sábado, 5 de janeiro de 2008

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Sou uma amante incansável, ousada, que banho meus versos rasurados no luar melancólico. Que abro ramificações conduzidas pela loucura da embriaguez existencial.
Insensata, faço a busca da energia pura nas pequenas coisas da vida que não tenho o costume de deixar passar em branco.
Fanática pelos conteúdos filosóficos e pela poesia, não consigo um contato intimo com os poetas que estão presos nos livros, não consigo ter uma relação quase sexual com suas palavras por falta de paciência.
Ergo o mundo das cores, mas não nego a escuridão que toma café com minha insônia positiva e que me arremessa ao mundo imaginário, desacordada.
Eu não atuo em defesa de discursos sofridos de quem nunca me ouviu reclamar da vida.
Não jogo com quem renuncia a dor de outrem sem querer esperar aflito pelo amanhecer metódico e cheio de certezas.
Chata, sem definição do que ser, estou sendo, no mundo, no instante, no imperfeito.
Pendurada entre o substancial e o imaginário, isso tudo só me pertence usando as palavras com suas inclinações tão pouco legíveis.
Temperamental, que não costuma usar ironia para causar raios de sol para quem vive nas trevas. Morto por assim dizer, denunciando sua covardia na sua falta de atos para com a verdade. Podendo sufocar o mundo em forma de lamentações e induzindo a destruição da alma pura e do verdadeiro sentido do ser-aí.
Desprezível com aqueles que querem abordar as sensações sem pensar nos efeitos que elas causam em quem dorme no jardim ao lado. Pulando as cercas do infinito e morrendo alados pela desordem da falsa democracia moderna, suja e sem ideal.
Vivo sem freios, na loucura, locomotiva descontrolada, mas por onde passo deixo minha “persona” atuar sempre com delicadeza e elegância, e não me envergonho por ser tão discreta com o mundo inteligível.
Quero equívocos e indagações, a falta de regras para sobreviver ao caos lunático moral. Conceber olhos tristes através do ventre do ódio que enxerga bem o cego que caminha para o abismo, mas mesmo assim, acaba conduzindo o mesmo para seu ato final de piedade suicida desleal.
Sem excessos, por favor, não quero o racional para dizer o que me é sentido. Quero essência nos tombos que levo quando penso que estou andando em linha reta e me deparo com as tortas virtudes que me condenam pela minha maldita paciência que propago em forma de meu mais doloroso silêncio.
Meus delírios, fala então falta, na falta de fala, então cala, se cala e castra. Reclama, inflama internamente a saudade de um mundo perfeito que não é eleito pelos homens de coração aberto à vaidade dos loucos e que andam pela cidade de luz com as sombras no peito e suas espadas que carregam a intencionalidade viva do que é vida para o corte do falso real, até conspirar contra o divino criando e dilacerando seus inimigos até a morte.
Vulgaridade, expressão, quem se importa então quando o vazio grita pelo eco?
Eu, descarada, abençoada ou amaldiçoada pela condição de pensar, não me canso de procurar a base que sustenta toda a intersubjetividade da verdade que tanto rabisco para encontrar o resultado final do mistério do ventre do doador deus e homem que condena sua própria vida para ser um ser para a morte, um ser visto de cima de si mesmo como um imoral e inacabado que soluça suas mentiras e proclama falsos sentimentos para se sentir dentro de sua moral banal.

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