Com o tempo ...
Viver a espreita do desconhecido, aceitar a minha estranheza sem receio de não ser bem – vinda, são coisas nas quais eu tenho pensado e muito.
Talvez pensar, intelectualizar tudo, tem feito com que eu ficasse distante dos meus verdadeiros propósitos.
É chegado um instante novo, de aproximação das minhas visões e ilusões com a minha vida real e concreta.
Foi sempre tão dificil conviver com as circunstâncias que apareciam para mim, tudo que eu sinto é sempre fora, alto , distante das coisas que toco.
Tocar é outra coisa pela qual eu tenho sofrido, parece que por algum motivo, já perdi o tato das coisas substânciais existentes.
O problema é que, idealizo demais.
Não que isso fosse um grande conflito, mas é preciso que eu também saiba sentir as coisas como elas são, só por um meio segundo, e sim, ali eu saberia que estou feliz.
Felicidade, dificil descrever caixas sobre caixas, em cima de mesas sem chão. Os pés no delirio da sombra da minha timida vaidade.
Bela, bela mesmo é a simplicidade com que a vida se revela para mim.
Nem a todo momento estou preparada, e de repente, sinto me puxada para o lado do Nada.
Tudo que implico em dizer e constatar fatos, fenômenos ainda é muito radical e redundante.
Tenho que aprender a silenciar também as coisas que em mim brotam e que se para mim não fazem sentido algum, que dirá para o mundo.
O outro, o que vive na minha consciência com intensidade, habita meu inconsciente, ainda dói pensar no outro, e mesmo assim, o faço sem pensar.
Consequencias, são várias, um balde de tradições intelectuais, não adianta, aquilo que vem de baixo é exatamente o que mora em cima e vice-versa.
É complicado falar de ódio, amor, sentido, vida e morte, tudo se resume ao testemunho calado da unidade.
Unidade maior, não falo só em Deus ou seja lá o que signifique, falo do simbólico, o não traduzível, aonde os sentimentos puros nascem, crescem e morrem sem que vejamos.
Ver, estou aprendendo ainda, engatinhar é uma tarefa difícil para quem imagina ter asas.
Voar, para bem longe, é tentador demais, sofrido, e as vezes faz com que eu queira me calar por horas.
Tempo, devasso, inalcansável, uma sala aberta sem paredes e nem janelas, apenas um chão forrado por histórias e dimensões dos cruzamentos da vida.
É um colapso, e enlouquecer a estas alturas, seria para mim, mais uma vez, sentir-me conectada as coisas divinas.
Não sei se posso, se fui e se sou escolhida para isso, se é que algo escolhe e é escolhido.
Sou passagem para a imagem do que não é visto e nem previsto.
Acidente de percurso, uma rota sem volta, um destino que me lança ao mistério.
Um útero confortável me assombra, uma vontade de ser gestada pelo inútil que é natural.
Sou mulher, bicho de asas, rastejo, voo, pulo, penso, morro, vivo, sofro, comemoro, e mesmo assim, ainda não sou nada....
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