segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

::A FLECHA ::

A flecha rasga o céu, a paisagem da clareira se desfaz!
O rosto do atirador é negro, sua roupa é a escuridão.
O pensamento sobre tudo que se tem, ainda é pequeno, não cabe, não preenche.
As coisas que aprendeu sobre si, são devastadoras e confundem as tempestades que brotam no horizonte.
No horizonte, só tem rastros de pequenas e severas conquistas que abriram porta para uma solidão existencial, que só dói quando não quer ser lembrada.
Tudo, nada, tem claro o que é obvio e obscuro, não tem morada em si.
O lobo que uiva nas montanhas quer rasgar sua pele, ele quer devorar seus sentidos.
Não  possui mais pontes para atravessar, não existem mais ladeiras e nem descidas para transitar.
É tudo opaco!
Existe uma falta de segurança, que não tem cordas fortes para sustentar o peso do pensar.
Uma faísca, uma falha, uma chama, uma explosão de si mesmo começa a ouvir em algum lugar.
Não é a morte, não é a vida, não é o que é claro ou escuro, é ela.
Uma trovoa em uma tarde fria de outono se transformando em uma manhã quente de verão.
O choque transmuta, a desordem, reflete.
O caos desmonta tudo aquilo que precisava ser preenchido, as bordas.
Voam os pássaros para o Norte.
O Sul, ainda está desocupado.
Nordeste, cheio de ocultamentos, cadáveres, passagens bloqueadas.
O Sudeste ainda é mistério, transfigurado.
A poesia está no lugar da mente, vaga, caminha, devagar sem exitar que pode ser noite quando se vive no dia.
E tudo está em movimento, lento, ardiloso e movediço.
Os passos cansados ainda procuram descanso na deitada noturnal.
É a vida, o laço, descaso, o poder de não conseguir se ter.
De ter o que apenas consegue por dor, manter de si.