sexta-feira, 3 de agosto de 2012

:: GALHOS CORTADOS::



Enquanto eu ainda puder lembrar, o impacto será cada vez mais profundo e novo.
Tocando a fumaça do trem, vendo o céu ser coberto por aquelas malvadas nuvens.
Ninguém tem culpa, estamos envolvidos sem querer.
Eu não consigo entender direito, eu tentei, mas ficou abstrato demais para minha mente.
Cada círculo é uma volta para o passado.
As flores estão morrendo, eu posso sentir as pétalas caírem.
Preciso reposicionar as coisas, eu pressinto que posso enlouquecer com a chegada do dia.
O palhaço dorme no pátio frio do circo vazio.
Uma ventania abraça o seu corpo, você vai congelar e com o raiar da manhã tudo voltará ao normal.
Assopre estas coisas do seu corpo, eu vejo por trás destas marcas as posições da sua dor.
Não adianta tentar fazer com que as mudanças nos levem para uma nova direção,
Sempre voltaremos naquela estação.
Não é possível saber a intensidade e a liberdade da primavera se não passarmos pelo árduo frio do inverno.
Os galhos estão cortados e o jardim está isolado da ponta dos seus dedos.
Tente descrever, você pode ver outras formas caírem nas suas folhas do seu caderno, mas não será capaz de compreender a engrenagem das suas dúvidas.
Comunique-se, engula o propósito deste seu estranhamento, viva e reflita sobre esta lamaçal rotina.
Nada pode terminar sem um gosto amargo se não fomos capazes de reconhecer que aquele gosto doce que tínhamos era algo que só sentíamos por dentro.
E o mundo estará em chamas no seguinte instante, viveremos  a metamorfose como consequência, porque não nos consumimos o bastante.
Eu sei da sua maior dificuldade em aceitar tudo aquilo que já perdeu, sei também que machuca quando você pode ficar só e experimentar a sua angústia e criar seus desejos a partir disso.