quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

...QUADROS NEGROS...

Se tu viver uma paixão avassaladora,
Segure teus bons sentidos e liberte suas fantasias.
A quem diga que não fale que somente diga.
Que na vida se guarda o que se vivencia com alegria.
Se os pensamentos ruins nascem no sorriso calado,
Eles morrem nos momentos que deitamos com os pés para cima,
Vendo a velha guarda caminhar na avenida aberta para o povo humilde.
Amante da chuva, que murmura que banha seus sonhos nas madrugadas quentes.
Que inunda todo o céu com seus quadros negros abençoados pela loucura.
Deleite, enfeite, desejando o corpo no outro um lençol que cubra a carne crua.
Beldade, intensidade, criatividade que não seja passageira.
Não seja ligeira, que não tenha sujeira nas cristalinas lágrimas,
Que dissolvem os tecidos corpóreos com sua milagrosa vivacidade.
Aqui nesta cidade, olhos trêmulos definem uma saudade que não se vai com os anos.
Os lábios vermelhos cativam o outro para o silêncio tão inesperado.
O andar suave nos concede a última dança das libertinas que voam para o sul.
Essas meninas procuram um abrigo nos cansados pisos de mármore picados sobre o sol de 30 graus.
Por aqui meus caros, tudo é multiplicado por mil.
De dores e amores não se morre,
Mas senta-se com seus inimigos para um banquete celestial.
Eu dou risada, e estimulo o vicio da gargalhada aprisionada nas quedas emocionais que brotam dos jovens inofensivos. Talvez eu carregue minha alma com seus 100 anos nas costas... E a partir disso, saiba andar pelos cantos escuros com uma semente de lótus para marcar por onde eu já passei e deixei minha história com tanto sentimento...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

E EU?

CARLOS DRUMMOND, LAMENTOU:

Como a vida muda.
Como a vida é muda.
Como a vida é nuda.
Como a vida é nada.
Como a vida é tudo.
...
Como a vida é senha
de outra vida nova
...
Como a vida é forte
em suas algemas.
...
Como a vida é bela
...
Como a vida vale
mais que a própria vida
sempre renascida.

E EU...

As vezes eu me pergunto em silêncio: O homem carrega sua história , ou a história carrega o homem?

Tudo em mim agora está fluindo... renovo todas as coisas que nascem dentro de mim com a sabedoria de uma velha.

Ah, quanta glória, pouco entendimento de certezas, quanta vida, desfragmentando as passagens nuas. Visto a roupa de domingo para ver a semana toda passar em ritmo de festa!

Quando a festa acabar, limpo tudo com cautela, assoprando as velas que ainda persistem em ascender.

Tudo no mundo fala, as idéias se intercalam... A poesia nasce aonde a escuridão tenta reinar quando solicita esperança para buscar a vaidade nas palavras mortas.

Não quero uma vida repetitiva, quero um fenômeno divino para que as coisas que acredito abram caminhos pelos quais eu possa atravessar uma vida sem esquecer que eu estou

sempre a procura da virtude em ser sem sofrer o que não temo sentir que seja ter o poder de ser quem eu sempre quero ser.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O instante fala

O instante fala, retrucando suas críticas suaves aos olhos atentos do faminto devaneio que se estende entre os arbustos velhos enfiados no solo triste dos campos isolados da consciência.
O estado intra-uterino revoga seus direitos com sua voz trêmula e vulgar, deixando pronta uma emboscada para a virtude dos pensadores desbocados.
Aqui dentro moram filha e a mãe, que nascem do sorriso de uma virgem que não carrega o nome de Maria, e sim de persistência substancial.
Tempestade cheia de fúrias e contaminações passadas, solta suas nuvens roxas para que os jovens suicidas, encharcados de meias-verdades, tenham seu banho final.
Eco, vazio, cheio, efêmero viver, elenco dos desastres neuróticos rabiscados na tela pálida que tem como margem o individuo em seu colapso existencial deslocado para o senso-comum árido e efusivo.
Privilegiados ou não, quem pensa não condena o que não sustenta, só lamenta, mata a sua sede na poesia, inventa sol quando chove, tentando assim inclinar sua tristeza para o leste de seu horizonte cinzento.
Quem diria, ter algum relacionamento legitimo com a naturalidade dos fatos, fecunda os sentimentos que o tempo tenta exorcizar com suas mãos pesadas.
Então, que não existam alicerces, é tudo leve, por isso voa...muitas vezes como pássaros famintos, migrando de um patamar de idéias à outro, procurando devorar apenas o que já está morto.
Abortando as certezas, sucumbindo as indelicadezas humanas para sentir-me deus por um segundo, não tenho passos contraditórios, sigo sem me comunicar com minhas tragédias emotivas que fazem de mim uma cômica laçada pela esperança, em um mundo de carne e osso, paradoxal e que vive em constante alvoroço.
A desordem trás a ordem? Fênix habita no canto esquerdo dos meus sonhos, com suas asas gigantescas fazendo nascer um temporal nas águas que escorrem dentro de mim para tentar me purificar da condenação de ser muitas vezes irracional.



quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

DEVANEIO DE CORES

Ah vida, cheia de mistérios deliciosos
Com suas caravanas ácidas e mórbidas de devaneios astrais.
A conquista da percepção ideal, o conceber da angústia espiritual.
Dos pensamentos mais cheios de redemoinhos noturnos
E que arrepios loucos trazem os ventos gelados para varrer as folhas mortas no quintal.
A verdade pode ser apenas uma idéia
Correspondendo-se com a eternidade da desilusão.
Quanto mais fundo eu nado para o entendimento
Sinto que com isso ganho também gracejos das almas que encontro pelo meu caminho.
Talvez vago, revelando o meu envolvimento comigo mesma diante dos tranqüilos
Vales do esquecimento do que por mim deixou de ser vivido.
Quem sabe eu não esteja no ventre da ironia de alguém que se encontra de péssimo humor?
Brinco de fazer sombra nas paredes nos dias quentes.
Quanto aos dias frios, me recolho para sentir o frio em meus pulmões.
Não acredito somente neste mundo que vivo
Acredito em milhares de mundos ao mesmo tempo intercalados em si
Com infinitas cores se misturando, formando um painel cheio de existências coloridas.
Ali sinto a felicidade e a tristeza sendo uma coisa só dentro de um tudo.
Não quero me sentir cheia de nada, e nem vazia
Quero pensar sempre que estou completando a minha vivência com
Peças pequenas, não quero ser algo completo jamais
Para que eu nunca deixe de acreditar em fantasia.
Suspiros da alma, perene desconsolação.
Adivinhar o que é divino e separar o corpo podre que quer
Iludir a mágica do sonhar.
Morrer, nem pensar
Sorrir e chorar, todos os dias.
Eu sentiria falta de tudo que vivo e sinto,
Então prefiro não invocar os dias negros quando estou tentando submergir neste oceano de emoções.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O CANTEIRO SELVAGEM

O que acontece com o mundo, neste meu canteiro selvagem?
O que acontece comigo dentro do mundo?
Este meu deslocar entre uma canção e outra.
A vertigem ambiciosa que toma minha fronte,
Fazendo com que eu fique dispersa por horas.
O sentir saudades que me faz sentir vontade de viajar para dentro de ti.
Desenhando e modelando novas visões do que é estar desejando desejar todos os dias.
Sem medo, que o agora não seja nunca a distância entre eu e o paraíso.
Que eu conceba mais do que minha alma possa produzir, sem me preocupar com meus excessos dramáticos na sutileza do ser amante.
Vou propagando a passos curtos a minha dignidade, a palhaça se debruça para raciocinar e assoprar para longe de vez as lágrimas que queimam sua face de menina cicatriz.
Não é preciso entendimento rápido, tenho paciência e não lamento que o tempo passe com tanta velocidade perante meus olhos.
Prendo e solto com fidelidade a paixão que reina em meus dias de tempestade.
Os canteiros virgens agora estão floridos e umidos pela chuva que banha de alegria seu solo fértil.

As margaridas prostitutas agora estão libertas para ter sua vida de volta.
Com a leve sensação de que nunca foram usadas por ninguém...

sábado, 5 de janeiro de 2008

...

Sou uma amante incansável, ousada, que banho meus versos rasurados no luar melancólico. Que abro ramificações conduzidas pela loucura da embriaguez existencial.
Insensata, faço a busca da energia pura nas pequenas coisas da vida que não tenho o costume de deixar passar em branco.
Fanática pelos conteúdos filosóficos e pela poesia, não consigo um contato intimo com os poetas que estão presos nos livros, não consigo ter uma relação quase sexual com suas palavras por falta de paciência.
Ergo o mundo das cores, mas não nego a escuridão que toma café com minha insônia positiva e que me arremessa ao mundo imaginário, desacordada.
Eu não atuo em defesa de discursos sofridos de quem nunca me ouviu reclamar da vida.
Não jogo com quem renuncia a dor de outrem sem querer esperar aflito pelo amanhecer metódico e cheio de certezas.
Chata, sem definição do que ser, estou sendo, no mundo, no instante, no imperfeito.
Pendurada entre o substancial e o imaginário, isso tudo só me pertence usando as palavras com suas inclinações tão pouco legíveis.
Temperamental, que não costuma usar ironia para causar raios de sol para quem vive nas trevas. Morto por assim dizer, denunciando sua covardia na sua falta de atos para com a verdade. Podendo sufocar o mundo em forma de lamentações e induzindo a destruição da alma pura e do verdadeiro sentido do ser-aí.
Desprezível com aqueles que querem abordar as sensações sem pensar nos efeitos que elas causam em quem dorme no jardim ao lado. Pulando as cercas do infinito e morrendo alados pela desordem da falsa democracia moderna, suja e sem ideal.
Vivo sem freios, na loucura, locomotiva descontrolada, mas por onde passo deixo minha “persona” atuar sempre com delicadeza e elegância, e não me envergonho por ser tão discreta com o mundo inteligível.
Quero equívocos e indagações, a falta de regras para sobreviver ao caos lunático moral. Conceber olhos tristes através do ventre do ódio que enxerga bem o cego que caminha para o abismo, mas mesmo assim, acaba conduzindo o mesmo para seu ato final de piedade suicida desleal.
Sem excessos, por favor, não quero o racional para dizer o que me é sentido. Quero essência nos tombos que levo quando penso que estou andando em linha reta e me deparo com as tortas virtudes que me condenam pela minha maldita paciência que propago em forma de meu mais doloroso silêncio.
Meus delírios, fala então falta, na falta de fala, então cala, se cala e castra. Reclama, inflama internamente a saudade de um mundo perfeito que não é eleito pelos homens de coração aberto à vaidade dos loucos e que andam pela cidade de luz com as sombras no peito e suas espadas que carregam a intencionalidade viva do que é vida para o corte do falso real, até conspirar contra o divino criando e dilacerando seus inimigos até a morte.
Vulgaridade, expressão, quem se importa então quando o vazio grita pelo eco?
Eu, descarada, abençoada ou amaldiçoada pela condição de pensar, não me canso de procurar a base que sustenta toda a intersubjetividade da verdade que tanto rabisco para encontrar o resultado final do mistério do ventre do doador deus e homem que condena sua própria vida para ser um ser para a morte, um ser visto de cima de si mesmo como um imoral e inacabado que soluça suas mentiras e proclama falsos sentimentos para se sentir dentro de sua moral banal.