domingo, 30 de junho de 2013

:: FORA DA JANELA::


Ela preferiu a morte ao perceber a sua própria pequenez.
Debruçou sobre as pernas e exalou o cheiro do pecado mais profundo.
Viu o louco dançar em frente a um espelho negro.
E a noite que tardava a cair, entrou dentro dela.
Se for possível desistir de si mesma, ela então entrava em um furacão quando pensava,
“Deus não me deu asas, me deu os pensamentos abismais.”
Tola, sossegou com o barulho dos arbustos balançando fora da janela.
Eles queriam entrar, participar daquilo tudo, mas estavam presos na terra.
De onde vinha este gosto de sangue que passeava da gengiva até a ponta da língua ?
Era um doce tormento, o gosto mais singelo do perdão.
Saia do coração...
A palidez mais cálida da madrugada.
E ela apenas sussurrou que não tinha medo de acordar.


terça-feira, 25 de junho de 2013

::SEGUNDO NÍVEL::

Não tem como escapar da vida, os passos são curtos para quem precisa correr de si mesmo.
E quando você consome toda agonia, brota no jardim, a semente da solidão.
Talvez a mais profunda de todas, por este tempo.
É possível beijar a morte, cravar os dentes no destino, mas não engolir a própria exaustão.
As ondas do mar estão altas, o farol coberto de melancolia, o alicerce está caindo.
Como descrever o acaso?
Posso deitar diante de uma muralha de tijolos pesados e morenos.
Ela se parece bem maior do que minha própria dor.
Quanto mais eu tento perceber em qual mundo vivo, menos aqui estou.
Minhas mãos não se cansam de descrever uma tempestade violenta que se aproxima.
Acabo por não desistir de me render a quem realmente eu sou.
As luzes do farol denunciam aonde estou escondida.
Um alarme alto me acorda para uma nova paisagem que o céu negro pintou.
Suas nuvens parecem que podem me degolar.
Elas são frias, parecem o oxigênio que em mim entrou.
Tento imitar os doentes, os valentes, mas a covardia nunca me abraçou.
Existe um porto seguro, uma mensagem vazia, um vazo aonde uma rosa vermelha brotou.
Tem alguém ai?
Talvez eu esteja repudiada, descasada e cansada do que a minha tolerância me ensinou.
O vinho velho minha mente consumou!
Uma vez me perguntaram por que eu vivia triste,
Respondi que não vivo apenas tão somente do amor.
Não importa o tamanho da minha felicidade, eu nasci para descrever o pavor.
Não é preciso estar dentro da escuridão para ser o quanto ela é perversa.
Basta fechar os olhos para se render a um grande mistério.
O Nada!
Então porque não descrever o amor?
Então porque não descrever a doçura?
Então porque não descrever a alegria?
Ambos são gigantes demais para mim, me inundam, preenchem uma parte de mim,
Enquanto a outra grita em meu ouvido pedindo clemencia precisando ser lançada para fora com calor.
E se eu pudesse escolher dentre tantas coisas que eu sinto, aonde estaria o meu fulgor?
Não sei e permanecer neste meio termo me faz visitar lugares aonde minha mente nunca imaginou.
No fundo não é possível escolher sobre o que se vai escrever, só se recebe.
Percebesse algo incomodo entrando vorazmente e a única coisa que salva é tentar descrever o que lá dentro de nós se instalou.
Acredito que sejam pedaços do mundo, do tudo, do Nada, daquele homem, mulher, animal, planta ou até mesmo de uma partícula que se multiplicou.
Só vem, instantaneamente, se não reagimos a este ataque, ele nos fulmina, causando uma sensação de embriaguez, tormenta, mal estar e péssimo humor.
Talvez seja uma maldição, ou não, ou claro porque não pensei nisso, seja no final das contas uma saída para algo que em nós se alojou.
Das experiências que vivemos inconsciente, no paralelo do estar-no-mundo, no choque com os ideias do consciente, algo que não perpetuou.
No final das contas, isso aqui, me relaxa  e espanta qualquer terror...


quarta-feira, 12 de junho de 2013

:: O PENSAMENTO DOS PÁSSAROS::

Eu posso não entender, mas vou dizer não posso servir somente ao dever. Falo do amor,  falo do amor de tudo, de todos, das esquinas e dos ponto isolados, das bancas, dos shoppings, das eufóricas, histéricas, das brigas, dos entendimentos não compreendidos que demoram a ser ouvidos porque, sentimentos verdadeiros sempre permanecem calados. O amor da amizade, da vaidade, da sinceridade, do visceral, do sexo e da saudade. Falo do que não entendo, porque quando estou falando, sou ouvinte e no eco destes falantes, faço do amor, um sentimento apequenado. Então porque não me calo? Porque não sussurro o amor? Não posso. Sinto muito, mas ele me enche rápido, de uma vez por todas, e depois se esvai. Mas volta e quando chega me leva a um lugar aonde existe hóspedes de conversando a respeito de inquietude e solidariedade. Não sei ser só, e ser só eu sei que sou, mas, não posso conversar somente com o escuro, com a sombra, com o sol que teima em tentar me cegar. Mas a noite vem e com ela uma multidão de pássaros quebrando janelas, tentando me ensurdecer, sentam-se no meu pensamento e escrevem aquilo que eu não posso me abster... O amor.

terça-feira, 4 de junho de 2013

::REPORTADA::

Cartas manchadas, baralho viciado.
Os melhores dias estão por vir, uma vez que eu aprendi a sentir algo novo.
Não posso dar as minhas coordenadas, eu sempre sei sucumbir quando preciso renascer.
A cabeça do louco está a prêmio eu vejo as rosas murcharem no jardim.
Nossa comunicação está surda.
Apague a luz, não tenha medo do meu escuro.
São estas figuras todas que podem te assustar?
Venha pode entrar no meu útero, eu não arriscaria tanto se não confiasse no que temo.
Quanto pode durar o tempo desta pílula?
O quanto você pode aguentar dentro de mim sem o seu ar de cada dia?
Eu sacrifico tudo, eu vou sangrar , me assista a apagar a luz interna.
Porque eu criei um mundo para escapar e não deu certo porque o caos me dominou.
Então me puna, arranque meus distúrbios e tudo que eu acredito com tanta força.
Devore-me até seus dentes rasgarem minha carne, eu quero sentir o sangue te purificar.
Em que você acredita agora?
As emoções estão de cabeça para baixo e estou entorpecida com a sua realidade.
Vire-me estou me afogando com as suas angústias.
Segure meu coração em suas mãos, você pode senti-lo agora com mais intensidade?
Acaricie-me lentamente, porque eu estou dependendo da sua tragédia para me libertar.
Sai fora de mim quando perceber que não pode sustentar por muito tempo o que eu lhe transmito.
Eu sou uma fera tentando sair da jaula lentamente.
Já não tenho tantas forças, eu sei, mas não desisti.
Você me deu outro mundo e eu apenas quero compartilhar do que podemos fazer em meio esta multidão de aflitos e estabilizados.