quinta-feira, 7 de maio de 2009

.:O MURO:.

Uma tempestade me aguarda...
Se os trovões me assustassem eu não teria tanta coragem para encarar o frio que quer me consumir.
De onde vem tudo isso?
Esta sensação de dor, angústia e ando duvidando dos meus maiores sentidos.
Não posso traduzir o que em mim caminha com tanta voracidade, eu tento deixar a vida de ponta-cabeça e no final eu fico sem ar.
Abro as portas da imaginação!
O vento gelado me transporta para o terceiro mundo, as ondas são gigantescas e eu permaneço a caminhar sozinha entre os mares suspensos cheios de ódio e rancor.
Sinto cada célula de meu corpo fragmentar-se para o infinito, eu converso com o mal, eu lamento meus desejos mais íntimos, eu nego quem sou no sensível, eu vivo a falta de união do comum com o inteligível.
A proposta está feita e meu espírito vaguei no mais profundo limbo existencial.
Minhas mãos sangram, ardem, eu cuspo as virtudes antigas, eu traço um passado com uma linha negra, eu alinho os meus trotes emocionais.
O perigo me aguarda, e a noite parece interminável, eu soluço atrás de uma perdição enfurecida, um sofrimento legitimo que me arranca a saudade da vida.
A via do mais próximo sentimento, me separa da organização falha do individuo-corrompido.
Eu falo em voz baixa, os murmúrios do muro que brota do jardim secreto dos deus erguem-se em minha frente.
Não, eu não posso permanecer presa aqui novamente, tantos anos passei atrás desses muros, eu procuro o meu impiedoso inconsciente.
Alguém pode me ouvir?
Eu respiro fundo e não sinto mais os meus pulmões, eu choro, me desespero, eu não quero ficar só desta vez, a solidão me machuca, a solidão me incomoda.
Estar na posição confortável me faz odiar o vertical.
Eu flutuo, entro no abismo insano da loucura, e ali eu não tenho medo, os meus sonhos me estimulam a pular os altos muros dos deuses e eles ainda não estão presentes.
Eu vou tentar cantar aquela antiga canção materna, e nem isso pode me desconcentrar daquilo que eu tenho como objetivo.
Porque não posso escolher certas partes de mim?
Eu vou grudando as experiências e estou re-vendo o reverendo passado passar por mim, com seus passos sutis e cautelosos.
Aqui não existe uma margem e o fundo é absolutamente tentador é para lá que eu novamente me vou...

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