O que realmente eu quero?
Um estresse em volume alto e um pouco de algum pensamento
impróprio.
Não, eu acabo sempre esbarrando em algo que espirra meu
sangue na parede.
Então está tudo certo e eu me sinto aliviada.
Um pouco de paciência e eu estou intoxicada de mim mesmo.
O som continua alto e eu sinto que estou acompanhada, pelo
meu coração de amante e um pouco de poesia para conversar sobre quem eu estou
sendo.
Se você ficar sem se mover por um pouco de tempo, vai
respeitar a minha natureza.
Nunca é tarde demais para ver as rachaduras brotando por
todos os lados.
Eu nunca quis saber sobre o que eu realmente preciso ser
para ser aceita em uma vida complexa e brava que pretende me engolir.
Eu não posso ficar simplesmente petrificada com estas linhas
que extraem a minha lamentação egoísta.
As pedras continuam rolando e matando tudo que está abaixo
de nossos calcanhares.
Agora eu sou uma boa garota, com um tênis desamarrado
tentando cumprir minhas responsabilidades.
Por mais que eu tente levar uma vida leve, nunca é tarde
para que eu possa resplandecer esta voz que parece sufocar meus pulmões.
Eu nunca quis ser a primeira da fila, minha falta de timidez
nunca foi um problema tão isolado.
Então eu puxo uma
gaveta e descubro que no fim do dia eu só queria não ter tanta razão sobre tudo
que eu penso e sinto.
Eu vi corações despedaçados, vi árvores chorarem, vi sinos
quebrarem toda uma estrutura que parecia inabalável, mas isso não fez com que
eu pudesse levar no meu bolso toda uma vida só de melancolia.
Estamos procriando uma realidade que está construída sob uma
cultura, fria, pré-fabricada, triste e pronta para se desculpar daqui a um
segundo, mas isso tudo ainda não faz com que eu ignore o mundo e coloque o
nariz para cima dizendo que posso exaltar uma auto piedade.
Quebramos todos os copos e pratos que estavam em cima da
mesa, agora vamos recolher tudo e tentar deixar exatamente como estavam quando
nos sentíamos famintos.
Estamos servidos de um monte de pensamentos que estão sempre
querendo fazer com que nos sentimos tão exuberantes, mas no fundo de nossos
corações, temos tanto medo de fazer algo errado que possa prejudicar o que
acreditamos e isso é tão profundamente real que nos abandonamos no meio do
caminho.
Por horas as informações vão circulando em nossa mente e os
sentimentos transmutados vão tomando forma de fumaça.
Eu me rendi ao canto de um pássaro no fundo do meu quintal,
ele se espantou quando eu cheguei tão perto, então nós dois sumimos.
Qual foi aquela vez que você ouviu uma piada e sua vida toda
fez sentido?
Porque nunca podemos sorrir quando percebemos que estamos
realmente angustiados?
Vamos continuar assistindo o show, alguém lá no fundo se
levantou e perguntou porque só faz sentido ser algo quando temos alguém para
nos assistir?
Então vamos assisti-lo no escuro, enquanto a luz está
voltada apenas para ele.
Porque quando os refletores se voltarem para nós, estaremos
bestificados.
Eu recomendo que você tenha um pouco de paz de espírito e
realmente tenha medo de si mesmo quando procurar um equilíbrio enquanto está
precisando estar desgovernado.
Caminhe devagar, porque quando andamos devagar, o vento
parece soprar quem somos nos nossos ouvidos.
O que aconteceu com toda aquela sanidade?
Os tempos ficaram difíceis e eu me sinto perturbada porque
não consigo acessar um pilar que está pronto para romper.
Estou no escuro e sei que a qualquer instante, os refletores
vão me fazer ficar catatônica.
Eu tenho um amor e um monte de ilustrações sobre um futuro
promissor e um agora que me faz ficar forte e posicionada para qualquer
desafio.
É impossível ficar protegida quando se ama alguém e só se
quer ter o papel de heroína.
O amor pode ser tudo e atravessar tudo aquilo que temos
medo, pode tornar-se uma aventura sem volta, porque o combustível mais poderoso
da vida é a paixão pelo que permanece mutável.
Eu digo que sou apaixonada pela dor, mas quando ela vem eu
só posso fazer uma coisa, escrever e ouvi-la resmungar em minha mente e dançar
nos meus dedos.
Não é incrível o quanto podemos ser vulneráveis as coisas
que parecem tão insignificantes?
Eu sento, espero, observo, recebo tudo isso e no outro
instante estou tão cansada e sem presença.
Vai ficar tudo bem, porque desde criança a minha solução para
o que eu não conseguia decifrar, era escrever por horas palavras que ficavam me
isolando do mundo.
Na maioria das vezes eu gosto tanto do que escrevo que não
sei mais o que é meu e o que eu realmente absorvi do mundo.
Eu estou sempre captando coisas, lugares, sensações,
atravessando ruas sem olhar para o lado, esperando um sinal verde para
ultrapassar meus limites.
Quando me conecto a algum pressentimento eu fico submersa e
desta experiência eu recordo apenas como fui parar ali.
Porque eu recebo as pessoas, suas emoções me atravessam e
acabam nestas linhas.
Nem tudo que está aqui é meu, talvez só o amor e a paixão
por uma vida que eu tento levar da melhor forma, sendo justa e apertada ao
mesmo tempo, conversando com um espírito que parece compactuar com minha
ancestralidade trágica e me irrito toda vez que choro por não entender porque
não fui convidada a entender o que se passa comigo.
Toda vez que indago sobre minha escrita, acabo no mesmo
lugar, no lugar dos outros que podem me ler e me julgar.
E isso também é plausível, porque, eu não fui comunicada
sobre o que vou escrever, as letras só aparecem no monitor e eu vou tentando
dar vida a elas.
Nada neste mundo faz mais sentido que estar diante de uma
imensidão de possibilidades e não saber para onde estamos indo.
Então faça seu trabalho, deixe tudo no lugar, desfaça as
malas e sente sob um sol que insiste em sumir toda vez que você quer estar bem.
Porque quando as coisas não fizerem sentido algum é que você
chegou ao seu lugar assombrado, dentro de si mesmo.
Então acorde, coloque seus pés no chão frio e desperte!