segunda-feira, 24 de março de 2025

::ARBUSTOS NEGROS::

 Posso tentar narrar o que dentro daquela floresta...


Arvores enfileiradas, desfiladeiros tristonhos, música melancólica.

O vento vem trazendo seu respiro mais profundo, sua penumbra me convida a dançar.

O chão está úmido e os olhos também.

Existe uma fenda diante de minha mente, aonde mora um monstro vestido de negro.

Coloca-se diante da fogueira, os olhos ardem, as mãos pegam fogo.

As pernas cansadas, o quadril, dilacerado.

A dança macabra começa sua sintonia interna.

Está gelado aqui dentro, nada passa sem congelar meu peito todo.

Estou vestido como se estivesse aguardando um caixão para pular.

Minha loucura, demência e transparência, conspiração diante da minha mente.

Eu estou enlouquecendo, as trilhas estão cada vez mais estreitas.

A morte me chama para dançar.

As rupturas estão deformando toda passagem por onde eu costumava me esconder.

As plumas, vacilam diante do horizonte cinzento.

O sangue ferve nas minhas veias, eu estou transbordando agonia.

O cavaleiro procura um lugar para descansar seu cavalo selvagem.

Eu preciso ter um pouco mais de cautela, ou vão me ouvir gritar...

domingo, 2 de março de 2025

:: LAMENTAÇÃO INTERNA ::

 

Cai a noite, a cortina está dançando nos ventos noturnos...

Dizem por aí, que ninguém morre por ai.

Duvido eu desta narrativa, pouco expressiva.

Morre-se lentamente, quando se fecha os olhos com força e tenta reviver algo bom com outrem.

Amadas horas, que me buscam sem cessar de inquietude.

Estarrecida com as delicadezas contidas nas minhas lembranças,

Ela me permeia, me deixando no lugar do oculto, sem estação para voltar.

Avisto uma estrela, parece muito com ela, brilha, ofegante, me hipnotizando com seus raios e beleza.

A noite, por mais carros que atravessam essa ponte, o único som que ouço é do compasso sem ritmo do meu coração.

Valente, tenta bater o mais forte possível para tentar me acordar.

Por vezes, ele até consegue, sussurrando baixinho, minha alma me incendeia.

Que fogo todo é esse que me consome a madrugada toda?

Arde tanto, que nada parece doer mais em mim, do que a saudade.

Saudade dela, daquela que posta em minha mesa mental, todas as manhãs.

Se ela soubesse, o quanto eu tento não relampejar de desejo de tê-la, apago em instantes, querendo não voltar.

Talvez, esse seja o instante mais difícil, tentar contar o que sinto.

Existe uma voracidade nas minhas palavras, que quando falo de amor, vira “encanteria”.

Se cada palavra que eu pudesse despejar em um oceano, ele ficaria brando, límpido e satisfeito de tanta paixão.

Se ela pudesse navegar, somente algumas horas por esse oceano, saberia da imensidão que me transpõem as horas a fixar meus pensamentos nela.

Digo, todos esses minutos sem ela, são traiçoeiros.

Algumas vezes, tento fugir, sem sucesso, me recolho aonde ninguém pode me ver.

Por algum frio interno, esfrio tanto, que quando meu corpo volta a vida, estou febril.

Morro de amor todos os dias as 5 da manhã.

Sem o travesseiro dobrado de lado, sem afeto, como uma cólera que tenta rebuscar as minhas mágoas inconsoláveis.

Desejos que tenho de regresso, da volta dela, são sufocantes.

Por tantas vezes, quis partir para um lugar tão distante, aonde nem minha sombra se faria vívida ao nascer do sol.

Me recordo dos passos dela pela casa, do barulho que agua se encaminhava transpassando por todo corpo dela.

O que tenho vivido, me desconforta a vivência.

Viver sem ela, tem sido um jogo sem começo, meio e fim.

Dói, mas não desejo que isso se esvaia...

:: AO REDOR::

 Você quis estar só e eu fui ver o mundo rodopiar...


Você estava no controle, tirou as coisas do lugar dentro de mim.

Na sua simpatia eu dancei sua música preferida.

Na sua alegria, sorri seu sorriso mais sincero.

A noite me cercou e então eu cai para dentro de outras possibilidades.

Me tranquei dentro de um quarto escuro em mim.

Estava procurando um porque da minha mente estar tão doente.

Senti cada pedaço do seu corpo, desgrudar do meu.

E você, estava como desejou, sozinha com seus sonhos.

Isso é o que precisava ser feito e você ficou no controle de tudo.

Me coloquei a disposição de um destino ardente.

Que me mastigou e cuspiu para fora de onde eu queria existir.

Não senti tanto quando eu andei por onde estávamos quando nos despedimos.

A loucura estava me tirando o fôlego e eu adoeci com minha certeza de que deixaria tudo para trás.

Não quero entender como as coisas puderam sair do conforto.

Menti tanto que me perdi, porque queria te deixar em um topo e eu no lugar de ladeira.