segunda-feira, 6 de maio de 2013

::CÔMICO::


E aonde existia somente a luz, ergue-se o reino das trevas.

Não havia resguardo para o não revelado.

Só existia a penumbra, um errante torto que agora se encontrava enjaulado.

Não chorava mais, engolia o próprio pecado do medo.

Era ódio que brotava de suas lágrimas.

Em um profundo sono, à noite o recolheu.

Talvez porque a noite soubesse, que ele andava muito calado.

Que não era capaz de cuspir o mal para fora.

Aquele homem condenado que vivia desolado e  perturbado, só pensava na morte.

Ligeiramente perdeu-se em um labirinto de tristeza.

E dali, não se soube mais daquele desgraçado.

Como poderia ainda ter calma, se no lugar da sua alma, agora jazia um desespero pelo vício de mutilar-se com suas culpas.

Foi uma tortura imensa, ver suas asas podadas pelo rancor.

Jorrava sangue de suas costas, desenhando o terror como se a dor tivesse dedos afiados.

Debatia-se no chão, respirava como se cada suspiro dele fosse o último.

Da ousadia, desafiava o poder do oxigênio que havia em seus pulmões.

Seu coração se negava a aceitar o sofrimento, batia como se bate em uma porta querendo sair depressa.

Ele não morria!!!

Não podia simplesmente falecer ali.

Ali era perto demais de tudo, era longe demais para chegar ao prometido descanso.

Atordoado, virava-se para o chão, lambia o próprio sangue, procurando nisso a redenção.

E não obtinha sucesso algum, pois era rude demais para aceitar a negação.

Ele tinha que permanecer nisso, até que sua jornada terminasse e a vida lhe desse outro fôlego para gestar uma nova transformação...