Em uma pequena hora do dia, vejo as minhas memórias fragmentadas serem corrompidas...
Se eu morrer de saudades, que eu morra sorrindo e não deixando lagrima alguma neste solo.
É o fim da tristeza por agora, hoje eu estou sendo apavorada pela sensação do outono insano, que com suas garras me prende a nova ilusão do estar.
A ilusão da existência de aprender a dizer não para os vícios da certeza do coração.
Eu me apaixono pelo lado de fora, com o lado de dentro eu venho estabelecendo, um vínculo da inspiração dos dias negros e sombrios.
A aurora anuncia a vinda de outrem, a emoção contida me segue, me prende, desliza em meus devaneios mais inseguros.
Me despeço da razão mútua.
Eu não omito mais minhas frustrações, eu ando de lado para que a vida entre na minha frente.
Não quero mais decifrar antigas palavras, rimas, sorrisos temidos, silêncios roubados e gritos coagidos.
Eu quero o pequeno, o risco do sentir-se, mesmo que remoto seja o sentimento fora da formação da identidade.
Não quero mais reclamar aflições, hoje o dia está parado, entre atos e falhos asfaltos que riem de minha inconstância e divertem-se da minha majestosa sinceridade que não me cabe.
Falar de que?
Para que?
Deste mundo não tenho fechado portas para que os abrigos sejam reservados para os aflitos com o sistema de existência congestionado.
Vivo no pais do verde, aonde as instalações são profundas, e o povo anda faminto pela tal felicidade.
Não me venha com bondade, reciclar piedade não me cabe, eu venho de um outro lado,
Um lado sem fundo, sem beira e sem rumo.
Não tenho pressa de chegar, não tenho medo da dor e da profanação do bem estar.
Já sei sorrir e chorar, contestar e sonhar!
Minhas bagagens quando pesadas, deixo pelo meio do caminho, para novas experiências pela vida carregar.
Aprendi no movimento antropofágico a vomitar até mesmo minhas cicatrizes mais densas e que um dia pensei que eram incuráveis.
Esta falta de cura, adoecia os minhas madrugadas.
Já não vejo e nem sinto pena dos homens favorecidos pelo intelecto, eles voam, assim como eu e nada sei que entendo do que tudo um dia cai para mim no esquecimento.
Eu vivo esquecendo, aprendo algo e no instante seguinte, esqueci de quem eu estava sendo.
Enlouqueço furiosamente, tranco um terço da minha saudade para que eu possa me prender no fundo e prazeroso desejo contido de morar longe de mim, para sentir a mansa vaidade que me rodeia.
Se me destino a sentir a vida, a vida terá que me afogar em tuas ondas de liberdade.
Quem dera! Se o mundo tivesse rodas, se os meus cavalos pudessem andar soltos por onde o sol não se deita.
Aonde as trevas são conciliadas com uma manhã de sol ingênuo.
Ah grande astro, se você soubesse o que por aqui se passa, não nos abandonaria tão rápido.
Mas a noite chega, e com ela também uma sensação de perda, um luto doentio me invade.
Não sei o que me falta, aonde foram parar aqueles meus pedacinhos humildes e tristonhos.
Os pedaços que ainda me restam, unem-se, fazem um balé incrível em minha mente.
Soltam suas substancias loucas, enfurecidas pelo acaso, e montam um panorama do que é estar sendo vivida pelo agora.
Ah se eu fosse poeta, se eu fosse Vivi todo tempo, se eu fosse eu ontem, se eu não esquecesse de me esquecer que já vive tempo demais para pensar somente em morrer...
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