quinta-feira, 25 de outubro de 2012

::RECORTADA PELO INCONSCIENTE::


Se cure porque seu rosto está se desfazendo.
Você está tentando quebrar uma parte da sua alma que já está morta.
Seu coração parece estar querendo estourar, sinto as batidas dele no meu pulso.
Você ainda permanece acordada, vendo a noite sumir, mas quem irá desaparecer será seu contentamento.
Não tente permanecer nesta posição por muito tempo, seus braços estão sendo esmagados por sua vontade de querer quebrar seus ossos com seu passado.
Se você não puder reagir, se concentre, sinta o que está querendo lhe drenar, fique consciente, eu preciso ouvir a sua risada.
Você sabe alguma vez a culpa foi sua aliada, mas agora tudo que temos você destrói com sua insanidade.
As luzes precisam ser apagadas, posso ascender uma vela para tentar entender a sua escuridão pelo lado de fora deste globo negro que se tornou seus olhos.
Tenho que ficar longe, porque suas feridas estão se transformando em mim, virando minha segunda pele.
Estanque este sangue que escorre do seu útero, deixe fluir, diga adeus ao seu amado cinismo, ele agora é tão real quanto a sua instabilidade.
Vou lhe servir aquela sopa quente que você tanto gostava, eu te vi chorar em cima daqueles fios de cabelo que no seu paladar sempre pareciam carregar o gosto de macarrões frustrados.
Qual a direção agora?
Então você, está completamente debruçada sobre esta mesa suja e velha, se infectando de ódio e angústia, estamos fazendo algo errado, eu posso sentir, por mais não que não tenha sentido.
Pare de chorar em cima da comida, você sempre fingiu ser uma rainha, agora está sendo dominada por uma colecionadora de fúria.
Você nunca...
Eu nunca fui tão próxima da sua melancolia, agora sinto como se ela tivesse passando por dentro das minhas veias.
Eu nunca fui tão segura em minhas decisões, agora parece que tenho que julgar o que você sente.
Eu nunca senti vergonha de enlouquecer na sua frente, agora eu a dor me desmonta e eu estou exposta no seu mundo.
Não ria, eu sei que eu não pude dizer que poderia ficar quando as nuvens cobrissem o seu céu.
Não se abstenha do que eu te digo, minha boca está cortada pelas suas unhas afiadas.
Você me deu, eu te dei, eu me lembro, algo de ruim chegou perto de nós, não consigo narrar.
Porque agora eu preciso que você não seja você, que eu não seja você em mim.
Apunhale-me com sua insatisfação, faça de mim sua escrava, me deixe alta.
Sirva-me seu veneno mais amargo, quero expelir esta sua decadência pelo suor.
Eu e meu dragão estamos esperando um lugar para descansar, e você não está acordada.
Os seus caminhos eu não posso guardar e meus pés doem tanto por ter te seguido por um longo tempo.
Arde, você não é a única, e eu não posso ser só sem encarar que isso sempre foi irreal.
Ser uma só dói!
Então porque você não levanta sua voz e me derruba para dentro do seu útero.
Crie-me, depois me solte e faça com que eu envelheça tão rápido para que eu tenha medo do agora.
Minha doce clandestina, sua personalidade me aterroriza desde criança.
Eu podia perceber seus olhos mergulhando lentamente na escuridão.
Enquanto todos brincavam sorridentes, você estava procurando um motivo para se manter acesa diante da multidão falante.
Você desmontava todas as bonecas na tentativa de criar a si mesma, mas nunca se lembrava como você realmente era.
Lembro-me de quando você caminhava em direção ao mar e dizia bem baixinho para que aquela imensidão te tragasse para dentro e não te devolvesse mais.
Você criou meu dragão com seu sentido mais doentio, eu vi a morte assoprar os fios do seu cabelo enquanto você dormia, e você sorria alegremente como se a mesma lhe fosse tão próxima.
Eu não tenho medo de você, eu te rodeio como se pudesse contemplar a sua virtude mais escondida dentro desta lama na qual você se enterrou.
Cobiço sua suavidade quando você transita de um lado para o outro, as vezes tenho a sensação de que quando eu piscar, você suma para sempre.
Sinto-me estranha, estrangulada e intragável, é como se você pudesse me manter desligada com suas palavras tão profundas, reclamando da palidez desta cidade.
Gosto de quando fecho os olhos e sinto o cheiro de flores na sua pele, eu alimento uma doçura e uma suavidade que você acha tão desnecessária.
Resta algo, algo maior do que tudo que eu possa descrever.
Mas eu continuo tentando repetir e desgastar os meus dedos na incansável busca pelo nosso elo que ilustra o meu amor por você que é um lado meu que não morre, apenas tenta se sabotar, eu estou de luto toda vez que eu imagino a nossa partida.
Fico excitada com tudo isso, porque somos uma pessoa só, porque eu fiquei doente, eu chorei em cima daquele prato, aquele gosto do macarrão que só eu sei como é.
Eu sou a mesma, dor, fúria, melancolia, doçura, rainha, morte, vida, o que é, o que sou, o que está por vir, porque eu me divido em partes para tentar provar a mim mesma que eu não posso conviver com estes pensamentos deitados na minha mente sem se enroscarem na minha realidade...