terça-feira, 14 de dezembro de 2010

::Arvore surda::

Era uma voz noturna,

Sussurrando em meus ouvidos uma tempestade de palavras.

Delicadas sementes saiam de meus olhos.

Eu chorava, lançava em meu rosto pétalas negras.

Um sofrimento infeliz, que me deixava perto da felicidade.

Se eu não tive um só momento de solidão neste dia,

Ali eu estava na companhia de uma árvore surda e muda.

Como nunca acredite, aqueles acordes iam se formando,

Conforme o vento assoprava a melodia da melancolia.

Dia que não irradia, noite que me sacia.

Pele macia, assim era a gentil forma da minha outra camada.

A camada externa, sanguinolenta, violada pelos sentidos ocultos do universo.

Pelos cantos, florescem videiras cheias de raiva,

As esperanças de um tecido que se forma através dos passos longos da liberdade.

Era tudo, em nada que eu podia não narrar, mas eu tentava.

Então ensurdeci, enlouqueci com meus próprios gemidos.

Estava eu desejando demais a liberdade?

Não, eu estava apenas em um dia cinza...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

::Paralisia Local::

Arranque toda minha pele, tente encontrar o sentido da minha tristeza.

Eu ando me sentindo perdida, como se algo se aproximasse de mim,

E quisesse tudo que eu tenho, e então eu me coloco a justificar o resto que construi.

Todas as coisas choram, a liberdade tem ficado estreita perto das salvações.

Justamente quando a serenidade quer se acolher nos meus braços,

Eu me sinto fraca e puxo com força minha agressividade.

Correr para onde, os laços estão rompidos.

É grave, não tem como escapar.

A chave está do lado de dentro.

Vou mergulhar no abismo e sentir aquela chuva me destruir.

Tento me concentrar, e o que eu penso é futuro ou passado.

O agora não aparece, eu não consigo decifrá-lo.

Tento me concentrar, e tudo que eu consigo, náusea.

Você sente o frio que vem de mim?

As conseqüências são gigantes e eu me fecho.

Não é uma brincadeira, os ânimos estão desgastados,

Sorrir é um veneno para mim.

Sinto, sinto que nada mais pode me salvar,

Sou surpreendida por nostálgicos finais de tarde.

Toda vez que eu olho no espelho, eu vejo uma faixa negra no meu rosto.

O cavalo se aproxima e eu sei que ele quer ver como eu me saio montada no meu destino.

E eu não vou, simplesmente eu levo um tombo atrás do outro.

Então, eu persisto!

Envolvida por uma dor ancestral, e a realização vem do meu ego.

Deste jeito eu vou arrancando as minhas defesas,

Sem lágrimas, eu vou caindo...caindo... até o fundo da minha alma.

Rastejando, e como se meu corpo não tivesse peso,

Os meus joelhos já não sei dobrar para suplicar.

Ninguém neste deserto sobreviveu nos meus sonhos.

O inferno inflama minhas saudades.

Me dê um tempo, eu preciso ir até aonde eu não tenha medo de voltar.

E a volta é sempre trágica e estranha.

Então, esquecer que respiro é só um detalhe.

Eu vou me deixar, como uma pena sobre uma nuvem no oceano...