Tenho um coração apaixonado inquebrável, aonde uma dama reside em toda sua perfeição, beleza, inteligência e sensibilidade incríveis, de repente, sinto uma insegurança, me deparo com minha falta de beleza, inteligência e morbidez.
Um som de socorro aflito que toda vez que escapa, magoa, entristece, a culpa não ignora a minha lamentação.
Fiquei pequena demais, meu tamanho é igual a palma de uma mão, surrada e cheia de futuro incerto.
Toda esta força, a minha força, ambas estendem-se para um infinito de possibilidades que eu não consigo edificar.
O único pensamento de esperança , atravessa meu peito.

A queda foi grande, meus pés são pequenos e meus passos parecem apertados.

domingo, 24 de julho de 2016

::SOBRE A NOITE::



A minha noite é longa, desastrosa, acolhedora, produtiva e não me cansa.
A minha noite é acesa, de luz, cigarro e pensamento.
A noite é quando eu não me deito, eu apenas sou a noite.
A noite é um rastro, um desenho que desenha em mim.
A noite é veloz quando estou parada e é lenta quando estou com ela.
Na noite vivo o absurdo da vida, o espanto do tempo caótico.
A noite é aonde eu me amo, me devoro, me odeio e ressuscito.
O tempo da noite é um tempo escuro, que vai se revelando pouco a pouco, até que a minha luz se esvai.
De noite é onde eu sou.
De noite é aonde eu não sou.
À noite, pouco escuto de minha voz, mas a noite me escuta.
À noite trás minhas revelações, segredos e medos.
Não tenho medo da noite e ela nunca me abandonou.
A noite pode ser só, eu não, com a noite nunca estou mergulhada na solidão.
Meus fantasmas e memórias vivem na noite.
Na noite é aonde vivo e revivo intensamente todo o dia que se passou.
O dia que se passou, vem conversar comigo a noite.
À noite eu medito, balbucio e me resguardo.
À noite eu penso, sou pensada e sou noite.
Penumbra não me cega, luz demais não me arde.
A noite é quando visito meus livros, minhas contas, glórias e derrotas.
Com a noite eu apreendo tudo aquilo que passou em branco.
Tudo que passou por mim, vem tagarelar na minha mente, a noite.
A noite não tem feiura, não tem civilização, a noite é estranha e arquitetônica.
À noite trás o uivo dos animais que moram em mim.
À noite me deixa primitiva.
Na noite eu não abandono minhas perspectivas e poesias.
De noite eu choro e solto risadas.
À noite eu sou silêncio que me denuncia.
À noite sou sem fim.
À noite eu sou histérica, mística e real.
À noite eu sou imaginária e substancial.



segunda-feira, 4 de julho de 2016

:: AMOR ::

Amei, nasci.
Nasci, amando.
Cresci, amando.
Morrerei te amando.
Que destino tenho eu se não o do amor?
E que rota tomará meu destino se não a do seu caminho para te amar?
Amo-te de manhã, a tarde e a noite.
No escuro, no claro e no desvelado.
Amo à medida que o amor não arrebenta.
Só arrebento meus dentes de riso por te amar tanto.
Grito de felicidade por te amar.
No silêncio também estou te amando, vorazmente.
Amo-te do ângulo de cima, do lado, de baixo, por dentro e por fora.
Amo-te aonde o dia ainda nem nasceu e a escuridão irá chegar.
Amo-te nos versos, nas páginas dos jornais de notícias cotidianas.
Amo-te no outdoor calado e na voz que vem dos amantes enfurecidos.
Amo-te sem roupa, com roupa, de sapato ou vestida de eu.
Amo-te aonde não há espaço,.
Amo-te no esconderijo do mistério do mundo.
Amo-te em toda sua beleza e inteligência.
Amo-te na sua lealdade e fidelidade.
Amo-te por toda sua força e coragem.
Amo-te com orgulho e com intensidade.
E que presente quero eu, maior do que esse amor que sinto?
Talvez, multiplicar esse amor e distribuir em cada molécula do seu corpo, para você ver e sentir o meu amor.
O amor da amada, que é arrebatada pelo seu amar.
Amo-te no percurso do tempo, do lugar, do agora, do jamais e do para sempre.
Tudo que é universal, amor!
Tudo que é você, amor!
Você é o meu amor universal.
O meu amor que ri, que chora, que abraça, que soluça, que espirra e que é amor em tudo no todo.
Você é amor, meu amor é o seu caminho em cada passo que eu der.
Em cada passo, tem amor, o nosso amor é um trajeto a ser cumprido.
Trajeto de amor, não fecha, só abre o coração e a alma.
Estamos entrelaçadas, designadas a viver um mundo de descobertas.
O meu destino caminha na direção que sopra o vento que trouxe você à vida.

O meu destino é você, amor.