sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

...PÁSSAROS NOTURNOS...

Aqui estou eu...

Sentada sobre a pele escura da madeira ranzinza, que denuncia sua velhice através de suas pernas tortas.

Vejo nascer o contraste da noite pálida e úmida, com meu corpo aquecido pela robusta atmosfera da solidão.

Os velhos livros, todos marcados pela minha e saliva de outros, em suas bordas, eles comentam o meu silêncio vagamente.

Barulhentos pássaros noturnos, rodeiam este assombroso momento, mas, não ganham toda minha atenção por muito tempo.

O chão crespo, pintado de marrom e branco, tece minha historia particular e a minha busca pela liberdade.

Quantas vezes eu estive no meio deste quarto, escutando antigas canções, e murmurando baixinho, quase invisível, pela saudade da boa menina dos olhos amadeirados...

Aqui, as atrevidas cortinas cinzas, escondem o sol dos meus olhos, nos dias quentes de verão insuportável, que eu tanto odeio.

Creio que esta porta que visualizo agora, abre e fecha, o bem e o mal, atenta, com sua grande boca, que presencia a partida e a chegada dos meus convidados.

Ora, nada disso tudo sabe mais de mim, do que a sujeira que está alojada entre os vãos desses papéis amontoados no criado-mudo, ao lado de minha cama...

Neles, como este aqui, que uso agora, deixo cada instante revelado, pedaços da minha alma, presos em linhas azuis.

Papeis, muitos, não quero a eternidade deles, eles vão embolorar...

Essa irritação que o tempo me joga na cara, é para realçar as coisas que ainda acredito, que são verdadeiras, porém, as falsas vão para minha fogueira astral.

A janela suspira ao pé do meu ouvido, esperta, me desperta com seus ruídos do mundo, cheio de fúria e também de mil amores porque não?

Neste universo, não é preciso uma boa decoração, cada centímetro deste lugar, guarda em sua memória os meus passos curtos, trajetórias inquietas do que é saudade...minha, trazendo assim a nostalgia para o meu coração.

Nada aqui é breve, são milhares de cartas de baralho, voando por todos os lados, denunciando assim, a minha vontade de nunca ser eterna, e ter certeza de nunca querer ter certeza do que é finitude.

O que resta desta noite, é um quintal cheio de flores, e com suas gramas pervertidas crescendo fielmente para fazer companhia ao jovem luar...

O cheiro do sono invade o meu consciente... DORMIR!SONHOS!

Pego carona no rabo de um cometa, e termino meu devaneio com os olhos abertos para o entendimento...

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