Quem poder ter o poder, guarde...
Te imploro, te esqueço, te imploro, universo em constante mutação.
Não percebe que desde criança lhe quero?
O vento que assopro, manda o fogo das velas para dentro do vazio.
Nos meus cânticos mais antigos, estou abrandado, rodeado de sonhos.
As palavras não me têm!
A harmonia que já não possuo mais, agora lamentam a minha ausência de lágrimas.
Desta vez, minha ladainha, não te cerca, universo que não mais é brando.
Sua chama me ascendeu e me enviou para o meio de tantas estrelas ofuscantes, me perdi.
Eu queria ter o poder de roubar um astro qualquer que seja seu, talvez Plutão.
Em minha força total, adormeço em Júpiter e acordo em Urano.
Sou hermético, desdenhado, estrangeiro, sensitivo e inacabado.
Sonho um sonho inventado por um Deus tristonho e fático.
Não me encontro no absoluto, sou tinhoso e maldoso comigo mesmo, engraçado!
A gramática mais tensa é minha temática principal, escrevo poesia para quem me provoca para viver.
Provoco o mundo com minhas delicadezas e minha fala calma é o que causa estrondo nos horizontes.
Vou até os desabrigados, gosto dos desvairados que me assombram, desassossegado é meu coração.
Quem me ver chegar, não sabe o peso que Janeiro tem quando a Terra gira na minha mente.
Fascínio pelo desconhecido, faço promessas para o pai Tempo.
Silvestres são as plantas que cultivo, selvagens e inadequadas para os de bom comportamento.
Não gosto do incômodo dos outros, eles falam sussurrando em meus ouvidos, ensurdecidos de tédio.
Eu aprendi a ouvir os mestres, nos louvores, nos salmos esquecidos pelos proseadores.
Os meus livros são cheios de fábulas, antropofágicos e filosóficos.
O Diabo me quer e Deus me fascina, mas nenhum deles me assombra, sou o desperdício dos fanáticos.
Minha maior fome vem da euforia dos austeros que me buscam em suas tristezas,
Nas folhas avulsas no caderno de rabiscos das crianças que choram sem saber que já são gente.
A noite chega, me causando náusea, minha maior inspiração é a água que sai do canto de meus olhos.
Me perguntam, porque ainda estou aqui.
Não tenho resposta, eu fujo como bicho afoito para as matas escuras.
Se tenho sede, bebo todos os amantes que estão embriagados com o cheiro dos perfumes das moças noturnas.
O meu banho é no sangue dos culpados, os que ainda não entenderam que o maior pecado é não se permitir pecar.
Minhas palmeiras são solitárias, sem ventanias para lhes balançar.
O mar está secando, não quero saber das desolações do Sol, que cativado pela humanidade faminta, ainda está a brilhar.
Me recuso pegar carona nos desejos alheios, só acredito em quem me faz despencar de paixão.
Estou transportando o que é ancestral, meu fantasma interior, não fala para quem quer prosear.
Quero deslizar sem pressa, por cada canto deste mundo.
O vão do vento, me empurra com força para dentro de mim mesmo,
As estrelas estão a me encurralar, querem saber de mim, sem de mim querer cuidar.
Brilham deste jeito para que, se em seus caminhos já não posso caminhar.
Sou antigo, fui açoitado pelas mãos do destino, um rude caso do acaso dos meus sentimentos.
Afrodisíaco é o que não posso possuir e nem controlar, minha triste tarde de domingo, está a me sondar.
Gosto do que é injusto, reparo até nas folhas que se desgrudam tristonhas de suas árvores desponderadas.
Vou carpir o submundo, para ver o que lá, existe a vagar.
Choro e lamentações, existe uma raiz fincada no meu olhar.
Quem me vê sombra, não pode de mim nada falar.
Estou estrelado, apague as luzes para me ver sumir em seu céu particular.
Tomara que meu último suspiro seja diante de uma chuva torrencial, descontrolada...