domingo, 3 de agosto de 2025

SALMONELA

 Olha eu aqui de novo.

Consegui dormir quase 3 horas hoje, acordei às 3 da manhã que parece de fato, a hora das bruxas.

Está bem frio e descobri que eu gosto de sentir o frio quando não consigo lidar com algo que vem de dentro. Eu fico pensando umas coisas estranhas para não morrer no ócio, do tipo de coisa: eu poderia comer um brócolis inteiro ou, qual será meu treino de hoje.

Quanta futilidade! 

Eu não tenho conseguido sair esses dias, estou meditativo e com uma espinha enorme no meu rosto, acho que Deus me deu o terceiro olho.

O que vou fazer com ele ? Será que eu consigo enxergar no escuro? Talvez, mas eu gostaria mesmo é que ele sumisse , porque ver demais, machuca e lateja.

Eu tenho escrito muito né ? Isso se chama ansiedade e dor de final de relacionamento, trágico mas que, abre outras portas junto com a velha corrupta melancolia.

Meus pais estão dormindo, parecem dois anjos que depois de passar o dia todo em silêncio com todo tempo que tem na terra, agora acessam as euforias dos sonhos.

Tentei ler Clarice Lispector , hoje não era um bom dia. Todas as frases dela colavam em mim, sair da 4 página de Paixão segundo G H foi quase impossível.

Será que na verdade eu era a personagem principal ou a barata? Esmagado pela vida dura pelas portas do destino. Será que alguém vai me encontrar e ficar me olhando e escreverá um livro sobre alguém que só queria ser feliz?

Acho que não!

Essa obra aqui, está começando a ficar densa, igual a um livro do Stephen King chamado Desespero.

Desespero é sempre algo que me acomete quando não consigo colocar os pés no chão diante de uma situação do qual nunca brinquei quando era criança. Não sei se cresci o suficiente para desapegar de algumas birras emocionais que fazia para tentar ganhar biscoitos.

Minhas birras eram diferentes, eu fingia ser gente grande, com cara de choro para meus pais, falando que se eu ganhasse alguma coisa gostosa, iria lavar a louça no outro dia.

.Eu não tinha nem altura né , não conseguia me erguer o suficiente para pegar uma estrela do céu, guardar no bolso e entregar para alguém especial.

Assistindo ao jornal, percebi que todo mundo está passando fome, quero dizer, a coisa está bem feia. O homem antropocêntrico de Nietzsche voltou com tanta força que ele agora tem uma escola toda para ele. Moldes sociais que destituíram metade da humanidade - ou mais - com suas relíquias da morte do consciente.

Estamos na era das certezas.

Certezas que caem bem, feito sapatos gastos sendo usados até fazer um buraco na sola e toda vez que você passar por uma poça , vai ter que lembrar que se pisar, vai molhar a meia e ficará cheio coisas ruins de ponta-cabeça.

Lembrei que não consigo nem cortar as unhas do meu pé, da última vez quem cortou, foi uma garota muito especial e ela sabia fazer sonhos também.

Que recorte foi esse no texto?

Ah, vai ser difícil superar esse término , mas estou com minha massinha de modelar, tentando encontrar uma forma de fazer um novo coração , mas pode ser da cor laranja.

Voltando para o mundo, estava questionando sobre a ideia de que, o antropocentrismo trouxe revelações bem diferentes nesta década.

Basta passar os olhos nas escolas de psicanálise para entender que o que está fluindo, não vem só de um lugar de dor coletiva. 

Qual seria a solução? Pluralizar de uma vez todas as escolas psicanalíticas? Instaurar uma nova abordagem a procura de um Ser que foi tomado por uma decadência sociológica depois de não conseguir parir um novo modelo de consciência alternativa?

Ouço os ditadores e conservadores do pensar se levantando e vindo em minha direção.

A estrutura principal do homem moderno, a falta de medo.

Excessivos saberes que eles adotaram para dormir diante de qualquer coisa que não seja dinheiro. O tempo, engendra-se na condição do não-vivido , as pessoas não tem mais prazer pelo ócio.

Constroem suas milagres de riquezas , casa e carro e está tudo bem, com aquelas festas cheias de matadores de aluguel que abrem suas empresas para ajudar os famintos a comer pouca ração e trabalhar feito gados incansáveis.

A estrutura moral, também mudou e virou um sorriso matinal com bafo de noite mal dormida.

Eu tenho ficado bem solitário esses dias, conversando com meu eu interior, nada xamânico, mais intersubjetivo. Ficar sozinho tem sido um desafio ensurdecedor, isso porque não tenho nem vontade de saber se estou vivo de fato ou caí no limbo de saudade de quem um dia fui.

A solidão tem me feito escrever, porque a verdade é que eu queria contar para alguém que eu perdi algumas coragens e estou descobrindo o quando sou medroso e muito mais inseguro do que imaginei.

Estou me reconstruindo, o que será que vai sobrar? 

Poderia ser bem, uma sobrinha de fundo de geladeira, que não é o que queríamos comer , mas mata fome naquelas horas da noite.

Cada um tem seu jeito de entender a moral, conseguimos descolonizar algo que era para ser de melhor compreensão quando o sentido da liberdade, fosse algo transicional.

Me perdi as 3 da manhã de novo, agora estou divagando sobre comidas bem geladas e ovos crus.

Como disse minha ex, ele vendeu a salmonela!