terça-feira, 30 de julho de 2024

::FUSÕES ENIGMÁTICAS::

 Na encosta Sul, o Deus Sol se curva...

Mostre como posso flutuar sobre todas as minhas dúvidas.

Toda vezes que tento escolher algo, sou acometido por algo que me destrói.

São sonhos, entendo, mas é que, as minhas paisagens estão suspensas.

O oceano me apunhala e estou assistindo minha derrocada por um simples prazer.

Então, me dê mais uma chance de continuar a vislumbrar um novo caminho.

Está ficando tarde e eu nem sempre consigo voltar para casa em segurança.

Essa noite, só essa noite eu queria simplesmente ter um sono breve de mim mesmo.

Pouco sei sobre colisões internas, fusões enigmáticas que me assombram.

Não sei mais como encontrar as estrelas naquela manhã ensolarada.

Algumas coisas conversam comigo todo tempo, fico imaginando as horas, rompidas.

Estou vivendo com um poder que não posso controlar, minha fúria.

Por uma vez, minha coluna está pronta para se espatifar nos meus delírios.

Me tornei replicante e insolúvel, minhas dádivas estão confusas e incontroláveis.

Muito de mim, sabe pouco de tudo que tenho aqui dentro.

E isso me desloca para baixo...

terça-feira, 23 de julho de 2024

::ENTIFICANDO::

 O corpo encena o momento intimo, eu narro às sensações do estar no templo sagrado carnal...

Sem mérito algum, poeticamente eu abro o vazio inegável da minha existência.

O que ando vivendo não é possível narrar, é um transbordamento de sentidos, um prazer inigualável, uma tempestade formando-se dentro de minhas artérias...

A vida é poesia do desejo, a continuidade puxa a correspondência da atração pelo outro ente.

Demonstro o raso passo da liberdade e a profunda passagem pela linguagem do espírito solitário que salta de uma dimensão à outra, tentando habitar um tempo honesto e revelador.

Ando acompanhando o movimento do “estado oculto” do segredo não revelado, criações que criam conflito com a moralidade.

Não basta o encobrimento, eu interpreto as coisas que tenho nos espaços intensificados, como entificação do meu ser-ali.

Estou em estado de graça, desmembrada pelas minhas raízes no passado lançadas no presente.

Principio de correspondência, finalmente eu sinto uma possibilidade enorme de ser feliz por alguns instantes... e isso me deixa em êxtase!

Não posso virar as costas para as coisas que surgem no meu caminho, surgir para mim, já é o próprio fenômeno em si revelado para ser vivenciado.

Eu quero transmitir tudo isso, e não posso acolher outra perspectiva por enquanto...

Vou vivenciar as coisas do modo que elas se apresentam, sem medo de cair no abismo futuramente...

:: QUANDO A NOITE DESTRÓI O DIA::


Quando a noite destrói o dia

E a coisa mais importante a fazer é esperar
Corra, para onde as letras se encontram
O outro lado de sua mente está cheio de prazer
Isso é um tesouro que você não sabe aonde guardar
No fundo você já entendeu boa parte do que acontece
Mas você insiste em navegar por águas profundas
Suas rimas não acordam mais os deuses
Suas mãos estão atadas e você está com o coração cheio de euforia
Você vai ter que quebrar outra vidraça , já estamos em pedaços
Me mostre aquele outro lado? Pode ser em uma outra hora?
Estamos vindo de um lugar desconhecido
Aonde os trens se colidem e não temos medo
As praças estão cheias de corações partidos
Eu estou tentando segurar suas mãos e você não tira as mãos dos bolsos cheios de sonhos
Podemos voltar a falar sobre aquela coisa misteriosa?
Porque minha cabeça está cheia de causalidades
Vou ter que voltar com a minha caravana para onde o sol não dorme
Aquela noite, assustamos os cavalos e nos tornamos selvagens
Me leve para aquele lugar que você me ensinou a ir de olhos fechados?
Me conte suas histórias mais loucas?
Porque a vida está sem cor.
Aonde consigo acessar seus poemas secretos?
Eu sinto um medo de não conseguir fazer chover para você.
Você está vendo aquele meteoro?
Acabamos de apagar uma estrela, agora o céu está nebuloso.
Vou abrir meu peito para você ver minha constelação particular, aonde a vida é só poesia e sonhos.

 

sábado, 20 de julho de 2024

::PESADELO LÓGICO::

Prevalece o fundamento lógico, o pensador enlouqueceu...

Aceitar a dominação, a carência e a necessidade de estar só, tornou-se artificial.

Pensando, entro em uma luta que combina, ódio, tensão, paixão e devoção ao poético.

Meus fundamentos lógicos, tornaram-se obsoletos e frágeis, estou pendurado!

Quando tento ilustrar tudo que vivenciei, percebo que minha alma, vive uma catexe libidinal.

Sem fluentes, um rio desgovernado de filosofia Kantiana, silenciosos devaneios platônicos me assombram.

Vivo uma ininterrupta vontade de produção e consumo literário que já não me satisfaz, meus caminhos criaram caninos loucos para me devorar.

Saboreio o látego social, vísceras entorpecidas por medicamentos ácidos e destrutivos.

A mente, balança de um lado para o outro, o Eu não está conseguindo me encontrar.

Já deixou de ser adequado para mim, ouvir as vozes, agora o silêncio permeia minhas ondas altas interiores.

Minhas necessidades instintivas, estão guardadas em um lugar bem distante dos olhos alheios, ganhei um inimigo combativo, odiado, chamado Desejo, que não me deixa em paz.

Criei milhares de apetrechos expansivos, como objetos espaciais colidem em meu inconsciente, me deixando exausto e impuro.

Não tenho medo das pessoas, não costumo rejeitar sussurros e nem lamentações, introjeto substancialidades existenciais, cortesias que me cortam, fatiando minha transcendência.

Meu coração, torna-se um objeto oculto, mágico, que dissolve nas mãos de minha insanidade.

Não faz sentido algum eu falar sobre liberdade, estar livre, para mim, parece já pensar na condição de estar preso por algo.

Mas a verdade é que, não falar de liberdade, já exalta uma liberalidade excessiva de condicionamento moral, opressão.

Vivemos a catarse, uma espécie de miséria gradual, que vem comendo toda população mundial, pelas margens, bordas econômicas e afetivas.

Hesito em empregar a palavra, crime!

A humanidade ainda me choca, trazendo “release” de situações aonde o desfecho é o próprio ego inflado.

O rei está submisso a uma constante reprodução de poder, conversão de servidões voluntárias que são prospectos históricos de escravidão física e principalmente, mental.

As temáticas poéticas agora estão a serviço não só do amor, não só de extravasar os desejos poluídos e não permitidos.

Agora, os poetas são impulsionados a falar para aqueles que sentem uma espécie de dor que não conseguem narrar, só acordam em uma manhã qualquer pressentindo a morte social.

Me proponho a um questionamento menor, a emancipação do meu próprio Eros, minhas meras necessidades de ser “alguém” sem “persona” sem negar a rejeição rumo a um progresso pessoal, falido.

Minha mente nunca foi saudável, nesse momento, estou escrevendo e morrendo por dentro, por paixão, medo e procurando minhas virtudes heróicas aonde perdi tantas guerras conscientes.

Pensei e cheguei a um lugar aonde, nenhuma filosofia, nenhuma base teórica pode desfazer a introjeção democrática dos senhores em seus súditos, estão todos enamorados...


terça-feira, 9 de julho de 2024

:: O SIGILO DE DIONISIO::

 E se o escritor deixar sua obra inacabada...

Perdura um tempo em que a mente é infindável, sofre como tola, desacelera.
Uma síndrome vazia de solidão, desabrochando no horizonte cinzento.
Corre Dionísio para os longínquos lugares escuros onde costuma se esconder.
Não tens mais um bravo coração, choras à toa, não tem discernimento sobre si.
Vai fingir que tua presença pode ser apagada quando queres à luz acesa para ser velado.
Desponta teus medos, sussurros ardentes, desejos insanos que não mais se comunicam contigo.
Tu estás apagado, sem chama para arder seu ego fanfarrão.
Carrega em teus pés, pesos por caminhos que nunca andastes. 
Tu teve medo, tua euforia te enlouqueceu a ponto de te deixar lembranças cheias de penumbras.
Tua essencialidade não reproduz quem de fato tu és, perdido e incapaz de se principiar nas coisas da vida.
Teu coração está partido, pedaços de constelações estão espalhados pelo chão.
Tuas asas quebradas e feridas, dói existir e resistir à dor que causastes, ainda é maior do que o mundo teu.
Estás assombrado, desesperado, tua fraqueza não é efêmera. 
Partistes do inconsciente, não do centro de tuas próprias vértices, românticas.
Tuas poesias estão humilhadas, diante de tuas feridas abertas, escrever não irá te curar.
Tu estás aturdido e abalado, teu corpo está morrendo e tua mente está a solapar. 
Dionísio, tu que amas a noite, o dia, o estar, por que se escondeu de teu amor?
Tinhas medo de morrer ou viver demais para amar?
A tua dúvida faz teu existir, o teu sigilo, corrompe sua originalidade!
Estás destronado de si...

:: DUALIDADE SENSORIAL::

 A que se destina à nossa dualidade existencial, se não, a mesma questão de procurar o que se está diante do destino?

O nosso maior questionamento, quanto ser-no-mundo, sai da redoma existencial e passa a pairar nos adventos de outros sobreviventes do caos.

Não só a nossa relação com o mundo é inversa por dentro, mas nosso desentendimento com o tempo causa uma angústia analgésica e cheia de cólica.

Desesperados por um suspiro de compaixão, nos debruçamos em cima dos livros.

Nossos antigos amores, encontram-se mortos dentro de nós, nas tumbas do inconsciente.

Não é porque alguém te diz adeus, que seu coração irá se desintegrar e sumir no universo.

Não há razão, o conhecimento está isolado do amparo da paixão.

As cores vibrantes que nos cercam hoje, estão ofuscadas pelos ressentimentos do velho passado.

O destino, em algum lugar, acena e sorri.

O devir, ergue os braços para nos acalentar.

É chegada a hora dos instantes inevitáveis, onde os deuses bocejam de tédio das nossas redundantes perguntas sobre o processo de individuação.

O que seremos no próximo segundo, se não, provedores de um destino sem peso e medida?

Racionalistas cospem fogo nas literaturas românticas.

Os poetas batem suas portas da mente com força, par anão serem corrompidos.

O mar, bravo, enaltece meu ego desvairado...


quarta-feira, 3 de julho de 2024

:: PALMEIRAS SOLITÁRIAS:

 Quem poder ter o poder, guarde...


Te imploro, te esqueço, te imploro, universo em constante mutação.

Não percebe que desde criança lhe quero?

O vento que assopro, manda o fogo das velas para dentro do vazio.

Nos meus cânticos mais antigos, estou abrandado, rodeado de sonhos.

As palavras não me têm!

A harmonia que já não possuo mais, agora lamentam a minha ausência de lágrimas.

Desta vez, minha ladainha, não te cerca, universo que não mais é brando.

Sua chama me ascendeu e me enviou para o meio de tantas estrelas ofuscantes, me perdi.

Eu queria ter o poder de roubar um astro qualquer que seja seu, talvez Plutão.

Em minha força total, adormeço em Júpiter e acordo em Urano.

Sou hermético, desdenhado, estrangeiro, sensitivo e inacabado.

Sonho um sonho inventado por um Deus tristonho e fático.

Não me encontro no absoluto, sou tinhoso e maldoso comigo mesmo, engraçado!

A gramática mais tensa é minha temática principal, escrevo poesia para quem me provoca para viver.

Provoco o mundo com minhas delicadezas e minha fala calma é o que causa estrondo nos horizontes.

Vou até os desabrigados, gosto dos desvairados que me assombram, desassossegado é meu coração.

Quem me ver chegar, não sabe o peso que Janeiro tem quando a Terra gira na minha mente.

Fascínio pelo desconhecido, faço promessas para o pai Tempo.

Silvestres são as plantas que cultivo, selvagens e inadequadas para os de bom comportamento.

Não gosto do incômodo dos outros, eles falam sussurrando em meus ouvidos, ensurdecidos de tédio.

Eu aprendi a ouvir os mestres, nos louvores, nos salmos esquecidos pelos proseadores. 

Os meus livros são cheios de fábulas, antropofágicos e filosóficos.

O Diabo me quer e Deus me fascina, mas nenhum deles me assombra, sou o desperdício dos fanáticos.

Minha maior fome vem da euforia dos austeros que me buscam em suas tristezas,

Nas folhas avulsas no caderno de rabiscos das crianças que choram sem saber que já são gente.

A noite chega, me causando náusea, minha maior inspiração é a água que sai do canto de meus olhos.

Me perguntam, porque ainda estou aqui.

Não tenho resposta, eu fujo como bicho afoito para as matas escuras.

Se tenho sede, bebo todos os amantes que estão embriagados com o cheiro dos perfumes das moças noturnas.

O meu banho é  no sangue dos culpados, os que ainda não entenderam que o maior pecado é não se permitir pecar.

Minhas palmeiras são solitárias, sem ventanias para lhes balançar.

O mar está secando, não quero saber das desolações do Sol, que cativado pela humanidade faminta, ainda está a brilhar.

Me recuso pegar carona nos desejos alheios, só acredito em quem me faz despencar de paixão.

Estou transportando o que é ancestral, meu fantasma interior, não fala para quem quer prosear. 

Quero deslizar sem pressa, por cada canto deste mundo.

O vão do vento, me empurra com força para dentro de mim mesmo,

As estrelas estão a  me encurralar, querem saber de mim, sem de mim querer cuidar.

Brilham deste jeito para que, se em seus caminhos já não posso caminhar.

Sou antigo, fui açoitado pelas mãos do destino, um rude caso do acaso dos meus sentimentos.

Afrodisíaco é o que não posso possuir e nem controlar, minha triste tarde de domingo, está a me sondar.

Gosto do que é injusto, reparo até nas folhas que se desgrudam tristonhas de suas árvores desponderadas. 

Vou carpir o submundo, para ver o que lá, existe a vagar.

Choro e lamentações, existe uma raiz fincada no meu olhar.

Quem me vê sombra, não pode de mim nada falar.

Estou estrelado, apague as luzes para me ver sumir em seu céu particular.

Tomara que meu último suspiro seja diante de uma chuva torrencial, descontrolada...