terça-feira, 10 de dezembro de 2024

:: TUMULTO NO TUMULO: :

 

Desprender-se...

O que volta para seu início, principia-se em um gesto fatal.

Explanados, estamos duelando contra nossas carnes.

Alguns corpos se desprendem, constituindo uma dança mórbida.

Hoje o dia foi tão pesado que parecia que eu não tinha corpo para tal.

Então, eu digo, aonde estava minha energia?

Despenquei de 11 andares, de braços abertos, procurando um adeus sincero.

Percebi aquele punhado de pessoas, tentando regenerar uma parte da alma, inacabada.

Os sonhos estavam todos suspensos.

Como se eu pudesse sentir o cheiro do meu travesseiro, atravessei a cortina cinza.

Alguém sussurrou no meu ouvido, estava tudo acabado, as luzes contaminadas pela tristeza.

Como é que eu cheguei até aqui?

Aquelas árvores sonolentas me perseguiram por todo campo esverdeado.

Não tinha razão, não tinha lógica, só um grande cheiro de melancolia.

Estar inacabado, encerrado, mas, de punhos cerrados, mudei de lugar.

Acabei em um lugar de silêncio, aonde as datas não se encontram mais.

Então, consegui quebrar um pedaço de minhas memórias, ela não estava mais lá.

Deixou uma ofegante presença, porque não mais, iria voltar.

Todos aqueles anos, remotos, maremotos, sua voz, calada para sempre.

Estou explanada, dando adeus para alguém que me viu de costas e de frente.

Tantas coisas não fazem o menor sentido, estou pequena.

Apertando algum botão mental, queimando, apenas jogando com a humanidade.

Eu poderia ser Deus, mas naquele momento, era mortal, queria fechar meu próprio caixão.

Minhas sinceras dores, não mais consigo explicar, porque estava enraizada naquele mórbido momento.

Não conseguia dizer adeus, minha garganta doía tanto, que via aquele rosto antigo em todas as janelas dos carros enquanto tentava encontrar meu caminho de volta.

Sei que algumas coisas, não voltam para seu lugar de partida, mas eu queria ver meus ossos entrecruzados com a salvação de algum momento que ali, eu pudesse me render.

Chorei, esvaziei e retornei ao meu lugar, naquele velório iniciático.

As flores não tinham cheiro, eram absolutamente impenetráveis odores.

O dia estava cinza e coberto de angústia, quebrando as nuvens em pedaços, choveu!

Então, esse silêncio, virou abertura...