quarta-feira, 30 de junho de 2010

::Linhagem ancestral::

Estado de vigília, a transformação do inconsciente.

É a abertura, as exteriorizações se comunicando por vias perigosas.

Respondem sem perguntas, perguntas especificas desconsideram toda minha experiência.

Está em tudo que vejo, a essência do que não percebo, reação humana.

Individualizada na própria carne física abatida pelo sofrimento sensorial.

Vibra o ar, a imaginação ativa, objetos lançados pelas entidades internas.

Movimentos, reflexões sobre o estar em outros lugares.

Meu processo, outros fenômenos, percepção desajustada.

Não existe significado para tudo, é uma névoa, uma lua que se esconde dentro da luminosidade.

Sonho, ensina-me, dê orientação a as estas feridas que não secam.

Feridas que não falam, ensurdecidas pela minha fúria constante.

Esta intuição introvertida me irrita.

Me arranca as solas dos pés e me enrijece.

Eu quero debruçar a beira do abismo e poder contemplar as minhas simbólicas plenitudes.

Não penso porque não me alimento de segurança quanto a minha vida.

A minha vida, é uma roda... Moiras...

É o devir antes do agir, furiosamente desgastada pelo cansaço matinal.

Talvez eu chegue um pouco antes...

Antes de ser eu, de quem fui, de quem virei a –ser .

Antes que a morte rompa os vínculos afetivos ancestrais, estarei longe.

Perto de um infinito, um lugar grande... espírito.

Ninguém tem culpa, esta foi minha última descoberta.

Talvez, tarde demais, eram oito da noite e eu estava desorientada...

terça-feira, 22 de junho de 2010

::Jurada::

Alguém está batendo na porta?

Eu estou enganada novamente...

O frio lá fora é perigoso e em mim as flores já voltaram a nascer.

Vou colher algo, a noite está tensa e eu não sei o que fazer.

Andando de um lado para o outro, permanecendo em círculos,

Dentro, para dentro novamente.

Estas confusões todas, ilusões que me vivenciam.

O tempo está passando e alguma coisa vai morrer novamente.

Eu conto até três e minha respiração não consegue me acalmar.

Pertenço a uma espécie de melancolia que me acolhe das pessoas que não conseguem me ver.

Que conflito é este que está andando dentro de mim?

As ruas parecem rios...largos e tranqüilos demais.

A calmaria me trás algo que me embriaga.

Volto para dentro, tudo aqui fora é extremamente familiar demais.

Envelhecer ainda está longe e a minha luta maior é continuar tudo isso sem desistir.

O que acontece quando não posso pendurar minhas tristezas no armário é,

Uma demonstração de piedade para com a alma que destruí um dia.

Tenho esperanças, e o rio fica vermelho...

O céu agora está cinza e as nuvens estão me perseguindo.

Venho peregrinando por um trajeto doloroso e cheio de perigo.

Será que alguma vez eu pude vivenciar as coisas antes delas se quebrarem na minha mente?

Este é aquele cheiro de azedo que eu sempre detestei.

Um cheiro que me lembra um vazio pelo qual eu tenho permanecido inerte em muitos aspectos.

Eu choro quando entro para dentro de mim e vejo que não posso mudar muitas coisas.

Meus ossos doem, minha carne pega fogo, eu estou dentro de um túmulo cheio de mágoas.

Muitas vezes não sei diferenciar o que é real das minhas imaginações.

E ficar em silêncio faz com que minhas cicatrizes aumentem...

Não tem culpados, e nem cúmplices, é tudo meu.

Para dentro, aonde as coisas voltam, para onde eu tenho medo de ir e sempre acabo ficando por muito tempo.

Porque agora que ando me abrigando em sinfonias misteriosas ... vejo o vento trazendo memórias ruins.

E se eu pudesse compartilhar isso tudo... eu morreria duas vezes!

Tenho meu jogo sujo, e as pistas estão se apagando.

Também sei que as coisas estão fora do lugar, e alguém pode me afogar em lágrimas.

Isso é relativo!

Se eu contar um, dois, tudo volta ao normal.

Um monstro bloqueia minha visão, agora eu vejo meus complexos no mundo.

Eu armo uma conspiração, estou tentando não ser negativa.

A névoa se aproxima e eu preciso despistar aquelas lembranças, e eu não vou ficar para ver o sol me denunciar.

Estou a três passos do inferno, rasgando os últimos trapos que me restam.

A sete palmos eu vou dormir como uma doença impetuosa.

Ainda não aprendi a vingança e meus inimigos são pessoas que não existem mais...

Eles apenas sussurram suas verdades, jogam em mim suas necessidades e eu permaneço sonâmbula.

Ouvi um tiro no céu, uma abertura de uma mulher que vai para os confins do universo buscar a saudade de si.

Estou fechada... de novo para dentro...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

::Sindrome do nunca vivio::

Vivo a síndrome do nunca vivido.

Pés e mãos torcidos, uma gigantesca ala de mascarados se aproxima.

Não respeito o que vem de mim, é difícil ser conduzida pela desconfiança.

É o que se deita, o que descansa nos meus tumultos internos.

Ouço passo, são pulsos atravessados, uma fúria do que eu fui,

É um momento resgatado do passado.

É assim,uma resistência inútil, rochedo de quem nunca quis ser amada.

Assim nasce o retrato falado.

Aquele que não fala, que abusa da vontade alheia.

Tem um ritmo simples, mas acompanha uma melodia erudita bem tocada.

Ou então, quando tudo parar de vez,

Estarei de pés para o alto.

Solta no descaso desta cidade congelada.

Eu não me desintegro, quero ser consumada, a finada.

Venho do principio do precipício , tudo venta, tudo vai cair.

A inveja quer derrubar tudo.

Estou no meu posto de vigia, irradiando uma nostalgia de portas abertas.

Um largo sorriso miserável e visceral.

Sou uma concha, feita de de retalhos...

::Tarde Irlandesa::

Pele prata, rasgada pela areia.

Nuvem chata, chove chuva porque o sol me chateia.

Vou lá fora, a tarde inteira irlandesa.

Vou beber o sangue, o resto da praia que me sobra.

Até onde vai minha vista?

O sufoco do surfista.

Branco e negro, posto nobre nas nove meia, tudo apaga.

Tudo ascende e a luz é solitária, solidária com quem a noite passeia.

Um grão, vem a saudade, a angústia meu corpo tateia.

Vem do céu, desce diretamente na porta da minha casa,

Estou iludida pelo que me resta, vou ouvir o grito da sereia.

É pedra em fogo, o estojo de canetas vermelhas.

Virtude que em mim brota, sensação de que serei aberta por inteira...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

::Outro?::

Alguma coisa não me deixa pensar direito.

Quando eu começo um pensamento ele se funde com algo maior do que minha consciência.

Sinto minha pele ser rasgada no meio.

Vem aquela sensação quase arrebatadora de que as coisas vão entrar no lugar, e de repente, eu estou no vazio de novo.

E este vazio não fala comigo, as coisas estão de ponta cabeça, a voz maior é a que sai de mim, um grito estrangulado me engole em um só gole.

É tarde ainda, e meus devaneios parecem querer me matar.

Eu sou presa por uma terrível aflição de que, alguém pode estar escondida dentro de mim, e isso me humilha.

As velas estão sendo apagadas e o vento entra dentro de mim através das minhas narinas, é uma confusão com um cheiro de constrangimento fortíssimo.

Aumentando a minha sensibilidade eu poderia flutuar, mas existem grades por todos os lados e meus pés estão presos com corrente nos pés da minha cama...

terça-feira, 8 de junho de 2010

::LARANJA::

E quando nada mais fazia sentido.... uma luz se apagou.

E naquele instante eu não tinha medo algum, era uma coisa, vinda de um lugar dentro de mim. Vinha e saia. Rapidamente.

Não, não posso conter tudo isso e contar seria desmistificar tudo que eu senti, mas, uma sombra maior formou-se diante de meus olhos.

Era um céu misturado com um chão cinza, uma névoa estrangeira, uma busca aflita de quem eu estava sendo.

Eu fui!

Para longe, aonde as coisas não se movem repetitivamente, elas duram, mas morrem.

Lentamente fui observando que meus passos agora eram mais curtos, senti que meus braços poderiam abraçar o mundo, bem, isso caso fosse, se mundo eu tivesse.

Mercúrio puro, um cheiro misturado com flor e azeite, uma bolha de sabão entrando em minhas pupilas, era mágica.

Era real, abismal, abominável para minha mãe, era gigante, mas não era gente.

Gente inocente, sempre que penso neles, não existe pensamento que me invente.

Cara ou coroa?

Não tinha moeda, era tudo suspenso, sem perninhas e saltos.

Sem receios...

Ai que angústia me dá pensar nos meus anos dourados, se bem que, de dourados não tinham nada, eram de prata, mata lobisomem, assusta anjo enquanto os demônios dormem.

Eclipse solar, no meu coração também tinha, habitava um silêncio daqueles que se alguém não me tocasse, eu ficaria para sempre presa naquele instante.

Prisão, calabouço, uma conspiração íntima, tudo parecia acontecer em fração de segundo, mas era demorado e amargo.

Eu vi ondas, tons alaranjados descendo as paredes do meu quarto.

Senti minha língua ácida, áspera quase vulgar.

Cuspi minha própria ignorância, aprendi a me tolerar...

terça-feira, 1 de junho de 2010

::Nova::

É busca, nova, mistério aberto!

Crise no sentimento fechado.

Desabrocha o tecido da vida.

O frio congela o instante.

O vivido presencia o agora.

A notícia desprende o acaso.

Sensação de sonolência.

O ataque do sensível, a esperteza do singelo.

O apocaliptico do desvelar.

Arrepende-se ou supreende-se.

Apreende-se enriquecendo.

É palavra que não é dada.

É a linguagem que não é falada.

Silêncio!

Desastre e compaixão.

Morte e ressurreição!

É matéria...