quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

::A NOVA CASA::


Estenda suas mãos!
Os olhos estão pregados e sangram muito.
A dor está tentando te curar, não tenha medo.
Você rastejou até quebrar seus joelhos.
Não se sinta tão terrível, as lamentações não resolveram nada.
Eu sei o quanto você tentou fechar a sua boca, e isso te sufocou.
As paredes estão desmoronando, agora pode rir alto, não engula o choro.
O caminho está aberto, e as lágrimas não vão mais te purificar quando você se sentir estrangulada.
As flores estão murchando e o céu está pintado de vermelho.
Não precisa mais fingir que está no mundo, os canaviais estão em chamas.
A serpente está espionando a sua tristeza.
Sinta esta angústia te cortar, essa é sua salvação, o dragão vai te levar para as alturas.
Antigamente você se livraria deste medo, hoje a noite será seu escudo.
Os círculos estão abertos e a sua selvageria te deixa no topo da sua consciência.
Suas veias estão validando a sua partida para o outro lado.
Contemple!!!!
Os dias agora não serão tão longos, você poderá ver o brilho apagado dos infelizes.
Tudo está tão alto assim, que você se sente expirada de dentro para fora?
Sua mente nunca te enganou, você se fixou dentro de uma realidade que não era tão sutil quando parecia.
Deixe os vermes passearem pelo seu corpo, eles vão tragar lentamente a sua solidão.
Escute, sua melancolia está aberta e sua casa renovada, como você sempre quis.
Uma doce viagem que lhe custaria todo um instante carnal.
E este prazer que você sente, te manterá viva por mais um tempo...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

::GOSTO DA RUÍNA::


A chuva está caindo novamente, e a noite está cheia de medos.
Eu estou cheia de medos!!!
A sanidade tirou suas férias, atrasada!
Um monstro na escuridão segurando uma vela dourada.
A mãe está morrendo no fundo da sala, e ela quer amamentar meus delírios.
Suspensa a claridade, os olhos estão dentro dos corações.
O axioma está montado.
Estou no centro, as mesas estão pegando fogo, lentamente.
Assistir uma miséria não é necessariamente algo muito bom,
Mas com uma pitada de humor negro tudo torna-se excitante.
Ascenda seu isqueiro, os jornais estão perdendo as linhas.
A única noticia boa por aqui é que, quando nos concentrarmos estaremos longe disso tudo.
Feche a boca, lentamente para sentir o gosto da ruína.
É lamentável,  seus passos estão cada vez mais pesados.
Seus pulmões doem, e as minhas mãos tremem.
Seu pai usa um terno vermelho, no centro, o fogo vai queimar suas emoções.
Está tudo estampado e os escudos não servem para mais nada além de, enfeitar minha solidão.
Estou falando sério, existe algo tentando me iluminar,  mas acaba me cegando, a luz me tira da sanidade.
O som está cada vez mais alto, e as crianças agora comem a carne podre de seus antepassados.
É quase meio dia e a tenda está se desfazendo.
Aquela tenda que eu usava para esconder meus restos mortais.
No vão dos dentes, sangue e muita obrigação para com o mundo.
E o mundo não é tão comum quanto meus olhos pensavam.
Minha mente abre lentamente as portas do calabouço.
Não precisa ter medo, ali dentro eu estou sem máscaras...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

::ESPINHOS DE FERRO::

Flui dentro de mim, uma coisa obvia e destrutiva.

Um demônio que faz coleção de sofrimento.

Toda vez que parece diferente, eu sou arrastada para a decepção.

E no segundo seguinte eu olho através dos meus olhos no espelho,

E vejo lagrimas que brotam dentro de mim.

A sensação não é boa e qualquer coisa que me eleve eu aceito.

O cansaço me trai quando eu tento contar a ele sobre minha tragédia.

É mais prático viver em um mundo real, mas isso não flui normalmente em mim.

Quando observo as pessoas, coloco dentro de um pote e vejo as possibilidades.

Porém, quando descubro que não tenho poder algum de mudar o que sinto,

Despenco de uma escadaria e fico dias no chão rindo da minha comédia invasiva.

Ninguém pode me dizer que eu não tento, pois, o que mais faço é atravessar a neblina.

A réplica está feita e o chão cheio de água salgada.

Não posso tocar nesta parte, não desta vez não posso ficar longe por dias.

Existe algo ruim dentro de mim e aqui dentro as flores não crescem saudáveis.

O que eu sou? Um monstro ferido, uma pessoa que engole suas feridas.

Estou aflorando e tudo que me resta é perceber que o meu conformismo é o meu apego.

Bata três vezes antes de entrar... é como se eu estivesse dormindo.

E o som ensurdecedor dos corações batendo, me deixassem viva por um dia melhor.

Feche a porta, a tristeza é um tiro no escuro e a minha alegria tira férias quando quero sorrir.

A música está alta e agora as roseiras estão envolvendo o meu corpo.

Os espinhos de ferro, encravados no meu peito não me incomodam, me fazem refletir.

O que eu tenho visto? O que tenho vivido? Quanto ainda me resta de expectativas?

Eu soluço alto, algo está fazendo sentido!

Logo eu volto, paralisada, esperando uma ação que não me destitua novamente...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

::QUANDO A NOITE CAIR::

É só uma questão de tempo...
As coisas vão se misturando novamente, e o que era parado, move-se rapidamente dentro de mim.
Não que eu possa lentamente ir salientando tudo morre em mim, mas é pura decadência esperar a estrela se apagar.
Os panos estão rasgados e a graça de tudo vai se esvaindo sem honra.
Algo está por baixo e os lençois estão escapando com a força dos ventos do sul.
Se fosse possível falar uma lingua menos insana, as rosas morreriam lentamente no silêncio de uma noite gelada.
E se os ouvidos fossem mais apurados, eu teria um abrigo para ver o mundo ingenuo e mudado.
Escute, agora aquela voz vem vindo na escuridão e não sei aonde me esconder.
Eu poderia preparar uma boa bebida e meditar sobre todas as circunstâncias aonde estive ausente.
Não, de novo não, esta coisa toda me faz querer voar para um lugar novo.
Então eu acabo me abandonando, deixando rastro para o meu passo renegado pela minha coragem.
Preciso dormir, e o meu maior tormento é que, sozinha eu aprendo... e me desprendo de tudo que me faz odiar grande parte minha.
Eu choro, pois, o real para mim, vem com uma grandeza sufocante e acabo não entendendo o que digo, faço e mudo sempre para uma versão desatualizada do que sinto sobre o que vivi.
Eu me deprecio, estou longe sussurrando por um socorro que só pode vir quando a noite voltar a cair sobre minha alma...

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

::Postes Ilustrativos::

É como uma pedra quebrando nas minhas costas.

Esta facilidade que eu tenho para falar da dor, é algo que eu não compreendo.

Falando, gritando, de repente, no silêncio da noite eu procuro algo para não me enlouquecer.

Vou de encontro com uma voz que se insinua dizendo que os meus sonhos são pequenos,

O lugar dos meus desejos deu estadia a uma precoce desconfiança que estou no caminho errado, e não me preocupo pois, quando eu tento parar de caminhar nesta estrada, aparece um atalho, algo maior me atravessa e então, estou de novo na beira do abismo.

Quando tento ir devagar, me prendo a uma situação que me arrasta pelo chão, eu acabo pulando, me curvando a uma circunstancia maior que não me impressiona, que é o peito fechado para receber as coisas que tentam me lançar.

Se a sorte é uma coisa que vem comigo, então eu digo que ela é meio traiçoeira pois, está constantemente transformada em uma pílula de pressão que entra pela minha boca como uma água gelada e atravessa minhas veias e corta minha pele em mil pedaços.

Esta realidade toda que se envolve comigo eu entro numa paranóia de que, uma parede vai cair sobre mim da noite para o dia.

O dia é inconstante e eu ando tão envolvida com o pouco que me resta, e o que resta sou eu dentro de um universo cheio de mágoas e falta de resoluções.

Não desisto, mas falar de curativos quando se tem sempre um peito aberto para agüentar pancadas, é delicado já que, vivo sozinha dentro de uma depressão cheia de inconstâncias frenéticas e insolúveis.

Quando peço um tempo para mim, sou esfaqueada por trás, meu passado me corta feito papel e novamente eu estou dolorida para escrever sobre o que realmente eu sei fazer, lamentar.

E lamentar não é somente viver a espreita de uma constante indagação de onde anda a felicidade, e pedir perdão costuma participar da minha fala extraordinária sobre o que eu não sei dizer quando pergunto como eu estou.

O ataque é rápido e então a fuga é quase irresistível, mas eu se que não posso moldar uma questão dentro de mim, porque, a pergunta que me alcança é a mesma que me cerca por anos.

Talvez eu seja uma presa, um nome dentro de um baú, ou um corpo cheio de paciência, carregado de memórias e extremidades profundamente magoadas.

E se eu tivesse uma chance de mudar tudo isso, eu não mudaria, pois, estou retornando a minha infância e o sangue que escorre dos meus olhos, me trás de volta a ser o que eu estava sendo.

Não me engano, as certezas que um dia eu tive, se foram, e com isso eu tive a oportunidade de conhecer vários ângulos das minhas agonias.

Vou vomitando nervosa sobre uma mesa cheia de tribulações.

O mundo vem me comendo e eu vou apreciando até o ultimo pedaço desta fatia gigantesca de maldade.

Estou em um labirinto, adentrando aonde a música mais sonolenta não chega, aqui é tudo agitado, eu não paro um segundo, minha respiração faz com que eu exploda todos os dias.

Escapar, não, uma rainha torturada conversa comigo, e ela diz que a vida vem passando e que as virtudes que eu quero, estão próximas e eu acabo por destroçá-las com medo de perder o valor da esperança.

Tenho meus dias de glória e eles costumam durar até quando eu prendo o suspiro e choro alto como se eu pudesse achar um amplificador dentro do meu cérebro.

O fato vai dilacerando meu temperamento, e o que é racional vira um filme repetitivo, e então eu peço um bis, mas isso não me consola.

O demônio dentro de mim está sempre mudando de lugar e então eu tento pegar uma distração para que ele envelheça antes que eu possa me tornar sua filha preferida.

A cidade continua prateada e cheia de perigos e estou trancada em uma fantasia que alguém pode vir e ver que o escuro é bem mais emocionante.

Quando eu perco o controle eu vejo o que os meus olhos não tem medo de construir.

Esta construção vai me levando até o submundo aonde eu me criei, aonde a luz chega de vez enquanto para me iluminar e me tirar do tédio.

No minuto seguinte eu começo a repetir tudo de uma vez só, só que os valores são diferentes, eu procuro não me julgar, mas é quase inevitável e de novo, bum, eu explodo e vou para todos os cantos da onde eu aprendi a me virar sozinha com o que tenho para sobreviver.

Viver aonde o sol também nasce e aonde a lua vira minha adorável companhia.

Muitas pessoas vão e vem na minha vida, o amor que vem brotando sobre este distanciamento fez com que eu aprecia-se o consolo que vem das palavras que preciso quando estou sonhando alto demais.

As pessoas vão sentindo e elas podem se policiar todo tempo e não o faz, em particular as partículas vão se dissolvendo diante dos meus olhos.

Os segundos vão surgindo na minha ótica distorcida sobre o que penso o que é o mundo problemático que eu sinto.

Existe amor em tudo, mas o ódio alimenta uma coisa em mim que é como se o único combustível que me mantem de olhos abertos é o desespero.

Imagine só, eu de bem e de mal, todo tempo mudando as coisas, rastejando pelos esgotos sombrios, aonde a maioria da população se esconde e tem vergonha de admitir.

É prazeroso falar do imundo, mas estar suja todo tempo faz de mim uma pessoa pendendo para um infinito desabor do que é viver.

Não existe problema, eu gosto de viver como vivo, as minhas bagagens estão pesadas, e todos estes anos eu tenho deixado algumas conexões de lado.

Meus ombros doem, meu coração está a flor-da-pele.

Classes vão nascendo e eu morrendo tentando ser uma pessoa um pouco menos idiota de sentidos.

Sou sensível e minhas cavidades estão ai para quem quiser ver o que habita o meu inconsciente.

O consciente vem brincando, e eu vou satirando com tudo que vem se mostrando.

O que levo a sério é esta coisa de luta contra a ignorância parcial da humanidade ilustrativa.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

::DIA INTERMINÁVEL::

Posso acessar o silêncio?

Talvez não.

Não que eu não queira, mas querer está longe de tudo que no tempo passa.

E o tempo passa, rápido, sorrateiro e barato.

Caro, quando consigo me redimir dos danos malignos que causei a mim mesmo.

Mesmo quando eu fico apavorada quando percebo o tamanho do sentido que as coisas se dão para mim.

Para mim o dia é noite, e a noite é um dia interminável.

Termina, e eu que queria uma juventude modesta, hoje sou desonesta com o que sinto, puro desespero.

Desespero porque eu ainda não sei o que quero ser.

Ser talvez, qualquer coisa, ou uma coisa em si que seja algo pra mim.

Pra mim tudo é algo, e algo é alto demais, vago e isolado da minha concepção de realidade.

Real, ai está a falta do sujeito imperfeito que se transformou meu consciente.

Inconsciente que desloca para baixo toda minha fixação por responsabilidade.

Responsabilidade é coisa de vida, destas asas que não me soltam e que são minhas únicas amigas.

Inimigas de qualquer um que tente subornar a minha lealdade.

Maldade que se inicia no meu parto existencial e que violenta minha morte paternal.

Patrimônio vencido desde que foi tomado, arrombado por assim dizer.

Como eu vou dizer algo se sinto que nem mais tenho voz?

Parece que tudo está sendo repetido, não consigo um incentivo para incendiar este pensamento foragido.

Fugitivo, meu laço com o que por mim foi perdido, está rompido.

Desgarrado, ilhado, isolado, assim se encontra o meu destino.

Mas tenho fé, não sei em que, para que, e de onde vem, mas tenho.

Não temo, às vezes fraquejo, enganada por falsas heranças, nada hereditárias.

Sedentárias, cobranças sujas, exílio total da linguagem.

Imagem, não me falta!

Me fala então você!

Você, este monte de coisas que vem e que no outro instante me deixa só.

Que quando chega me fascina e quando vai me desanima.

Não me tornei escrava da solidão, me tornei aliada desta sede pela busca do meu caminho.

Um ninho, sem ser útero e nem refúgio.

Porque ainda me vejo sentada no último vagão daquele trem antigo, partindo, lentamente, para uma cidade fantasma?

Que sensação é essa de que tudo pode ser eterno?

Mas sei que não é.

Porque então insisto em persistir que tudo não passa?

Ora, ora, Viviane, não seja assim

No ventre do abismo você nasceu.

No colo deste mundo insano você cresceu...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

::DOIS CORAÇÕES::

Vamos revogar o direito de ter dois corações.

Tirar proveito das péssimas situações.

Vamos ter laços, abraços e pedaços.

Em um pequeno silêncio memorizar nosso cansaço.

Vamos revogar o direito de ter dois irmãos.

Um descaso da vida, um voto de perdão.

Pra compartilhar o dever de estar na solidão.

Se não é só, é em vão.

Se for em vão, trará para a vida a compreensão.

Se desprender, soltaremos uma grande confusão.

Lamentaremos o dia em que aprenderemos a dizer não.

E se dissermos que sim, que estejamos afim,

De continuar uma prosa, mesmo que não se musique,

Soletraremos cada dor com um nó na garganta inspirada de paixão.

E se alguém não quiser voltar, que esta mágoa que eu tenho,

Que cisma em teimar, queime todo meu pavoroso sigilo doloroso e me faça despertar.

E se eu dormir demais, que eu adoeça, para poder assim descobrir como me curar.

E se esta cura não durar, eu possa um verso novo rascunhar...

sábado, 28 de maio de 2011

:: Folhas de piadas::

Quebrando o que sobrou de um muro que eu construi dentro de mim...

A poça está cheia, são lágrimas, antigas e sentimentais.

Parece que eu não consigo ir para frente, alguma coisa me puxa,

Quando eu consigo me libertar, dói.

Eu tento recomeçar de novo, mas minhas pernas estão machucadas.

Estou alta, e então eu percebo as folhas me rodeando, com suas piadas sujas.

E é isso?

Tenho que ser uma, qualquer coisa, pode ser um brinquedo, mas um que faça menos barulho.

Eu venho tentando e isso não me trouxe as estrelas.

Correndo, o grito sai correndo de minha garganta, pois, eu estive só ali.

Embriagada de certezas, escavando um esconderijo que me lembrou um abismo.

E finalmente eu cheguei no fundo, não, eu não cheguei, não existe fundo.

O vazio conversa comigo, e as vozes estão sorrindo dos meus olhos apertados.

Gostaria de parar tudo, simplesmente um pouco mais de paz, ou de ser capaz de me deixar para trás quando minha insegurança tentar me sufocar.

De onde eu venho, o sol é sempre laranja, e o mar sempre verde.

Os olhos são neutros, misteriosos globos anedotas.

Minha especialidade sempre foi perceber o que estava errado, e eu sempre fui indiferente quando as coisas pareciam estar indo bem.

Não consigo reconhecer nada, me tornei egoísta, fechada, isolada e desamparada pela esperança.

Perdi o controle, meu corpo está rachado em milhões de pedaços e cada um deles, narra uma parte minha que quer ser removida para sempre...

sábado, 16 de abril de 2011

::Fio da Morte::

Puxando o fio da vida, conceituando as dores ancestrais.

Não adiantou ter um bom coração, eu estava alta, cutucando o destino com fúria.

Demorou muito, acabei de perceber que esta força que me move, me ergue para uma dimensão aonde as turbulentas memórias me desconstroem.

Agora eu posso ver um par de olhos suplicando carinho, são os meus olhos que um dia eu deixei de notar.

O caminho é longo e estar longe me faz querer ficar para trás.

O que eu poderia descrever sobre tudo que tenho vivido?

Talvez, pelas circunstâncias em que me encontro,a falta de risada brinca com a minha piedade.

Eu disse, lá atrás, que nada era totalmente certo o refúgio que eu sempre desconfiei, me ilude com seus brilhos ofuscantes.

As luzes estão se apagando, e o meu coração bate lentamente, eu estou novamente perto de descobrir algo, e logo, sou acometida por uma coisa maior do que eu julguei ser minha existência.

Por onde começo a procurar os sentidos que perdi?

Como eu posso negar tudo isso?

sábado, 2 de abril de 2011

:: DOENTIO E NEGRO::

Possibilidade carrega perigo...

As vezes eu tento tocar uma parte em mim que está morta,

E tudo fica estranho, eu viro uma massa de ódio.

Uma massa cheia de devaneios e o passado caminha dentro de mim.

Ser franca uma hora destas e abrir a boca e fechar os olhos.

Os problemas vão correndo por todos os lados e as portas estão com as chaves esgotadas.

O que você poderia querer com um coração tão amargurado?

Talvez um adeus, uma brincadeira de mal gosto, e tudo está abalado.

Quando eu tento resistir, eu sou tragada por uma fumaça negra,

Meus ossos doem e minha tosse asquerosa se espalha por todo ar.

Se gosta de tudo isso, masoquismo passa longe.

Veja, as coisas vão ficando de uma cor vermelha

Cancelaram os últimos pedidos para pílulas anti – depressivas,

Então vamos caminhando para a beira do abismo.

Lá em baixo estão as incertezas, e aqui em cima os dedos estão silenciando as obras primas.

Deixando rolar, então um grande amor está dilacerado e isso nunca é o fim.

O fim vem quando eu percebo que posso sempre ressuscitar qualquer tipo de sentimento.

E sentir é um vento forte, avalassador e as crianças gostam disso também.

Eu ouvi um barulho, uma veia estourando.

Estou só no meio de milhares de pessoas e não posso escapar disso.

O lugar está todo abandonado, e então se eu quero ter honra é melhor eu ficar quieta.

A noite está horrível e eu sinto que algo está se aproximando.

Um jogo paradoxal, aonde a quântica dos argumentos está estacionada atrás do presente.

O agora faz uma brincadeira insana sobre o que temos pra hoje,

E hoje é extremamente doentio e negro...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

::O Castelo::

Porque quando eu imagino um castelo, eu não me vejo dentro dele?

Sabe aonde eu estou nesta paisagem?

Do lado de fora, escondida atrás de uma arvore gigante, observando as rachaduras naquele concreto antigo.

Vendo que toda aquela imensidão de concreto, a qualquer instante pode ser derrubada por uma tempestade...

Naqueles arredores não existem cavalos brancos, são touros fortes, bravos e onipotentes.

Gramas selvagens, ervas daninhas que crescem na borda daquele lago que banha as estruturas fajutas daquele castelo.

Aquele lago é sujo, erótico e desprovido de qualquer beleza.

É impróprio para banhos noturnos de melancolia, não lava, ele polui de vez uma alma caída.

Quem tenta entrar no castelo, chegando a ponte, e ela desce lentamente, vê a visão de algo tenebroso, algo tão real que é avassalador.

Quem entra ali, choca-se com o esplendoroso monumento que tem na porta principal.

Um homem de asas negras, abaixado, chorando e suas lágrimas se transformam em veneno mortal.

Alguns bebem daquele veneno, outros são tragados para o intestino da estátua e ali ficam até que crescem tanto que são expelidos para fora.

Naquele castelo, eu só entro quando preciso buscar um jeito real de conversar comigo mesmo, através do meu inconsciente fantasmagórico, brusco e abismal.

E quando eu saio dele, novamente eu me transformo em humana...

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

::LINGUAGEM DO ACOLHIMENTO::

Que tipo de linguagem deve eu usar para expressar o que sinto?

Uma vez que, quando tento explicar a linguagem, ela escorre por minhas veias, adentrando em meu inconsciente.

A vida é um experimento, um saber que não se sabe nunca tudo, e o jamais é o acaso do tempo finito.

Uma derradeira viagem sobre o espaço que se rompe quando tento expandir minha consciência, não medito, estou sempre ligada a um acontecimento maior do que o meu eu explicável.

É sol que se parte em dois, transformando – me em cinzas, clareiras se ascendem na montanha, o meu tempo de renovação começa a todo instante.

Transporto-me para aonde o meu ser se abre para as coisas do nunca-vivido.

E o nunca-vivido se revela quando eu estou ou não preparada.

Ali, a linguagem se manifesta através do silêncio do oculto.

Oculto que tem fonte no mistério, e deste somente tenho eu vestígios.

Talvez, bem lá no fundo eu tenha sido vivida por milhares de mistérios, pelos quais, ainda adormeço na ingenuidade de encontrar uma trilha de perguntas maiores do que as que criei por meio de um trajeto suicida existencial.

Como vou usar palavras se tudo que disponho é de um vocabulário enriquecido de frustração e amor?

Não uso, as palavras me usam, a vida que me traga e se alivia.

Os manifestos do meu inconsciente desenham um caminho pelo qual eu tenho que passar quando supero a minha própria solidão.

E estar só é grande, difícil e requer muito trabalho.

Neste momento, sou pequena no mundo e grande em espírito.

Não sei por qual razão me questiono sobre a temporalidade, cada vez mais quando estou quase no limite da sensação do agora, o passado me puxa para trás e o futuro me agarra para frente.

Desta briga nasce o acolhimento.

Recolhimento!

Aprofundamento no ser...

sábado, 8 de janeiro de 2011

::Flores no asfalto::

Está acontecendo um grande conflito ali dentro.

Ás vezes eu fico do lado de fora vendo minhas mãos alcançarem o céu.

Então tudo que é sério eu ando percebendo que eu dou volta nos postes sem luz.

Os carros passam sobre minha pele, esta cidade está apertada demais.

O céu está negro, e tudo agora está quieto.

Complicando minha situação, estou ofegante, existe um desvio no final da estrada.

Tudo está ao redor, e esta noite eu quero ficar dentro, porque eu quero chorar sem ser vista.

Com passos curtos vou caminhar dentro das minhas memórias.

Eu preciso de uma chance para rever tudo sem analisar o que eu perdi.

Minhas entranhas estão doloridas.

O meu peito pega fogo, e meus olhos sangram.

Tive uma overdose de tristeza...