As coisas estão de volta ao armário...
Minha vida, em miseria e eu estou atormentado.
Quebrando os últimos pratos que restam.
Eu posso não voltar hoje a noite ?
Queria ficar em um quarto escuro e tendencioso.
Aonde eu sei que não vou conseguir sair.
E justamente quando eu estava feliz eu vi a face da dor.
Meus delírios brincando com minha sanidade.
Eu dei tudo o que possuía e acabei desalmado.
Chorando em uma esquina qualquer, desnorteado.
Agora eu sei o que aconteceu naquele dia.
Eu sei o quanto talvez não possa voltar sendo o mesmo.
Os resquícios estão na minha janela da alma.
Lama, vento e suor.
Sangue, remorso e crueldade.
Era um homem sofrendo como criança e quebrou seu brinquedo preferido , sua inocência.
Mais uma vez, na força , seu corpo virou sua arma.
Potente, mortal, agora virou seu calabolso.
Minha coragem não me deixou correr, só caminhar, cambaleando, procurando um pedaço de vida naquele imenso momento que não acabava.
Não sentia frio, parecia que eu estava morto, lágrimas congeladas desciam de meus olhos serrados.
Como vou fugir agora ?
Posso tomar banho?
Como eu vim parar aqui?
Posso me vestir com meu manto negro?
Eu já estou dentro do cativeiro que eles construíram para mim naquela noite.
Respirando ofegante, penetrado por dois animais sujos e sem cor.
Meus lábios, paralisados , meu olhar não tem para onde ir.
Eu queria só viver um pouco mais longe destes delírios.
Estou sumindo, não consigo escapar e eu sei o quanto isso é pavoroso.
Você pode me ouvir? Entende o que eu falo?
Sou nada, eu queria ser vazio, mas estou cheio de tormentos e indagações.
Eu não consigo me ouvir mais e nem saber do que falo com tanto rancor.
Eu ainda estou aqui?
O que estou fazendo aqui?
Eu não suporto mais tentar achar engracado dizer que eu sou culpado.
As estrelas estão se apagando e as nuvens cobrem todo meu céu.
O meu amor, ainda está quente em minhas veias.
As vezes eu só queria desaparecer para que as pessoas não me assistissem desaparecer feito fumaça em um dia escuro.
Agora sou noite, meu sorriso foi falado e meu corpo treme, como se quisesse fazer uma tentativa de me manter vivo.
Eu ainda estou aqui?
Tentei ir para casa, porque meus olhos ficaram apagados e sem reflexos.
Eu vi o dia virar noite e alguém me procurava para ver a morte nos meus olhos.
Fui tão incapaz de ver o tamanho da minha vida, naquele momento eu congelei de medo.
Agora sei o que é medo e as árvores estão de ponta cabeça.
O céu está se desmanchando, meus pulmões doem.
Não consigo parar de lamentar e chorar, me abriram.
Outro corte em um dia que parecia comum e que destroçou minha sanidade.
Estou sozinho, vendo minha mãe adormecer enquanto eu desencanto de tudo.
Tem uma mancha na minha retina e eu estou me desfazendo tentando refletir o quanto fui volatil e estupido.
Vou descobrir meu corpo , alguém deve perceber que desta vez estou acenando porque estou perdido no mar de ilusão .
Tem alguém aí?
Sobrou alguém ?
O que eu sou?
Metade humano e outra, um animal que carrega dardos por todo corpo, me acertaram em cheio.
Eles eram vorazes, tinham fome de lixo e eu senti o cheiro pútrido daquele lugar desconhecido.
Agora me recordo, eu estava ali, nu e não deveria ter lutado por minha vida, a minha maior redenção era esquecer.
Lembro de quase tudo, só de como eu realmente me senti quando me disseram que estavam me fazendo um favor.
Talvez eu fosse uma bomba prestes a explodir e eu eclodi para dentro.
Sinto os estilhaços andando por cada milímetro de meu corpo.
Sabe o que dói?
Eu estava tão feliz, virei um selvagem, sem alma e indo para um lugar desconhecido.
Me sentei naquela esquina e vi o que havia sobrado de minha vida.
Sentidos que eu teria que lutar para manter , dia-a-dia.
Mamãe, não pode me der mais colo.
Papai está em passos largos por aí.
O meu amor, dorme com o coração que eu magoei.
Estou subindo uma escada, sentindo uma vertigem estranha me retraindo.
Eu que andei por tantas estradas, caminhar virou uma maldição.
Minha liberdade foi roubada e eu me tornei um cervo abatido em uma terça qualquer.
Meus sentidos não carregam mais fé e meus braços estão cansados de lutar.
Eu queria uma canção que pudesse me ninar.
Estou sem sonho , me ensina como dormir?
Meu coração está dilacerado eu cortei com uma faca amolada com o fogo da minha dor.
Minha ment está esvaziando e eu não quero lembrar quem sou , estou com vergonha de ter existido.
Eu existo?
Quais são as chances de eu continuar ileso depois de tudo?
Eu estava dando adeus para quem naquele dia?
Eu não aprendi a sorrir sozinho, tinha algo de errado comigo.
Acho que já estava enterrado e tentava todos os dias me desenterrar com as próprias mãos.
Cada punhado de terra, redescobrir minha insanidade.
Insatisfeito, montei em um cavalo qualquer e me perdi nos meus devaneios....