A minha noite
é longa, desastrosa, acolhedora, produtiva e não me cansa.
A minha
noite é acesa, de luz, cigarro e pensamento.
A noite é
quando eu não me deito, eu apenas sou a noite.
A noite é
um rastro, um desenho que desenha em mim.
A noite é
veloz quando estou parada e é lenta quando estou com ela.
Na noite
vivo o absurdo da vida, o espanto do tempo caótico.
A noite é
aonde eu me amo, me devoro, me odeio e ressuscito.
O tempo da
noite é um tempo escuro, que vai se revelando pouco a pouco, até que a minha
luz se esvai.
De noite é
onde eu sou.
De noite é
aonde eu não sou.
À noite,
pouco escuto de minha voz, mas a noite me escuta.
À noite
trás minhas revelações, segredos e medos.
Não tenho
medo da noite e ela nunca me abandonou.
A noite
pode ser só, eu não, com a noite nunca estou mergulhada na solidão.
Meus fantasmas
e memórias vivem na noite.
Na noite é
aonde vivo e revivo intensamente todo o dia que se passou.
O dia que
se passou, vem conversar comigo a noite.
À noite eu
medito, balbucio e me resguardo.
À noite eu
penso, sou pensada e sou noite.
Penumbra não
me cega, luz demais não me arde.
A noite é
quando visito meus livros, minhas contas, glórias e derrotas.
Com a noite
eu apreendo tudo aquilo que passou em branco.
Tudo que
passou por mim, vem tagarelar na minha mente, a noite.
A noite não
tem feiura, não tem civilização, a noite é estranha e arquitetônica.
À noite
trás o uivo dos animais que moram em mim.
À noite me
deixa primitiva.
Na noite eu
não abandono minhas perspectivas e poesias.
De noite eu
choro e solto risadas.
À noite eu
sou silêncio que me denuncia.
À noite sou
sem fim.
À noite eu
sou histérica, mística e real.
À noite eu
sou imaginária e substancial.