Vamos revogar o direito de ter dois corações.
Tirar proveito das péssimas situações.
Vamos ter laços, abraços e pedaços.
Em um pequeno silêncio memorizar nosso cansaço.
Vamos revogar o direito de ter dois irmãos.
Um descaso da vida, um voto de perdão.
Pra compartilhar o dever de estar na solidão.
Se não é só, é em vão.
Se for em vão, trará para a vida a compreensão.
Se desprender, soltaremos uma grande confusão.
Lamentaremos o dia em que aprenderemos a dizer não.
E se dissermos que sim, que estejamos afim,
De continuar uma prosa, mesmo que não se musique,
Soletraremos cada dor com um nó na garganta inspirada de paixão.
E se alguém não quiser voltar, que esta mágoa que eu tenho,
Que cisma em teimar, queime todo meu pavoroso sigilo doloroso e me faça despertar.
E se eu dormir demais, que eu adoeça, para poder assim descobrir como me curar.
E se esta cura não durar, eu possa um verso novo rascunhar...