terça-feira, 17 de novembro de 2009

::ORGÃOS::

Não creio mais neste físico que comporta minha existência...

Creio que além de tudo que estes órgãos e membros me proporcionam, estão servindo de passagem para um tempo repartido em mil séculos.

A mente não mais ilumina meus passos. A luz que vejo diante de meus olhos, é natural e brota do meu individuo calado.

Aprendendo cada dia mais, vou silenciando as coisas que aprendi, mas não porque não quero saber de tudo, é porque o tudo desconsidera as coisas mais mágicas no que creio.

Nada. Tudo volta para este lugar. Ou talvez, eu nem tenha saído dele por um motivo. O motivo do mistério.

Tudo é radical demais, a ilusão de por na mesa a minha ilustração da vida foi uma breve punição de tudo aquilo que eu pensei ter vivido intensamente.

Porque intenso brota da sensação de dualidade do meu eu, com a vida que eu programei.

Programei! Ai está uma palavra que ainda me causa náusea. Não sei por que, nunca parei para pensar em programar uma coisa só.

Tudo isso vai além, lá no pico das montanhas da minha imaginação mais infantil, aonde o céu é vermelho e as árvores podem se movimentar sem precisar do vento.

Com o passar dos anos, eu cada vez mais perco o interesse em ser grande coisa, já me assentei nas dimensões que não posso tocar.

Sou parte da unicidade.

O que vem a ser isso?

Ainda não sei, só sei que não tem mãos, pés, asas ou algo que seja parecido com as coisas que vejo por este tempo.

Deus, diabo, universo, sombra, claridade, medo e felicidade. Aprender isso tudo sozinha e vazia, é uma prática dolorosa por assim dizer, mas, compreendo que, a cada vez que eu experimento o novo sem um julgamento, sinto-me purificada.

Tocada nas entranhas pelo sagrado. Não falo isso tudo por onipotência, eu realmente acredito que pensando o não pensado, eu sinto o que jamais senti... A vida!

Esta vida que martela na minha cabeça, usando palavras, certezas e divulgações do que tem que ser, vai se despedindo de minha alma.

É difícil querer alargar um sentimento estando dentro de um complexo de situações já pensadas.

É somente no estar só que me deparo com as minhas coisas mais sutis.

Aquelas que ardem sabe, que não deixam de rondar a minha essência.

Peguei gosto pelas coisas que são inúteis.

Matéria, espírito, agora já me sinto conjurada pelo fenômeno do estar – ali.

O tempo vai passando, e às vezes sinto um frio na espinha, não de medo do que vem, mas começo a me preparar nesse território existencial, para algo maior do que eu conheço, EU mesmo!

Vivi de muitas travessuras, como se por algum acaso eu soubesse de tudo. E isso foi sem graça, porque eu não tinha um ponto firme, eu apenas tragava o dia de hoje tentando trazer de volta a realização do amanhã. Frustrante!

E isso foi bom. Aprender com a dor, frustração, o medo, a loucura, os diálogos enfurecidos que brotavam do meu inconsciente e chegavam até meu consciente sem serem filtrados.

Na verdade, hoje em dia não sei a diferença entre concreto e imaginário.

Tudo é parte de uma grande coisa, sei lá como devo eu chamá-la.

Só sei que não está longe, está bem perto, tão perto, que minha pele é pouco para sustentar tanta vida.

Eu morreria!

A fala do presente vem não sei de onde, é uma voz grossa que escuto lá do fundo, e quando vai chegando perto, vira uma canção poética falada.

Doce, tão doce que este mundo todo seria um formigueiro atrás deste néctar divino.

Todo mundo procura, eu também já procurava um motivo para não querer aceitar que a vida também faz parte de um sentimento de perda.

Perda de sentidos.

Ai eu comecei a não mais cogitar as coisas do modo que me ensinaram. Eu me abri de espírito. Brinquei com o tempo levemente, fui introduzida a mais perfeita falta de nexo.

É complexo e pronto!

Vomitei!

Linda chuva de meteoros!

Grãos de sombras dançantes caíram diante de meus olhos.

Ali presenciei o agora.

ABRAXÁS!

Este agora, aquele, ele se foi... Amém!

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