sexta-feira, 30 de abril de 2010

:::Para dentro:::

É possível que alguém não te veja ai dentro.

Você anda se escondendo atrás das neblinas,

Elas são geladas e úmidas como seus olhos.

Eu sei o quanto é difícil, eu tento me desvencilhar das coisas dentro de mim,

É perigoso, muito perigoso, pode matar.

Me escute, a vida está novamente nos chamando para aquele lugar escuro,

Aonde estamos sempre de mãos atadas e com um coração cheio de remorso.

As nuvens estão cada vez mais baixas, e estou quase ficando muda.

Os seus ouvidos vão tapar quando eu quiser falar, tudo aqui é ao contrário.

De a volta, fique ai dentro.

Por mais que você tente não se iludir, algo está tentando te puxar para isso.

Não podemos deixar de nos confrontarmos com esta morte.

Ela anda de cavalo e ele carrega nossas asas para onde ela quer.

Este breu todo vem da nossa respiração, inspire e sentirá o cheiro do meu medo.

Pessoas como nós, confundem a insanidade com os passos da perdição.

Não se machuque novamente, o nosso tempo anda tão escasso.

Não deixe de ficar dentro, ai aonde você conhece as paredes verdes,

Aonde os campos não existem, e as árvores são sombrias e emotivas.

Ligue a luz se preferir, você pode sentir que estamos ficando longe daqui?

Volta, não fique ai por muito tempo, seus lábios estão roxos e sua expressão me causa terror.

Pode andar de costas se preferir, vai cair sempre no mesmo lugar,

Eu já disse, ai o perigo é nosso pior guia, e nós vamos enlouquecer com o brilho do sol.

Eu vou te acolher, pode ficar comigo até que a lua se esconda de nossos olhos.

É confuso e quando mais cavamos, mais estamos expostos a isso tudo com intensidade.

Vou desmontar aquele castelo de areia, você vai ver, lá também existe algo oco.

Pessoas como nós, vivem uma leveza estranhamente rompida por um segundo de melancolia.

O tempo está contra tudo, menos contra nossa vontade interior.

Se aqueça, em meus braços você pode ficar sem medo,

Eu vou pressentir quando você puder sair sem receio da loucura,

Ela nos toma, nos governa, mas é como um antigo membro da família, aquele que você tenta esquecer, mas que carrega a sua origem.

Não chora deste jeito, eu não posso suportar o peso das suas lágrimas.

O que eu posso fazer é deixar que elas caiam rapidamente de onde vieram.

Veja, as estrelas tem um brilho diferente agora,

Um brilho que um dia você apagou da sua mente e preferiu a escuridão.

Isso que te conforta, parece real, mas é um personagem em um baile de máscaras.

Levanta, caminha comigo, estamos aonde realmente não queríamos estar.

No meio do tempo perdido, aonde nossas ilusões são premonições,

Aonde tudo existe e desaparece em seguida,

Aonde podemos encher rios de lágrimas sem nos lamentarmos pelo que estamos fazendo...

terça-feira, 6 de abril de 2010

::Barbante::

Se não dança samba, dance para mim os passos da sua solidão.

E se eu delirar com a ponta dos seus pés no meu ouvido,

Saiba que estarei morrendo de desejo imaginando o seu ombro encostado no meu ventre.

Inquieta, já sabe que alguma hora, eu irei partir.

Partir o nosso coração bem aventurado, dotado de dor e de amor ao mesmo tempo.

Ali estarei presente, em seus desenhos estuprados pelas palavras amargas que brotam do seu útero efêmero.

Ó dolorosa mulher que carrega nos seus lábios todo veneno da humanidade.

Eco divino, encenando um adeus sem partida.

Vai bruscamente penetrando nas entranhas das minhas linhas.

Nada me favorece, nem mesmo o silêncio seu deixa de me provocar arrepios.

Nem mesmo todas as coisas que você aprendeu a odiar em mim, faz de minha pessoa infeliz.

Meu peito é fortaleza para as suas dores externas,

Minhas costas são escombros da sua antiga janela da vida.

Ali, você observava o mundo que nunca teve medo de explorar.

Honra-me justamente com o seu corpo, matrimonio da minha juventude.

Estou ficando velha demais para não lhe querer todos os instantes.

Não me atrevo a dizer que algumas coisas suas, não são minhas também.

Sou fruto da sua discordância com a realidade, o seu frio sem pensar no fogo que em mim arde.

Labaredas, cinzas, uma parede manchada com as marcas das suas mãos, agora estão voando para o teto.

Esta falta de claridade na sua visão me fascina.

Sinto o gosto amargo do mar que se forma na sua boca, quando suas lágrimas eu faço derramar.

Gentil, cordial e frágil, cheia de segredos, uma espécie rara, que não sei como catalogar.

Me perdoe a ignorância e a falta do que falar.

Neste momento tenho apenas linhas para tentar lhe agradar.

Mas saiba que, ao cair da noite, quando as estrelas apontam para o leste,

Estou eu a lhe esperar.

Aflita, com os olhos abertos, a lua vai me mostrando os seus rastros.

Nestes fleches intensos, passo madrugas a lhe vigiar.

Fala que sou louca, insana, fora de mim, que eu reajo com um sorriso que não te sustentará.

Porque seu eu chorar, o meu choro é capaz de te afogar.

Deite, bem devagar nos meus braços, neles , somente neles, que você poderá descansar.

Se quiser fugir, nem pensar, eu estarei por todo este mundo penando para lhe encontrar...