A guerra ainda não acabou em minha mente...
Subtrai todas as essencialidades que eu possui, escrevendo sobre mil coisas que pensei que não eram só minhas.
Nas minhas indagações, sonhos, devaneios e esferas que me reduziam a pó.
A questão da minha materialidade como um ser existente, estava quebrada.
Desmembrado, corria para um lugar aonde as cachoeiras gritavam meu nome, desesperadamente.
Eu não sabia aonde estava, só entendia por algum motivo, que estava ali pedindo clemência.
Passei muitos anos da minha vida, ouvindo e insistindo e auscultar o que todos me diziam.
Fiquei em silêncio por noites, ninguém entendeu, não tinha ninguém para pegar a carta na caixa de correio.
Talvez, fosse uma carta endereçada a minha alma, pedindo para que eu fosse mais cauteloso.
Ou, uma espécie de redenção querendo ser formalizada.
Até o presente momento, não descobri, a carta envelhece junto comigo, trancada.
As dores que ando sentindo, são muito fortes, mas incapazes de destoar minha melancolia.
Queria que fosse diferente, mas eu era diferente de tudo que achava que estava sendo.
Era cruel o que eu fazia comigo mesmo, torturando minhas memórias atrás de um viés para minha insanidade.
Creio, que devo ter enlouquecido na adolescência, quando tentava demonstrar alguma empatia por mim mesmo.
As vezes, até dava certo, mas em outros momentos, era tão trágico, que eu ria de mim mesmo.
Uma risada aguda, de quem havia ferido a si mesmo e não sabia o porque.
Estava exausto, quase que entrando em coma, devorando minhas árvores secretas, meu jardim, estava quase vazio.
Vivi por muitos anos, inacabado, tentando reencontrar alguém que se perdeu em um parque de diversões.
Não tinha ninguém segurando as minhas mãos nesse passeio.
Era apenas eu e alguma parte de mim que sonhava com algo cômico.
Balbuciava realidades nas quais, vivia relutando para construir uma nova experiência da minha vida.
Amores, dores, lutos e muitas trevas.
Ajudar as pessoas, sempre me equilibrou de uma forma que a morte em poucos momentos me procurava.
Acho que até mesmo ela, me evitava.
Quem dera por um segundo, eu consegui rememorar algum instante que durasse mais de um dia sorrindo.
Eu tinha que ser forte mesmo perdendo tudo em instantes.
Mas estes instantes, eram ferozes e cheios de raiva.
Sem pudor, caminhei anos a fio, testando minha sobriedade, montando em algum cavalo arisco.
Na verdade, eu sinto dizer, mas, eu ficava estranhamente realizado com velórios, aniversários e qualquer que fosse as confraternizações.
Esses lugares, me atraiam muito, porque eu fingia que podia adivinhar o que os convidados sentiam.
Inventando histórias sobre algo similar ao que eles aparentavam ser.
O grande espetáculo estava na despedida final, aonde a tenda do circo caia sobre a cabeça de todos.
Fico pensando, será em alguma metade de um dia qualquer eu consegui não me sentir eufórico?
Eu não podia dar o luxo de ficar doente, tinha coisas mais sérias para resolver.
Me recordo de uma vez em que vomitei em público, após ter comido um cachorro quente de rua.
As pessoas viraram meus espectadores acirrados, quando minha garganta expelia minha doçura para fora do meu corpo.
Me envolvi com muitas pessoas, elas conseguiram provar que eu carregava uma maldição.
Choro muito, ao cair a noite, só deseja ter alguém para contar o que me assombra.
Falar sobre alguma coisa que eu nunca tenha contado para ninguém, dividir o segredo de mim mesmo.
Um rapaz que destronou a si mesmo porque nem mesmo beleza, tinha por inteiro.
Sorria muito, era bizarro como as pessoas gostavam de meu sorriso cortante.
Tenho muitas covas, brinco mentalmente que elas enterram meus desejos mais obscuros.
Sinalizo a vida, como se ela fosse de brinquedo, queria morrer e parar tudo.
Acabo não tendo nem a coragem de conseguir intuir que isso tudo é um grande deslize emocional.
Perdi alguma coisa que estava em meu bolso, acho que meu relógio que capturava os fieis segundos que me puxavam para baixo.
Hoje, não sei muito bem o que tenho, sei o que sinto, amor.
Em alguma estante velha, devo ter guardado o meu próprio álibi do meu crime passional.
Matei de novo, meu personagem principal e fiquei muito excitado.
Percebo algumas fagulhas no céu, tentando me indicar alguma direção.
É só uma vertigem de alguém que nem comer, tem a dignidade de fazer direito.
Por exemplo, a agua que bebo, compulsivamente, transborda em minha saudade.
Nada permanece intacto quando eu estou vivendo algo.
Parece que pode ser, aquilo que disse lá em cima, a maldição.
Em algum momento fui abandonado em uma encruzilhada qualquer e o demônio mais aflito, me resgatou.
Que pena!
Eu não deveria ter permanecido naquelas estradas velhas, aonde as placas diziam as saídas.
Foram todas, apagadas pelas chuvas torrenciais, geladas, cálidas e desnudas de esperança.
Me vejo ainda, algumas vezes, fazendo tudo que posso por aquilo que me resta.
Descobri que esse "aquilo", sempre entrego para alguém que pede comida na rua.
Vou sobrevivendo desta forma, com uma dor aguda de ser.
Estou tentando me restaurar, mas sou bruto demais.
Alguém lá fora de mim, ainda me quer morto.
Na verdade, me sinto um fujão em um campo de batalha imenso.
Com a espada ensanguentada com meu próprio sangue, fingindo estar lutando contra algo...