quinta-feira, 29 de julho de 2010

::SOBRE O SOL QUE NÃO NASCE::

Eu sei, as vezes tudo é um pouco mais difícil porque eu não costumo deixar que a simplicidade me invada.

E o silêncio faz crescer em mim raízes, negras, suculentas e dolorosas.

O tempo não para de correr e minhas pernas já estão gastas demais para avançar conforme a ampulheta da vida.

Estou construindo um castelo, ele é longe da civilização, ali algumas coisas morrem, eu não.

Os anos vão se passando, e sinto uma necessidade estranha de estar sempre cogitando tudo que tenho e a falta do que não tenho, nunca me incomodou.

É preciso muito, friamente uma dose alta para me incomodar.

Os cômodos estão girando e a toalha ainda está molhada, o meu suor na madrugada, cheira a um campo cheio de flores precisando de água.

Toda vez que eu percebo que alguma coisa vem surgindo em minha direção, viro de costas, e sinto passar por mim um aroma delicado de saudade, e no outro instante, já me perdi neste cheiro azedo de pouca vaidade.

Mármores gelados, sinto como se cada parte do meu corpo estivesse enrijecida, algumas vezes eu penso, penso e só penso, e não consigo deixar de levitar.

Eu viro um balão, cheia de movimento, com uma corda frágil que me prende ao chão.

Quando me puxam, vejo a força que tenho e minha fraqueza é alimento para esta minha falta de terra.

Eu deveria sumir, por um momento inteiro e voltar refeita, não, pensar assim só trás de volta um sentimento de angústia estranho.

Uma melodia atormentadora se forma em mim, uma sinfonia me destrói, sinto as cordas arranharem minha pele, estou envolvida pela mesma música por milênios.

Milênios são segundos, e depois disso, vem àquela famosa queda.

Daquelas de ranger os dentes, me ofereço às cicatrizes, sou drama, perdi o controle da fala.

Agora eu sussurro!

Não sei, acho que eu deveria aprender a falar.

Falar de verdade, sem cochichar, me fazer nítida mesmo quando eu estiver a ponto de derramar todas as lágrimas possíveis, ali, eu seria um pouco infeliz.

Ser feliz é questão de estar, onde eu estou?

As veias entram e saem do meu corpo, a todo tempo.

Não posso resgatar alguma coisa falta, ela volta quando quer me ter por um belo instante.

Sou eu, eu quero me ter por um belo instante.

Mesmo que de costas para tudo, eu estou ali.

Ou ao menos penso que estive...

Não sei se ando triste demais, ou se a felicidade pode ser uma opção.

Optar pelo que?

Aonde começa a felicidade?

E se faz tanto bem, porque vai embora e bate a porta e volta quando quer?

Tanto faz, fez, farei de novo, perderei a vontade de existir como não quero, serei intuição forte.

Sem martírios... Só esta noite, por agora sou eu!

E isso já não me fascina mais.

Enjoei de mim de novo e agora?

Renascerei das cinzas e assoprarei as velas e deitarei no meu túmulo, depois, me cobrirei de terra azul, nomearei a mim mesma de solidão...

sábado, 17 de julho de 2010

::Sem Sol::

Caminhando aonde os limites não existem.

Aonde o fraco esconde a força no sangue.

As pessoas estão andando devagar,

Eu posso ver as lágrimas escorrerem para dentro com violência.

Tudo já está sendo cobrado,

E a dor vai se sentar na porta dos vaidosos.

Lá dentro as coisas são diferentes, elas não deixam de gritar...

terça-feira, 13 de julho de 2010

::Demanda::

Eu quero uma sandália calada, que não seja capaz de contar os meus passos.

A cidade agora está encantada...

Os prédios estão destorcidos, para onde eu vou caminhar?

Então agora não tem prosa, a demanda da morte é longa,

E o relógio grita sem parar, é hora da rosa chorar...