terça-feira, 11 de setembro de 2012

::A PORTA PARA A PONTE::



Será possível retardar a própria solidão?
Retratar a si mesmo sem um dia ter tido um chão?
Ilusão, um punhado de terra para cair, era só isso que eu precisava.
Frustração!
Açoitada por um desespero marcante, um terror asfixiante.
Caminhei profundamente nas veias da miséria,
De lá retornei, aprendi a ter compaixão.
Separei-me de uma parte que acumulava dor e tensão.
Este pequeno recorte da minha mente me fez meditar sobre a intenção.
Afinal, não posso forjar compreensão aonde existe desilusão.
A porta por onde passei era larga e hostil.
Profunda e fazia  parte de mim feminina ser uterina e minha outra parte masculina viril.
Sou mulher de um instinto primitivo, com minhas unhas afiadas, arranquei a vesícula do medo.
Senti um vazio, minhas fantasias roubaram de mim uma ingenuidade juvenil.
Eu vi o tempo brincar com minha astúcia, percebendo nos meus vícios mais profanos, um passado que sempre me magoou.
Aonde Kaíros nasceu, e Aíon brotou!
E se chronos me ouvisse resmungar sobre suas juras mais secretas?
Ptolomeu viria às estrelas no meu estomago, contemplando minhas vísceras onde morava o meu pensamento mais infantil.
Tempestuoso é este sentido de sentir o que não se pode pressentir.
Desiludir o desprezo que o desapego me sucumbiu.
Eram folhas, milhares delas espalhadas por um asfalto quente e doentio.
O vento que chacoalhava as árvores partiu.
Pariu um gosto amargo e doce nos meus lábios e me puniu.
Isolando-me das feras auspiciosas que em bandos tentaram me criar.
Será que algum pensamento fixado pode me salvar desta vez?
Pensamentos não salvam, resgatam!
O desfecho me fere, mas consome minhas angústias.
Eu despenco desta janela circular e desastrosa, minha confidente para as piores horas.
Vou flutuando para as mãos do destino.
Lá as Moiras me aguardam, serei conduzida por Ariadne.
Seu fio é de ouro, brilho igual nunca se viu.
Prometeu fazei fogo com as minhas cinzas, te peço encarecidamente que não tenhas pena.
Que não se arrependa, eu quero visitar os cantos que a segunda guerra não destruiu.
Não temo o que está distante, o que tento vislumbrar ainda não existiu.
Se todas as palavras que já disse revelassem o que me persuadiu,
Fui totalmente desonesta e não tive coragem de quieta aguentar este externo frio.
Estar em silêncio sufoca, mas trás a reflexão.
Faz-me habitar um lugar aonde o fracasso se transforma em evolução!