domingo, 9 de junho de 2024

:: CRISE CRUZADA::

 Não me deram motivos, mas falarei de mim mesmo...

As linhas me curvam, cruzando minha mente , repartindo meu sentido em dois.

Dois de mim, duplamente complicado e ácido.

Meu único alimento, já não tenho, medo!

Estou com minha sinfonia cardíaca, destoada, desafinada e rouca.

Minhas lamentações estão mais altas que minhas intuições.

Para mim, neste momento, intuir é destruir o pouco que tenho.

Ressoam os sinos, a igreja está fechada, seu público maior, fugiu.

Aquelas badaladas das horas, me confundiam, parecia que a noite, nunca dormia.

Nem a tarde reluzia, mas as badaladas continuavam tentando engolir meu tempo.

Meu relógio, melancólico, parecia um livro do Mario de Sá Carneiro, sem cabeceira.

As poesias que eu costumava ler, foram devoradas pela minha ansiedade.

Eu acostumei com tanta coisa estranha que me coisifiquei. 

Virei uma molécula transcendente e incendiária de costumes.

Vigiado por um monte de pessoas que correm à beira da estrada, desesperadas.

Que elas não me encontrem, eu ando de costas com o coração nas mãos, elas não me enxergam.

Nada é irrelevante neste momento, até a penumbra virou minha brilhante companhia.

Sorrir, tornou-se uma crise cruzada...