sábado, 19 de abril de 2025

:: PAREDES DO DESTINO::

 Eu nunca vou conseguir dizer ...


Eu nunca vou conseguir dizer por onde ando quando as luzes se apagam.

Eu nunca culpei ninguém por não poder me prometer um mundo melhor que o meu.

Eu nunca me movi tão rápido pelas estradas do medo, as folhas mortas caminham dentro de mim.

Não, desta vez eu não estou sentindo nada.

Não, desta vez eu vou mentir e dizer que eu posso ficar bem esta noite.

Eu nunca consegui contar como cheguei até aqui.

Dentro de mim, um demônio me devora, tira o sabor das coisas que eu como e me faz suar frio.

Sei que não tenho que dizer tantas coisas e acabo nas mãos amargas de uma intensidade que me afugenta. 

Muitas vozes cantam na minha mente, melodias destrutivas e nem mesmo minha melhor concentração me faz distante do que sinto com tanta força.

O mundo fala comigo como se eu pudesse voar sem asas para voltar ao meu ponto inicial, a insanidade.

Então, está tudo conjurado!

Eu não posso dividir nada com alguém que não seja tão imundo quanto o que estou me tornando.

Não, desta vez eu não estou sentindo nada.

A tempestade está chegando e eu sei que não tenho para onde ir.

Os colos estão pegando fogo, o ventre da saudade gesta minha própria morte.

Eu queria ficar bem, mas sem estar tão alto.

Os meus sonhos estão cada vez mais deformados, meu corpo transluz o que sonho com veracidade.

Estou secando, igual as árvores que nascem no meu inconsciente.

E eu escutei alguém dizendo que vou conseguir enxergar isso de outra forma.

Então, fecho meus olhos e as sombras me embriagam de incertezas.

Estou conversando com algo que me engole todas as manhãs, que me faz chorar em silêncio.

As coisas estão ficando cada vez mais escuras e tempestuosas.

Eu sinto meu corpo congelar a noite, quando posso ouvir meu consciente pedindo para eu desistir.

Venha devagar, agora estou pensando sobre algo que não me destrua com tanta voracidade.

Estou encostado nas paredes do destino e elas estão desabando...