segunda-feira, 4 de novembro de 2013

:: FUMAÇA::


Lançada na noite, tentando procurar uma palavra perdida, um som auscultado e sombrio que possa refletir em minha mentalidade mais ingênua a respeito da vida que se oculta.

Os móveis todos aqui, paralisados, como deve ser difícil, ter tanta história em cada milímetro de si e não poder narrar, esperar apenas que alguém, nós aqui de fora possamos olhar para eles e meditar profundamente sobre tudo o que eles nos remetem.

Como tornar-se autêntica em meio a este concreto rabiscado com suas teorias metafísicas e confusas, tão pouco lapidadas pela dor do existir?

Meditar sobre a fumaça que sai dos canos ácidos dos carros que correm para aonde o coração dos condutores não podem ir com a imaginação, tornou-se uma tarefa insólita e vulgar.

Sinto-me preguiçosa entre os vãos dos prédios que sobem, sobem e caem em segundos, como a pressão de uma senhora de 90 anos que vê o sol rasgar suas retinas quando pula de paraquedas pela primeira vez.

Percebo cada vez mais certa ignorância a respeito do pensar contemporâneo, eles pensam, pensam demais sobre tudo demasiadamente que os levam a morte de olhos abertos.

Sem que percebam, estão cavalgando em um intelectualismo petrificado e sem magia.

Não relaciono a magia algo racional e banalizado como “esotérico”, mas a magia do mistério a concepção do que nunca pode ser aberto por inteiro.

O mistério que não se fecha, que quando mergulhado, nos encharca até nos sentirmos estufados e no outro instante, vazios, ocos e mistificados...