Os pés conseguiriam andar quilômetros
sem ser alcançados...
Os olhos serrados de dor e
prazer, contidos em duas gotas de orvalho, frios.
Não existia uma direção certa,
apenas corria, de um lado para outro, selvagem.
Animais soltos, dentro e fora de
si mesmo.
Cavalos nus, galopando em uma imaginação
primitiva e cheia de emoção.
Carregados de pedras, ilusões, um
destino, sem devir, uma assombração de si mesmo.
Desfreado, corrigindo as ladeiras
encharcadas de lamúrias e obsoletos desejos sobre a realidade.
Esmagada, real e substancial.
Escorria de sua boca, uma agua
virgem, cheia de vontade de vida.
Uma vida que poderia matar,
realocar qualquer sentimento para um lugar isolado da mente.
Dormente, consequentemente,
estaria fora de tudo que imaginasse que fosse seu.
Nunca obteve êxito em tentar sair
de si, quando o fazia, resgatava algo tão profundo, se afogava.
O mar estava bravo, cheio de
melancolias e desespero.
Um sofrimento dócil, arrebatador,
sua poesia era indelicada, incerta e catastrófica.
Era poético, patético e imoral.
Não existia genialidade para algo
tão sorrateiro.
Devaneios, desatualizando dos
capítulos antigos do qual vivia, existia, reinando sem trono, sem reinado, só
comprometido com o devir.
Não devia nada, não comprava a si
mesmo, com moedas inconscientes.
Frequentemente, dormia,
cochilava, cochichava com os deslizes matinais.
Sexualmente violento, cruel e cheio
de artimanhas para driblar sua própria essência.
Essencial que fosse, já não era
sobrenatural.
Era uma natureza desperta, cheia
de fogo e inflamando em febre.
Queimaduras em uma alma marcada
por vermelho e negro.
Um sol que ardia a noite, a
noite, o luar o envadia.
Esvaziou-se...