terça-feira, 14 de dezembro de 2010

::Arvore surda::

Era uma voz noturna,

Sussurrando em meus ouvidos uma tempestade de palavras.

Delicadas sementes saiam de meus olhos.

Eu chorava, lançava em meu rosto pétalas negras.

Um sofrimento infeliz, que me deixava perto da felicidade.

Se eu não tive um só momento de solidão neste dia,

Ali eu estava na companhia de uma árvore surda e muda.

Como nunca acredite, aqueles acordes iam se formando,

Conforme o vento assoprava a melodia da melancolia.

Dia que não irradia, noite que me sacia.

Pele macia, assim era a gentil forma da minha outra camada.

A camada externa, sanguinolenta, violada pelos sentidos ocultos do universo.

Pelos cantos, florescem videiras cheias de raiva,

As esperanças de um tecido que se forma através dos passos longos da liberdade.

Era tudo, em nada que eu podia não narrar, mas eu tentava.

Então ensurdeci, enlouqueci com meus próprios gemidos.

Estava eu desejando demais a liberdade?

Não, eu estava apenas em um dia cinza...