terça-feira, 9 de julho de 2024

:: O SIGILO DE DIONISIO::

 E se o escritor deixar sua obra inacabada...

Perdura um tempo em que a mente é infindável, sofre como tola, desacelera.
Uma síndrome vazia de solidão, desabrochando no horizonte cinzento.
Corre Dionísio para os longínquos lugares escuros onde costuma se esconder.
Não tens mais um bravo coração, choras à toa, não tem discernimento sobre si.
Vai fingir que tua presença pode ser apagada quando queres à luz acesa para ser velado.
Desponta teus medos, sussurros ardentes, desejos insanos que não mais se comunicam contigo.
Tu estás apagado, sem chama para arder seu ego fanfarrão.
Carrega em teus pés, pesos por caminhos que nunca andastes. 
Tu teve medo, tua euforia te enlouqueceu a ponto de te deixar lembranças cheias de penumbras.
Tua essencialidade não reproduz quem de fato tu és, perdido e incapaz de se principiar nas coisas da vida.
Teu coração está partido, pedaços de constelações estão espalhados pelo chão.
Tuas asas quebradas e feridas, dói existir e resistir à dor que causastes, ainda é maior do que o mundo teu.
Estás assombrado, desesperado, tua fraqueza não é efêmera. 
Partistes do inconsciente, não do centro de tuas próprias vértices, românticas.
Tuas poesias estão humilhadas, diante de tuas feridas abertas, escrever não irá te curar.
Tu estás aturdido e abalado, teu corpo está morrendo e tua mente está a solapar. 
Dionísio, tu que amas a noite, o dia, o estar, por que se escondeu de teu amor?
Tinhas medo de morrer ou viver demais para amar?
A tua dúvida faz teu existir, o teu sigilo, corrompe sua originalidade!
Estás destronado de si...