segunda-feira, 24 de março de 2025

::ARBUSTOS NEGROS::

 Posso tentar narrar o que dentro daquela floresta...


Arvores enfileiradas, desfiladeiros tristonhos, música melancólica.

O vento vem trazendo seu respiro mais profundo, sua penumbra me convida a dançar.

O chão está úmido e os olhos também.

Existe uma fenda diante de minha mente, aonde mora um monstro vestido de negro.

Coloca-se diante da fogueira, os olhos ardem, as mãos pegam fogo.

As pernas cansadas, o quadril, dilacerado.

A dança macabra começa sua sintonia interna.

Está gelado aqui dentro, nada passa sem congelar meu peito todo.

Estou vestido como se estivesse aguardando um caixão para pular.

Minha loucura, demência e transparência, conspiração diante da minha mente.

Eu estou enlouquecendo, as trilhas estão cada vez mais estreitas.

A morte me chama para dançar.

As rupturas estão deformando toda passagem por onde eu costumava me esconder.

As plumas, vacilam diante do horizonte cinzento.

O sangue ferve nas minhas veias, eu estou transbordando agonia.

O cavaleiro procura um lugar para descansar seu cavalo selvagem.

Eu preciso ter um pouco mais de cautela, ou vão me ouvir gritar...

domingo, 2 de março de 2025

:: LAMENTAÇÃO INTERNA ::

 

Cai a noite, a cortina está dançando nos ventos noturnos...

Dizem por aí, que ninguém morre por ai.

Duvido eu desta narrativa, pouco expressiva.

Morre-se lentamente, quando se fecha os olhos com força e tenta reviver algo bom com outrem.

Amadas horas, que me buscam sem cessar de inquietude.

Estarrecida com as delicadezas contidas nas minhas lembranças,

Ela me permeia, me deixando no lugar do oculto, sem estação para voltar.

Avisto uma estrela, parece muito com ela, brilha, ofegante, me hipnotizando com seus raios e beleza.

A noite, por mais carros que atravessam essa ponte, o único som que ouço é do compasso sem ritmo do meu coração.

Valente, tenta bater o mais forte possível para tentar me acordar.

Por vezes, ele até consegue, sussurrando baixinho, minha alma me incendeia.

Que fogo todo é esse que me consome a madrugada toda?

Arde tanto, que nada parece doer mais em mim, do que a saudade.

Saudade dela, daquela que posta em minha mesa mental, todas as manhãs.

Se ela soubesse, o quanto eu tento não relampejar de desejo de tê-la, apago em instantes, querendo não voltar.

Talvez, esse seja o instante mais difícil, tentar contar o que sinto.

Existe uma voracidade nas minhas palavras, que quando falo de amor, vira “encanteria”.

Se cada palavra que eu pudesse despejar em um oceano, ele ficaria brando, límpido e satisfeito de tanta paixão.

Se ela pudesse navegar, somente algumas horas por esse oceano, saberia da imensidão que me transpõem as horas a fixar meus pensamentos nela.

Digo, todos esses minutos sem ela, são traiçoeiros.

Algumas vezes, tento fugir, sem sucesso, me recolho aonde ninguém pode me ver.

Por algum frio interno, esfrio tanto, que quando meu corpo volta a vida, estou febril.

Morro de amor todos os dias as 5 da manhã.

Sem o travesseiro dobrado de lado, sem afeto, como uma cólera que tenta rebuscar as minhas mágoas inconsoláveis.

Desejos que tenho de regresso, da volta dela, são sufocantes.

Por tantas vezes, quis partir para um lugar tão distante, aonde nem minha sombra se faria vívida ao nascer do sol.

Me recordo dos passos dela pela casa, do barulho que agua se encaminhava transpassando por todo corpo dela.

O que tenho vivido, me desconforta a vivência.

Viver sem ela, tem sido um jogo sem começo, meio e fim.

Dói, mas não desejo que isso se esvaia...

:: AO REDOR::

 Você quis estar só e eu fui ver o mundo rodopiar...


Você estava no controle, tirou as coisas do lugar dentro de mim.

Na sua simpatia eu dancei sua música preferida.

Na sua alegria, sorri seu sorriso mais sincero.

A noite me cercou e então eu cai para dentro de outras possibilidades.

Me tranquei dentro de um quarto escuro em mim.

Estava procurando um porque da minha mente estar tão doente.

Senti cada pedaço do seu corpo, desgrudar do meu.

E você, estava como desejou, sozinha com seus sonhos.

Isso é o que precisava ser feito e você ficou no controle de tudo.

Me coloquei a disposição de um destino ardente.

Que me mastigou e cuspiu para fora de onde eu queria existir.

Não senti tanto quando eu andei por onde estávamos quando nos despedimos.

A loucura estava me tirando o fôlego e eu adoeci com minha certeza de que deixaria tudo para trás.

Não quero entender como as coisas puderam sair do conforto.

Menti tanto que me perdi, porque queria te deixar em um topo e eu no lugar de ladeira.


domingo, 2 de fevereiro de 2025

::TARDE EM CHAMAS::

 Uma vez eu tive um sonho cruel sobre o céu...

Uma vez eu tive um sonho cruel sobre o céu, ele parecia tão cinza quanto meus olhos.

A tempestade foi me levando e eu estava flutuando sobre uma noite em chamas.

Eu queria uma honra negra, sem que pudesse ver e eu me afastei de tudo.

Coloquei meus sapatos surrados e andei por uma cidade acabada.

Tentei dormir em um banco qualquer, mas todos estavam úmidos de lágrimas.

A grande absurda sorte que um dia eu possui, me destituiu de tudo que eu imaginava.

Eu estava tão doente que não podia pedir ajuda, estava me afundando em desculpas.

A única coisa que eu sentia, não me deixava mais segura para ficar.

Tentei uma cama diferente, acabei rezando para adormecer para sempre.

Estava solitária, cheia de ingratidões, por mim mesmo.

As glórias estavam lançadas em um chão desolado e corrompido.

Voei dando voltas pelas caldeiras antigas, aonde encontravam-se, meus lamentos.

Não adiantava querer poder fazer algo, estava quase sem alma.

Atingida por um destino que eu queria que não fosse para mim.

Escutei a canção mais melancólica, ela dançou em minha mente.

Calou minha face e desenhou em meus olhos, as minhas vozes acusadoras.

Posso ver minha pele, desfazendo-se pelas minhas suposições.

E se, eu pudesse voltar uns passos?

Será que eu seria um pouco mais forte para aguentar o peso da minha dor?

Então, me dê algo para comer pois, estou tão faminta que está difícil para eu digerir o que carrego em meu ser.

Assistindo as coisas ruírem, então é assim que o mundo termina?

Suas perguntas, são as respostas que me fazem viver no limite da minha sanidade.

Eu já enlouqueci tantas vezes, agora não consigo provar o quanto posso resistir a mais esse momento.

Não consigo pedir ajuda, minha garganta está estrangulada pelos meus devaneios.

Procurando sorrisos secretos, aonde existe apenas a sombra de uma identidade qualquer.

Deite-se e deleite-se, esta alma está esbarrando no barranco, tentando se esquivar de memórias ruins.

As flores estão morrendo em algum lugar dentro de mim, eu me desiludir pelos meus sonhos.

Estou cega, não consigo ouvir e o resto dos meus sentidos, não sei aonde foi parar.

Não sou inocente, meu coração bate tão forte que parece que pode explodir meu peito todo.

Vou descer as escadas, não, não posso.

Estou dentro de uma garrafa, procurando um pensamento gênio para me tirar desta perturbação.

Não tenho para onde ir, que eu  não seja capaz de te levar e você é tão leve.

Me deixe ficar debruçada sobre o peito de uma saudade que não passa.

Minhas mãos estão tão cansadas de tentar descrever e minha voz ficou cansada e rouca.

Vivendo no limite do estranhamento e da fina camada de realidade.

Ainda estou aqui, tentando aquecer minha consciência com o que eu desejo alcançar...

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

:: QUINTAL DOS AMANTES::

 Eu sonhei um tema lindo sobre amor.

Pensei sobre todas as coisas mais belas que conheci durante toda minha vida.

Acabei e comecei em você.

No contorno do seu rosto, do seu corpo no seu pensamento.

Majestosa, cores que te alcançam, tons inebriantes, noites e dias, tardes de domingo.

Não existe um só som, que não vire acorde para uma música a ser para você cantada.

Encantada, estou!

Como um facho de luz, outrora, brilhando na imensidão da intensidade de seus olhos, me encontrei.

Estarrecida, completamente entregue aos seus deleites mais secretos.

Sou sua insaciável insanidade, sua maior força que te ergue para um horizonte nítido, claro e vitorioso.

Vanguarda de uma alma que desfila pelo mundo a procura da felicidade.

Você não se cansa de ser bela, irradiando prazer, devoção e calma.

Eu te encontro, nas linhas que me devoram.

Eu te encontro, na sutileza do agora.

Eu te espero, como aguardo o sol toda manhã.

Não adormeço sem querer me deitar com seus desejos.

Discretamente , você levita pelos meus sonos mais profundos.

Embriagada por sua presença, nunca quero me despedir, só me despir de tudo que tem limite.

Não serve o meio, o seu mundo para mim é íntegro e verdadeiro.

Não existe ressalva para saudade.

Te sinto na periculosidade de estar só , querendo estar dentro e fora de você.

Como a noite que debruça nos quintais dos amantes, me deito no seu sorriso.

Te amo, como deveria, muito mais do que poderia.

Te amo, na raiz do estar, na priori do que irá brotar de tudo que será nosso.

Consumado, nosso amor, está!

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

:: INCONSCIENTE E RUPTURA::

 

Inconsciente é ruptura...

 

Passagens, incessantes, qual a definição do manifestar?

Um objeto que não diz, utiliza a linguagem do que antecede a fala.

Podemos aprender pela razão, o intelecto, ressoa, brando, irrompendo o novo.

Chamo de caminho desconcertante, percepção da prática do agora.

Em alguns lugares incômodos, os cômodos do consciente estão arrastados, cadeiras com suas pernas quebradas, sem equilíbrio.

Podemos nos dar conta deste fio que tece a vida, através das relampejadas da obra de si mesmo.

O jogo místico, se sobrepõe a performance da iniciação para uma vivência-do-agora.

Alguns dizem, que este lugar é abrigo, outros relatam, um lugar de perdura.

Existe um enunciado, desconhecido pelo sistema de apreensão do sentido-estar.

Proposições inadequadas de pensamentos, desdobramentos quânticos, resultados de trágicos momentos experienciados.

Estamos passando pela ponte central do entendimento, um lugar cheio de escombros sentimentais.

Sobreviventes de um mundo torto, que esquiva da solidez humana, transformando nossa alma em animal, selvagem e inquieta.

Neste percurso, morremos muitas vezes, deixando alguns sentidos vazios, sentados nas calçadas geladas.

Guardamos nossos segredos mais antigos, borrados e que se esvai diante de nossos olhos.

Entusiasmados, pensamos em ficar, mas acabamos partindo quando o sol quer se deitar.

O que motiva uma alma continuar reinando dentro de nosso corpo?

Talvez, uma sobrecarga de amor, ódio, frustração, paixão e compaixão pela estadia.

Não tem visita marcada, nos encontramos em um lugar individuado.

Somos massacrados pela máquina do agora, que procura anteceder um futuro incerto.

Este movimento frenético, nos desdobra e nos transborda até a margem dos nossos dramas.

Trágicos instantes aonde a ruptura do inconsciente, conversa com nossas extremidades, misteriosas.

Quem vive isso intensamente, volta para o lugar de origem?

Não se sabe, relatos são vorazes, pouco se tem de narrativa, balbucios inadequados.

É a forca da sobriedade a força da inquietude, a sombra da realidade.

Neste lugar, se tem amor e devoção, causa com efeitos melancólicos, diurnos, parecem devaneios arrastados pela sombria tarde de verão.

Quanto mais eu tento expectar esse lugar, mais ele escapa do que realmente é...

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

::SENTIDO INVERSO::

 

Apague as luzes, as nuvens cinzas estão se aproximando....

 

Um carro em alta velocidade, está dentro de seu coração.

Não existe uma razão para tal, mas acontece.

Enquanto a cidade está apagada, você está dando volta dentro de si.

Não brinque, você sabe o sabor amargo da infelicidade de as vezes não realizar a verdade.

Não é tão ruim quando o céu não fica azul.

Você está alta, tentando provar o gosto da sua frieza e deslealdade.

Então, projete-se aonde as coisas não podem deixar de aparecer.

A fumaça que você traga, te muda e tudo parece flamejar.

É irregular, mas você sabe o que quer e continua tentando não se perder.

Procurando nos olhos cegos da maldade o que enxergar com tanto temor.

Pesque algo dentro de si, algo que realmente pode acreditar sobre seus sonhos ruins.

Seu coração é feito de pedra e ele também quebra, mas se refaz toda vez que se apaixona por algo do lado de fora.

As coisas começam a se movimentar, lentamente e suas batidas estão fora de frequência.

Isso não significa que você irá exatamente se perder de onde começou a se identificar.

Ascenda as luzes, agora você pode se ver, inteira.

A vida passou como um flash, agora você está trêmula.

Os rios começam a rolar ao contrário, as razões estão controversas.

Você queria viver isso tudo, mil vezes, sem se distanciar das suas perversidades.

Quero lhe dizer algo, você ainda consegue sentir aquele gosto amargo?

Então, vou pintar seu céu, da cor de seus olhos para te provar que você está acima de tudo que te ensinaram sobre si.

A fortuna não é algo estranho quando não se pode guardar a satisfação de querer sempre escolher algo para ganhar.

Estamos aqui, você condizendo com suas crendices, presa em pequenos detalhes, simbólicos, como aquela vez que te vi, entrando naquele lugar escuro.

Você consegue acreditar que agora pode ter sonhos bons?

Seu coração está disparado, correndo como flecha por essa floresta solitária.

Então o que você guardou por tanto tempo, não era segredo, somente medo.

Medo de não conseguir caminhar sozinha diante daquelas montanhas que lhe deram para escalar.

Você se machucou tanto, agora a dor não te incomoda mais.

Vista sua roupa preferida, aquela que pode matar qualquer um.

Lembre-se de seus nomes, porque você ama até querer morrer.

Não se desculpe, porque você continua correndo pelos vales que não são mais encantados.

Você diz que o amor pode te obrigar a ver a insanidade em sua proeza mais profunda.

Não peça, por favor, porque toda vez que a semana termina, você fica exausta e cheia de saudade de quem foi ontem.

Toda vez que eu fecho meus olhos, eu vejo você sonhando com as coisas que um dia me disse que eram impossíveis.

Seus delírios te sufocam e você adora o peso deles no seu peito.

Você pode correr para onde quiser, mas sabe que sua sombra é mais veloz.

O vento mudou a direção, está na porta de sua casa, te obrigando a sair.

Então, caia e dance sua dança proibida para tentar se relembrar o quanto ainda conseguia ser humana, mesmo amando como um animal ferido...

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

:: TUMULTO NO TUMULO: :

 

Desprender-se...

O que volta para seu início, principia-se em um gesto fatal.

Explanados, estamos duelando contra nossas carnes.

Alguns corpos se desprendem, constituindo uma dança mórbida.

Hoje o dia foi tão pesado que parecia que eu não tinha corpo para tal.

Então, eu digo, aonde estava minha energia?

Despenquei de 11 andares, de braços abertos, procurando um adeus sincero.

Percebi aquele punhado de pessoas, tentando regenerar uma parte da alma, inacabada.

Os sonhos estavam todos suspensos.

Como se eu pudesse sentir o cheiro do meu travesseiro, atravessei a cortina cinza.

Alguém sussurrou no meu ouvido, estava tudo acabado, as luzes contaminadas pela tristeza.

Como é que eu cheguei até aqui?

Aquelas árvores sonolentas me perseguiram por todo campo esverdeado.

Não tinha razão, não tinha lógica, só um grande cheiro de melancolia.

Estar inacabado, encerrado, mas, de punhos cerrados, mudei de lugar.

Acabei em um lugar de silêncio, aonde as datas não se encontram mais.

Então, consegui quebrar um pedaço de minhas memórias, ela não estava mais lá.

Deixou uma ofegante presença, porque não mais, iria voltar.

Todos aqueles anos, remotos, maremotos, sua voz, calada para sempre.

Estou explanada, dando adeus para alguém que me viu de costas e de frente.

Tantas coisas não fazem o menor sentido, estou pequena.

Apertando algum botão mental, queimando, apenas jogando com a humanidade.

Eu poderia ser Deus, mas naquele momento, era mortal, queria fechar meu próprio caixão.

Minhas sinceras dores, não mais consigo explicar, porque estava enraizada naquele mórbido momento.

Não conseguia dizer adeus, minha garganta doía tanto, que via aquele rosto antigo em todas as janelas dos carros enquanto tentava encontrar meu caminho de volta.

Sei que algumas coisas, não voltam para seu lugar de partida, mas eu queria ver meus ossos entrecruzados com a salvação de algum momento que ali, eu pudesse me render.

Chorei, esvaziei e retornei ao meu lugar, naquele velório iniciático.

As flores não tinham cheiro, eram absolutamente impenetráveis odores.

O dia estava cinza e coberto de angústia, quebrando as nuvens em pedaços, choveu!

Então, esse silêncio, virou abertura...

domingo, 8 de dezembro de 2024

:: PRELÚDIO DE UM BROTAR::


Nem tudo cabe no silêncio e tão pouco, nas palavras. Algumas sensações, moram dentro de nós, em um lugar aonde o vazio não existe por muito tempo. Este lugar, condensado e insano, provocador e modesto, lembra profundamente alguém procurando motivo para entender o calor do sol e o frio que se esconde atrás da Lua.

Passamos muitos anos tentando constituir um lugar de narrativa para nossos acontecimentos mais profundos. Muitas vezes, conseguimos, sussurramos, murmuramos, mas poucas pessoas escutam ou conseguem decifrar o que de fato precisamos para daquele lugar de expectativas, nos iluminar.

Com quem podemos de fato contar quando cuspimos nossa história mais secreta, sem que este, possa não nos julgar com sua morbidez e egocentrismo? 

Algumas pessoas passam pela nossa vida, tão passageiras, que os acentos não ficam reservados para que elas voltem e também, talvez elas nunca queiram ali voltar a sentar. Indiferentemente, continuamos vivendo procurando prerrogativas para felicidade e angústia, melancolia e sucesso. Mas, até quanto pudemos suportar sem sermos entendidos? É possível que nunca nos entendam, esse lugar de dúvida é substancial e pode parecer, vulgar.

Todos nós, em algum lugar escondido, estamos aguardando um amor, um ponto força, um novo amanhã chegar.

O lugar do pensamento é imaginário, a concretude de nossos sonhos, não tem tempo e nem espaço, ele só vive a se instaurar, pelas paredes, chão, teto, linhas, presentes, futuro, pessoas, promessas e frustrações.

Quem consegue subir até onde tudo que idealizamos, reside?

Nós mesmos e outros, como nós, transgressores de memórias, afetos e considerações, procuram escrever, contar, ou simplesmente, se desmancham em lágrimas, tentando passar para outro, o que ele está a vivenciar.

Encontramos diversas controversas a respeito de quem somos, para onde vamos e para que abandonar a ideia de enaltecer o que querermos alcançar.

Talvez, bem lá no fundo, saibamos que o nosso toque no mundo, pode ser tão sensível, que vira um bicho humano brutal. Tudo bem, o que precede a queda de todos nós, vem da não realização. Um não, ou um, sim, muda toda uma gestação de estação mental.

Não existe lugar para quem não quer se encontrar! 

Mas depois que nos encontramos, o que faremos com quem iremos nos deparar?

Minha prosa é acelerada, fugaz, densa, vem de algum lugar que não me recordo, mas sei que vivi, de alguma forma, testemunhei algo que me acometeu e no meu universo particular, que de repente, desabrocha, perturba, me faz cair de amores e no outro ato, me torna fraca e preparada para novamente, transmutar.

Não me esqueço de tudo que já atropelei, presenciei e silenciei, da paixão, fúria, desconexões, encontros marcados por desencontros, pelas ruas que já tive que passar correndo, outras, que andei tão só, que andava devagar para tentar me encontrar.

Ser livre é um desejo, ardente, mas a liberdade não está apenas em fazer o que se quer e sim, não ter que lutar contra si mesmo para chegar aonde não temos medo de não ter limite.

Passamos tanto tempo querendo justificar o que não cabe somente em nós, desejos e projeções cheias de preceitos e degustações de um prazer qualquer, sem nos dar conta que ali, não estávamos tão preparados para nos aceitar.

No meu mais íntimo desejo,  queria que nada se permanecesse intacto em minha vida como sonhei, mas que meus sonhos possam ser percebidos por alguém que tenha a vontade de comigo, montar em um cavalo arisco,  feroz, cheio de medo, ressentimentos e que ao galopar tão rapidamente, talvez não saiba o caminho para dentro de si, voltar.

Desejo a todos, que sonhem, sejam primitivos, seguros de si, que saibam que o caminho que escolham, talvez não seja o melhor,  mas que neste momento, só sirva de passagem para te levar para um novo lugar dentro de si mesmo.

Convido a todos, para dançar em meus pensamentos substanciais e imaginários, não se esqueçam que permeio o nunca, o não-pensado, o mistério, a culpa, o amor, a dor, a realização e o pensar. Espero ser capaz de transcender o que aqui deixo, na honra das palavras, nos minutos que me fazem tardia.

 Que seja possível que vocês sintam o calor de sol na beira do mar, forte, incandescente ou sintam o frio do cair de uma noite, eu esperando uma tempestade chegar.

 Em um aceno breve, me despeço, esperando tudo se entrelaçar, naquela tarde de domingo...



::TARDE DE DOMINGO::

 Tarde de domingo…


Vou contar até 10 para ver você adormecer dentro dos seus sonhos mais íntimos...

Eu quero te fazer minha, estar sob sua pele, seus pelos, suas nuvens cheias de pensamentos.
Quero estar dentro de cada festival que você for, ser sua banda preferida.
Eu amo amar você, no jeito que se levanta manhosa, no jeito que adormece, apagando a luz de meu espetáculo.
Ande em círculos por mim, na ponta dos pés, me renda no seu afago, me despindo.
Porque eu te adoro como uma obra de arte, intensa, marcante e inesquecível.
Você está em todos meus encantamentos mais secreto, você é minha religiosidade mais antiga.
Eu observo sua confusão e eu grito, estou aqui e vou lançar seus ventos sombrios para longe.
Porque assim como o cair da tarde teme acabar, quero seu deleite em querer renascer todas as manhãs cheia de beleza e coragem.
Quero te fazer ficar embriagada com seus próprios delírios.
Quero ser o seu descanso mais sincero, singelo e singular.
Quero ser o seu dia, antes mesmo que ele amanheça.
Quero que toda vez que você pense em uma música, que eu esteja entrelaçada na sua memória.
E se acabar a sua felicidade, quero ser o seu lugar secreto para você habitar.
Então me diga, o que hoje te faria feliz?
Eu posso abrir um mundo todo para você passar, igual você fez naquela tarde de domingo.
As nossas chances de sermos completas, começa quando você se debruça em meu querer.
Comigo, você não é prisioneira, tem a liberdade de ser apenas autentica e livre de medos.
E se você sentir frio, quero ser a pele que você irá querer vestir.
Quando você se sentir insegura, quero ser seu auge de companhia.
Porque aquele dia, meu amor, o sol era só nosso e tudo que nos rodeava era nostálgico.
De certa maneira, já vivemos isso, em algum lugar de nosso passado.
Vou estar  na sua batida mais pesada, na melodia que te faz querer tirar os sapatos apertados e dançar.
Te quero nos dias de chuva, de tempestades negras, quero o ensolarado do seu adormecer.
Quero ser o sonho que um dia você teve, mas achava que estava somente preso em seu filme de romance preferido.
Quero ser sua cama, seu lugar de descanso e de repouso absoluto.
Porque eu te esperei por décadas, por dias que pareciam intermináveis.
Quero ser seu interminável delírio cósmico e este irá nos renova, realizar a mutação a cada chegada e partida.
Quero te enlouquecer com a minha voracidade, ter sua intimidade e a minha violadas.
Quero ser suas últimas palavras que você irá dizer antes de pegar no sono mais denso.
Quero ser a poça que deixa seu sapato preferido mais úmido.
Aquelas cadeiras, estavam tão distantes quando chegamos!
Depois, o seu colo era tudo que eu clamava naquele momento.
Quero ser seu encontro perfeito, te selar com um beijo.
Porque, para mim, sempre será o primeiro e o último dia na terra.
Então, podemos começar a traçar metas e planos, porque cada milímetro de mim, deseja todos os seus caminhos percorrer.
E quando você diz que precisa ir embora, eu seja seu reencontro mais profundo.
Estamos falando a mesma língua?
Estamos nos encontrando ainda na frente daquele shopping?
Com os olhos vendados pelos nossos óculos, cheios de sentimentos ocultos.
Essa é nossa viagem singular, um lugar aonde nossas almas se encontram.
E quando eu te vi, meu coração pulsou tão forte, que seu abraço me acolheu.
Eu quero ser recebida por suas fantasias mais eróticas e selvagens.
Quero ser o seu amor matinal e cair na madrugada diante de seus olhos, me tornando seu lençol mais sedoso.
Gosto do poder do seu sexo, do “labor” do seu suor sagrado.
Quero ser seu orgasmo múltiplo, evocado!
Eu não consigo explicar o que sinto, só sei que todas essas palavras, me encontram como te encontrei naquela tarde de domingo.
Não precisamos de nossos segredos mais, coloque todos eu seu bolso, estamos vestidas com o mesmo casado.
Com nossas camisas cheias de insanidade e coragem.
Porque, quando você estava sentada naquela mesa, eu te dei muito mais do que uma chance para acreditar em nós.
Por mais que você não conceba o que podemos ser juntas, eu te explico fechando seus lábios lamacentos com minhas boca cheia de paixão.
Quando peguei em suas mãos, eu senti uma outra dimensão, abrindo!
Então, quando você sair para as ruas, saiba que tem alguém te esperando chegar.
Cheia de vida, iluminada e cheia de carinho para se exaltar.
Então somos nós, amando o que algum dia alguém nos prometeu e não cumpriu, porque já era nosso.
Te amo e te amar é acreditar que todas as coisas que eu desejo, são reais.
Garota, sei que podemos desbravar mundos, mas o seu, sempre será o meu lugar preferido.
Então, não se embriague sozinha, porque eu serei seu líquido preferido e eu vou beber até sua alma.
Se um dia você se esgotar, saiba que pode procurar em meu olhar o seu estar.
Porque eu estou tentando narrar um dia, enquanto eu estou presa no nosso destino, aberto!
Eu quero esgotar sua saliva, seus suspiros, quero ser o que sana sua sede de vida e de morte.
Quero te ressuscitar todas as vezes que desejar desistir de algo que já é seu por vitória concedida pela sua força.
Faça silêncio, consegue ouvir as batidas do meu coração procurando suas melodias mais intrínsecas?
As vezes, sonhamos tanto com algo que adoramos que esquecemos o quanto podemos ser inesquecíveis para alguém.
Então, ponha-se de braços abertos em qualquer cama que quiser, eu estarei no seu ponto, sussurrando seus contos mais eróticos e insanos.
Vou te tornar imaculada, adorada, rebele-se, livre-se de tudo que te faz ter vontade de correr para longe.
Fique, não precisa temer, porque eu sou sua voz que muitas vezes, esganada, não sabe narrar o que realmente você precisa para ser feliz.
Essa é nossa história, esta noite, estamos consumadas, cheias de luzes nos rodeando.
Seja literal, visceral, comestível e absoluta, porque os desejos incandescentes nos rodeiam de prazer.
Seja sua mãe, o seu irmão, a sua insensatez não pode te alcançar quando deseja algo com muita força e foco de conseguir se entender e os seus desencontros, vão te tornar leve.
Quando você vencer suas batalhas, olhe na primeira fila, estarei lá para te aplaudir e chorar de orgulho e admiração, sou sua fã incansável.
Inarrável é o que não consigo calar, meu amor por você , toda devoção e excitação ao tentar te transmitir e transmutar em palavras , o quanto é inacreditável te amar.
Eu te exalto, em seu auge de perfeição e de intuição mais forte sobre o que é a realidade.
Eu te tomo, meu amor, minha mulher, minha vida, para toda eternidade que você quiser...

domingo, 3 de novembro de 2024

::EUPHORIA::

Lá vem aquela garota que sorri, alto, como se o mundo fosse dela...


Epifania!

Uma falta de lucidez, cômica, rebelde e um tanto fugaz.

Translúcida em suas próprias tragédias, talvez uma ópera sem limite para acabar.

Com seus passos tortos, seu coração inebriado de amores, paixões e com apenas um desejo.

Encontrar sentido nas coisas que não quer deixar escapar por onde ela passa.

Sua beleza, efêmera e intra-sexual, não remete a nada e nem a nenhum gesto erótico, desconexa.

Brota de sua mente, poesia, prosa e lugares escuros por onde somente os passos dela, recordam.

Emancipada por sentimentos que ela não quer guardar, sai distribuindo, são dores, aos avessos.

Não economiza em dizer que o mundo é bravo, feroz e redundante quando não se pensa.

Suas condições, passagens, portas abertas, janelas escancaradas.

As pessoas que olham de frente mergulham em um caderno velho de rabiscos, só se percebem quando são pequenas.

Prefere a pequenez, por onde divaga suas torrenciais saudades, nos nebulosos domingos, insuportavelmente, tranquilos.

Anunciada está uma tempestade e ela fica excitada, escreve e recua, tentando encontrar palavras e desejos que, há muito tempo, não sentia.

A euforia passa correndo, entre os vãos da casa, escapando pelas transversais conversas mudas, entre o silêncio e a vaidade, foge!

Com seus antigos livros, filmes e seriados de si mesma, se diverte, com as alegrias que tanto intui em conseguir.

Amante do som do piano mais melancólico, fragilizada pela própria sensatez, não se desgoverna como queria, mas, assombrada pela sua sombra, não se vê.

Estar cega neste momento é uma Dádiva, um dom maior de apenas ali se encontrar.

Ofegante, suas artérias parecem que vão explodir.

Sua filosofia preferida não serve, esta noite não.

O relógio bate na frequência de seus batimentos cardíacos, parece que o tempo irá parar, por um momento.

A retomada de seus instintos, caminhando sem certezas, encontra o bosque de si.

Um lugar de reencontro com seu ego, seu Self!

Neste lugar, encontrei um bilhete, lançado em seu desejo mais íntimo de felicidade, lá está escrito: Euforia!


sábado, 2 de novembro de 2024

:: OUTRO DAQUELES SONHOS::

 Então, só podemos estar dentro de um risco de saudade...


Então isso é o que vem de mim?

Andando por lugares aonde os meus sentimentos tem saudade de serem vivos.

Por favor, se existe alguma coisa que eu possa fazer para estar inteira, me comunique.

Algumas coisas começam a florescer, o divino se afasta.

Eu não estou aqui, de novo.

Agora me sinto infeliz, fora da gama de felicidade que me contraria.

Ontem a noite eu contei para uma garota que poderia esperá-la e ela partiu.

Queria estar dentro de uma história de amor, qualquer uma, aonde meu coração pudesse me dizer que as flores vão voltar a florescer.

Os dias estão sendo contados, os segredos e todas aquelas juras de paixão, não me deram a chance de insistir que poderia ter um final feliz.

Existindo no final de uma estrada, esperando um trem carregado de pessoas, cair na minha ribanceira. 

Eu sei que em algum momento deixei de pensar claramente, mas a única coisa que parece compreensível é que talvez eu já estivesse lúcida demais para entender minha loucura.

Estou procurando aquela rainha de copas, em uma carta de insanidade, isso é deprimente.

Ei, hoje pensei em você, mas de uma forma diferente.

Era um quem estava dentro, regozijando as minhas memórias, os olhos inchados de chorar.

Queria muito que você pudesse ver os meus pedaços, mas você está se ocupando com outro de mim.

Acho que está na hora de eu partir...


terça-feira, 30 de julho de 2024

::FUSÕES ENIGMÁTICAS::

 Na encosta Sul, o Deus Sol se curva...

Mostre como posso flutuar sobre todas as minhas dúvidas.

Toda vezes que tento escolher algo, sou acometido por algo que me destrói.

São sonhos, entendo, mas é que, as minhas paisagens estão suspensas.

O oceano me apunhala e estou assistindo minha derrocada por um simples prazer.

Então, me dê mais uma chance de continuar a vislumbrar um novo caminho.

Está ficando tarde e eu nem sempre consigo voltar para casa em segurança.

Essa noite, só essa noite eu queria simplesmente ter um sono breve de mim mesmo.

Pouco sei sobre colisões internas, fusões enigmáticas que me assombram.

Não sei mais como encontrar as estrelas naquela manhã ensolarada.

Algumas coisas conversam comigo todo tempo, fico imaginando as horas, rompidas.

Estou vivendo com um poder que não posso controlar, minha fúria.

Por uma vez, minha coluna está pronta para se espatifar nos meus delírios.

Me tornei replicante e insolúvel, minhas dádivas estão confusas e incontroláveis.

Muito de mim, sabe pouco de tudo que tenho aqui dentro.

E isso me desloca para baixo...

terça-feira, 23 de julho de 2024

::ENTIFICANDO::

 O corpo encena o momento intimo, eu narro às sensações do estar no templo sagrado carnal...

Sem mérito algum, poeticamente eu abro o vazio inegável da minha existência.

O que ando vivendo não é possível narrar, é um transbordamento de sentidos, um prazer inigualável, uma tempestade formando-se dentro de minhas artérias...

A vida é poesia do desejo, a continuidade puxa a correspondência da atração pelo outro ente.

Demonstro o raso passo da liberdade e a profunda passagem pela linguagem do espírito solitário que salta de uma dimensão à outra, tentando habitar um tempo honesto e revelador.

Ando acompanhando o movimento do “estado oculto” do segredo não revelado, criações que criam conflito com a moralidade.

Não basta o encobrimento, eu interpreto as coisas que tenho nos espaços intensificados, como entificação do meu ser-ali.

Estou em estado de graça, desmembrada pelas minhas raízes no passado lançadas no presente.

Principio de correspondência, finalmente eu sinto uma possibilidade enorme de ser feliz por alguns instantes... e isso me deixa em êxtase!

Não posso virar as costas para as coisas que surgem no meu caminho, surgir para mim, já é o próprio fenômeno em si revelado para ser vivenciado.

Eu quero transmitir tudo isso, e não posso acolher outra perspectiva por enquanto...

Vou vivenciar as coisas do modo que elas se apresentam, sem medo de cair no abismo futuramente...

:: QUANDO A NOITE DESTRÓI O DIA::


Quando a noite destrói o dia

E a coisa mais importante a fazer é esperar
Corra, para onde as letras se encontram
O outro lado de sua mente está cheio de prazer
Isso é um tesouro que você não sabe aonde guardar
No fundo você já entendeu boa parte do que acontece
Mas você insiste em navegar por águas profundas
Suas rimas não acordam mais os deuses
Suas mãos estão atadas e você está com o coração cheio de euforia
Você vai ter que quebrar outra vidraça , já estamos em pedaços
Me mostre aquele outro lado? Pode ser em uma outra hora?
Estamos vindo de um lugar desconhecido
Aonde os trens se colidem e não temos medo
As praças estão cheias de corações partidos
Eu estou tentando segurar suas mãos e você não tira as mãos dos bolsos cheios de sonhos
Podemos voltar a falar sobre aquela coisa misteriosa?
Porque minha cabeça está cheia de causalidades
Vou ter que voltar com a minha caravana para onde o sol não dorme
Aquela noite, assustamos os cavalos e nos tornamos selvagens
Me leve para aquele lugar que você me ensinou a ir de olhos fechados?
Me conte suas histórias mais loucas?
Porque a vida está sem cor.
Aonde consigo acessar seus poemas secretos?
Eu sinto um medo de não conseguir fazer chover para você.
Você está vendo aquele meteoro?
Acabamos de apagar uma estrela, agora o céu está nebuloso.
Vou abrir meu peito para você ver minha constelação particular, aonde a vida é só poesia e sonhos.

 

sábado, 20 de julho de 2024

::PESADELO LÓGICO::

Prevalece o fundamento lógico, o pensador enlouqueceu...

Aceitar a dominação, a carência e a necessidade de estar só, tornou-se artificial.

Pensando, entro em uma luta que combina, ódio, tensão, paixão e devoção ao poético.

Meus fundamentos lógicos, tornaram-se obsoletos e frágeis, estou pendurado!

Quando tento ilustrar tudo que vivenciei, percebo que minha alma, vive uma catexe libidinal.

Sem fluentes, um rio desgovernado de filosofia Kantiana, silenciosos devaneios platônicos me assombram.

Vivo uma ininterrupta vontade de produção e consumo literário que já não me satisfaz, meus caminhos criaram caninos loucos para me devorar.

Saboreio o látego social, vísceras entorpecidas por medicamentos ácidos e destrutivos.

A mente, balança de um lado para o outro, o Eu não está conseguindo me encontrar.

Já deixou de ser adequado para mim, ouvir as vozes, agora o silêncio permeia minhas ondas altas interiores.

Minhas necessidades instintivas, estão guardadas em um lugar bem distante dos olhos alheios, ganhei um inimigo combativo, odiado, chamado Desejo, que não me deixa em paz.

Criei milhares de apetrechos expansivos, como objetos espaciais colidem em meu inconsciente, me deixando exausto e impuro.

Não tenho medo das pessoas, não costumo rejeitar sussurros e nem lamentações, introjeto substancialidades existenciais, cortesias que me cortam, fatiando minha transcendência.

Meu coração, torna-se um objeto oculto, mágico, que dissolve nas mãos de minha insanidade.

Não faz sentido algum eu falar sobre liberdade, estar livre, para mim, parece já pensar na condição de estar preso por algo.

Mas a verdade é que, não falar de liberdade, já exalta uma liberalidade excessiva de condicionamento moral, opressão.

Vivemos a catarse, uma espécie de miséria gradual, que vem comendo toda população mundial, pelas margens, bordas econômicas e afetivas.

Hesito em empregar a palavra, crime!

A humanidade ainda me choca, trazendo “release” de situações aonde o desfecho é o próprio ego inflado.

O rei está submisso a uma constante reprodução de poder, conversão de servidões voluntárias que são prospectos históricos de escravidão física e principalmente, mental.

As temáticas poéticas agora estão a serviço não só do amor, não só de extravasar os desejos poluídos e não permitidos.

Agora, os poetas são impulsionados a falar para aqueles que sentem uma espécie de dor que não conseguem narrar, só acordam em uma manhã qualquer pressentindo a morte social.

Me proponho a um questionamento menor, a emancipação do meu próprio Eros, minhas meras necessidades de ser “alguém” sem “persona” sem negar a rejeição rumo a um progresso pessoal, falido.

Minha mente nunca foi saudável, nesse momento, estou escrevendo e morrendo por dentro, por paixão, medo e procurando minhas virtudes heróicas aonde perdi tantas guerras conscientes.

Pensei e cheguei a um lugar aonde, nenhuma filosofia, nenhuma base teórica pode desfazer a introjeção democrática dos senhores em seus súditos, estão todos enamorados...


terça-feira, 9 de julho de 2024

:: O SIGILO DE DIONISIO::

 E se o escritor deixar sua obra inacabada...

Perdura um tempo em que a mente é infindável, sofre como tola, desacelera.
Uma síndrome vazia de solidão, desabrochando no horizonte cinzento.
Corre Dionísio para os longínquos lugares escuros onde costuma se esconder.
Não tens mais um bravo coração, choras à toa, não tem discernimento sobre si.
Vai fingir que tua presença pode ser apagada quando queres à luz acesa para ser velado.
Desponta teus medos, sussurros ardentes, desejos insanos que não mais se comunicam contigo.
Tu estás apagado, sem chama para arder seu ego fanfarrão.
Carrega em teus pés, pesos por caminhos que nunca andastes. 
Tu teve medo, tua euforia te enlouqueceu a ponto de te deixar lembranças cheias de penumbras.
Tua essencialidade não reproduz quem de fato tu és, perdido e incapaz de se principiar nas coisas da vida.
Teu coração está partido, pedaços de constelações estão espalhados pelo chão.
Tuas asas quebradas e feridas, dói existir e resistir à dor que causastes, ainda é maior do que o mundo teu.
Estás assombrado, desesperado, tua fraqueza não é efêmera. 
Partistes do inconsciente, não do centro de tuas próprias vértices, românticas.
Tuas poesias estão humilhadas, diante de tuas feridas abertas, escrever não irá te curar.
Tu estás aturdido e abalado, teu corpo está morrendo e tua mente está a solapar. 
Dionísio, tu que amas a noite, o dia, o estar, por que se escondeu de teu amor?
Tinhas medo de morrer ou viver demais para amar?
A tua dúvida faz teu existir, o teu sigilo, corrompe sua originalidade!
Estás destronado de si...

:: DUALIDADE SENSORIAL::

 A que se destina à nossa dualidade existencial, se não, a mesma questão de procurar o que se está diante do destino?

O nosso maior questionamento, quanto ser-no-mundo, sai da redoma existencial e passa a pairar nos adventos de outros sobreviventes do caos.

Não só a nossa relação com o mundo é inversa por dentro, mas nosso desentendimento com o tempo causa uma angústia analgésica e cheia de cólica.

Desesperados por um suspiro de compaixão, nos debruçamos em cima dos livros.

Nossos antigos amores, encontram-se mortos dentro de nós, nas tumbas do inconsciente.

Não é porque alguém te diz adeus, que seu coração irá se desintegrar e sumir no universo.

Não há razão, o conhecimento está isolado do amparo da paixão.

As cores vibrantes que nos cercam hoje, estão ofuscadas pelos ressentimentos do velho passado.

O destino, em algum lugar, acena e sorri.

O devir, ergue os braços para nos acalentar.

É chegada a hora dos instantes inevitáveis, onde os deuses bocejam de tédio das nossas redundantes perguntas sobre o processo de individuação.

O que seremos no próximo segundo, se não, provedores de um destino sem peso e medida?

Racionalistas cospem fogo nas literaturas românticas.

Os poetas batem suas portas da mente com força, par anão serem corrompidos.

O mar, bravo, enaltece meu ego desvairado...


quarta-feira, 3 de julho de 2024

:: PALMEIRAS SOLITÁRIAS:

 Quem poder ter o poder, guarde...


Te imploro, te esqueço, te imploro, universo em constante mutação.

Não percebe que desde criança lhe quero?

O vento que assopro, manda o fogo das velas para dentro do vazio.

Nos meus cânticos mais antigos, estou abrandado, rodeado de sonhos.

As palavras não me têm!

A harmonia que já não possuo mais, agora lamentam a minha ausência de lágrimas.

Desta vez, minha ladainha, não te cerca, universo que não mais é brando.

Sua chama me ascendeu e me enviou para o meio de tantas estrelas ofuscantes, me perdi.

Eu queria ter o poder de roubar um astro qualquer que seja seu, talvez Plutão.

Em minha força total, adormeço em Júpiter e acordo em Urano.

Sou hermético, desdenhado, estrangeiro, sensitivo e inacabado.

Sonho um sonho inventado por um Deus tristonho e fático.

Não me encontro no absoluto, sou tinhoso e maldoso comigo mesmo, engraçado!

A gramática mais tensa é minha temática principal, escrevo poesia para quem me provoca para viver.

Provoco o mundo com minhas delicadezas e minha fala calma é o que causa estrondo nos horizontes.

Vou até os desabrigados, gosto dos desvairados que me assombram, desassossegado é meu coração.

Quem me ver chegar, não sabe o peso que Janeiro tem quando a Terra gira na minha mente.

Fascínio pelo desconhecido, faço promessas para o pai Tempo.

Silvestres são as plantas que cultivo, selvagens e inadequadas para os de bom comportamento.

Não gosto do incômodo dos outros, eles falam sussurrando em meus ouvidos, ensurdecidos de tédio.

Eu aprendi a ouvir os mestres, nos louvores, nos salmos esquecidos pelos proseadores. 

Os meus livros são cheios de fábulas, antropofágicos e filosóficos.

O Diabo me quer e Deus me fascina, mas nenhum deles me assombra, sou o desperdício dos fanáticos.

Minha maior fome vem da euforia dos austeros que me buscam em suas tristezas,

Nas folhas avulsas no caderno de rabiscos das crianças que choram sem saber que já são gente.

A noite chega, me causando náusea, minha maior inspiração é a água que sai do canto de meus olhos.

Me perguntam, porque ainda estou aqui.

Não tenho resposta, eu fujo como bicho afoito para as matas escuras.

Se tenho sede, bebo todos os amantes que estão embriagados com o cheiro dos perfumes das moças noturnas.

O meu banho é  no sangue dos culpados, os que ainda não entenderam que o maior pecado é não se permitir pecar.

Minhas palmeiras são solitárias, sem ventanias para lhes balançar.

O mar está secando, não quero saber das desolações do Sol, que cativado pela humanidade faminta, ainda está a brilhar.

Me recuso pegar carona nos desejos alheios, só acredito em quem me faz despencar de paixão.

Estou transportando o que é ancestral, meu fantasma interior, não fala para quem quer prosear. 

Quero deslizar sem pressa, por cada canto deste mundo.

O vão do vento, me empurra com força para dentro de mim mesmo,

As estrelas estão a  me encurralar, querem saber de mim, sem de mim querer cuidar.

Brilham deste jeito para que, se em seus caminhos já não posso caminhar.

Sou antigo, fui açoitado pelas mãos do destino, um rude caso do acaso dos meus sentimentos.

Afrodisíaco é o que não posso possuir e nem controlar, minha triste tarde de domingo, está a me sondar.

Gosto do que é injusto, reparo até nas folhas que se desgrudam tristonhas de suas árvores desponderadas. 

Vou carpir o submundo, para ver o que lá, existe a vagar.

Choro e lamentações, existe uma raiz fincada no meu olhar.

Quem me vê sombra, não pode de mim nada falar.

Estou estrelado, apague as luzes para me ver sumir em seu céu particular.

Tomara que meu último suspiro seja diante de uma chuva torrencial, descontrolada...



domingo, 9 de junho de 2024

:: CRISE CRUZADA::

 Não me deram motivos, mas falarei de mim mesmo...

As linhas me curvam, cruzando minha mente , repartindo meu sentido em dois.

Dois de mim, duplamente complicado e ácido.

Meu único alimento, já não tenho, medo!

Estou com minha sinfonia cardíaca, destoada, desafinada e rouca.

Minhas lamentações estão mais altas que minhas intuições.

Para mim, neste momento, intuir é destruir o pouco que tenho.

Ressoam os sinos, a igreja está fechada, seu público maior, fugiu.

Aquelas badaladas das horas, me confundiam, parecia que a noite, nunca dormia.

Nem a tarde reluzia, mas as badaladas continuavam tentando engolir meu tempo.

Meu relógio, melancólico, parecia um livro do Mario de Sá Carneiro, sem cabeceira.

As poesias que eu costumava ler, foram devoradas pela minha ansiedade.

Eu acostumei com tanta coisa estranha que me coisifiquei. 

Virei uma molécula transcendente e incendiária de costumes.

Vigiado por um monte de pessoas que correm à beira da estrada, desesperadas.

Que elas não me encontrem, eu ando de costas com o coração nas mãos, elas não me enxergam.

Nada é irrelevante neste momento, até a penumbra virou minha brilhante companhia.

Sorrir, tornou-se uma crise cruzada...

terça-feira, 16 de abril de 2024

:: RELATIVIDADE DO SENTIMENTO NO TEMPO::

O coração, vive a relatividade do tempo.

Ama em uma hora, em segundos e se desfaz em instantes.

A alma, vive a relatividade do tempo.

É alma latente em segundos, em uma hora corrói em instantes transcende.

O que é o homem e a questão do tempo da sua jornada?

A jornada do jorro da poesia nos olhos de um pacifista, que acabou de perder o amor da sua vida porque descobriu que era uma mera ilusão.

Ou um cientista que enlouqueceu a perceber que seu relógio estava 13 minutos atrasado e ele perdera completamente sua personalidade.

A cascata forma cores, os obscuros se escondem nas margens.

Temos um tom e meio de vida, um tic - tac na essencialidade do que é originário.

Minha questão não deixa de ser palpável porque não consigo consumi-la.

O consumo, meu desejo, arde e é latente, pulsa!

Já me perguntaram sobre o tempo, sobre outro tempo que não o meu.

Que é diferente do seu e do deles.

Mas de alguma forma, nos encontramos nesse emaranhado de acontecimentos esféricos. 

Não deixamos de ter nossas crendices e nossas repentinas paixões avassaladoras.

Mesmo que seja possível gozar do fruto da virtude do tempo, engravidaríamos no mesmo segundo da mesma vitalidade.

Tempo parado!

Lugares aonde o pensamento vai longe, naquela velha casa aonde passei minha infância.

Tempo rápido!

Acordei com o despertador tentando me chamar para uma vida de rotinas.

Tempo do agora!

Agora entendi que passei grande parte do meu tempo, adormecido.

Tempo do nunca mais!

Foi aquele amor de verão, que ardia tanto, que meus olhos soltavam faíscas ao anoitecer.

Constituir uma relação afetiva com o tempo é a mesma coisa que tentar pegar um peixe morto em um oceano bravo.

Bravo, tempestuoso e sinuoso!

Curvas em toda velocidade percorrem todo meu corpo, inaugurando uma nova tentativa de existir com mais seriedade.

O que seria de mim sem esse tempo?

Ao olhar para o céu, percebo o tempo, devagar, quase como uma fotografia em preto e branco.

Minha incapacidade ocular não me deixa ver o universo colorido, mesmo assim, aprecio com vaidade tudo que está erguido sobre mim.

O rodopiar dos anéis de saturno, marcam as horas que ainda me restam para estar diante do meu próprio espetáculo da vida chamado, temporalidade.

Lembra daquele amor, lá de cima?

Está neste instante a brincando com meus sentidos e a todo momento, na hora H, desmistificando minha construção romana das 24 horas de intensidade.


domingo, 17 de março de 2024

:: DIA ESQUECIDO::

 Está ali, não mais fora de mim.

Andando sozinho, pedindo favores.

Descontando a melancolia em choros abafados.

Andando sozinho, procurando uma paisagem.

Está ali, agora fora de mim.

Ninguém pode ouvir sua voz, ela está engasgada na alma.

Tentando rabiscar o infinito, as palavras estão voltando para o coração.

Pensamentos que não podem ser pensados.

Um futuro incerto, alguma fagulha de amor, foi acesa.

Agora é hora de deixar ir embora, o agora.

Nada mais vai importar quando as luzes forem apagadas.

Temos as estrelas, o sol está queimando a história toda.

Os pés não sabem para onde ir, sua correspondência não chegou ao destino certo.

A prisão de si mesmo, escolhendo um modo de escapar.

Porque dói, o céu está caindo.

Tudo que você tinha de bonito, está apenas na memória de um dia esquecido.

Quando imaginamos demais, acabamos apenas adormecendo e sonhando com nuvens escuras.

Não, não irá chover para você sentir o quanto isso pode ser real.

Porque, estou ali, fora de mim.

Esperando um lugar para morar, entre abrigos sentimentais e ruínas interpessoais.